quarta-feira, julho 11, 2007

Plantas de São Jorge em Estudo

Recuperar a memória das gentes de São Jorge em relação ao uso das plantas tradicionais da ilha foi o objectivo da tese de mestrado da aluna da Universidade dos Açores, Ana Maria Vilela, intitulada “Etnobotânica de São Jorge: Valores, Recursos e Sustentabilidade”.
Segundo Ana Maria Vilela, trata-se da segunda tese na área da etnobotânica (ligação entre etnografia e botânica) realizada em Portugal, tendo sido levadas a cabo, no ano passado, cerca de 30 entrevistas junto a habitantes da ilha que se encontravam entre os 51 e os 89 anos. “O objectivo foi registar o conhecimento que essas pessoas têm sobre as plantas de São Jorge e a sua utilização, que se está a perder nas gerações mais jovens. Os avós e os pais sabem quais são as plantas e para que eram usadas, mas quando chegamos aos netos, esse conhecimento já não está lá”, explica a autora. A informação recolhida e reunida na tese de mestrado pode servir, avança Ana Maria Vilela, para a tomada de medidas de promoção ambiental. “No caso do cedro do mato estamos a falar de uma espécie que as pessoas continuam a abater e que, a médio prazo, pode estar no limite da extinção. Se essa informação for divulgada, é provável que a população começa a abandonar esse comportamento”, defende.

EM DESAPARECIMENTO... A tese de mestrado identificou crenças e costumes dos jorgenses em relação às espécies vegetais da ilha, com especial destaque para a cultura do café, que só é realizada em algumas zonas da ilha e do cedro do mato, que esteve na base de uma verdadeira “escola de escultores de arte sacra”. A romania, uma espécie endémica da Região, também era utilizada na ilha para o fabrico de doce e aguardente, costume que caiu no esquecimento. Também em desaparecimento em São Jorge estão o linho e o pastel que durante anos foram recursos económicos importantes.
(In Diário Insular)