sábado, junho 30, 2007

Dez Países no Curso de Verão

Pouco mais de duas dezenas de alunos de dez países participam em Julho, nas ilhas de São Miguel, Faial e Terceira, num curso de Verão para aperfeiçoar conhecimentos sobre a língua portuguesa. Segundo disse à Agência Lusa Joaquina Cooke, coordenadora do Curso de Verão da Universidade dos Açores, a iniciativa decorre de 2 a 27 de Julho, com alunos entre os 18 e 65 anos, interessados em iniciar ou aprofundar a sua aprendizagem na Língua e Cultura Portuguesas. O grupo tem 25 pessoas provenientes de Portugal, Estados Unidos da América, Canadá, Reino Unido, Grécia, Suécia, Espanha, Holanda, Angola e Austrália. Na última década, o curso tem-se revelado uma experiência muito positiva, nomeadamente para luso-descendentes, que “têm procurado na Universidade dos Açores a oportunidade de contactar com a Língua e com a Cultura dos seus antepassados”, frisou a coordenadora. Joaquina Cooke recordou o caso de uma luso-descendente, estudante de Medicina, que participou no curso e que, posteriormente, abriu uma clínica em Boston para portugueses. Além da vertente pedagógica, o curso permite um contacto directo com a realidade açoriana e a população, através de visitas guiadas, orientadas por professores da Universidade dos Açores e passeios a pontos turísticos. De acordo com a coordenadora, o curso tem dado resposta a um número muito significativo de pessoas, que acabam por voltar a participar nele.

Curso de Farmácia na Universidade dos Açores

No próximo ano lectivo, em cooperação com a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, abre em Angra do Heroísmo, no Departamento de Ciências Agrárias, um Curso de Preparatórios em Ciências Farmacêuticas.O projecto insere-se no desenvolvimento da área da Saúde, que conheceu grande expansão nos últimos anos, através da integração das Escolas Superiores de Enfermagem de Angra do Heroísmo e de Ponta Delgada na Universidade dos Açores e da criação dos cursos de Medicina de Ciências Biológicas e da Saúde, em S. Miguel, e de Veterinária e de Ciências da Nutrição, na Terceira.O novo curso constitui, ainda, mais um contributo para o fortalecimento da Universidade dos Açores na Terceira, quando avança a construção do novo campus universitário do Pico da Urze, em defesa da tripolaridade.

Foi já há cerca de dois anos que o Director do Departamento de Ciências Agrárias começou a desenvolver esforços para criar os Preparatórios de Farmácia no Campus Universitário de Angra do Heroísmo.
Os entraves não são internos nem externos. Internamente existe capacidade para dar as disciplinas que constituem os dois primeiros anos da licenciatura em farmácia da Universidade do Porto. Externamente existe uma grande procura para os cursos de farmácia a nível regional e ao nível nacional. Os entraves são os normais da burocracia: Primeiro, é necessário fazer passar o projecto pelos conselhos de departamento, conselhos científicos, senados e reitorias de ambas universidades; depois, é preciso escutar o que terá a dizer a ordem dos farmacêuticos; finalmente, é fundamental obter o acordo dos serviços do Ministério da Ciência e Ensino Superior e do respectivo ministro. Tudo isto num ambiente de mudança profunda das universidades portuguesas.Está assim de parabéns quem levou a ideia por diante. De notar que ao mesmo tempo foi iniciado o desenvolvimento dos preparatórios de arquitectura paisagista no Campus de Angra. No entanto a procura a nível nacional é menor para o paisagismo e o curso é de alguma forma concorrente com o de engenharia e gestão do ambiente. Ficará para um esforço subsequente.Mas há algo de muito interessante nestes cursos preparatórios. Trata-se do peso que cada Universidade tem junto da opinião pública, nomeadamente junto dos estudantes candidatos. Vejamos. Neste momento a Universidade dos Açores oferece os preparatórios de Medicina para a Universidade de Coimbra, de Medicina Veterinária para a Universidade de Lisboa, de Engenharia para o Instituto Superior Técnico, e de Psicologia, Nutrição Humana e Farmácia para a Universidade do Porto. E em todos esses cursos é patente a boa formação que os alunos recebem nas ilhas. Mais, com o Processo de Bolonha, segundo o qual esses cursos passarão a ter dois ciclos, a Universidade dos Açores passará a dar dois terços do primeiro ciclo e poderá com facilidade vir a dar todo primeiro ciclo. No entanto, se os cursos forem anunciados como sendo da Universidade dos Açores, a procura desce porque muitos dos alunos das ilhas e do Continente buscam mais o nome da Universidade do que o conteúdo do curso.A falha não está certamente na escolha das pessoas mas na dificuldade que os responsáveis universitários têm tido em venderem de forma mais efectiva a imagem da Universidade dos Açores. Poderão dizer que é uma universidade nova e que ainda não houve tempo para impor uma imagem junto do público. Todavia as universidades de Aveiro, do Minho, da Beira Interior, Nova de Lisboa e do Algarve conseguiram fazê-lo com mais resultados.Talvez seja a pequenez de cada um dos departamentos da Universidade dos Açores que faz com que os seus docentes e investigadores não tenham massa crítica para marcarem uma presença notória a nível nacional. No entanto um dos mais pequenos dos nossos departamentos consegue fazê-lo a partir do pólo mais isolado na Horta.Poderão outros pensar que temos tido um crescimento discreto que se vai notando. Até pode ser mas essa mesma imagem tem que ir gerando mais alunos e mais projectos de investigação sob pena de ficarmos armadilhados na pobreza e na dependência de financiamentos limitadores.Haverá ainda a hipótese da Universidade dos Açores nunca ter sido verdadeiramente assumida pela comunidade regional, pelo menos quando comparamos com o acolhimento dado à Universidade em Aveiro, no Minho, na Covilhã, em Vila Real, em Évora e no Algarve. Não deixa de ser verdade mas nem por isso se pode descuidar a orientação da Universidade dos Açores para os clientes que deve servir: os alunos e a comunidade científica internacional. (Prof. Tomaz Dentinho).

quinta-feira, junho 28, 2007

Literacia ambiental de Educadores de Infância

Realizou-se, a 27 de Julho de 2007, a defesa da tese de Mestrado em Educação Ambiental de Ana Isabel Bandola Godinho, sob a orientação dos Professores Francisco Sousa do Departamento de Ciências da Educação e Félix Rodrigues do Departamento de Ciências Agrárias, ambos da Universidade dos Açores, com o título "Literacia Ambiental: um desafio universitário na formação de Educadores de Infância".

Os resultados obtidos apontam para alguma influência do currículo oculto, através de aprendizagens ambientais não explícitas e/ou não intencionais, que ocorrem no contexto universitário, e a existência de um peso significativo do currículo formal, no que respeita à construção de uma literacia ambiental com um pendor para a vertente da cidadania.
Tratando-se da formação de profissionais, cujas competências estão definidas e socialmente legitimadas no perfil de desempenho profissional, pode afirmar-se que o currículo formal dos Educadores de Infância formados na Universidade dos Açores, tem um contributo importante para a construção da sua literacia ambiental, embora esses profissionais não o reconheçam, pelo menos de forma consciente.
Observaram-se diferenças entre as preocupações ambientais manifestadas pelos alunos do primeiro ano do Curso de Educação de Infância e os profissionais que concluiram o curso no ano lectivo transacto. Os primeiros procuram maioritariamente a informação ambiental nos meios de comunicação social enquanto que os segundos procuram mais revistas especializadas, colóquios e conferênicas.
Tanto os alunos do primeiro ano, como os Educadores que já concluíram o curso, consideram-se suficientemente bem informados sobre as grandes questões ambientais da actualidade. Essas opiniões são próximas das observadas nos Estados Unidos da América, onde a maioria dos americanos acreditam estar mais bem informados do que realmente estão.
Desta investigação parece que nada na Universidade é neutro, que os alunos aprendem muito para além do que lhes é ensinado pela via formal e que os procedimentos organizacionais têm incidências nos valores e motivações ambientais dos alunos.


