sexta-feira, agosto 31, 2007

Luta química ao escaravelho japonês suscita dúvidas

As duas substâncias que vão ser utilizadas no combate ao escaravelho japonês (Popillia japonica Newman), no âmbito da Rede de Vigilância que agora foi estendida às nove ilhas dos Açores, estão a suscitar dúvidas. Em causa está a utilização de imidaclopride e deltrametrina nas silvas e expontâneas que rodeiam as pastagens.
De acordo com o Professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Félix Rodrigues, a deltrametrina é relativamente inofensiva, mas gera habituação na espécie, o que exige doses de insecticida cada vez maiores. "É sabido que a aplicação de um produto químico no combate a uma praga provoca a sua habituação e adaptação, sendo necessário para a sua erradicação, doses cada vez mais elevadas da substância insecticida, daí que a aplicação de deltrametrina ou imidaclopride ao combate ao escaravelho japonês, não foge a esta regra", avança, salientando que o recurso a esta substância deverá ser "o último recurso".
A habituação provocada pela substância activa deltrametrina já foi verificada no terreno. "A utilização da deltrametrina durante vários anos no Panamá, para combater os mosquitos, criou-lhes resistências fazendo com que as autoridades desse país tivessem que recorrer a insecticidas fosfatados, ambientalmente mais prejudiciais do que o anterior, para obter os mesmos efeitos" alerta o docento do Departamento de Ciências Agrárias.
Em relação aos efeitos prejudiciais que podem ser provocados, Félix Rodrigues avança que a "deltrametrina mata os insectos por contacto directo ou por ingestão. É um composto pouco volátil e muito resistente à degradação térmica e à fotólise (decomposição pela luz), sendo aplicado em solos por praticamente não se deslocar nas fases gasosas e aquosas. Quando aplicado no solo, os resíduos são baixos, permanecendo essencialmente nos primeiros 2,5 cm de solo. As pessoas que possam ser contaminadas por essa substância podem sentir dores de cabeça e tremores, outros efeitos não estão convenientemente estudados."

Já quanto à segunda substância, que será utilizada na Região para o combate ao escaravelho japonês, Félix Rodrigues caracteriza-a como "um insecticida neurotóxico potente, permitido na Europa".

A aplicação de imidaclopride "está quase sempre sujeita a polémica, pelo facto dos ambientalistas, especialmente os franceses, advogarem que é extremamente tóxico para as abelhas. No entanto não existem provas sobre o impacto da imidaclopride nas abelhas porque as provas científicas actualmente disponíveis não são conclusivas, revela o Professor Félix Rodrigues.
De acordo com Aida Medeiros, da Direcção de Serviços da Agricultura e Pecuária, as duas substâncias activas são de "uso comum" em floricultura e horticultura, sendo recomendadas em protecção integrada.

Segundo Aida Medeiros, não se tratam de insecticidas agressivos. "Cada vez mais os produtos utilizados tendem a ser de baixo risco, até por limitação legal. Estas são substâncias de utilização usual, que surtem efeitos em vários tipos de praga, não só no escaravelho japonês".

Aida Medeiros avança que o objectivo principal no combate ao escaravelho japonês é a erradicação, mas que esta meta não será realista nesta primeira fase. "O mais importante é detectar e controlar a praga. O principal é evitar que o problema avance", explica.
Na opinião da Professora do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Ana Maria Simões, autora de uma tese de Doutoramento em endoparasitoídes, as frentes de luta devem passar tanto por medidas biológicas, como culturais, devendo a luta química representar a "última opção".
Já o Professor David Horta Lopes, também do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, defende que a utilização de químicos para a erradicação de focos de escaravelho japonês pode ser indicada, por ser eficaz, mas o grau de risco das substâncias deve ser tido em conta.
A luta química contra o escaravelho japonês já despertou polémica no passado. Na década de 90 foi utilizado o carbaril, que, segundo Félix Rodrigues, "é um produto químico que persiste no ambiente e que se provou ser cancarígeno".
"Essa substância era pulverizada através de máquinas das do tipo de sulfatar ou de helicóptero, afectando a qualidade do ar e infiltrando-se no solo".
Ainda segundo Félix Rodrigues, "a nível internacional já se provou que o carbaril é tóxico para os humanos e que, em doses excessivas, pode provocar a morte de pessoas e animais. Este químico provoca ainda a instabilidade ambiental, pois, para além de matar o escaravelho japonês, erradica também todo o conjunto de insectos benéficos. Além disso, é tóxico para as abelhas, intoxicando o mel" concluiu Félix Rodrigues.

(In Diário Insular)

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quinta-feira, agosto 30, 2007

Controlo do Escaravelho japonês

A rede de vigilância para o controlo e combate ao escaravelho japonês foi alargada a todo o arquipélago. De acordo com o Gabinete de Apoio à Comunicação Social (Gacs), o Governo tomou esta decisão para evitar a sua disseminação. Recorde-se que a presença deste insecto foi detectada na década de 70, do século passado, na ilha Terceira-Açores e onde deu origem a uma praga. De referir que este insecto ataca produções hortoflorícolas e, além da Terceira, a sua presença já foi detectada nas ilhas do Faial, São Miguel e Pico.
O professor David Horta Lopes do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, os Professores Mumford e Leach do Centre for Environmental Technology do Imperial College of Science, Technology and Medicine Silwood Park, do Reino Unido e o Professor Mexia do Departamento de Protecção de Plantas e Fitosociologia do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, após terem analisado, durante nove anos (1990 a 1998) as populações larvares e adultas do escaravelho japonês em oito zonas da Ilha Terceira, identificaram flutuações e zonas de multiplicação deste insecto associadas a um padrão de disseminação.
Com base na análise destes dados de campo e dos dados climáticos, em especial da direcção predominante do vento, da temperatura e sobretudo da precipitação, foram identificadas zonas de disseminação primárias e secundárias dentro da área ocupada pela P. japonica na Ilha Terceira.
Da aplicação do modelo "Japanese Beetle Rule Model" foi possível não só identificar o padrão de disseminação de umas zonas para as outras, mas também prever, na Primavera, antes da presença dos adultos desta praga, o seu nível populacional de modo a ser possível racionalizar as formas empregues no seu combate.

Neste momento encontra-se em curso uma acção de colocação de armadilhas nos navios que fazem as ligações entre ilhas para evitar a propagação do escaravelho japonês pelas restantes ilhas do arquipélago. No combate às populações de escaravelhos detectadas, o Governo Regional informa que vai apostar em soluções de luta biológica e química, apertando, nomeadamente, a malha da colocação de armadilhas e reforçando os meios técnicos e humanos afectos à actividade. De acordo com os regimes semanais dos serviços regionais de Agricultura, a presença e distribuição da praga desta espécie que é apelidada como invasora, variam tanto em função de factores meteorológicos como ao longo dos anos. Tal variação afecta não só os indivíduos adultos como, também, interfere nas densidades larvares.


Na nota informativa emitida pelo Governo, explica-se que as consequências da praga em termos de exportação dos mais variados produtos hortoflorícolas açorianos. Acentua-se que a actividade exportadora está condicionada a inspecção sanitária e à emissão de certificados legais.


(Adaptado do Açoriano Oriental)

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quarta-feira, agosto 29, 2007

Linha de cosmética açoriana

A preocupação com a saúde e com o bem-estar é cada vez maior. Aliviar o corpo e a mente do stress e rotina diária, preparar o físico e o psicológico para novas etapas e desafios, são práticas comuns nas sociedades modernas, e factores de excelência para seleccionar os destinos de férias.
A criação de uma linha de cosméticos será o grande projecto do Wellness Center do Hotel do Caracol em Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores. Em parceria com a Universidade dos Açores, vai nascer a “Hefestos”, uma marca que pretende desenvolver produtos de cosmética com matérias-primas da Região. O nome da linha tem origem no deus grego Hefestos, deus-ferreiro, que transforma a mais rude das matérias no mais precioso dos bens. Esta analogia serve de mote para a criação desta linha de cosméticos, que conta ainda com a participação de uma universidade brasileira, uma empresa belga, uma empresa continental para o marketing e uma importante e conceituada distribuidora do ramo.

Na exploração do equilíbrio entre corpo e mente destaca-se o trabalho do Wellness Center do Hotel do Caracol. Um local de eleição para quem procura a diferença nos serviços de Spa e a perfeita harmonia entre esses serviços e meio envolvente, a ilha. Sob o olhar experiente de Paulo Araújo, responsável pelo centro e fisioterapeuta de profissão, trabalha uma equipa de 14 pessoas, que vão desde os fisioterapeutas, a professores de educação física e desporto, passando pelos funcionários da limpeza e da recepção. “Trabalhar com pessoas da mais alta formação é factor imprescindível para o sucesso e qualidade de serviços. Os nossos fisioterapeutas e professores de educação física e desporto são licenciados para o efeito”, refere Paulo Araújo.

A actividade do Wellness Center é baseada num conceito muito particular -“ilhas de bem-estar”. O registo deste conceito como marca possibilita uma expansão de praticas e actividades, “no fundo queremos estabelecer um equilíbrio entre o exercício físico e a harmonia da alma e do espírito”, explica Paulo Araújo. Desfrutar da beleza impar da ilha Terceira e conciliar com a vertente relaxante das técnicas inovadoras usadas no Wellness é sem duvida uma sugestão a não esquecer. Este trabalhar de ideias e conceitos tem pautado toda a actividade do Wellness Center. De realçar alguns surpreendentemente interessantes, como o projecto “Quietude”, uma marca registada que tem como objectivo explorar as técnicas usadas no Wellness. Outro conceito é “The positive and wellness islands”, que tem na base criar o primeiro destino turístico que aplica as ideias da psicologia positiva para incrementar a qualidade e satisfação. O fervilhar de ideias e conceitos mostra a faceta empreendedora das pessoas ligadas ao projecto do Wellness Center do Hotel do Caracol.

