sábado, junho 23, 2007

Conclusão da sessão de trabalhos do Projecto EASY

Terminou em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, as sessões de trabalho do Projecto Interreg denominado Easy, cujo objectivo é criar uma infra-estrutura policêntrica para o desenvolvimento de modelos operacionais aplicáveis à segurança marítima. A infra-estrutura criada providenciará prover serviços à navegação, às agências de salvamento, e às entidades responsáveis pelos portos e pelas zonas de banhos. No futuro próximo será possível dar informação útil para os gestores das pescas e da biodiversidade e naturalmente aos marinheiros e pescadores que cruzam os nossos mares.

Eduardo Brito, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores falou-nos do modelo de ondulação que, para além de muitas outras funções, já permitiu resolver conflitos importantes entre os donos das obras portuárias e os respectivos empreiteiros. No fundo para saber qual era a altura da onda de forma a definir de quem seria a responsabilidade de reparação de um acidente durante a obra. Pedro Miranda, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, apresentou uma série de modelos interligados – o modelo bioquímico da atmosfera, o modelo climático e os modelos sectoriais – que permitem estimar os impactos do aquecimento global na temperatura, no nível médio das águas do mar, na biodiversidade e por aí fora. O mais espantoso é que a realidade está a evoluir conforme prevêem os modelos mais recentes e os impactos são marcantes: o degelo de grande parte do Ártico, a passagem de parte da Pensínsula Ibérica a deserto e o desaparecimento de muitas ilhas e zonas costeiras. Perguntei porque razão não havia um modelo sócio-económico que previsse a reacção dos homens a essas catástrofes e foi-me dito que os modelos apresentados são para que a ONU tenha argumentos para suscitar acções contra o aquecimento global. Afinal é só meia verdade, como o foram as previsões demográficas de uma década atrás. Também muito interessante foi a apresentação de Ramiro Neves do Instituto Superior Técnico, que nos mostrou as simulações da evolução da mancha de petróleo derramado pelo Prestige há alguns anos, a diluição dos esgotos no estuário do Tejo e a dinâmica do plâncton na costa portuguesa, com a simulação da variação da temperatura do mar. Parabéns àqueles que nos permitem ter acesso aos resultados destes modelos e que também vão desenvolvendo modelos cujos resultados são utilizados por outros. Pelo programa falo do Eduardo Brito e da Manuela Juliano e também das equipas com quem eles trabalham.

(In Viaoceanica.com)