Os inquiridos neste trabalho, Educadores de Infância formados na Universidade dos Açores, tem um forte pendor ecológico de acordo com os valores preconizados no Novo Paradigma Ambiental. Vários factores podem explicar este facto: a frequência do curso universitário em análise e a influência do currículo formal e oculto, uma vez que esses profissionais reflectem mais sobre as temáticas ambientais do que os alunos que só agora iniciam a sua formação.
Da análise feita à escala de conhecimentos ambientais locais, todos os inquiridos neste estudo tendem a concordar com as afirmações que propõem alteração de comportamentos pessoais em benefício do meio ambiente da Região, todavia, quando as afirmações são colocadas numa óptica de desenvolvimento regional, podendo existir prejuízo para o ambiente, tendem também a concordar com elas.
As questões culturais e tradicionais, não são consideradas pelos inquiridos como sendo educação ambiental, admitindo assim que o desenvolvimento socialmente desejavel, economicamente viavel e ambientalmente sustentavel, não bebe dos valores da cultura popular.
Esta investigação aponta para grandes potencialidades do Campus de Angra do Heroísmo na promoção da Educação Ambiental entre alunos, professores e funcionários, se conseguir divulgar eficazmente o trabalho que efectua nessa área. Assim a instituição deverá pugnar por um modelo de comportamento pró-ambiental, envolvente e estimulante que promova a literacia ambiental, principalmente entre os alunos, que desencadeiam efeitos multiplicadores.
A Universidade tem responsabilidade social no desenvolvimento da literacia ambiental dos educadores de Infância e na construção de alicerces para a inclusão da educação ambiental no ensino pré-escolar e básico. A Universidade é assim o lugar priveligiado para uma educação dirigida às exigências dos nossos tempos, direccionada não só às crianças, mas também a adolescentes e adultos.

terça-feira, junho 26, 2007

Jactos de plasma discutidos em Ponta Delgada - Açores na 4th Summer School

É possível criar em laboratório, jactos com propriedades semelhantes aos jactos astrofísicos, daí que a astrofísica também possa ter actividades experimentais, contrariamente ao que muita gente pensa.
Chama-se plasma a um gás completamente ionizado, que a uma temperatura muito elevada é composto essencialmente por electrões e núcleos atómicos livres. Ao plasma chama-se o quarto estado físico da matéria.

É em geral aceite que os jactos estão associados a discos de acreção, compostos por gás e poeira interestelares que pode circundar buracos negros, estrelas de neutrões ou estrelas em formação. Um dos grandes problemas actuais da astrofísica consiste em entender qual o processo que obriga o plasma a circunscrever-se a regiões estreitas. Uma das hipóteses que tem sido alvo de vários trabalhos teóricos propõe que o plasma é confinado através de forças magnéticas, todavia, investigadores norte americanos desenvolveram uma experiência para testar esta ideia. Um plasma obtido em laboratório foi sujeito a uma intensa corrente eléctrica. Verificaram que nessas condições formam-se estruturas semelhantes às observadas em jactos astronómicos não só no que se refere à formação de estruturas em jacto, mas também na formação de instabilidades que produzem jactos helicoidais. Esta experiência demonstrou que através do estudo do processo de formação de jactos em laboratório é possível avançar na compreensão dos fenómenos que estão na base do processo de formação dos jactos astronómicos.

segunda-feira, junho 25, 2007

Jactos de Plasma discutidos nos Açores pelo JETSET da astrofísica

Decorre de 25 a 29 de Junho de 2007, em Ponta Delgada-Açores, a quarta conferência do projecto JETSET sob a forma de Escola de Verão (Summer School) que visa estudar, a nível europeu, de forma rigorosa e inovadora a formação de estrelas.
A Escola de Verão, a realizar em Ponta Delgada, com o tema "From models to observations and experiments" constitui uma oportunidade para se discutir a integração das recentes observações astrofísicas e experiências físicas nos modelos e nas modelações numéricas de modo a permitir um melhor entendimento dos jactos de plasma. A equipa local que organiza o evento é constituída pelo Professor Miguel Ferreira do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores e pelas Professoras Elsa Silva, Despina Panoglou e Samira Rajabi da Universidade do Porto. São parceiros deste projecto o Dublin Institute for Advanced Studies-Irlanda, a Università degli Studi di Torino-Itália, a Universite Joseph Fourier de Grenoble-França, o Institute of Accelerating Systems and Applications em Atenas-Grécia, o Observatoire de Paris-França, o Osservatorio Astrofisico di Arcetri em Florença-Itália, o Osservatorio Astronomico di Roma-Itália, o Thüringer Landessternwarte em Tautenburg-Alemanha, o Centro de Astrofisica da Universidade do Porto-Portugal, o Landessternwarte Heidelberg - Alemanha e o Imperial College of Science, Technology and Medicine de Londres- Reino Unido. São preocupação deste grupo europeu de investigação e formação a forma como os discos estrelares lançam os seus jactos de plasma e que constitui um dos actuais problemas da astrofísica que ainda não foi resolvido. Essa questão é particularmente importante no estudo do núcleo activo das galáxias, de micro-quasars, nas "explosões" de raios gama, nas nebulosas planetárias e nas estrelas jovens. A modelação dos processos de emissão de jactos requer uma abordagem interdisciplinar e um certo grau de inovação-sofisticação. O projecto JETSET, além de investigar os aspectos anteriormente referidos, também é uma escola para os jovens cientísticas que trabalham na área da astronomia e astrofísica. O JETSET é um programa de quatro anos que visa estabelecer uma rede de treino/aprendizagem (Marie Curie Research Training Network). Participam neste projecto dez laboratórios e cerca de quarenta investigadores da União Europeia.
Já há vários meses que as vagas para este evento estavam completamente preenchidas, participando nele 59 cientistas de vários países.
Estão inscritos astronómos e astrofísicos da França, Itália, Alemanha, Taiwan, Estados Unidos da América, Irlanda, Reino Unido, Brasil, Portugal, Chile, Irão, México e Grécia.
(in jornaldiario)

domingo, junho 24, 2007

Percepção de risco sobre alterações climáticas: Estudo exploratório na ilha Terceira-Açores

Realizaram-se as provas públicas de defesa da Tese de Mestrado em Educação Ambiental de Maria Manuela de Melo Figueiredo com o título "Percepção de risco sobre alterações climáticas globais: Estudo Exploratório na Ilha Terceira - Açores" orientada pela Professora Maria Luísa Pedroso de Lima do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e pelo Professor Félix Rodrigues do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.

Neste estudo exploratório pretendeu-se identificar o modo como a população da ilha Terceira, no Arquipélago dos Açores, percepciona, concebe e se posiciona face aos riscos das alterações climáticas, de modo a fornecer pistas que permitam uma comunicação de risco mais eficaz sobre esse assunto.
Os terceirenses revelam elevada preocupação com as alterações climáticas globais, embora essa problemática não seja considerada tão priotitária como o terrorismo e a SIDA que ocupam o topo das suas preocupações. Os grupos mais preocupados com as alterações climáticas globais são as mulheres e os mais velhos (dos 50 aos 64 anos).
Os riscos das alterações climáticas globais são percepcionados pelos terceirenses como sendo "muito ameaçadores" tendo "efeitos catastróficos", de "exposição involuntária", considerado um risco "novo" embora "conhecido da ciência", com "efeitos visíveis", tendencialmente previsíveis e controláveis.
Os modelos mentais dos terceirenses, obtidos através da associação de palavras a ideias, indicam que os termos "alterações climáticas" e "aquecimento global" são próximos mas não coencidentes, e estão associados ao aquecimento da atmosfera e aos seus impactos directos como o degelo das calotes polares, o aumento do nível médio da água do mar, a desertificação e as secas. Afectivamente, associam esses termos a algo negativo, onde 96% dos inquiridos afirma ter receio dessas alterações. Essas associações estão em consonância com as previsões dos especialistas, para as ilhas de pequena dimensão.


Apesar da concordância entre as preocupações e a previsão de impactos feita pelos especialistas, alguns conceitos confundem-se na mente dos terceirenses como os conceitos de clima e de tempo, e de alterações climáticas e deplecção da camada de ozono, que embora ligeiramente relacionáveis, dizem respeito a fenómenos distintos.
Os terceirenses, maioritariamente consideram que os efeitos nefastos das alterações climáticas globais se farão sentir com maior grau em locais longe do arquipélago. Essa percepção é explicada pelo "efeito da familiaridade" ou de "identificação com o local" que nega o risco a que os indivíduos estão sujeitos, opondo o risco pessoal ao risco generalizado.
Por vezes, defende-se que as causas das alterações climáticas globais são naturais, para justificar a inacção. Os terceirenses consideram que a principal causa das alterações climáticas globais é antropogénica.
As fontes de informação, onde os terceirenses obtiveram conhecimentos sobre essa problemática foram a televisão, a rádio e a Internet. Relativamente às fontes preferidas para receber informação desse teor, referem a televisão, Jornais e revistas e Internet.
Relativamente ao Tratado de Quioto, a grande maioria posiciona-se favoravelmente, havendo 24,5% dos inquiridos que desconhecem as suas intenções e conteúdos.
Os terceirenses reinvendicam uma mudança da sociedade, melhorada continuamente, através de reformas, o que quer dizer que não estão interessados em alterações bruscas ou ropturas no modelo social actual.
A maioria dos inquiridos prioritiza a qualidade ambiental relativamente ao desenvolvimento económico tradicional. Consideram que as áreas a apostar devem ser a Educação e a Indústria. A segunda prioridade das apostas deve centrar-se no ambiente e na agricultura.
A maioria dos inquiridos confia nas Escolas, na televisão e na rádio para a promoção da temática das alterações climáticas globais e desconfia das informações sobre esta temática se forem veículadas pelos os partidos políticos e Governo Regional.
Foram identificados grupos de indivíduos que se encaixam nas visões do mundo da teoria cultural, como a materialista, a fatalista e a hierárquica, todavia, a grande maioria dos terceirenses situam-se entre a visão materialista e fatalista do mundo, que em parte se opõem.
(in Diário Insular)