Ao reconhecer as inegáveis qualidades dos profissionais que trabalham no projecto Wellness Center, era de esperar que nos serviços que prestam houvesse uma diferenciação positiva em relação aos conceitos de Spa que se conhecem. “Seria muito complicado ombrear com os melhores Spas do mundo, e nessa perspectiva nem considero que exista aqui um Spa verdadeiramente dito. O objectivo era possibilitar ao cliente um serviço de qualidade e distinto na área da saúde e bem-estar”, conta Paulo Araújo. No seguimento da filosofia de originalidade e criatividade nasceram algumas das técnicas que têm dado nome e fama ao Wellness. O destaque vai para o PNF-Chi, um conceito desenvolvido pelos fisioterapeutas Eva Albuquerque e o referido Paulo Araújo. Esta técnica é baseada na fusão dos princípios dos movimentos em diagonal do PNF (Proprioceptive Neuromuscular Facilitation), com o lento, gracioso e ritmado exercício de Tai Chi Chuan.
Sendo uma ilha, logo com uma presença do mar muito relevante na paisagem e na vida social, teria que haver uma técnica onde a água fosse elemento de destaque. “Floating in Emotion”, uma técnica de relaxamento, que também serve para o tratamento de distúrbios neuromusculares e músculo-esquelécticos. Uma técnica praticada numa piscina de água aquecida a 34º, com musica e ambiente tranquilo. Consiste na associação de movimentos rotacionais e longitudinais harmoniosos, com alongamentos, tracções nas articulações e pressões em pontos específicos do corpo.
A participação em varias feiras, quer sejam relacionadas com o turismo ou relacionadas com as actividades da saúde bem-estar, é uma das escolhas por excelência de levar o nome e os conceitos do Wellness Center ao grande público. No entanto, as acções de promoção na imprensa local e nacional são uma montra de destaque e uma estratégia de peso. Nos poucos anos de vida são imensos os destaques da imprensa, quase sempre com opiniões positivas em relação aos serviços prestados. O merchandising é uma nova estratégia que começa a dar os primeiros passos de relevo. Uma linha de roupa para a prática do PNF-Chi é a ultima inovação, que visa dar um toque de elegância e qualidade à já conceituada técnica portuguesa.
A vida do Wellness Center não tem sido fácil, as dificuldades iniciais foram muitas bem como os momentos de desalento. No entanto a persistência dos responsáveis e crença nas ideias que queriam por em prática, tem conferido ao Wellness Center um significativo crescimento da sua actividade. “Temos dois momentos distintos do ano. O Inverno, onde os nossos fieis clientes locais representam grande parte das nossas receitas. E o verão que trás os turistas e compensa a natural ausência dos locais”, explica Paulo Araújo. Mas a palavra “inércia” não faz parte do vocabulário dos responsáveis do Wellness Center. Apesar da sua jovem existência as ideias são audazes e atractivas. Está ser preparada uma estratégia de expansão das técnicas usadas no Wellness do Caracol, quer dentro do grupo, nas outras unidades hoteleiras, quer fora do grupo, para outros ginásios e Spas a nível nacional e internacional.O trabalho e percurso deste centro de “bem-estar” passam por um conceito muito amplo e único, o “turismo sensorial”. No fundo todas as actividades que são colocadas em prática visam a exploração da ilha e dos Açores através dos sentidos.

(In A União)

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terça-feira, agosto 28, 2007

Influência do Anticiclone dos Açores no tempo da Europa

O Anticiclone dos Açores está posicionado mais a Sul do que o habitual, permitindo que haja mais precipitação e tempestades, explica o especialista em climatologia do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Eduardo Brito.

O Verão de 2007, nos Açores e na Europa, está mais chuvoso. Os elevados índices de precipitação devem-se à actual posição do Anticiclone dos Açores, a qual está a influenciar determinantemente o estado de tempo na Europa. De acordo com Eduardo Brito, especialista em climatologia da Universidade dos Açores, “o Anticiclone dos Açores está localizado mais a Sul do que é habitual”. Como tal, “fica mais fraco permitindo a deslocação, igualmente para sul, das frentes polares, ou seja, há mais precipitação e tempestades”. Ao invés, quando o Anticiclone dos Açores está posicionado mais a norte, o tempo fica mais quente.

Eduardo Brito explica, ainda, que a monitorização do Anticiclone pode ser feita através do índice NAO – North Atlantic Oscillation, um processo que avalia diariamente, a pressão atmosférica na Islândia e nos Açores. Através desse índice, é possível verificar que o Anticiclone dos Açores está, há vários meses, localizado mais a sul.

(In Jornal Diário)

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segunda-feira, agosto 27, 2007

Estação de monitorização da agitação marítima

Na sequência dos projectos em que o Observatório do Ambiente dos Açores e o Centro do Clima, Meteorologia e Mudanças Globais do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores se encontram envolvidos, e agora no âmbito do projecto CLIMAR-COST, iniciativa financiada localmente pelo Fundo Regional de Coesão do Governo Regional dos Açores, e pela Comunidade Europeia através do programa INTERREG-IIIB, Açores, Madeira e Canárias, foi recentemente fundeada mais uma bóia ondógrafo ao largo da ilha Graciosa.À semelhança das iniciativas anteriores, o projecto CLIMAR-COST (Clima marítimo e costeiro) tem como objectivo melhorar a informação de natureza operacional e de segurança no mar e contribuir para o aprofundamento do conhecimento científico nos domínios da meteorologia e climatologia insulares e atlânticas, em particular no domínio geográfico da Macaronésia.
A estação ondógrafo da Graciosa é composta por uma unidade de recepção e tratamento de dados em terra, localizada nas instalações da Rádio Graciosa, e por uma boia ondógrafo fundeada a cerca de uma milha e meia a Este do Portinho da Barra de Santa Cruz e a cerca de duas milhas náuticas a NoNordeste do porto da Praia.
Oportunamente reportada no rol dos avisos à navegação, a bóia encontra-se devidamente sinalizada repoduzindo durante a noite um sinal luminoso de cinco relâmpagos amarelos espaçados de dois segundos, seguidos de um período às escuras de 10 segundos.
A informação da agitação marítima proveniente da rede de estações ondógrafos dos Açores, bem como toda uma série de produtos relacionados, é disponibilizada através da página http://www.climaat.angra.uac.pt/ .
Com o desenvolvimento desta iniciativa, à qual se seguirá brevemente a instalação da estação ondógrafo de Santa Maria, o mar dos Açores passa a ser a zona do país melhor monitorizada em termos de agitação marítima costeira.
A responsabilidade desse projecto, está a cargo do Professor Brito de Azevedo do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.

(In a União)

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domingo, agosto 26, 2007

"Calçadão" do Porto Martins reduziu a população de Azorinas na ilha Terceira

Na última década, as populações de Azorina vidallii existentes na freguesia do Porto Martins na ilha Terceira-Açores ficaram reduzidas a metade, afirma o Professor Eduardo Dias do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.

O investigador afirma que a construção do parque de estacionamento nas imediações da zona balnear da freguesia e do passeio pedestre entre o mesmo local e o porto de São Fernando aconteceu no local onde existiam as maiores populações desta espécie endémica rara naquela freguesia.
Além disso, segundo Eduardo Dias, também foi construída uma zona de campismo (situada no Pocinho, na saída da freguesia pelo Cabo da Praia) num local onde existe esta espécie.

"Na altura dessas obras, alertei para o facto, explicando mesmo que a Azorina está protegida pela Convenção de Berna e pela Directiva Habitats da União Europeia. Mas as obras seguiram e as colónias que ali existiam acabaram reduzidas" explica do director do Gabinete de Ecologia Vegetal Aplicada, afecto à Universidade dos Açores.

A Azorina vidallii é considerada por Eduardo Dias como a "mais endémica" das plantas encontradas nos Açores.
"Deveria ser o símbolo da Região" assume mesmo.
Actualmente no arquipélago existem perto de 50 populações de Azorina vidalli. Só na Graciosa não há registos dessa espécie.

"Na Terceira, São Jorge e São Miguel, ela encontra-se em elevado grau de raridade" assume Eduardo Dias.

(In Diário Insular)

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sábado, agosto 25, 2007

Mestrados em Gestão e Conservação da Natureza e Engenharia do Ambiente da Universidade dos Açores em Lisboa

Estou em Lisboa, a caminho para uma semana de férias no Algarve. Mas nestes dois dias de Agosto, na capital, é possível avançar muito nos sonhos que vinhamos tendo em preparação sobre os anos que hão-de vir. Um desses sonhos é começar a fazer edições dos mestrados em gestão e conservação da natureza e em engenharia do ambiente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores em Lisboa, no seguimento das edições que temos realizado em Bragança, Castelo Branco, Tomar e Faro. Primeiro porque Lisboa tem em torno de si quatro milhões de pessoas e os mestrados que conseguimos desenhar e desenvolver a partir dos modelos de mundo que as ilhas são, também têm procura nos mundos maiores dos espaços continentais. Depois porque a partir de Lisboa podemos alcançar o mundo lusófono e tudo aquilo the essa lusofonia consegue temperar e semear, na Europa, nas Américas, em África e na Ásia. Para as edições de Bragança, Castelo Branco, Tomar e Faro os nossos parceiros foram as instituições de ensino superior com características semelhantes ao Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores: relativamente pequenas e interdisciplinares. No entanto para abordar Lisboa e o Mundo o melhor parceiro que pudemos encontrar é o Instituto de Investigação Científica Tropical. Primeiro por causa desse mundo lusófono. Depois porque tem um grupo de bons investigadores em ciências humanas e em ciências naturais capazes de orientar algumas teses que venham a ser desenvolvidas. Finalmente porque está em processo de remodelação e os tempos de crise são sempre os mais propícios a trazer novas ideias que definem os rumos futuros das instituições. Vale a pena, assim, tresler o livro que me foi oferecido pelo Prof. Jorge Braga de Macedo, intitulado “3 anos de renovação do Instituto de Investigação Científica Tropical” para perceber melhor a instituição com a qual os Açores vão colaborar mais de perto, se assim quisermos uns e outros. O livro consta de uma série de entrevistas a elementos do IICT, uns tantos artigos, algumas fotografias, a legislação mais relevante e um CD sobre “avaliação, desenvolvimento e lusofonia”. A entrevista de Jorge Braga de Macedo é esclarecedora, pelo menos para quem tem algum conhecimento da estrutura e funcionamento de instituições públicas portuguesas: uma série de gente boa e capaz, há muitos anos organizada de forma incapaz. Não se trata, portanto, de dar uma volta de 180º mas pura e simplesmente dar rumo a instituições que estavam paradas, com cada um dos seus membros com a sua agenda própria. Pelo que percebi tratou-se de reunir 24 centros em 2 departamentos, de tentar concentrar as pessoas dispersas por Lisboa em torno de uma mesma zona e casa, de institucionalizar a avaliação externa, de nomear responsáveis e de criar uma imagem externa. Pelo vistos tem demorado tempo mas não é fácil mudar as instituições deste Estado que nos aniquila. Talvez os nossos mestrados venham ajudar a dar rumo aos muitos recursos humanos e de informação que o Instituto de Investigação Científica Tropical dispõe. As outras entrevistas feitas aos investigadores confirmam a necessidade de mudança e descrevem o que se tem feito desde há três anos. No entanto, na parte do livro sobre avaliação, vale a pena rever o relatório feito por Jorge Palmeirim que conclui com sete medidas, todas elas consistentes com a criação de edições dos mestrados em gestão e conservação da natureza e em engenharia do ambiente no Instituto de Investigação Científica Tropical. As sete medidas propostas por esta avaliação são: 1) Alargar a investigação a áreas aplicadas e multidisciplinares; 2) Manter temáticas de investigação actuais no domínio das questões tropicais; 3) Atrair jovens investigadores; 4) Aumentar o financiamento externo; 5) Publicar mais em revistas indexadas; 6) Agilizar o uso de financiamentos externos; 7) E participação em ensino de pós-graduação.

