sábado, junho 02, 2007

Jornadas Ibero-Atlânticas de Estatísticas Regionais

Durante dois dias, decorreram em Angra as “Jornadas Ibero-atlânticas de Estatísticas Regionais”. Continente, Madeira, Galiza, Canárias e Açores participaram em mesas redondas, apresentação de trabalhos práticos, comunicações de experiências e debate vivo, sobre os mais actuais temas que importa à Estatística moderna. A estatística é hoje a ferramenta base de uma boa governação, de uma boa gestão de qualquer empresa. Sem ela anda-se às cegas nas decisões que têm de se tomar a todo o momento (in Diário Insular).
Nessas jornadas foi possível participar num debate vivo e esclarecedor entre os membros da mesa e os participantes que enchiam o auditório do Hotel do Caracol. Os dois pontos mais vivos do debate das Jornadas foram a independência, ou não, dos produtores de estatísticas e a centralização ou descentralização da produção de dados.
Sobre a independência dos produtores de estatística foi curiosa a posição dos vários membros da mesa e dos participantes. Os responsáveis pela estatística regional defendiam que a independência era conseguida pela idoneidade individual de cada um dos técnicos. O responsável pela estatística nacional portuguesa propunha que a nomeação da direcção do Instituto Nacional de Estatística deveria ser independente da nomeação do governo. E alguns dos participantes, defendendo a efectiva independência dos produtores de dados, constatavam que a publicitação da produção estatística, por mais idónea que essa produção fosse, estava mais orientada para manter o astral dos governos do que para identificar problemas da população que precisassem da actuação dos governantes. Sobre a centralização da produção de dados foi interessante perceber algum desconforto dos estatísticos regionais face à produção pelo centro de dados regionalizados. E é assim que vivem os técnicos regionais de estatística: perante a concorrência do Instituto Nacional de Estatística, face à omnipresença expectável do EUROSTAT, pressionados pelas intenções publicitárias dos governos regionais, e desconfiados das análises desenvolvidas pelos universitários.
A fuga é para a frente, para produzir mais e melhores dados para quem os procura: a população, o governo, os académicos e outras entidades geradoras de dados (Prof. Tomaz Dentinho in A União).