sábado, junho 23, 2007

Investigação em Biotecnologia

O Director Regional da Ciência e Tecnologia, Professor João Luís Gaspar, reconheceu publicamente a qualidade da investigação produzida pelos membros do Centro de Biotecnologia do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores afirmando que o Governo Regional estava certo quando apostou no financiamento específico daquela unidade no âmbito do Plano Integrado para a Ciência e Tecnologia.
“Em dois anos, o potencial científico do Centro de Biotecnologia dos Açores aumentou consideravelmente ao nível dos recursos humanos, técnicos e financeiros, fruto de uma estratégia de desenvolvimento, definida e calendarizada de acordo com as prioridades identificadas pelos responsáveis da unidade”, alegou.
Segundo dados que avançou, o investimento global do executivo no Centro de Biotecnologia dos Açores, já aprovado na presente legislatura, é superior a um milhão de euros e as acções financiadas têm sido devidamente acompanhadas pela direcção regional com o objectivo de se garantirem os resultados que presidiram aos apoios concedidos. Além disso, e ao abrigo do Plano Integrado para a Ciência e Tecnologia, o Centro de Biotecnologia dos Açores beneficia de 50 mil euros anuais para cobrir despesas gerais de funcionamento e gestão e equipou os seus laboratórios com as mais modernas tecnologias de investigação, no seguimento de um investimento regional da ordem dos 450 mil euros, especificou.
João Luís Gaspar adiantou que o Governo Regional possibilitou, em paralelo, o reforço da equipa de investigação do centro com a integração de quatro novos investigadores de mérito para o desenvolvimento de projectos específicos, atribuindo a esta estrutura científica duas bolsas de pós-doutoramento e duas bolsas de doutoramento.
Encontram-se, por outro lado, em fase de avaliação os processos conducentes à concessão, ao Centro de Biotecnologia dos Açores, de mais quatro bolsas para a contratação de novos doutorados e, nos últimos dois anos, o Governo financiou a participação de vários dos seus investigadores em congressos de dimensão internacional, patrocinou a realização, na Região, de quatro encontros científicos organizados pelo centro e comparticipou a publicação de diversas edições científicas.


“Trata-se de um investimento sem paralelo nos Açores e que contraria o observado no resto do País, onde a maioria das unidades de investigação e desenvolvimento sentem as dificuldades decorrentes da actual situação económica”, afirmou, sublinhando que, na Região, “a estratégia passa por consolidar e dinamizar a investigação produzida, potenciando-se a integração dos centros de excelência no Espaço Europeu de Investigação e privilegiando as iniciativas de interesse prioritário para a implementação das políticas públicas regionais”.
Para o director regional da Ciência e Tecnologia, a proximidade dos serviços que dirige “a todas as unidades de investigação científica dos Açores tem-se revelado crucial na execução dos projectos financiados e os resultados que estão a ser alcançados pelas respectivas equipas de investigação mostram que estas estão a responder com elevado sentido de responsabilidade à oportunidade criada com a implementação do Plano Integrado para a Ciência e Tecnologia”.
“O próprio discurso das unidades de investigação e a sua preocupação em delinear linhas de investigação de base tecnológica com impacte directo na dinamização da economia e na melhoria do bem-estar social da população responde ao desafio que foi lançado pelo Governo Regional na reunião do Conselho Consultivo da Ciência e Tecnologia, realizada no passado mês de Fevereiro, na qual foram enumeradas as prioridades do executivo para o próximo período de programação financeira 2007-2013”, considerou.

(in GaCS/AP/DRCT)

Conclusão da sessão de trabalhos do Projecto EASY

Terminou em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, as sessões de trabalho do Projecto Interreg denominado Easy, cujo objectivo é criar uma infra-estrutura policêntrica para o desenvolvimento de modelos operacionais aplicáveis à segurança marítima. A infra-estrutura criada providenciará prover serviços à navegação, às agências de salvamento, e às entidades responsáveis pelos portos e pelas zonas de banhos. No futuro próximo será possível dar informação útil para os gestores das pescas e da biodiversidade e naturalmente aos marinheiros e pescadores que cruzam os nossos mares.

Eduardo Brito, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores falou-nos do modelo de ondulação que, para além de muitas outras funções, já permitiu resolver conflitos importantes entre os donos das obras portuárias e os respectivos empreiteiros. No fundo para saber qual era a altura da onda de forma a definir de quem seria a responsabilidade de reparação de um acidente durante a obra. Pedro Miranda, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, apresentou uma série de modelos interligados – o modelo bioquímico da atmosfera, o modelo climático e os modelos sectoriais – que permitem estimar os impactos do aquecimento global na temperatura, no nível médio das águas do mar, na biodiversidade e por aí fora. O mais espantoso é que a realidade está a evoluir conforme prevêem os modelos mais recentes e os impactos são marcantes: o degelo de grande parte do Ártico, a passagem de parte da Pensínsula Ibérica a deserto e o desaparecimento de muitas ilhas e zonas costeiras. Perguntei porque razão não havia um modelo sócio-económico que previsse a reacção dos homens a essas catástrofes e foi-me dito que os modelos apresentados são para que a ONU tenha argumentos para suscitar acções contra o aquecimento global. Afinal é só meia verdade, como o foram as previsões demográficas de uma década atrás. Também muito interessante foi a apresentação de Ramiro Neves do Instituto Superior Técnico, que nos mostrou as simulações da evolução da mancha de petróleo derramado pelo Prestige há alguns anos, a diluição dos esgotos no estuário do Tejo e a dinâmica do plâncton na costa portuguesa, com a simulação da variação da temperatura do mar. Parabéns àqueles que nos permitem ter acesso aos resultados destes modelos e que também vão desenvolvendo modelos cujos resultados são utilizados por outros. Pelo programa falo do Eduardo Brito e da Manuela Juliano e também das equipas com quem eles trabalham.

(In Viaoceanica.com)

sexta-feira, junho 22, 2007

A vinha dos Biscoitos

"As vinhas da terceira/Uma experiência nos Biscoitos -Quinta da Biscoitinha" é um projecto da iniciativa do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores da autoria da Professora Teresa Lima, que é responsavel directa do projecto, em parceria com a Escola Básica Integrada dos Biscoitos (EBIB). Conta também com os apoios da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, CITA-A (Centro de Investigação Tecnológica Agrária dos Açores) e Europe Direct. Este projecto tem como objectivos a sensibilização das crianças para a cultura da vinha, a sua preservação, torná-la sustentável e manter e valorizar esta paisagem ímpar. Não nos estamos a limitar à observação, os alunos estão a acompanhar o ciclo vegetativo da vinha, aprendendo as diferentes operações e executando-as, inclusive a laboração do vinho.
Pensa-se que esta acção poderá deixar, às 14 crianças que a estão a frequentar, sementes preciosas em ordem a criar o gosto pela vinha, sua importância social, económica, ambiental, cultural e turística. Assim está-se a contribuir no sentido da gestão e conservação da natureza da Região vitivinicola dos Biscoitos.
Os Biscoitos é uma freguesia que tem cerca de 85% das suas vinhas abandonadas e ameaçadas pela construção imobiliária. Há que trabalhar com muita persistência e determinação para evitar o colapso da vitivinicultura nesta Região.
Há alguns anos que a Universidade dos Açores se preocupa com o abandono progressivo das vinhas e com a escassez de mão-de-obra e também com a falta de motivação das gerações mais novas para se ligarem a esta actividade. A ideia é sensibilizar, contagiar, instruir e treinar as crianças e os adolescentes neste sentido.
Foi com o desenrolar do Projecto ENOTURMAC da Universidade dos Açores, que tratou pela primeira vez no Arquipélago, o tema "Vinho como produto turístico", que esta ideia foi amadurecendo. Através do ENOTURMAC (INTERREG III B Açores-Madeira-Canárias) realizaram-se diversas acções para sensibilizar a população açoriana da importância da vinha, do vinho e da gastronomia num turismo sustentavel. Elas trouxeram uma nova dinâmica para pensar a vinha e o vinho como produtos turísticos.
A problemática da escassez de mão-de-obra foi diversas vezes abordada. Pensamos que há que instruir as gerações mais novas de modo a criar uma mentalidade e uma atmosfera de ligação e participação na vinha.
A presença das meninas neste projecto é crucial, tendo em conta o significado que tem o pensar e o actuar do sector feminino nas familias e nos ambientes. As mulheres são um grande factor de mentalização e contágio, de participação e de actuação.

quarta-feira, junho 20, 2007

Segundo encontro do projecto Easy (Angra do Heroísmo-Terceira-Açores)

O acidente com o petroleiro Prestige na proximidade da Costa Portuguesa, cujo derrame afectou as costas da Galiza em Espanha, e o acidente com o CP Valour nas Costas a ilha do Faial veio demonstrar a necessidade de se efectuarem modelações da dispersão de plumas de poluentes à escala regional para uma tomada de decisão relativamente a acidentes desse tipo.