(Prof. Tomaz Dentinho em A União)

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sexta-feira, agosto 24, 2007

Declínio de Golfinhos poderá chegar à Região Açores

O declínio do número de golfinhos registado, este Verão, no Golfo da Biscaia poderá ter impacto nos Açores.
"Tudo o que acontece no planeta poderá ter impacto aqui" afirma o Professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, João Pedro Barreiros, para quem, "esses efeitos poderão ser mais ou menos visíveis".

João Pedro Barreiros refere, no entanto, que, de acordo com as suas observações ao nível dos cetáceos, "aparentemente não há ainda nada que indique a ocorrência de uma situação semelhante nos mares do arquipélago".
Segundo este investigador, " o Mar do Norte sofre problemas crónicos de sobre-pesca e é claro que a falta de peixe tem um reflexo nos animais que dele se alimentam, designadamente nas aves e nos mamíferos marinhos".

Questionado sobre se o actual esforço de pesca praticado nos Açores poderá conduzir a um cenário semelhante no arquipélago, João Pedro Barreiros considerou que "o problema não parece evidente por enquanto". Salientou contudo, que os Açores são uma região particularmente frágeis a esse nível".
No entender deste biólogo marinho, "qualquer actividade pesqueira é desenvolvida segundo a procura do mercado, o que leva a que o esforço de pesca esteja muitas vezes desadequado àquilo que a comunidade científica considera ser uma cautela".

"O pescador tem de assegurar a sua sobrevivência hoje e nem sempre está preocupado em garantir o futuro".
Na opinião de João Pedro Barreiros, "há ainda interesses políticos muito complicados na gestão desse esforço de pesca".

De acordo com nota emitida pela MarineLife a 19 de Agosto de 2007, os investigadores da Wildlife Conservation Charity MarineLife estão extremamente preocupados com o que está a ocorrer este Verão no Golfo da Biscaia. Há 13 anos que as populações de golfinhos e baleias estão a ser monitorizadas no Canal da Mancha e no Golfo da Biscaia. O Golfo da Biscaia é a nível mundial um hotspot de baleias, golfinhos e aves marinhas migratórias. Usualmente são milhares os golfinhos que se encontram nessa região, mas este ano, a população observada corresponde apenas a 80% dos registos dos anos anteriores. O mesmo foi verificado para algumas aves da família Charadriidae e pardelas-de-bico-amarelo (cagarros), entre outras.

A associação Marinelife está deveras preocupada com o aparente declínio de golfinhos e aves marinhas, normalmente observados durante as viagens de ferry-boat. Tais reduções podem significar uma redução drástica dos stocks de pesca, ou então, uma redistribuição do peixe, como resultado de uma alteração da temperatura (associada a alterações climáticas globais). De facto este ano de acordo com a safra das frotas espanholas e francesas houve uma drástica redução das capturas de anchovas. O Investigador Director do Marinelife afirma que “Qualquer que seja a razão para o desaparecimento dos golfinhos neste Verão no Golfo da Biscaia, tal facto mostra-nos como estas espécies são vulneráveis e o quanto alarmante é o seu declínio perante alterações ambientais. É preciso agir depressa na resolução dos problemas da sobre-pesca e das alterações climáticas globais”.

(In Diário Insular)

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quinta-feira, agosto 23, 2007

Plantas endémicas dos Açores estão a recolonizar o Monte Brasil na ilha Terceira

Foram encontradas duas populações de plantas endémicas raras no Monte Brasil, na ilha Terceira, pelo Gabinete de Ecologia Vegetal Aplicada (GEVA) do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
Ambas as espécies - a Tolpis suculenta e a Azorina vidalii - há muito que não eram vistas por aquelas paragens, afirma o Professor Eduardo Dias responsável do GEVA. "Conseguimos confirmar a existência de diversos indivíduos destas espécies este ano, depois de, há algum tempo, termos começado a detectar a sua presença".
Segundo este investigador, as últimas referências documentais à existência destas espécies no Monte Brasil datavam do início do século XX, sendo encontradas em textos do Tenente Coronel José Agostinho e do professor Palhinha (nome sonante da botânica portuguesa, nascido na ilha Terceira).
Para Eduardo Dias, a descoberta destas duas espécies vem confirmar as referências bibliográficas. Além disso, "assume particular importância porque surgem junto a uma zona urbana, o que permitirá, se se quiser, o estudo e a visitação destas espécies, assim como o estudo das características que lhes permitem surgir nessas condições, já que as poucas populações destas espécies se encontram em zonas mais selvagens".
A popuação de Tolpis suculenta encontrada no Monte Brasil é única na ilha Terceira, não estando identificada a sua existência em outro qualquer ponto da ilha. "Esta espécie é endémica dos Açores e da Madeira, sendo abundante neste último arquipélago, mas rara cá". No Arquipélago açoriano, não existem mais do que dez populações identificadas, e todas elas são muito reduzidas.

Relativamente à Azorina vidalii, a população do Monte Brasil é a terceira identificada na ilha. Existem outras duas: uma no Porto Martins, que tem vindo a desaparecer, e outra, na costa das Quatro Ribeiras.

A Azorina é a planta mais endémica do arquipélago dos Açores, sendo um fóssil vivo, que deveria ser o símbolo do arquipélago, defende Eduardo Dias.
No arquipélago existem cerca de 50 populações de Azorina vidalii identificadas pelo GEVA, mas todas elas, como as da Tolpis, são reduzidas.

(In Diário Insular)

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Os ciclones aumentarão de intensidade.....

O fenómeno irá surgir na sequência das alterações climatéricas que assolam o planeta. Os Açores geralmente escapam à temporada dos furacões, mas não estão fora da sua rota. O Gordon ainda está bem patente na memória colectiva. Os furacões vão ter tendência a aumentar de intensidade com as alterações climatéricas em curso no globo.
Numa altura em que os olhos do planeta estão colocados no furacão “Dean”, Eduardo Brito de Azevedo, investigador do Departamento de Ciencias Agrárias da Universidade dos Açores, admite, contudo, que as alterações climatéricas não vão mudar substancialmente estes fenómenos naturais. O investigador lembra a propósito a predominância do movimento de rotação da terra e a configuração das correntes oceânicas, entre outros factores, nestes fenómenos climatéricos naturais. Mas se a água do mar tiver a tendência para aquecer mais, haverá maior tendência para se registarem fenómenos desta natureza, de forma mais violenta. “Pode não se verificar um aumento do número de furacões, mas a sua capacidade destrutiva será maior”, explica Eduardo Brito de Azevedo.
Apesar de não serem frequentes por estas paragens, o certo é que também os Açores não estão isentos destes fenómenos climatéricos, como se pode verificar em várias cartas disponíveis online. Ainda no ano passado, o furacão Gordon colocou as ilhas em estado de alerta máximo, mas acabou por passar enfraquecido no arquipélago. No passado, existem registos de tempestades tropicais com alguma violência, não sendo este, portanto, um fenómeno novo para os açorianos, como explica Eduardo Brito de Azevedo. No caso específico dos Açores, os furacões percorrem o Atlântico e, quando atingem águas mais frias como as açorianas, dissipam-se. “São furacões que sobem o Atlântico em nossa direcção. Há anos em que isso acontece com maior frequência e outros em que não”, explica o investigador da universidade açoriana, lembrando que 2005 foi um ano em que muitos furacões subiram o Atlântico e alguns vieram dissipar-se próximo das latitudes açorianas, confrontados com águas mais frias. Uma vez que não provocaram danos, não foram alvo de cobertura informativa massiva pelos média, daí o desconhecimento manifestado pela opinião pública.
Os furacões obedecem a circuitos, como se de caminhos se tratassem. Alimentam-se do vapor de água e da temperatura das águas do mar. São tempestades marítimas e perseguem as melhores condições relacionadas com a temperatura superficial das águas do mar. São realimentados pelos processos de compensação do vapor de água em altitude. Na altura do ano em que as temperaturas estão mais altas - como é justamente o caso - nascem tradicionalmente junto à costa africana, atravessam o Atlântico para Oeste e dirigem-se, percorrendo o caminho da água quente, para o continente americano, onde encontram condições mais favoráveis no Golfo do México para “explodir”. Quando passam para terra, perdem intensidade porque lhes falta o “combustível” (vapor de água). A época dos furacões geralmente vai de Junho até Novembro.
Os meteorologistas americanos prevêem que a temporada de furacões na bacia atlântica, que entre Agosto e Outubro atinge sua fase mais crítica, terá uma actividade de ciclones superior ao normal. Cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos anunciaram que prevêem a formação de entre 13 e 16 tempestades tropicais para a temporada de furacões de 2007, que começou no dia 1 de Junho e termina em 30 de Novembro. Em Maio de 2006, a NOAA previu a formação de entre 13 e 17 tempestades tropicais, das quais entre sete e dez teriam potencial para se transformar em furacões e destes, entre três e cinco se transformariam em furacões de grande intensidade. O meteorologista americano William Gray previu no dia 3 de Agosto a formação de 15 tempestades e oito ciclones, dos quais quatro seriam intensos, na temporada de furacões do Atlântico.

