quarta-feira, junho 28, 2006

Educação em Meio Rural e Desertificação


Realizou-se no dia 27 de Junho de 2006, na Escola Básica e Jardim-de-Infância dos Altares uma palestra proferida pelo Professor Doutor Francisco R. Sousa e organizada pelos docentes dessa escola sobre "Educação em Meio Rural e Desertificação".
Nessa palestra foi enfatizada a relação entre Educação em Meio Rural e a Desertificação, usando-se, neste contexto, o termo "desertificação" mais no sentido de êxodo rural do que no sentido de processos físicos de erosão ou de perda de fertilidade do solo.



Foi efectuada uma análise– tendo por base os dados dos dois últimos censos – da evolução demográfica na Região Açores em geral, na ilha Terceira e nalgumas freguesias desta última em particular, de modo a enquadrar as tendências actuais dessa evolução em espaços rurais insulares (Quadro 1 e Quadro 2).

Quadro 1

Quadro 2


Apesar de, nos Açores, a ruralidade e a urbanidade andarem, por vezes, paredes meias uma com a outra, os maiores centros urbanos das ilhas açorianas parecem exercer um poder de atracção sobre a população das freguesias rurais.


A Base das Lajes– marco da importância geostratégica dos Açores e, em termos organizacionais, um espaço urbano– alterou, desde o início da década de 1940, a vida na comunidade rural Lajense, que, por via dessas circunstâncias, tomou um novo rumo. Se é verdade que os campos de trigo ficaram drasticamente reduzidos a partir daí, não é menos verdade que foi a instalação da Base, nas Lajes, que provocou o grande salto em termos de desenvolvimento económico daquela freguesia, com repercussões na fixação de população na então Vila da Praia da Vitória e em toda a ilha Terceira. A economia tem favorecido e continuará certamente a condicionar a fixação das populações em zonas rurais.


A necessidade cada vez mais premente de formação e informação, de diferenciação e afirmação, faz com que estejamos, nas zonas rurais, perante um quadro social preocupante e cada vez mais difícil para todos aqueles que estão comprometidos com a transformação educativa.


Encontramo-nos numa época em que as decisões da "democracia" estão cada vez mais dependentes das regras da economia e do consumo e cada vez menos dependentes das estratégias educativas, onde o fardo do desemprego recai de forma desigual sobre as populações rurais e citadinas.
Neste cenário, faz cada vez mais sentido repensar o papel da escola – em meio rural e não só –, tendo em conta a distinção já em 1989 feita por João Formosinho entre uma ideia de escola como serviço local do Estado e uma ideia de escola como comunidade educativa.