A nova Directiva relativa à gestão da qualidade das águas balneares, Directiva 2006/7/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Fevereiro de 2006, e que revoga a Directiva 76/160/CEE, veio acentuar a necessidade dessa modelação à escala regional.

Esta nova directiva deverá começar a ser aplicada o mais tardar no início de 2008.
As águas em questão são as águas de superfície susceptíveis de constituírem local de banhos, com excepção das águas utilizadas em piscinas e águas termais, das águas confinadas sujeitas a tratamento ou utilizadas para fins terapêuticos, bem como das massas de água confinadas criadas artificialmente e separadas das águas de superfície e das águas subterrâneas.
A directiva estabelece dois parâmetros de análise (enterococos intestinais e escherichia coli) em vez dos dezanove previstos na directiva anterior. Estes parâmetros servirão para a vigilância e a avaliação da qualidade das águas balneares identificadas, bem como para a classificação dessas águas de acordo com a sua qualidade. Poderão igualmente ser tidos em conta outros parâmetros, como a presença de cianobactérias ou de microalgas. Os Estados-Membros devem assegurar a vigilância das suas águas balneares. Anualmente, devem determinar a duração da época balnear e estabelecer um calendário de vigilância dessas águas. Este calendário deve prever a recolha de um número mínimo de quatro amostras por época (excepto em caso de épocas muito curtas ou de condicionalismos geográficos específicos). O intervalo entre a recolha das amostras não pode exceder um mês. Em caso de poluição de curta duração, deve ser recolhida uma amostra para confirmar o acontecimento, mas esta poderá não ser considerada. Nestes casos, a amostra afastada será substituída por uma amostra adicional, recolhida após o fim dessa poluição.
Os Estados-Membros devem avaliar as suas águas balneares no final de cada época com base nas informações recolhidas durante essa época e, em princípio, nas três épocas anteriores. Em alguns casos, esta avaliação poderá ser feita em relação a um período mais curto, por exemplo se as águas em questão tiverem acabado de ser identificadas como águas balneares ou se recentemente se tiverem registado alterações importantes na sua qualidade.
Na sequência desta avaliação, as águas são classificadas, em conformidade com determinados critérios específicos, segundo quatro níveis de qualidade: medíocres, suficientes/aceitáveis, boas e excelentes. A categoria «suficientes/aceitáveis» constitui um limite mínimo de qualidade a atingir por todos os Estados-Membros até final da época de 2015. Em caso de classificação de águas balneares como «medíocres», os Estados-Membros devem tomar determinadas medidas de gestão, nomeadamente proibir ou desaconselhar a prática balnear, informar o público e adoptar as medidas correctivas adequadas.
Os Estados-Membros devem igualmente estabelecer o perfil das águas balneares, incluindo uma descrição da zona em questão, as fontes de poluição eventuais e a localização dos pontos de amostragem dessas águas. Este perfil deve ser determinado pela primeira vez, o mais tardar, em inícios de 2011 e pode ser revisto em caso de alterações susceptíveis de afectarem as águas.
As informações relativas à classificação, descrição das águas balneares e sua eventual poluição devem ser postas à disposição do público de modo facilmente acessível e nas imediações da zona em questão, através dos meios de comunicação adequados, incluindo a Internet. Em especial, o aviso que proíbe ou desaconselha a prática balnear deve ser rápida e facilmente identificável.
A Comissão publica anualmente um relatório de síntese sobre a qualidade das águas balneares, com base nos relatórios apresentados pelos Estados-Membros antes do início de cada época balnear. Além disso, em 2008, a Comissão publicará um relatório que incluirá um estudo sobre os vírus e os progressos científicos pertinentes em matéria de avaliação das águas. A directiva em vigor deverá ser revista em 2020.

Neste contexto, o estabelecimento de modelos de previsão da qualidade da água das zonas balneares assume particular importância para todo País e em especial para a Região Autónoma dos Açores, por ser a região portuguesa com maior número de bandeiras azuis.

O European Atlantic Forecasting System Project, pretende desenvolver metodologias apropriadas para a previsão quer da qualidade da água das zonas balneares como também de dispersão de plumas de poluição pelas correntes oceânicas.


Esse projecto é liderado pelo Instituto Superior Técnico em Lisboa (http://www.ist.utl.pt/) e participam nele várias instituições de investigação: MERCATOR-Oceanographie Opérationnelle (http://www.mercator-ocean.eu.org/), Instituto Tecnolóxico para o Control do Medio Mariño de Galicia (http://www.intecmar.org/), a Universidade dos Açores (http://www.uac.pt/) e a MeteoGalicia-Consellería de Medio Ambiente y Desarrollo Sostenible (http://www.meteogalicia.es/).

terça-feira, junho 19, 2007

Interdependências Leite e Energias Alternativas

Podemos estar a sonhar, mas não é que, ao arrepio de tudo o que se tem escrito sobre a monocultura da vaca e do beco sem saída em que o leite entrou, há muito tempo, parece haver uma saída para o leite açoriano? Vejamos a “coisa” nesta perspectiva: os Açores serão dos poucos lugares no mundo onde o leite é produzido, preferencialmente, a partir da pastagem, enquanto noutros pontos da Europa é fundamentalmente obtido a partir de rações, cuja base é o milho. Ora, o preço do milho está a disparar, fundamentalmente porque está a ser “desviado” para a produção de bio-diesel (Diário Insular).
A aposta na energia da biomassa acaba por ter impactos no preço de determinados produtos, como é o caso do leite. Flutuações no consumo do milho, pelo aumento da procura para produção de energia, traduzem-se em flutuações no preço do leite pago aos produtores. Se alguns produtores podem ter prejuízos com as apostas no biodiesel, outros, com produções à base de erva, poderão ter lucros.
De acordo com o Professor José Matos, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, o preço do leite pago aos produtores deve ser indexado a indicadores fiáveis e seguir as flutuações do mercado, em vez de ser negociado todos os anos. O preço do leite pago aos produtores da Região deve seguir o mercado mas não pode ultrapassar a média nacional ou europeia. “Isso seria a morte do sector nos Açores”, alerta o Professor José Matos do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.

O Professor Tomaz Dentinho do mesmo Departamento defende que actualmente, ainda há espaço negocial entre um cêntimo e 3 cêntimos a mais por litro de leite nos Açores. Atendendo a que a produção açoriana é mais de cem milhões de litros de leite por ano, estarão garantidos mais de um milhão de euros por ano para os lavradores e, considerando os efeitos multiplicadores na economia, haverá mais 2,5 milhões de euros a distribuir por ano por todos os habitantes, ou seja, 50 euros a mais por habitante por ano (em A União).
Poderá afirmar-se que nos Açores, a aposta europeia no biodiesel se traduz num incremento da economia açoriana.

segunda-feira, junho 18, 2007

Projecto Easy

O Centro de Estudos do Clima, Meteorologia e Mudanças Globais no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, na qualidade de parceiro, promove nos próximos dias 20, 21 e 22 de Junho de 2007, em Angra do Heroísmo, a segunda reunião do Projecto Easy (European Atlantic Forecasting System).
Este projecto tem com principal objectivo a construção de um sistema multifacetado para a modelação operacional aplicada à segurança marítima, que requer o conhecimento das condições meteorológicas, de agitação marítima e das correntes oceânicas. Esse sistema disponibilizará serviços à navegação, às agências de salvamento marítimos e de gestão do litoral, incluindo a protecção de ecossistemas e infraestruturas costeiras e previsão da qualidade das águas de zonas balneares.
Portugal, Espanha e França estão assim, desde Janeiro, a produzir informação utilizável em tempo real para a costa norte atlântica através do Projecto EASY liderado pelo Instituto Superior Técnico (IST). O Projecto, que agora se inicia, será desenvolvido até Junho de 2008 e engloba cinco instituições.
Provavelmente, já a partir do fim do mês, qualquer pessoa pode aceder ao site www.easy.net para obter informações sobre o estado do mar na costa do Estoril, Óbidos, Sines, Galiza e Açores.