(In Açoriano Oriental)

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quarta-feira, agosto 22, 2007

Exposição Fotográfica Arcos D'Água esteve em São Jorge

Integrada no Festival TransAtlântico Rock, nas Velas, na ilha de São Jorge, esteve patente ao público a Exposição Fotográfica Arcos D'Água. Esteve patente ao público na Zona de Culto do Festival e resulta de uma compilação de três fotógrafos, Vasco Oswaldo Santos, do Canadá, Cristina Oliveira, de Santa Catarina (Brasil) e de Maria de Deus, de São Miguel.
A Exposição, promovida pelo Centro de Tecnologias Agrárias dos Açores- Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, contou com o Apoio da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar dos Açores-Direcção Regional de Promoção Ambiental, Ecoteca de São Jorge, com o apoio do grupo brasileiro Huadine e da instituição canadiana ADiáspora.com. Arcos d'Água também faz parte do Projecto conjunto de Cristina Oliveira e Félix Rodrigues Trilhas & Terras = Homem em Movimento.
Depois de passar por Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Vila do Porto em Santa Maria, foi a vez de estar patente ao Público nas Velas de São Jorge.
De acordo com Vasco Owsvaldo Santos, Arcos d'Água nasceu da necessidade de aproximação, do entendimento e da colocação de cada um dos seus autores, no meio, independente das distâncias.

Dorso do Dragão de Vasco Oswaldo Santos

De acordo com Cristina Oliveira, “hoje em dia, as tecnologias digitais popularizaram e facilitaram a Fotografia. O que se regista através da objectiva, de uma maneira geral, já lá estava, quiçá... sempre lá esteve! A beleza veio dos caprichos da Natureza. A paleta de cores da luminosidade das estações do ano. O que é então original? Ah, original mesmo é o que os olhos do fotógrafo imaginam ver. E como cada um de nós deixa ser a alma a registar o que os olhos vêem à sua maneira, estes trabalhos também serão interpretados de acordo com os olhos de quem nos visita.”.

O desafio, de acordo com Maria de Deus Moreira, “nasceu aqui na blogosfera, como nasceu a amizade entre os bloguistas-fotógrafos que já conta uns meses. Tem sido muito gratificante nesta minha viagem virtual, conhecer e cimentar amizades, sinceras e bonitas.”

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terça-feira, agosto 21, 2007

Cannabis Sativa produzida na ilha do Pico

A Cannabis plantada na ilha do Pico, Açores, está entre as melhores da Europa, de acordo com a classificação de sites holandeses especialistas no tema. O clima húmido e o solo vulcânico garantem a sua boa qualidade, pelo que o número de plantações ilícitas tem vindo a crescer na região. O Comando da Polícia de Segurança Pública (PSP) da Horta, na ilha do Faial, deteve dois indivíduos e apreendeu no passado fim-de-semana mais 17 quilos de liamba (Cannabis Sativa L) na vizinha ilha do Pico que dariam para 42 500 doses individuais. É a segunda grande apreensão, num espaço de dias, que a Polícia faz na ilha-montanha, com condições climatéricas (humidade) e de terreno que favorecem o desenvolvimento da substância estupefaciente. No início deste mês, a PSP já tinha apanhado 10 quilos de liamba; em Julho passado 1,2 quilos; e no primeiro semestre 3 quilos. Contas feitas, o ano de 2007 já ultrapassou os 30 quilos em plantas apreendidas, quando em 2006 este número situou-se nos 40 quilos. A mais recente operação policial na segunda maior ilha dos Açores foi o culminar de uma investigação que deteve na Madalena dois homens, de 40 e 17 anos. É no Verão, altura em que a cultura floresce, que os indivíduos identificados como consumidores e traficantes utilizam a liamba plantada nas hortas de suas casas, ou então a proveniente de plantações maiores, situadas em terrenos isolados e de acesso difícil. E é no Verão que os suspeitos se deslocam a estas áreas mais remotas, durante os meses de Julho, Agosto e Setembro, que a Polícia monta a sua estratégia, avança para o terreno e apanha-os, por vezes, em flagrante delito.
A boa cotação internacional da Cannabis sativa, nada tem a ver com as condições edafoclimáticas da ilha, afirma o Professor Eduardo Dias, docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores e especialista em botânica. Segundo este investigador a qualidade do produto terá mais a ver com a qualidade das plantas do que as condições de cultura, solo e clima.

A Cannabis sativa é uma planta herbácea da família das Canabiáceas (Cannabaceae), amplamente cultivada em muitas partes do mundo. As folhas são finamente recortadas em segmentos lineares; as flores, unissexuais e inconspícuas, têm pêlos granulosos que, nas femininas, segregam uma resina; o caule possui fibras industrialmente importantes, conhecidas como cânhamo; e a resina tem propriedades estupefacientes (sensações semelhantes às produzidas pelo ópio).O principal produto comercializado é a Maconha, que é classificada como ilegal em muitos países do mundo.

Nos sites da internet onde se divulga tal produto, de acordo com o Diário de Notícias, a Cannabis Sativa L do Pico aparece bem cotada, referenciada como uma das melhores, senão mesmo a melhor liamba da Europa. Uma situação que conduz à suspeita, por parte da Polícia, de que estará a haver exportação do estupefaciente para o Norte da Europa. Como refere o comissário Carlos Ferreira, "não temos dados concretos que nos permitam dizer que há exportação, embora a divulgação nos sítios da Internet o possam indiciar". Por enquanto, a tese prevalecente é a do consumo na própria ilha e ilhas vizinhas. Nos Açores, a situação é preocupante no combate ao tráfico de droga, de tal maneira que a PSP da Horta reforçou, nos últimos dois anos, o efectivo das brigadas de investigação criminal em 75%. Mas o esforço, traduzido num elevado número de operações que permitem deter e condenar em Tribunal os responsáveis pelo tráfico, não chega. E isto porque, como sublinha o comissário Carlos Ferreira, as apreensões realizadas já "não traduzem situações esporádicas". Não se trata, para já, de uma grande rede organizada, mas uma coisa também é certa: "As condições da ilha do Pico (sobretudo essa) favorecem uma actividade criminal rentável, que, consequentemente, se torna apelativa para indivíduos que enveredam por trajectos delituosos."A boa cotação da Cannabis evidenciada nos sites holandeses coincide, inclusive, com a opinião que têm sobre esta droga muitos reclusos detidos nas cadeias açorianas.

(In Diário de Notícias)

segunda-feira, agosto 20, 2007

Competitividade das cadeias de valor do leite

Quando escrevo sobre a competitividade das cadeias de valor de leite dos Açores, naquilo que estudei de forma aprofundada há doze anos atrás e tendo em atenção notícias recentes, há sempre alguém de São Miguel que tem a amabilidade de me enviar uma mensagem dizendo que o oligopsónio que eu assumo existir na Ilha de São Miguel já não é tão efectivo como era há uma década atrás. Na verdade, enquanto que na década de noventa as industrias de transformação de leite na Ilha de São Miguel conseguiam combinar entre si os preços da matéria-prima a pagar produtor, esse mesmo cartel já é menos efectivo nos dias de hoje havendo alguma concorrência entre as unidades fabris através do preço. O resultado mais palpável é que, de acordo com um estudo feito por um técnico de uma associação de agricultores da Terceira, o preço do leite ao produtor da ilha pago pela Unicol é 1,5 cêntimos mais barato do que o preço do mesmo tipo de leite pago pela Unileite em São Miguel. Assim, os lavradores da Ilha Terceira estão a perder por ano cerca de1,5 milhões de euros. E como essa verba fica arrecadada por agentes externos à ilha, é toda a ilha que perde os efeitos multiplicadores de rendimento que aquela verba adicional representaria para a economia da Ilha.Em suma, pelo facto de haver monopsónio na recolha de leite da Terceira a economia desta ilha perde por ano cerca de cinco milhões de euros o que equivale a cerca de cem euros por residente. A responsabilidade desta perda é atribuível a alguns de nós. Não à Pronicol que faz a sua função de ganhar dinheiro face às condições em que opera, mas a alguns outros que ao longo de várias décadas foram cometendo erros graves para a competitividade da lavoura terceirense e para o desenvolvimento da ilha. Os principais responsáveis são naturalmente os lavradores. Primeiro, já no princípio da década de noventa, porque não souberam exigir a melhor gestão para a sua união de cooperativas acabando por ter de vendê-la a empresários externos sem grandes condições para negociar uma quota maior na empresa que foi criada. Segundo, já quando se avizinhava o alcançar do limite da quota leiteira, não souberam exigir do Governo mais quota junto da Europa mesmo que essa Europa enviasse menos verbas para projectos meio inúteis que o Governo gosta de apregoar. É que, como agora vêm, a existência de quota em regime de monopsónio provoca o abaixamento do preço do leite e não o seu aumento. Terceiro, já depois de assumida a existência de uma quota limitadora, e quando era aconselhável organizar o mercado da quota e do seu aluguer, preferiram tornar-se mendigos da quota a distribuir pelo Governo ou comerciantes no mercado subterrâneo e ineficiente da quota leiteira. O segundo responsável pela perda de cinco milhões de euros anuais é o Governo Regional. Por um lado, ainda nos anos noventa, quando favoreceu uma cooperativa ineficiente e penalizou uma empresa privada mais eficiente. Reparem que se a ELA se tivesse mantido e a Unicol acabado, também se verificariam os preços baixos do monopsónio mas ao menos os industriais continuariam a ser terceirenses e não externos à ilha. Por outro lado o Governo também falhou quando não soube negociar mais quota para os Açores, mesmo que houvesse menos transferências de verbas europeias para as Ilhas. E, finalmente, porque preferiu ser o bonzinho corrupto que distribui a quota excedentária com critérios mais ou menos dúbios e alteráveis, em vez de organizar como é seu dever o mercado da quota de leite, mesmo que fosse dentro de cada ilha. Os terceiros responsáveis são os empresários da Ilha que, com excepção de um ou outro que aposta nas exportações, todos os demais vivem dos pequenos monopólios e oligopólios internos.

(Prof. Tomaz Dentinho em A União)

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domingo, agosto 19, 2007

Queijo de São Jorge



Queijo de São Jorge foi impedido mais uma vez, de entrar nos Estados Unidos da América. Segundo uma nota da U.S. Food and Drug Administration, o queijo em causa “aparentava ter sido fabricado, processado ou embalado sem condições sanitárias”. O documento refere ainda que o produto não apresentava o exigido rótulo em inglês.

Será que esses critérios não poderiam ser aplicados aos produtos americanos que dão entrada em Portugal?

O que é aparentar ter sido fabricado sem condições sanitárias? Porque razão os rótulos dos produtos americanos só estão escritos em inglês, mesmo sendo enviados para outros Países?

O Professor José Matos, docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, defendeu, faz precisamente um ano atrás, em declarações à Antena 1-Açores, a criação de um rótulo de qualidade para os produtos genuinamente açorianos, com vista a dinamizar a sua comercialização no continente português. Segundo este investigador, “a criação de um rótulo Açores garantiria a qualidade do produto, valorizando-o também em termos de marketing”. Na opinião do Professor José Matos, esse rótulo deveria ser aplicado a todos os produtos bandeira do arquipélago, como é o caso do queijo de São Jorge. Recorde-se que os Açores detêm mais de metade da produção nacional de queijo, mas o queijo açoriano continua a não ser líder de mercado.

O professor universitário defende ainda que “a batalha da qualidade não tem uma meta fixa, mas volátil”. “O nosso objectivo deve ser sempre conquistar patamares de mais elevada qualidade, nas suas várias vertentes”.
(Adaptado de RDP-Açores)

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sábado, agosto 18, 2007

A História do Zeca Garro

“A História do Zeca Garro” é o primeiro volume da colecção “Histórias em Erupção”, uma parceria d’Os Montanheiros e da Editora "O Contador de Histórias". Escrito em conjunto por Carla Goulart Silva (bióloga e directora da Ecoteca do Pico) e por Filipe Lopes (promotor de leitura e contador de histórias) é prefaciado pelo Professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Félix Rodrigues e também contou com o seu apoio científico.


O livro pretende ser um material lúdico que simultaneamente sensibilize para a preservação de uma espécie cuja maioria da população mundial nidifica no arquipélago dos Açores. Bernardo Carvalho foi o ilustrador convidado, tendo em conta a sua enorme experiência em produção de material didáctico. De facto, os cagarros (também conhecidos como cagarras ou pardelas) são aves marinhas, bem conhecidas dos açorianos pelo seu canto característico de difícil definição: um gato a miar, um bebé a chorar, um sapo a coaxar são algumas das comparações que se procuram para um tipo de vocalização única e incomparável. Na história infantil idealizada por Carla Goulart Silva e Filipe Lopes, o personagem principal é uma cria de cagarro, o Zeca. Este vai ser confrontado com algumas das dificuldades que surgem aos juvenis da espécie: os progenitores voam para os mares do sul deixando os jovens cagarros até que estes tenham capacidades físicas de iniciar a viagem. Em terra, procurando orientar-se pelas estrelas, os cagarros são atraídos pela luz artificial, fazendo com que alguns sejam atropelados nas estradas, enquanto procuram o mar e o início da migração. O conto procura alertar para estes problemas e para como é possível, até para os mais pequenos, fazer algo para a sua preservação. Nas entrelinhas da história ficam também alguns valores que devem estar presentes na vida das famílias (humanas ou não): o amor, a compreensão, a tolerância, a solidariedade. A abordagem escolhida permite também fazer um paralelismo com um fenómeno bem conhecido dos açorianos: a emigração e o retorno à terra natal. Destinado a crianças entre os 3 e os 12 anos, “A História do Zeca Garro” será lançado no mês de Setembro, acompanhando o início das campanhas de informação que se estendem até ao final de Novembro, período em que se desenrolam as migrações a partir dos Açores. A obra inclui algumas sugestões de trabalho para os pais e educadores que queiram potenciar o conteúdo do livro. Realizar-se-ão também algumas oficinas formativas em diversas ilhas. Os Montanheiros é uma Organização Não Governamental de Ambiente, presente nas ilhas Terceira, Pico e S. Jorge. Inicia uma colaboração a nível editorial com "O Contador de Histórias" a partir da colecção “Histórias em Erupção”, que pretende abordar temas relacionados com a protecção ambiental, de forma descontraída, para os mais novos. Para os autores é a primeira experiência em livro. Filipe Lopes é editor e está habituado a contar histórias dos outros. Carla G. Silva também trabalha regularmente com crianças tendo surgido da sua experiência a necessidade de criar uma forma alternativa de tratar o tema com os mais pequenos, que são, afinal, aqueles que muitas vezes podem ajudar a mudar as atitudes.

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Novos Negócios

A reciclagem, as energias renováveis, as cadeias de valor, as gestões integradas e outras redes de negócio estão na moda.
Estão na moda porque as novas tecnologias da informação alteram fortemente os custos de transacção entre agentes económicos redefinindo a dimensão e a dinâmica das empresas e dos mercados. Por exemplo a transformação e distribuição de leite não eram passíveis de estar integradas na mesma empresa porque não era fácil interligar as contabilidades sem transferência electrónica de dados. No entanto, quando foi possível essa transmissão rápida de informação, a transformação e distribuição de leite passaram a relacionarem-se intra empresas em vez de inter empresas. Por miopia dos açorianos e dos seus dirigentes, quem tomou conta da transformação foram os distribuidores externos, mas se tivessem os olhos mais abertos poderia ter sido ao contrário como acontece na Nova Zelândia. A redução dos custos de transacção é um sonho para os engenheiros e gestores. De facto, com custos de transacção reduzidos é possível planear e implementar, como gostam os engenheiros, e avaliar e controlar, como preferem os gestores. Neste mundo mais reduzido, com menores custos de transacção e aparentemente com menos incerteza, muitos pensam que não são necessários economistas, para perceber e ajudar a regular os mercados, e tudo o que é preciso são engenheiros, gestores e juristas para propor, regatear e estabelecer negócios estruturais e estruturantes. Creio que em 1992, já os russos tinham perdido a possibilidade da manutenção do seu regime económico de planeamento central porque não conseguiram desenvolver as tecnologias de informação que o possibilitassem. Mas mesmo que as tecnologias da informação tivessem salvo por umas décadas o regime soviético a verdade é que essas tecnologias, por mais sonhos de planeamento que pudessem ou possam suscitar, esbarrariam e esbarram sempre com o factor humano. Mais, é quando essas tecnologias da informação são usadas de forma descentralizada e integrando pessoas com liberdade de criar e de escolher, como o email, os chats, o google, ou o wikipédia, é que essas tecnologias acabam por ser mais úteis. O que não é verdade sempre que um qualquer novo responsável de uma organização fica embevecido com o suposto controle que um sistema de informação centralizado lhe poderá dar. Invariavelmente, não funciona. O mesmo acontece com os sonhos de reciclagem, das energias renováveis, das cadeias de valor, das gestões integradas e de outras redes de negócio. Há uns tipos, com vocação para ditadores, que julgam que, se todo o mundo fizer como eles pensam, o mundo ficará melhor. O caso fica mais perigoso quando esses ditadores frustrados começam a ganhar peso na comunicação social e, com facilidade, conseguem vender a banha da cobra aos políticos endinheirados pelo peso do Estado e dos impostos. Na verdade tudo se torna mais perigoso quando uma solução se confunde com o objectivo, quando a recliclagem deixa de ser um meio para ter um ambiente mais limpo e passa a ser um fim em si mesmo, quando as energias renováveis passam a ser um bem independentemente dos custos e benefícios que acarretam, quando a gestão integrada é boa porque é integrada e não porque, eventualmente, gera mais benefícios líquidos. E os planos bonitos falham porque, e ainda bem, existe o factor humano. Há gente que não recicla como os miúdos crescidos do anúncio da televisão. Há pessoas que preferem cozinhar com a lenha que têm ao lado em vez de usarem o fogão solar que vem da Europa. Há produtores que preferem vender a quem os explora estruturalmente em vez de fornecer produtos aos amiguinhos conjunturais do mercado justo. Quer isto dizer que não devemos reciclar, renovar e valorizar? Certamente que devemos fazê-lo mas com homens e estruturas livres e criativas. Nunca com moralistas centralizadores.
(In Prof. Tomaz Dentinho em a União)

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sexta-feira, agosto 17, 2007

ISBIS-2007 International Symposium on Business and Industrial Statistics

O ISBIS-2007 - International Symposium on Business and Industrial Statistics vai decorrer, na Universidade dos Açores, de 18 a 20 de Agosto, e está associado à 56ª Sessão Bienal do International Statistical Institute (ISI).
Decorrerá, entre 18 e 20 de Agosto, na Universidade dos Açores e contará com a presença de mais de 220 conferencistas. Este congresso pretende ser um fórum para apresentação e debate de ideias no que concerne à aplicação de métodos estatísticos nas áreas de negócios, indústria e finanças, permitindo a troca de conhecimentos e experiências entre investigadores e profissionais dessas áreas. Os temas abordados incluem o controlo e melhoria de processos, gestão do risco, qualidade industrial, data mining, análise multivariada em ambientes tecnológicos avançados e marketing, entre muitos outros. Este evento científico, organizado pelo Centro de Matemática Aplicada do Departamento de Matemática da Universidade dos Açores (CMA-UA) em colaboração com a Associação Portuguesa de Classificação e Análise de Dados (CLAD) e com o apoio do Centro de Estudos de Economia Aplicada do Atlântico (CEEAplA), contará com a presença de cerca de 220 conferencistas de 32 países dos cinco continentes. Igualmente presentes, estarão representantes de empresas multinacionais, como a Boeing, Shell, Galp Energia, EDA, MINITAB, IBM, Capital One, Bank of America, Nestlé, Orion Pharma, entre outras. O programa do ISBIS 2007 inclui três sessões plenárias, com três oradores, 43 sessões convidadas (invited sessions) englobando 126 comunicações e outras oito sessões (contributed sessions) englobando 37 comunicações. Mais informações detalhadas sobre este evento (incluindo os resumos das comunicações) poderão ser obtidas em http://www.isbis2007.uac.pt/.
(In ViaOceânica)

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quinta-feira, agosto 16, 2007

Ciências Farmacêuticas nas Ciências Agrárias?

Diário Insular (DI)- Como se explica o envolvimento do Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores nos preparatórios de Ciências Farmacêuticas, tendo em conta as limitações legais à abertura de farmácias, que limitam as saídas profissionais dos futuros licenciados?

Alfredo Borba (AB)-Não se trata só da formação de profissionais para as Farmácias. Há toda uma variedade de actividades que são acometidas aos formados em Ciências Farmacêuticas: pesquisa de produtos de interesse farmacológico; o controlo dos medicamentos de uso humano e veterinário; a colheita de produtos biológicos; a execução e interpretação de análises clínicas, toxicológicas, hidrológicas e bromatológicas. Toda uma área de investigação na área do medicamento e das análises clínicas.

DI-Não lhe parece que a conjugação Licenciatura em Enfermagem-Preparatórios de Medicina-Preparatórios de Farmácia deveria evoluir para um investimento em cursos completos nas Ciências da Saúde, para além da Enfermagem?