Nessa reunião em Angra do Heroísmo estarão presentes investigadores do Instituto Superior Técnico-Lisboa, da Consellería de Medio Ambiente y Desarrollo Sostenible da Galiza, do Instituto Tecnológico para Controlo de Meio Marinho da Galiza, da Dirección General de Desarrollo Sostenible também da Galiza, da MERCATOR OCEAN de França e ainda da Universidade dos Açores.

sexta-feira, junho 15, 2007

Leite: Alimento de muita gente

Ao que tudo indica, o preço de leite pago aos lavradores terceirenses deverá mesmo aumentar nos próximos tempos, contudo os valores ainda não são assumidos oficialmente por nenhuma das partes (produção e indústria). A opinião quase generalizada, de várias fontes ligadas ao sector agrícola, nos últimos dias, é que o preço terá mesmo que sofrer alterações. José Matos, docente da Universidade dos Açores, ligado à área da produção leiteira, também comunga da opinião da secretaria da tutela das organizações de produtores, “os indicadores apontam para uma subida de preço à produção”. Sem querer entrar na área da comercialização, o docente explica que será difícil contrariar as tendências do mercado internacional e europeu, que fizeram disparar os preços de dois dos principais produtos da indústria terceirense (o queijo e o leite em pó). “Há condições para aumentar os preços à produção”, assegura José Matos, adiantando estar em “absoluta” sintonia com a posição divulgada recentemente por Noé Rodrigues (secretário regional).


O secretário regional da Agricultura defendeu ontem, que devido a uma série de factores de mercado, as unidades de transformação - e também de comercialização – deveriam aproveitar para reforçar os rendimentos dos produtores de leite. No espaço de um ano, o preço do leite subiu 60 por cento nos mercados internacionais, consequência do aumento da procura nos últimos meses sem que a produção tenha acompanhado esse crescimento. Como muitas outras matérias-primas, o leite é negociado nas principais bolsas de mercadorias através de contratos futuros. Ou seja, o leite é comprado ou vendido numa data futura mas o preço já está garantido. O valor de referência para todo o Mundo é o do leite magro em pó transaccionado na Chicago Mercantile Exchange. A cotação dos contratos deste tipo de leite aumentou quase 60 por cento em seis meses. Os contratos futuros para o leite líquido subiram 62 por cento num ano. Se o leite fica mais caro, também a manteiga, o queijo e outros derivados vão obrigatoriamente aumentar de preço. Já em Abril deste ano, primeiro mês da campanha leiteira de 2007/08, o preço médio do leite na UE foi cerca de 2,1 por cento mais alto do que no mesmo mês do ano anterior, chegando aos 0,2646 euros por quilo. Desta forma, foi quebrada a tendência de descida dos preços do leite que se vinha verificando nos dois últimos anos, refere a informação disponibilizada pela European Dairy Farmers. Ao contrário do que aconteceu na ilha Terceira, a maioria das principais indústrias lácteas da EU, segundo a mesma informação, fizeram crescer os seus preços no início da campanha, em relação ao ano anterior.

De acordo com Tomaz Dentinho, também docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, para responder a essa procura as indústrias europeias aumentaram também os preços ao produtor e trataram canalizar para os mercados emergentes parte da produção. Dentro de pouco tempo fará pouco sentido falar de quotas leiteiras pois o aumento da procura na China e na Índia poderá escoar grande parte da produção europeia considerada excedentária até há poucos anos. Mas se o preço ao produtor tende a crescer na Europa porque razão não acontece o mesmo nos Açores? As razões são conhecidas de todos nós. Primeiro porque existe uma quota leiteira que impede o aumento da produção e não justifica o aumento do preço ao produtor. A segunda razão pela qual o preço do leite à produção não tende a subir é porque existe um regime de monopsónio que confere um poder de mercado muito grande aos compradores face aos vendedores de matéria-prima. Porque razão a indústria há-de pagar mais por uma quantidade limitada de leite quando pode conseguir essa mesma quantidade por menos? A terceira razão pela qual o aumento do preço de leite nos mercados internacionais não se repercute necessariamente no preço de leite ao produtor é porque existem graves erros de política na regulação de preços na Região. O que tem mantido a competitividade do sector é, felizmente, a potencial leiteiro das ilhas, a flexibilidade do mercado do trespasse de terra, a capacidade empresarial dos lavradores e, também, algumas infraestruturas de acessibilidade e de abastecimento de água feitas pelos governos. Mas os erros de regulação de preços mantêm-se e agravam-se. Analisemos alguns desses erros que, sendo corrigidos, podem melhorar a competitividade da lavoura e o desenvolvimento da Região. O principal erro dos Governos é não conseguirem transferir para a Região o princípio de unicidade de mercado segundo o qual deveríamos implementar políticas que fizessem com que tivéssemos preços semelhantes aos da Europa. Até existem as políticas de apoio à ultraperiferia para que os princípios comunitários se apliquem às regiões periféricas, mas as Regiões têm preferido optar por sistemas de subsídios que acabam por transferir todos os apoios para os monopsonistas que nos compram bens e para os monopolistas que nos vendem bens e factores produtivos. É assim que os muitos prémios que a lavoura recebe acabam por resultar numa redução do custo de produção e leite e, necessariamente, numa redução do preço de leite ao produtor. Como poderia ser diferente? Há várias soluções, mas os Governos têm sistematicamente optado pelas medidas que agravam mais a situação negocial dos agricultores face à indústria. Quando se deveria aumentar a quota ou mesmo eliminá-la, os governos não têm capacidade para negociar mais junto do Governo Nacional e junto da Europa, apesar do enorme potencial das ilhas para a produção de leite. Quando importava promover a concorrência entre as indústrias, os Governos preferem fomentar a concentração em grandes unidades monopsonísticas na Terceira e em São Jorge e permitir comportamentos de cartel na indústria de São Miguel através dos sistemas de recolha de leite. Quando era fundamental utilizar os apoios comunitários para facilitar os mecanismos de intervenção em cada uma das ilhas, por exemplo com a requisição das torres de secagem subsidiadas ou construção de novas junto das uniões de cooperativa, os governos preferem promover subsídios que vão indirectamente parar à indústria. Como é que a Unileite em São Miguel pode regular o preço do leite se não tem uma torre de secagem? Como é que a Unicol pode negociar o preço do leite com a Pronicol se não tem alternativa na colocação do leite que recolhe?
(Em A União)

quarta-feira, junho 13, 2007

Génese e características dos andossolos dos Açores

O Professor Jorge Pinheiro, Professor Associado do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, apresentou, no auditório do Campus de Angra do Heroísmo, uma lição com o tema "Génese e características dos andossolos dos Açores" que fazia parte da sua prestação de Provas de Agregação. O júri foi constituído por professores catedráticos portugueses e espanhois.
Os andossolos são uma das fases de criação de um solo de origem vulcânica e também de solos de outras origens, em casos de excepcional humidade e temperatura. O termo ando deriva do japonês (preto) e está associado à coloração desse solo. Os andossolos surgem normalmente 200 anos após uma erupção vulcânica, atingindo o topo das suas características cerca de cento e cinquenta mil anos após a erupção. Os andossolos evoluem para oxisolos.

Os andossolos possuem uma grande capacidade de retenção de fósforo e água, por serem muito porosos, pelo que as plantas que nele crescem têm normalmente falta desse nutriente. Devido a esse facto, os lavradores açorianos tendem a exagerar a adubação fosfatada.
A maior parte dos solos nos Açores, fruto da sua origem vulcânica, são Andossolos. São solos com muito boa permeabilidade, elevado nível de matéria orgânica, geralmente ricos em potássio, dada a predominância de rochas basálticas, e enriquecidas em azoto, dada a frequência das siderações.
Cerca de 65% do solo açoriano é utilizado para fins agrícolas, enquanto os espaços urbanos rondam os 5%. Estes últimos têm uma maior expressão nas ilhas de São Miguel e Terceira.
Verifica-se que todas as ilhas têm mais de metade da área sujeita a fraco risco de erosão, à excepção do Corvo (A reduzida dimensão desta ilha determina a inclusão de grande parte na faixa de 500 m a contar do limite da costa para o interior da ilha). A elevada capacidade de infiltração e a boa percentagem de matéria orgânica dos solos diminuem os riscos de erosão.

De acordo com o Professor Jorge Pinheiro há excesso de fósforo na maioria das pastagens açorianas, o suficiente para alimentar as plantas e esse excesso também tem levado à eutrofização dos corpos de água superficiais das ilhas.
A intervenção do homem é um dos factores que promove ou condiciona a formação de um solo vulcânico, como também a deposição de poeiras do Saara por via aérea ou as zonas termais existentes nas ilhas.

Alunos do Primeiro Ciclo do Ensino Básico experimentam trabalho laboratorial e investigação

Cerca de meia centena de alunos do Primeiro Ciclo do Ensino Básico, do Colégio de Santa Clara, na ilha Terceira, vivenciaram pela primeira vez o trabalho laboratorial e experimentaram algumas técnicas analíticas mais sofisticadas.
O trabalho laboratorial desses alunos decorreu nos laboratórios do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores com o acompanhamento dos Professores Airidas Dapkevicius e Lurdes Enes Dapkevicius.
As experiências constaram do estudo da taxa de aquecimento/arrefecimento de alguns produtos alimentares, análise espectrofotométicras e HPLC (High performance liquid chromatography). Os alunos estudaram a mistura de alguns corantes e a composição química de alguns alimentos.
As crianças efectivamente adoram explorar os materiais, e por vezes associam o trabalho em ciência e no laboratório a uma actividade de mágico.