AB-Estamos a trabalhar nesse sentido em estreita colaboração com a Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo. São processos longos que requerem muito trabalho e a aprovação do Ministério.

DI-A partir de que momento se poderá considerar que o Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores atingiu o ponto crítico de não retorno, sendo a sua sobrevivência inquestionável?

AB-O Campus de Angra do Heroísmo há muito que atingiu o ponto de não retorno. Finalmente temos um novo Campus, com um edifício já em funcionamento e outro em construção. Entregámos no passado dia 23 o projecto revisto do terceiro edifício (Interdepartamental). Estamos a trabalhar no Plano Preliminar da Escola Superior de Enfermagem. A Universidade dos Açores não é só ensino, embora este seja fundamental. Contamos com três Centros de Investigação, o de Tecnologias Agrárias, o de Biotecnologia e o do Clima Meteorologia, que representam um significativo esforço na investigação científica e no apoio à comunidade. Temos sido solicitados para prestação de serviços e estamos envolvidos em projectos de investigação promovidos a nível regional e internacional.

DI-Sabemos que é um adepto da integração do Seminário no espaço da Universidade dos Açores. O Reitor também já se pronunciou a favor. Quais são as mais-valias para as duas partes?

AB-Deve-se falar mais em associação do que em integração. Benéfica para as duas partes. Para o Seminário trata-se de promover formação a nível de Licenciatura, para a Universidade dos Açores trata-se de uma mais-valia resultante da diversificação da sua oferta de ensino e investigação.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Projecto CLIMAAT - Uma parceria de sucesso


O Projecto CLIMAAT, da responsabilidade do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, arrancou recentemente na ilha da Graciosa com a colocação de uma bóia ondógrafa, à semelhança das que já existem na Praia da Vitória -Ilha Terceira, Ponta Delgada-São Miguel, Lajes das Flores- Ilha das Flores e Canal Faial-Pico. Eduardo Brito de Azevedo, professor da Universidade açoriana e principal responsável pelo projecto, explicou, em entrevista dada à Rádio Graciosa o funcionamento e o processamento de toda a informação captada pela bóia. Este projecto contou, para além da ajuda de alguns particulares, com uma comparticipação regional de 15% no âmbito do projecto INTERREG e representa uma parceria de sucesso entre várias entidades marítimas da ilha, tal como foi realçado pelo próprio Eduardo Brito Azevedo. Todas as informações captadas podem ser consultadas no site www.climaat.angra.uac.pt/ .

(In Jornal da Rádio Graciosa)

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terça-feira, agosto 14, 2007

Alunos dos Açores candidatam-se ao Ensino Superior

Até agora deram entrada na Divisão do Ensino Secundário da Secretaria Regional da Educação e Ciência cerca de 980 candidaturas ao ensino superior. Um número que não é ainda absoluto, adverte a responsável pelo gabinete, Cristina Silva, tendo em conta que está a aguardar ainda formulários das ilhas. Além disso, acrescem ainda as candidaturas por via electrónica que entram directamente na base de dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, não passando assim pelos Açores, esclarece ao Açoriano Oriental. Além disso, já foram afixadas as reapreciações dos exames nacionais da primeira fase, o que poderá traduzir-se num maior número de jovens estudantes a candidatarem-se ao ensino superior, ou procederem a uma troca de opções conforme os resultados. Daí que, nesta altura, desconhecem-se igualmente quais os cursos mais procurados ou áreas preferenciais dos jovens açorianos que pretendem prosseguir os estudos na universidade, segundo a chefe de Divisão do Ensino Secundário. Sabe-se apenas que, neste momento, são mais 123 jovens que estão a tentar a sua sorte em relação a 2006/2007, ano em que se verificaram 827 candidaturas, a partir dos dados fornecidos pela Secretaria Regional da Educação e Ciência. E também já no ano anterior haviam sido 838 estudantes a apresentarem formulário. Ou seja, desde há dois anos, assiste-se a um incremento de alunos a apostar na sua formação. Números que não são suficientes para se falar numa nova tendência, uma vez que nos anteriores assistia-se a uma quebra visível de população estudantil. Numa primeira leitura ao fenómeno actual, questionada pelo Açoriano Oriental, Cristina Silva pondera a hipótese de os alunos não colocados e excluídos em 2006/2007 terem repetido as provas. Análises mais concretas só para Setembro, altura em que o processo estará praticamente concluído, sublinha a responsável pela Divisão do Ensino Secundário. Recorde-se que para 2007/2008 foram abertas 49 272 vagas nos ensinos universitário e politécnico, mais de duas mil em relação ao ano anterior (5 por cento), segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Lugares estes possíveis através do aumento da oferta de formação pós-laboral. De acordo com o mesmo documento a que o Açoriano Oriental teve acesso, na distribuição da oferta de vagas por áreas de formação o destaque vai para o crescimento de 8 por cento na área das Artes, de 6 por cento na área das Ciências e Tecnologias e de 5 por cento na área da Saúde e Protecção Social. O número de vagas em Medicina é de 1400, o que representa um crescimento de 4 por cento em relação a 2006.
(In Açoriano Oriental)

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segunda-feira, agosto 13, 2007

Os ciclos naturais são a música da Natureza

Integrada no Festival Transatlântico de Música Alternativa que decorreu nos dias 11 e 12 de Agosto na ilha de São Jorge, foi proferida uma conferência sobre Alterações Climáticas Globais pelo Professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Félix Rodrigues.
"Contribuir para a dinamização cultural e a promoção turística da região, bem como incentivar a consciência ambiental e de cidadania, foram, desde o início, os princípios norteadores do projecto". Os promotores querem desenvolver uma “proposta inovadora” que reúna dois diferentes estilos musicais: o electro e o rock. “Seleccionaram um line up recheado de bandas actuais como cabeças de cartaz, adicionaram-lhe uma pequena lista de bandas conceituadas oriundas das várias ilhas do arquipélago. Utilizando o mesmo critério de qualidade, o line up foi também constituído por D.J.’s top do panorama musical nacional”. Com o intuito de acompanhar a tendência global na realização deste tipo de eventos, e de garantir a sua dinamização cultural, foram realizadas actividades paralelas, para além da música, tais como desportos radicais, conferências, performances, artes circenses, espectáculos multimédia, terapêuticas alternativas, entre outros.
Na conferência que proferiu no âmbito desse evento, Félix Rodrigues referiu existirem semelhanças entre a música e as problemáticas das Alterações Climáticas Globais. A fronteira entre a música e o ruído é muito ténuo, dependendo do estado de espírito, do timing da audição e do background cultural do ouvinte. Até a música clássica está sujeita a essa dicotomia som-ruído. A música clássica será ruído se não for uma opção ou se for ouvida através das paredes da casa do vizinho a horas despropositadas. Do mesmo modo, o rock só é música para quem o aprecia e estiver disposto a ouvi-lo num determinado contexto ou ambiente.
Qualquer tipo de música tem ritmo, periodicidades, sons mais graves e sons mais agudos. Assim são os ritmos da natureza: a sucessão dos dias e das noites, a sucessão das estações do ano, os períodos de sol e de chuva ou as marés. Essas periodicidades são música natural, o ruído surge porque os ritmos são alterados, produzindo-se num tempo inadequado que não estamos preparados para os ouvir ou observar. Por outro lado, podem ser semelhantes aos sons estridentes: porque se intensificaram ou porque desafinaram drásticamente nos ciclos naturais.
Nas alterações climáticas globais há desafinos de interpretação relativamente às suas origens: se natural se antropogénicas, se associadas à emissão de dióxido de carbono e outros gases de estufa, se associadas ao ciclo solar de 11 anos, ou então, a outros ciclos naturais mais longos.
Este mês foi publicado um artigo de investigadores americanos que estudaram a relação entre o aquecimento do planeta terra e o ciclo solar. Concluíram que há ligação, mas essa ligação só explica metade do aumento de temperatura observada no nosso planeta nos últimos 50 anos. Os autores afirmam então que o aquecimento global real observado não é justificado na integra pelo ciclo solar, mas pela libertação de gases com efeitos de estufa.
Outro desafino prende-se com a não adesão ao Protocolo de Quioto de Países como os Estados Unidos da América ou a Austrália, porque afirmam que pouco se pode fazer para contrariar a tendência actual, sendo preferível apostar em medidas de mitigação. Acreditam na capacidade tecnológica da humanidade para encontrar soluções para os problemas críticos como o aumento do número de ciclones, cheias, incêndios, doenças respiratórias, perda de biodiversidade, subida do nível médio da água do mar, entre outros, a nível local, tendo dificuldade em acreditar que a a humanidade tenha capacidade para cumprir um propósito comum que passa pela contribuição individual, resolvendo assim um problema global.
A distinção entre informação e ruído, proveniente de um som, é conseguida pela capacidade de análise dos interlucotores. Continuando com esta analogia, a distinção entre informação e ruído nas alterações climáticas globais também se faz com a formação, análise e investigação. Analisa-se aquilo que nos rodeia, investiga-se como se alteram os fenómenos, se com ritmo se com intensidade, se com clareza se com ambiguidade e informamo-nos das diferentes perspectivas de análise.
Os sinais das alterações climáticas existem e são inequívocos para alguns e incompreensíveis para outros. A diferença está na capacidade de análise e informação de uns e outros.
Sem dúvida que o mar subirá nesta ou na próxima geração.
Sem dúvida que os combustíveis fósseis terminarão, nesta ou na próxima geração.
Sem dúvida que a economia se alterará, nesta ou na próxima geração.
Sem dúvida que o mundo mudará, nesta ou na próxima geração.
Se as duas primeiras premissas são negativas, cabe-nos fazer o esforço para que as duas últimas sejam positivas.
O Novo Mundo não aceitará demissionários, não aceitará inactivos, não aceitará descomprometidos com esta outra causa. O novo mundo não se compadecerá dos irracionais e a prova é que já começou a extinguir a biodiversidade.
E o homem, onde se posiciona?
São Francisco de Assis dizia que "Todos os seres são feitos de pó de estrelas" , aí também entra o homem.
(In Diário Insular)

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quinta-feira, agosto 09, 2007

Alunos de Colmeias e Melgaço deslumbrados com os Açores

"Uma experiência única" ou "férias inesquecíveis", foi como alguns dos alunos de Colmeias se referiram à sua participação na XIII Expedição Científica Flores e Corvo. Durante 11 dias, em finais de Julho, um grupo de alunos da EBI de Colmeias e outro grupo de Melgaço "descobriram" os encantos dos Açores, mais precisamente das ilhas das Flores e do Corvo. Mas foi "uma descoberta diferente", como referiu ao DIÁRIO AS BEIRAS, Hugo Gomes, aluno do 9.º ano da EBI de Colmeias. Já em casa, foi fazendo uma espécie de "livro de bordo da viagem", referindo que os últimos dias revelaram-se mais motivantes, pois já estavam familiarizados com o resto do grupo e "assumimos a missão com mais responsabilidade e maturidade". O jovem aluno confessou que "foi uma experiência única e inesquecível", pois deu-lhe a possibilidade de ver outro mundo. Outras mentalidades, outras paisagens, outras formas de viver e realçou o facto "saudável" de ter convivido com pessoas muito bem colocadas intelectualmente, referindo-se aos cientistas portugueses e estrangeiros que participaram na expedição. Já outro aluno, Kevin Pedro ficou, de tal modo entusiasmado, que confessou à mãe, uma das encarregadas de educação que também acompanhou o grupo na expedição, que "quer ser biólogo e quer estudar na Universidade dos Açores". Já a professora Manuela Veríssimo, geóloga, aproveitou a ocasião para recolher algum material geológico, nomeadamente os piroclastos, além das filmagens, de modo a poder trabalhar de forma diferente com os alunos, sobretudo os do 7.º ano de escolaridade, cujo plano curricular incide sobre a vulcanologia e a sismologia. De um modo geral, todos os alunos chegaram a Portugal Continental com vontade de regressar. Para a promotora do projecto, a professora Maria de Fátima Lopes, que, apresentou o Projecto Multidisciplinar sobre o Ensino Experimental das Ciências Naturais em contexto não formal, com participação na XIII Expedição Flores e Corvo da Universidade dos Açores, "os objectivos foram largamente ultrapassados". Para a professora, o mais importante para os alunos foi a constatação do que é "a ciência fora do contexto da sala de aula". Pois, o seu dia-a-dia foi de intenso trabalho, desde as recolhas de material em campo, seguido do trabalho de laboratório, também em campo. Uma missão que todos assumiram com "empenho", já que souberam cumprir as regras, isto é, depois da colheita, todos sabiam que deviam fazer a triagem, formação de grupos de material para que depois pudessem ser observados pelos cientistas presentes. Por outro lado, outro factor positivo foi o convívio com os alunos de Melgaço e das escolas das ilhas, nomeadamente da EB 2,3 das Flores e da Escola Mouzinho da Silveira, da ilha do Corvo. Fátima Lopes realçou o facto de, neste último caso, a ilha do Corvo ter apenas 34 alunos, do pré-escolar ao 9º ano. É também uma escola integrada que, curiosamente, nas provas de aferição, obteve os melhores resultados a nivel nacional, como referiu o presidente do Conselho Executivo. Um dado que Fátima Lopes atribui ao facto de, em geral, os ilhéus serem pessoas cultas, detentores de uma cultura empírica, mas também livresca. Fátima Lopes, que acompanhou os seus alunos dia-a-dia, resume a viagem para todos na seguinte frase "chegámos com a bagagem mais pesada de conhecimentos, olhos deslumbrados com tantas e lindas paisagens e o coração cheio de sonhos".

(In Diário das Beiras)

Horários sobrecarregadas afectam desempenho de enfermeiros

Irritabilidade, fadiga, desgaste, privação do sono, erros no trabalho, conflito entre colegas e alteração na relação com o paciente – estas são alguns dos sintomas da sobrecarga horária que sentem os enfermeiros. As conclusões saem de um estudo de fim de curso da Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores que quer alertar profissionais e administrações para um facto já encarado de rotineiro.
O estudo qualitativo teve como objectivo compreender a influência das consequências físicas e psicológicas resultantes da sobrecarga horária na prestação de cuidados de enfermagem percepcionada pelos enfermeiros em contexto hospitalar, além de identificar as consequências físicas e psicológicas daí resultantes e detectar as repercussões das consequências dessa sobrecarga laboral na prestação de cuidados de enfermagem. O trabalho: “Sobrecarga Horária e Prestação de Cuidados de Enfermagem” foi realizado por Catarina Gonçalves, Laura Lima, Mónica Machado, Neuza Ferraz e Vânia Nunes, sob orientação da enfermeira Nélia Vaz da Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo (ESEnfAH). As conclusões são unânimes: “a sobrecarga horária acarreta as seguintes consequências físicas e psicológicas: irritabilidade e a fadiga, englobando esta última o cansaço, o desgaste, a privação do sono, as alterações do humor e do comportamento, bem como a baixa de vigília”. Em declarações ao jornal “a União”, Vânia Nunes, uma das autoras do trabalho, refere que “a sobrecarga já é vivida como uma rotina diária”. Laura Lima, outra das parceiras do estudo explica que o propósito é alertar e sensibilizar os profissionais e as administrações das unidades de saúde para esta situação.

O estudo assentou na entrevista a um pequeno grupo de enfermeiros do Hospital de Angra do Heroísmo e as consequências que estes participantes referiram foram sobretudo ao nível do relacionamento social e familiar e ao nível de conflitos entre os colegas. “Paciência diminuída, erros no trabalho, diminuição da concentração e consequente lentidão, e por fim, às alterações na relação com os clientes, a nível afectivo, a nível da comunicação e a nível de conflitos com os mesmos” foram outras das consequências registadas no estudo. Questionados sobre o porquê desta temática, as finalistas explicam que o interesse pelo assunto surgiu da preocupação em investigar a qualidade dos cuidados prestados pelos enfermeiros sujeitos a sobrecarga horária, “situação esta que nos foi visível no nosso estágio de Enfermagem de Saúde do Adulto e do Idoso”. Fazem parte do nosso estudo quatro enfermeiros de um serviço do HSEAH, que se encontram ou já se encontraram em situação de sobrecarga horária, com idades compreendidas entre os 22 e os 49 anos de idade, cujo tempo de serviço varia dos 5 aos 25 anos.
Para a recolha dos dados junto dos participantes foi utilizado um documento pessoal e uma entrevista semi-estruturada.
Uma situação que “advém da grave carência de enfermeiros que traduz-se, objectivamente num reduzido número de profissionais nos Centros de Saúde e nos Hospitais relativamente às suas necessidades reais, para prossecução das suas missões em função da saúde das populações”, explicam. Em consequência, aponta, “é evidente o aumento dos ritmos de trabalho dos enfermeiros, para garantirem os cuidados prestados e o não gozo de direitos (direito aos descansos semanais e complementares, ao gozo dos feriados, horas e licenças para formação, às férias em tempo socialmente oportuno, etc.)”. Desde a fase de stress, em que há o desajuste ou o desequilíbrio entre as exigências do trabalho e os recursos do profissional, à fase do esgotamento, caracterizada pela resposta emocional imediata do profissional a esse desajuste, com sintomas de preocupação constante, tensão, ansiedade, fadiga e esgotamento; o enfermeiro sobrecarregado pode ainda experienciar a fase do “coping” que se manifesta por uma alteração nas atitudes e na conduta, tratando os clientes de uma forma fria e impessoal (fenómeno denominado por ruborização), cinismo e preocupação por parte do profissional, apenas com a satisfação das suas próprias necessidades – descreve o estudo.
A sobrecarga horária e o aumento dos ritmos e de carga de trabalho dos profissionais têm como consequências o aumento de acidentes em serviço e dos erros na prestação de cuidados, com o respectivo impacto negativo sobre os clientes dos serviços de saúde. As conclusões do estudo agora apresentado dão enfoque às principais manifestações de stress devido à sobrecarga laboral: desorientação, indecisão, descrença, irritabilidade, produtividade diminuída, redução de qualidade do desempenho, falhas de memória, falta de atenção aos pormenores, deslocação da atenção para outras coisas, criatividade diminuída, incapacidade de concentração, tendência para os acidentes, culpar os outros, frequência de erros aumentada, ineficácia, perturbações do discurso, letargia, desinteresse e aumento de absentismo e doença.
Em última instância, a sobrecarga laboral pode levar ao abandono da profissão. Os horários podem contribuir para a ocorrência de “doenças relacionadas com o trabalho”. A redução do horário de sono é outro dos preocupantes alertas que o estudo abordou. São necessárias em média 6 a 8-9 horas de recuperação, sob a forma de um sono contínuo, por noite, informam. “Intimamente relacionadas com a privação de sono surgem as queixas de insónia e as suas correlações diurnas: sonolência, fadiga tensão, irritabilidade, dificuldade de concentração ou de resolução de problemas durante o dia”. Além de queixas reportadas de fadiga crónica, as cefaleias e gastralgias, úlceras e perturbações gastrointestinais, perda de peso, hipertensão arterial, asma, dores musculares e nas mulheres perdas de ciclos menstruais são igualmente sintomas registados. Ao nível comportamental, o absentismo laboral, o aumento de comportamentos violentos bem como comportamentos de alto risco, como, condução imprudente, atitudes suicidas, incapacidade para relaxar, a dependência de substâncias e conflitos matrimoniais e familiares são consequências para as quais as autoras do estudo chama a atenção.
Em termos legais, de acordo com o artigo 13º do DL nº. 259/98, existem diferentes regimes de horários aplicáveis aos enfermeiros integrados na carreira, a saber: o tempo completo (35 horas semanais), tempo parcial (20 ou 24 horas semanais) e horário acrescido (42 horas semanais) (DL nº 437/91, artigo nº. 54). É a mesma lei que aponta que a duração de cada turno deverá preservar a qualidade dos cuidados e a prevenção de riscos que as cargas horárias elevadas poderão ocasionar quer aos enfermeiros quer aos clientes, e sempre que possível, os turnos não deverão exceder as 10 horas de duração. De acordo com o mesmo DL, e relativamente ao horário acrescido, este é praticado com carácter excepcional e como recurso transitório, quando seja indispensável para o bom funcionamento dos serviços, face a acréscimos significativos de trabalho, ou carências manifestas de pessoal. Mais, refere, este regime poderá ser aplicado até um máximo de 30% do número total dos lugares de enfermeiro previstos no quadro da instituição, mediante critérios de selecção a divulgar previamente. Porém, esta é uma prática banalizada, aponta o estudo de fim de curso da Escola Superior de Enfermagem que considera como sobrecarga horária todas as horas efectuadas para além das 35 horas semanais previstas pela lei como tempo completo. A análise incluiu a postura do actual presidente do Sindicato dos Enfermeiros, em entrevista publicada, quanto ao excesso de horas praticadas pelos enfermeiros, face à carência de pessoal de enfermagem, afirmando que existem enfermeiros que chegam a fazer 60 a 70 horas de trabalho extraordinário, para além dos regimes de horários acrescidos que estão implementados.“Esta situação, acrescenta, é bem demonstrativa de que os enfermeiros estão a trabalhar no limite máximo das suas potencialidades. A mesma fonte, não oculta o facto de que esta realidade tem implicações no serviço que é prestado aos clientes, referindo a propósito, que o cansaço físico tem influência na forma como os enfermeiros contactam com os clientes”, reforça o estudo.