Este tipo de actividades, através da inserção das crianças no mundo real da ciência, aproveitando o seu entusiasmo natural, promove competências ao nível do conhecimento do mundo e ao nível do conhecimento científico.

Novos ambientes de cura

Jean Watson, professora de enfermagem Jubilada pela Universidade do Colorado, USA, e fundadora do “Center for Human Caring” partilhou em presença o seu vasto conhecimento com os profissionais açorianos na Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo (ESEnfAH) da Universidade dos Açores, Campus de Angra do Heroísmo.
Jean Watson escreveu o seu primeiro livro em 1979 e continua a ser considerada pioneira no estudo da enfermagem como uma disciplina científica que une a racionalidade e a sensibilidade. A teoria sobre o Cuidado Transpessoal faz de Jean Watson a mãe de um novo paradigma em cuidados de saúde. De passagem pela Europa, a investigadora deu formação na Terceira.
Em vez de um enfermeiro ministrar analiticamente um tratamento a um doente, quer-se que o técnico de saúde saiba comunicar, interagir, conhecer para então depois proporcionar o cuidado necessário. O objectivo é a cura global do paciente e a satisfação do prestador de ajuda. Este é o ponto de partida para as muitas teorias criadas, e já colocadas em práticas por todo o mundo, de Jean Watson. A enfermeira sénior encontrou também na ilha Terceira exemplos da aplicação do modelo de enfermagem pós-moderno de “Cuidar-Curar”.

Depois de ter proferido a conferência “Post-Modern Nursing Model” (“Modelo de Enfermagem Pós-Moderno”), a investigadora orientou dois workshops para meia centena de professores e alunos sobre o assunto, numa iniciativa da ESEnfAH, inserida no projecto ICE.


Jean Watson mostrou-se surpreendida aos jornalistas pela disseminação dos seus estudos, explicando que, no fundo, o que se perspectiva neste novo paradigma “é saber responder às necessidades de cada doente, é ter de recorrer a um complexo e altamente criativo processo para encontrar as melhores soluções”. Soluções que, exemplificou, nos EUA tem levado departamentos e mesmo hospitais a adoptarem novos comportamentos por parte do seu corpo de enfermeiros: “há quem tenha transformado quartos em verdadeiros santuários de meditação para os enfermeiros; tem-se ritualizado com espiritualidade a lavagem de mãos; são afixadas mensagens positivas nos quartos dos doentes; há quem recorra à música para agradar os pacientes; são feitas massagens com pedras relaxantes; etc”. Assim, a enfermagem, conta-nos, é vista como uma disciplina científica, como ciência e arte e como uma profissão centrada no humanismo. Ela personifica o desenvolvimento de uma consciência de cuidado presente na prática, no ensino, na teorização e na pesquisa: “tem de haver uma prática reflexiva da enfermagem”. A preocupação com uma mudança de valores, fá-la apontar para uma visão mais abrangente acerca do cuidado, unindo racionalidade e sensibilidade e tornando a enfermagem num processo interactivo entre quem cuida e quem é cuidado. Jean Watson afirma que não se pode dissociar a prática da enfermagem sem outras áreas de conhecimento como a filosofia, a teologia, a educação, a psicologia ou a antropologia. A perspectiva humanística do cuidado quer abandonar “o modelo do diagnóstico da doença e buscar a humanidade da cura”, equacionando-se as suas dimensões psicológicas, espirituais e sócio-culturais. Encontrar o equilíbrio, “o centro”, como diz, entre corpo e mente deverá ser a meta de qualquer intervenção em saúde. Nesta fulcral profissão de cuidar-curar, o enfermeiro assume um papel ainda mais importante: “o enfermeiro detém a única profissão em que acaba por ser o elo de ligação entre o hospital, os médicos e a família”. Uma vez que o seu modelo de cuidados transpessoais tem configurado a prática de milhares de enfermeiros em todo o mundo, Jean Watson advoga uma maior atenção e investimento nesta abordagem da enfermagem. Depois de conquistados os progressos tecnológicos da medicina da era moderna, a enfermagem precisa de redescobrir a sua essência e devolver, às suas práticas, “a arte de cuidar”. “É preciso interromper o actual padrão de funcionamento da enfermagem. É preciso encontrar novas formas de cuidar. É preciso criar um novo ambiente de cura”.


(In Humberta Augusto em A União)

sábado, junho 09, 2007

Técnicas de mergulho e recolha de dados ecológicos

O Professor João Pedro Barreiros, docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, ministra no Brasil, um mini-curso sobre " Técnicas de mergulho em apnéia e caça submarina aplicadas à recolha de dados ecológicos" integrado no I Workshop Brasileiro de Mergulho Científico, a decorrer entre 6 e 9 de Junho, na cidade de Natal, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

De acordo com a comissão organizadora do evento, "A implementação de uma disciplina direccionada para a utilização do mergulho autónomo, como uma ferramenta de trabalho para biólogos ou profissões afins, vem de encontro à necessidade, cada vez maior, do uso das técnicas de mergulho para o desenvolvimento de projectos e programas de investigação em ciências do mar. Actualmente diversos cursos superiores (biologia, engenharia de pesca, oceanografia, geologia e arqueologia, entre outros) de universidades brasileiras, incorporam nos seus currículos o "mergulho autónomo como ferramenta para apoio a trabalhos científicos", como disciplina obrigatória ou optativa. Com o I Workshop Brasileiro de Mergulho Científico pretende-se incentivar a introdução da disciplina de mergulho científico nas universidades brasileiras, difundir o intercambio de experiências sobre trabalhos de investigação que utilizam o mergulho como ferramenta e discutir a importância do mergulho – livre ou autónomo – no desenvolvimento de metodologias e amostragens não-destrutivas." (In I Workshop Brsileiro de Mergulho Científico).

sexta-feira, junho 08, 2007

Investigação aplicada pode incentivar o desenvolvimento sustentável

Governo Regional dos Açores e Universidade dos Açores assinam protocolo para promover a competetividade do sector agrícola açoriano, numa perspectiva sustentavel.
O acordo pretende promover a modernização e a competitividade do sector agrícola regional.
O secretário regional da Agricultura e Florestas afirmou no dia 7 de Junho de 2007, em Angra do Heroísmo, que o Governo dos Açores está a iniciar “um ciclo de estímulo à inovação na agro-pecuária regional”, na sequência de um outro, de dez anos, caracterizado pelo “sucesso e progresso” conseguidos, graças ao esforço dos produtores e a uma política de apoio governamental correcta, em matérias como a melhoria das condições de trabalho e o rendimento dos produtores.
Noé Rodrigues falava na cerimónia de assinatura de um protocolo com a Universidade dos Açores destinado a fomentar a cooperação técnica entre a academia açoriana e a Secretaria Regional da Agricultura e Florestas (SRAF). O acordo pretende, “através do desenvolvimento do conhecimento, baseado na Ciência, na Tecnologia e na Inovação, enquanto factores indispensáveis para impulsionar a qualidade”, promover a modernização e a competitividade do sector agrícola, assentes “em investigação aplicada e trabalhos compatíveis com as necessidades práticas das actividades agrícola, pecuária e agro-alimentar da Região”.
Importa avançar agora nesse domínio, porque “os mercados e a própria política comunitária para o sector assim o impõem e é necessário gerir da melhor maneira os processos de mudança para que os agricultores e a agricultura dos Açores possam continuar a trilhar o mesmo caminho” de sucesso, sublinhou o secretário regional da Agricultura e Florestas.
O protocolo, assinado no recinto da Feira Agrícola dos Açores 2007, a decorrer na Ilha Terceira, prevê a realização de trabalhos de investigação aplicada em variadas áreas compatíveis com as necessidades práticas, quer dos Departamentos da SRAF, quer dos empresários agrícolas da Região. Solos e fertilidade, biologia vegetal, pastagens e conservação de forragens, reprodução animal, nas espécies de interesse zootécnico, transformação e indústria agro-alimentar, climatologia e hidrologia e economia agrária são as áreas já identificadas em que a Universidade pode produzir trabalho de formação profissional, investigação, análise, estudo e interpretação técnica.

Fotografia de António Gama

(In Diário Insular)

quinta-feira, junho 07, 2007

Os objectivos dos agricultores dos Açores: uma abordagem multicritério

Foi ontem apresentado no auditório do Campus Universitário de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, o livro da autoria da Professora Emiliana Silva intitulado “Os objectivos dos Agricultores dos Açores: uma abordagem multicritério”.
É um livro que serve vários públicos. Por ser uma síntese, permite que os leitores usem com efectividade a informação aí transcrita. Por ser baseado numa tese de há uns anos a esta parte já é possível reportar os efeitos dessa tese e perspectivar melhor os impactos do livro que agora se publica. Os públicos que o livro pode servir são fundamentalmente quatro. Em primeiro lugar os agricultores açorianos que veêm retratada a sua atitude perante as suas empresas. Quando foi realizada a tese que o origina, era claro, que a maior parte dos agricultores das ilhas pretendia maximizar o emprego, e que alguns agricultores de São Miguel, procuravam maximizar o lucro. Em segundo lugar, podem beneficiar os políticos, responsáveis pelas medidas de regulação do sector agrícola, já que o modelo desenvolvido pela Professoa Emiliana Silva permite perspectivar ex-ante a reacção dos agricultores às políticas desenhadas pelos reguladores.

Em terceiro lugar beneficiam os estudantes de licenciatura e de mestrado pois o texto agora impresso constitui uma óptima introdução à programação multiobjectivo. Finalmente beneficia a comunidade científica que pode não só utilizar o modelo para testar a viabilidade e aceitação pelos agricultores de inovações tecnológicas e institucionais mas também complementá-lo e alargá-lo para responder a problemas concretos da sociedade.

Com base no modelo inicial desenvolvido pela Professora Emiliana Silva, sequencialmente alargado para responder a várias questões, já foi possível elaborar numerosos estudos de interesse para a Região, como por exemplo o estudo da viabilidade da cultura da beterraba face à agropecuária, estudado a pedido da SINAGA tendo por base o modelo seminal da Professora Emiliana Silva, o ordenamento da Bacia das Sete Cidades, com a integração do modelo de programação matemática acima indicado, e com os resultados do Professor José Carlos Fontes sobre as emissões da agropecuária, a confirmação da suposição de que a raça Jersey é a melhor raça de vacas leiteiras para os Açores, face ao sistema actual de pagamento do leite, foi provado também com base no modelo criado pela Professora Emiliana Silva e que agora é divulgado em livro. O desenho racional da protecção de nascentes e aquíferos também foi testado com base nesse modelo, havendo muito mais para fazer utilizando aquele modelo seminal como diz o Director Regional da Agricultura, Eng. Joaquim Pires no Prefácio do livro. Desde já é importante tornar o modelo facilmente utilizável:
- Pelos técnicos e políticos responsáveis pelo desenho de políticas agrícolas para perspectivar o efeito dessas medidas no rendimento, no emprego e no meio ambiente.
-Pelos lavradores ou pelos técnicos que apoiam as suas decisões para que possam adaptar mais rapidamente o seu maneio à variabilidade dos preços dos produtos, do custo dos factores produtivos, das tecnologias e das regulações ambientais.
-Também para que a mesma análise, sobre a racionalidade dos agricultores açorianos possa ser feita para a situação actual; muito provavelmente haverá bem mais agricultores a quererem maximixar o lucro em vez de maximizarem o emprego.
-Finalmente, para que esta abordagem possa ser aplicada a outros sistemas de produção agro-pecuário em Portugal e no estrangeiro.
(In Prof. Tomaz Dentinho em A União)

Investigação no Departamento de Ciências Agrárias, na área da biotecnologia, origina empresa na ilha Terceira

Um grupo de seis alunos do Centro de Biotecnologia dos Açores, sedeado no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, ilha Terceira, prepara-se para criar uma empresa com o objectivo de explorar comercialmente a investigação nascida nessa unidade de investigação.
A confirmação deste facto é dada pelo Professor do Departamento de Ciências Agrárias, Artur Machado, responsável pelo Centro de Biotecnologia dos Açores. O Investigador assume que a empresa pode surgir em breve, estando em curso a sua preparação jurídica.
"Este projecto tem vindo a ser aprofundado há algum tempo. Estes alunos manifestaram interesse em criar uma empresa que ponha em prática muita da investigação que vamos realizando no Centro. E, da nossa parte, há também todo o interesse em apoiar esse projecto" assume o professor Universitário.
Segundo Artur Machado, esta empresa comercializará diversos produtos centrados na Biotecnologia: sistemas de diagnóstico de patologias do foro genético, culturas de plantas ornamentais e fruteiras, testes de patologias vegetais, composição de silagens ou genotipagem de animais, entre outros.
"O desenvolvimento científico e inovação manter-se-á no Centro de Biotecnologia dos Açores. Depois, esta empresa verá que inovações podem ser postas em prática, avançando para a sua produção e comercialização", explica Artur Machado.
Segundo o académico, o primeiro objectivo - em termos de mercado - será a ilha e o Arquipélago. No entanto, a exportação não está fora da visão dos promotores do projecto.
(In Diário Insular)

Ciência Açoriana precisa de maior exposição mediática

A Drª Ana Paula Marques, Secretária Regional do Ambiente e do Mar, efectuou uma visita ao Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, no dia 6 de Junho de 2007, onde defendeu uma maior exposição mediática da ciência produzida no Arquipélago.
A Drª Ana Paula Marques defendeu "uma projecção adequada" que permita um melhor aproveitamento nacional e internacional das investigações efectuadas pela Universidade dos Açores.
Falando aos jornalistas, Ana Paula Marques exemplificou com a investigação em climatologia e oceanografia, duas áreas onde a Universidade açoriana tem produzido conhecimento de excelência.
"A investigação sobre climatologia que está a ser efectuada pelos investigadores do Departamento de Ciências Agrárias, merece projecção internacional", afirmou.

A governante açoriana preconizou ainda, "uma maior agressividade em termos de marketing para garantir que a investigação, considerada excelente em muitos núcleos internacionais, possa ter o reconhecimento que lhe é devido".
A Secretária do Ambiente que visitou em Angra do Heroísmo o pólo universitário de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, admitiu que o "Governo precisa, em particular na área ambiental, dos resultados da investigação universitária produzida na Região".
Ao sublinhar a posição geográfica do arquipélago, que lhe confere uma importância acrescida nas investigações oceanográficas e do ambiente, Ana Paula Marques apontou a criação de "uma rota das ilhas na investigação" como um meio de promover o arquipélago.
Para a Secretária Regional, outro dos caminhos a prosseguir é o "incentivo aos jovens licenciados para a criação de empresas na área da biotecnologia numa estreita parceria com a Universidade".

(In Diário Insular)

Biomonitorização da qualidade do ar

Foi proferida, no dia 5 de Junho de 2007, Dia Mundial do Ambiente, uma conferência sobre Biomonitorização da Qualidade do Ar, pelo Professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Félix Rodrigues, na Sede da Sociedade de Exploração Espeleológia - "Os Montanheiros" em Angra do Heroísmo.


No mesmo dia, durante a parte da tarde e também integrado nas Comemorações do Dia Mundial do Ambiente, foi realizado um passeio com alunos da Escola Jerónimo Emiliano de Andrade de Angra do Heroísmo, contando com a presença da Senhora Secretária Regional do Ambiente Drª Ana Paula Marques, do Director Regional do Ambiente, Mestre Frederico Cardigos, do Director dos Serviços de Promoção Ambiental, Dr Vitor Medina, do Presidente da Direcção da Sociedade de Exploração Espeleológica-"Os Montanheiros", Eng. Paulo J. Mendes Barcelos, do Director da Ecoteca da Terceira, Eng. Helder Xavier e do Presidente do Observatório do Ambiente Professor Eduardo Brito de Azevedo, também docente do Departamento de Ciências Agrárias.

A organização das actividades comemorativas do Dia do Ambiente na Terceira foram da responsabilidade da Sociedade de Exploração Espeleológica - "Os Montanheiros" e da Ecoteca da Terceira, contando ainda com o apoio da Secretaria Regional do Ambiente.
Tanto no passeio, como na palestra, o Professor Félix Rodrigues, referiu que o controlo de poluentes atmosféricos é um problema complexo porque as fontes e as emissões têm que ser identificadas, os métodos analíticos têm que ser avaliados, os riscos têm que ser calculados, as emissões têm que ser controladas e os aspectos económicos têm que ser equacionados.
Uma das formas de quantificação e qualificação da poluição atmosférica consiste na aplicação de biomonitores (líquenes, briófitos, plantas ou animais) que permitem uma avaliação integrada da poluição de uma determinada área de interesse. A biomonitorização deve ser entendida como um complemento à monitorização física e não como seu substituto.
Os líquenes são das primeiras espécies a revelar sintomas dos efeitos tóxicos da poluição do ar. Os mapas da distribuição dos líquenes são usados como indicadores da qualidade do ar e a medição da concentração dos poluentes em líquenes é um dos métodos mais aplicados em estudos de biomonitorização.
A biomonitorização apresenta algumas vantagens relativamente aos métodos usuais de monitorização, em particular quanto à densidade e custos de amostragem. Outra vantagem dos biomonitores é a forma de intercepção do poluente e a interpretação biológica do impacto ambiental. Este aspecto é fundamental, uma vez que ao determinar instrumentalmente a concentração de um poluente no ambiente, não se fica imediatamente a conhecer o seu impacto, a menos que se conheçam os seus efeitos sobre os vários componentes do ecossistema e o modo como se processam essas transferências entre os vários componentes da biosfera.
A inexistência de líquenes num determinado local pode querer indicar níveis de dióxido de enxofre extremamente elevados, por outro lado, a presença de determinado tipo de líquenes como as usneas ou as lobárias indicam excelente qualidade do ar.
O estudo da flora liquénica dos Açores, além de contribuir para uma inventariação da biodiversidade do Arquipélago, também fornece informações preciosas sobre a qualidade do ar média do local onde se encontram.
Estudos realizados no Arquipélago apontam níveis de metais pesados na atmosfera distintos de outras localizações, que tem a ver com as emissões naturais específicas dessa localização.
Relativamente ao continente português, a atmosfera açoriana é mais rica em mercúrio, observando-se um decrescimento na sua concentração das ilhas do Grupo Central para as ilhas do Grupo Oriental e destas para o Arquipélago da Madeira. Tal metal, provavelmente está associado a emissões vulcânicas.