(In Humberta Augusto em A União)

quarta-feira, agosto 08, 2007

Animais marinhos perigosos dos Açores editados em livro

Listar os principais animais marinhos açorianos que maior perigo apresentam às populações é o objectivo do mais recente guia do Professor João Pedro Barreiros do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores e do Professor Vidal Haddad Jr. da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo-Brasil.
Chamar-se-á "Guia dos Animais Marinhos Potencialmente Perigosos dos Açores com Informações sobre o Tratamento e Prevenção de Acidentes".
João Pedro Barreiros deixa desde logo claro que "embora possam ocorrer, não é muito comum observarem-se acidentes graves com manifestações sistémicas nos acidentes causados por espécies de peixes do arquipélago". Este investigador considerou tratar-se de uma edição útil não só para banhistas, como profissionais da pesca e outros que lidam com os ambientes marinhos, sobretudo pela prevenção dos riscos existentes.
No topo dos animais marinhos que mais acidentes em humanos têm causado estão as caravelas (Physalia physalis) e as cifomedusas Pelagia noctiluca e Aurelia aurita.

"Recentemente, têm sido observados grandes grupos de Physalia physalis nos Açores, o que, com certeza aumenta o risco de acidentes".
Também os ouriços-do-mar "são animais capazes de provocar traumas e envenenamento com os espinhos corporais dada a proximidade maior com os banhistas".
A edição bilingue do livro será lançada em Outubro, no festival "Outono Vivo" da cidade da Praia da Vitória na ilha Terceira.
Alguns peixes podem causar traumas importantes através dos dentes e bicos, como os meros e algumas espécies de badejos e garoupas.
Outros peixes potencialmente perfurantes são os espadartes (Xiphias gladius) e os marlins azul e branco (respectivamente Makaira nigricans e Tetrapturus albidus), todos portadores de bico ou espada que manobram com grande destreza e potencial perigosidade.


Outros peixes que podem lacerar tecidos com mordeduras são as moreias. O acidente no entanto é raro e limitado a pescadores ou mergulhadores no momento em que as retiram dos anzóis.

Alguns pesquisadores consideram que há toxinas na saliva das moreias, o que é reforçado pelo facto da mordedura apresentar uma dor desproporcional à ferida, aponta João Pedro Barreiros.
Peixes que podem causar ferimentos como reflexo de manipulação e falta de cuidados são o peixe espada preto (Aphanopus carbo) e o peixe espada branco (Lepidopus caudatus), além dos peixes-porco (dos quais o mais comum e o único verdadeiramente abundante é o Balistes carolinensis), que apresentam o primeiro raio da barbatana dorsal pontiagudo, podendo lacerar a mão de pescadores e ainda morder.
(In Humberta Augusto em A União)

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Preservação do conhecimento empírico das populações açorianas

Quase duas centenas de plantas das ilhas Terceira, São Jorge e São Miguel estão a ser alvo de estudos para permitir «preservar os conhecimentos empíricos da sua utilização» medicinal, alimentar e etnográfica nos Açores.
Félix Rodrigues, investigador do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, sustentou hoje «fazer sentido preservar o conhecimento empírico das populações sobre as plantas medicinais, e as de interesse alimentar e etnográfico». O estudo que resulta de três teses de mestrado sobre Etnobotânica são orientadas por este docente e pela professora Maria de Los Angeles Mendiola da Universidade Politécnica de Madrid, que esperam compilar em livro os resultados obtidos.

Uma das primeiras conclusões aponta para que «muitas das aplicações daquelas plantas dadas no arquipélago também se verificarem no continente português e na América no Sul, o que resulta de uma ligação ao povoamento das ilhas e à época dos Descobrimentos», revelou o professor universitário.
Félix Rodrigues realça que as teses de mestrado confirmam «o desaparecimento de muitos desses conhecimentos empíricos, uma vez que a sua transmissão era apenas oral o que, com a urbanização dos espaços rurais, está a perder-se». Nesse sentido, acrescentou, a Etnobotânica permite a recolha dos hábitos e costumes tradicionalmente usados com diversas espécies de plantas. Estas tradições poderão estar, agora, ameaçadas «pela massificação de uma cultura predominante», pelo que «é fundamental preservar o que é nosso e diferente num mundo cada vez mais igual», defendeu Félix Rodrigues.
As teses de mestrado realizadas por Ana Vilela, em São Jorge, Marco Botelho, em São Miguel, e Cristina Mendonça, na ilha Terceira, aludem ainda «ao diverso vocabulário das plantas usados pelas diferentes comunidades das ilhas». Os trabalhos, que se inserem nas áreas da Educação Ambiental e Saúde, Ambiente e Segurança, alertam para «os riscos associados» ao consumo das espécies medicinais, uma vez que é necessário «conhecer o grau de toxicidade de cada planta». Segundo Félix Rodrigues, «as doses, regras de segurança e a parte da planta que se utiliza» são importantes para «a sua aplicação terapêutica». O investigador adianta ser já possível concluir, também, que «para a generalidade dos tratamentos utilizados pelas populações das ilhas de São Miguel e São Jorge, existem suportes científicos que validam o conhecimento empírico». No entanto, chama a atenção para outras aplicações, que não especificou, «sobre as quais é necessário aprofundar os estudos para que se possa recomendar o seu uso adequado e não de forma indiscriminada».
Quanto às plantas com interesse alimentar, Félix Rodrigues preconiza a sua recuperação, nomeadamente do Jarro e da Serpentina, cujas raízes «eram usadas para fazer farinha em tempos de crise alimentar». Já a Uva da Serra, cujos frutos se destinavam à confecção de doces e aguardentes, é uma planta protegida mas que, segundo Félix Rodrigues, tem possibilidades de «expansão e cultivo com sustentabilidade».

Os estudos sobre estas áreas de investigação poderão ser alargados às restantes seis ilhas do arquipélago.
(In Lusa/Sol/Açoriano Oriental/A União/Diário Insular)

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terça-feira, agosto 07, 2007

Projecto SUNPENDULUM

À medida que o dia decorre, a luz solar atinge a terra em vários pontos com diferentes perspectivas. Sucede-se o dia e a noite.
No âmbito do projecto SUNPENDULUM foram instaladas doze videocâmaras que captam um quadrante do céu e que estão online na net. Funcionam como relógio solar permitindo ver o sol, tal como ele é visto em doze lugares distintos do planeta.
Videocameras colocadas (1) Hawaii - EUA, (2) Ensenada - México, (3) Nova Orleães - EUA, (4) Bermuda - Grã Bretanha, (5) Açores- Portugal, (6) Granada - Espanha, (7) Cairo - Egipto, (8) Dubai - Emirados Árabes Unidos, (9) Calcutá - Índia, (10) Hong Kong - China, (11) Tóquio - Japão e (12) Ilhas Marshall.
Associada à instalação das doze câmaras que observam o Sol, decorre, desde 2001, o projecto de arquitectura que visa construir um pavilhão que aberga o pêndulo solar onde é projectada a imagem do sol de cada um dos locais anteriormente referidos.

Trata-se de um projecto artístico do austríaco Hofstetter Kurt, que se foca no paralelismo, circulação, céu, luz e tempo. É um projecto apoiado pelo Austrian Federal Chancellory/ Department for the Arts (KUNST), Austrian Ministry for Education, Science and Culture, :3C! Creative Computing Concepts, Austrian Trade Delegation Portugal/Austrian Embassy Lisbon, Hotel Imperial Vienna e Boblbee.

A Videocâmara dos Açores está instalada no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Campus de Angra do Heroísmo.

Imagem do Sol na Terceira às 10:00 horas do dia 7 de Agosto de 2007.

Para informações adicionais consulte: http://www.sunpendulum.at/inplusion/timeeyeazores/azoresimages.html

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segunda-feira, agosto 06, 2007

Portugal cresceu

A jurisdição de Portugal para lá da Zona Económica Exclusiva é um «acto de grande visão internacinal para a conservação dos mares», diz chefe do executivo açoriano.
O presidente do Governo dos Açores afirmou este domingo à Lusa que o reconhecimento da jurisdição de Portugal para além das 200 milhas da sua Zona Económica Exclusiva (ZEE) «reforça a posição de vanguarda do país nesta matéria».
Em comunicado, Carlos César adiantou que a decisão da Comissão Internacional Oslo-Paris (OSPAR) em aceitar a jurisdição de Portugal sobre a Fonte Hidrotermal de Grande Profundidade «Rainbow», localizada junto ao arquipélago, vem dar resposta uma antiga pretensão.
«Esta classificação estende a jurisdição de Portugal para lá de qualquer Zona Económica Exclusiva (ZEE) e é um acto de grande visão internacional para a conservação dos mares», afirmou o chefe do Executivo açoriano.


A classificação agora feita ao nível da Comissão OSPAR vem dar razão ao Governo da Região, que propôs à Assembleia Legislativa Regional a criação de um Parque Marinho dos Açores, cuja fronteira exterior não se limitasse às 200 milhas.
O novo Parque Marinho, neste momento em fase de descrição jurídica, contará com uma área de 2.215 hectares para lá da ZEE açoriana. Esta estrutura subaquática, que há diversos anos tem vindo a ser estudada por parcerias internacionais lideradas pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, foi submetida a classificação pelo Estado Português sob proposta do Governo Regional.
A nota do Governo regional adianta que esta proposta foi apresentada numa reunião do Grupo de Trabalho sobre Áreas, Espécies e Habitats Marinhos da Comissão OSPAR, realizada em Outubro de 2006, na ilha do Faial, com organização da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar.


A mesma nota acrescenta que o Governo dos Açores se congratula pelo resultado dos esforços efectuados pela representação portuguesa na Comissão OSPAR e reitera a importância do papel da Estrutura de Missão para Extensão da Plataforma Continental, cujos trabalhos se desenrolam, precisamente, sobre a área classificada.

(In Portugal Diário)