Os níveis de bromo nos Açores também são mais elevados do que os verificados em líquenes no continente português, crendo-se que tal facto esteja associado mais uma vez às emissões vulcânicas e emissões das águas do mar.
Esporadicamente observam-se níveis elevados de arsénio nos líquenes, principalmente naqueles que se localizam próximos de fumarolas vulcânicas, como os que foram encontrados no Pico Vermelho em São Miguel.
Os níveis de sódio e cloro no ar dos Açores também é mais elevado, como era de esperar, relativamente aqueles que se observam no continente português.
A biomonitorização permite-nos conhecer a qualidade do ar, mas também a qualidade do ambiente bem como as suas características específicas.

(in Humberta Augusto - A União)

quarta-feira, junho 06, 2007

Mudanças Drásticas na Paisagem Portuguesa

A Professora Teresa Pinto Correia da Universidade de Évora, proferiu, no passado dia 4 de Junho de 2007, uma palestra no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, sobre "Os Factores que Influênciam a Paisagem no Continente Português". A sua análise centrou-se na evolução da paisagem portuguesa de 1990 para 2000.
Começou por esclarecer o conceito de paisagem que para muitos quer dizer território ou pura e simplesmente espaço rural. Na verdade, trata-se do resultado da interacção dos sistemas físicos, biológicos e humanos capaz de criar imagens e representações. Imagens que, por seu lado, suscitam sensações e valorações que informam gestos e atitudes das pessoas, e decisões e intervenções por parte dos poderes políticos. E é assim que a paisagem ou, se quiserem, o território é apenas uma imagem. Mas essa imagem é o fim e o princípio de muitas percepções e acções. Daí, também, a sua importância. Depois, num segundo momento, a conferencista expôs a metodologia, os resultados e as ilações do estudo sobre a evolução da paisagem em Portugal no passado recente. A hipótese que quis testar é que o abandono rural e a multifuncionalidade da agricultura tem tons e sons que justificam a não uniformização das políticas. O método trata de sobrepor a informação paisagística sobre o coberto do solo, com a informação agronómica por tipo de cultura e ainda com os dados sobre a realidade económica e social ao nível dos municípios. Os resultados a que chega são surpreendentes: há desertificação com aumento do rendimento por hectare, há interacções fortes entre o urbano e o rural, há zonas que perderam toda a capacidade de iniciativa e há outras em que a iniciativa cabe aos estrangeiros. Não há dúvida de que precisamos dos geógrafos para darem nomes às coisas novas que vão acontecendo ao nosso lado. Sobretudo para nos dizerem que essas coisas são o que são para que, antes de tentarmos julgamentos precipitados, inúteis e acabrunhadores, percebamos porque é que as tais coisas são o que são. No final registou-se uma interessante interacção com a assistência. Falou-se da aplicação daquela metodologia à Região Açores e à Europa. Pôs-se em causa a política agrícola europeia tolamente uniformizada. Relembrou-se o papel da tecnologia e da economia.

(in A União - Prof. Tomaz Dentinho)

sábado, junho 02, 2007

Jornadas Ibero-Atlânticas de Estatísticas Regionais

Durante dois dias, decorreram em Angra as “Jornadas Ibero-atlânticas de Estatísticas Regionais”. Continente, Madeira, Galiza, Canárias e Açores participaram em mesas redondas, apresentação de trabalhos práticos, comunicações de experiências e debate vivo, sobre os mais actuais temas que importa à Estatística moderna. A estatística é hoje a ferramenta base de uma boa governação, de uma boa gestão de qualquer empresa. Sem ela anda-se às cegas nas decisões que têm de se tomar a todo o momento (in Diário Insular).
Nessas jornadas foi possível participar num debate vivo e esclarecedor entre os membros da mesa e os participantes que enchiam o auditório do Hotel do Caracol. Os dois pontos mais vivos do debate das Jornadas foram a independência, ou não, dos produtores de estatísticas e a centralização ou descentralização da produção de dados.
Sobre a independência dos produtores de estatística foi curiosa a posição dos vários membros da mesa e dos participantes. Os responsáveis pela estatística regional defendiam que a independência era conseguida pela idoneidade individual de cada um dos técnicos. O responsável pela estatística nacional portuguesa propunha que a nomeação da direcção do Instituto Nacional de Estatística deveria ser independente da nomeação do governo. E alguns dos participantes, defendendo a efectiva independência dos produtores de dados, constatavam que a publicitação da produção estatística, por mais idónea que essa produção fosse, estava mais orientada para manter o astral dos governos do que para identificar problemas da população que precisassem da actuação dos governantes. Sobre a centralização da produção de dados foi interessante perceber algum desconforto dos estatísticos regionais face à produção pelo centro de dados regionalizados. E é assim que vivem os técnicos regionais de estatística: perante a concorrência do Instituto Nacional de Estatística, face à omnipresença expectável do EUROSTAT, pressionados pelas intenções publicitárias dos governos regionais, e desconfiados das análises desenvolvidas pelos universitários.
A fuga é para a frente, para produzir mais e melhores dados para quem os procura: a população, o governo, os académicos e outras entidades geradoras de dados (Prof. Tomaz Dentinho in A União).

sexta-feira, junho 01, 2007

Chuva Ácida

Realizaram-se na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, organizadas pelos alunos Nânci Sousa, Rodrigo Piedade, Luis Silveira, Diogo Aguiar e Bruno Silva, do 9ºA, duas palestras, proferidas pelos professores do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Paulo Fialho e Félix Rodrigues sobre "Chuvas Ácidas". Esses docentes leccionam e investigam na área da Química e Física da Atmosfera.

O Professor Paulo Fialho referiu a tendência crescente da acidez da precipitação associada ao aumento dos níveis de dióxido de carbono atmosférico. Quanto maiores forem os níveis de CO2, mais ácida será a chuva, se se admitir um contributo exclusivo desse gás para a acidez da água da chuva, no entanto, os contributos das emissões de dióxido de enxofre e de óxidos de azoto (NOx) são mais importantes para acidez verificada na água da chuva do que efectivamente os níveis de CO2.

Centrando-se nos aspectos químicos atmosféricos, o Prof. Paulo Fialho explicou como esse equilíbrio é alterado e como se avalia do ponto de vista teórico e experimental a acidez da água da chuva. Apresentou também a tendência média anual da acidez da precipitação na ilha Terceira, enfatizando a sua quase constância ou reduzida evolução. Abordou ainda a capacidade tampão de alguns ecossistemas, ou seja, a sua capacidade para não alterar o seu nível de pH (indicador de acidez) com a adicção de pequenas quantidades de substâncias ácidas ou básicas através da deposição seca ou húmida.


O Professor Félix Rodrigues, abordou alguns impactos das chuvas ácidas a nível global e local. Referiu para o caso dos Açores que as chuvas de Verão no Arquipélago são mais ácidas do que as chuvas de Inverno e que a chuva fina é mais ácida do que a "chuva grossa". Assim se explica porque alguns nevoeiros de Primavera e Verão são capazes de "queimar" algumas culturas hortículas das ilhas. Tal comportamento é explicado pelo efeito diluidor do volume da precipitaçãodas das substâncias acidificantes presentes na atmosfera. Referiu também a evolução lenta da acidez da água da chuva para o caso da ilha do Corvo, onde as emissões atmosféricas de precurssores de acidez na precipitação são quase nulas, para enfatizar o caracter global desse fenómeno.

De acordo com o Prof. Félix Rodrigues, a probabilidade de ocorrências de eventos extremos de acidez na precipitação nos Açores é reduzida, mas não nula. Transportes atmosféricos de longa distância poderão contribuir, em condições atmosféricas muito específicas ou raras, para o seu aparecimento nesta região do globo.