quinta-feira, agosto 23, 2007

Os ciclones aumentarão de intensidade.....

O fenómeno irá surgir na sequência das alterações climatéricas que assolam o planeta. Os Açores geralmente escapam à temporada dos furacões, mas não estão fora da sua rota. O Gordon ainda está bem patente na memória colectiva. Os furacões vão ter tendência a aumentar de intensidade com as alterações climatéricas em curso no globo.
Numa altura em que os olhos do planeta estão colocados no furacão “Dean”, Eduardo Brito de Azevedo, investigador do Departamento de Ciencias Agrárias da Universidade dos Açores, admite, contudo, que as alterações climatéricas não vão mudar substancialmente estes fenómenos naturais. O investigador lembra a propósito a predominância do movimento de rotação da terra e a configuração das correntes oceânicas, entre outros factores, nestes fenómenos climatéricos naturais. Mas se a água do mar tiver a tendência para aquecer mais, haverá maior tendência para se registarem fenómenos desta natureza, de forma mais violenta. “Pode não se verificar um aumento do número de furacões, mas a sua capacidade destrutiva será maior”, explica Eduardo Brito de Azevedo.
Apesar de não serem frequentes por estas paragens, o certo é que também os Açores não estão isentos destes fenómenos climatéricos, como se pode verificar em várias cartas disponíveis online. Ainda no ano passado, o furacão Gordon colocou as ilhas em estado de alerta máximo, mas acabou por passar enfraquecido no arquipélago. No passado, existem registos de tempestades tropicais com alguma violência, não sendo este, portanto, um fenómeno novo para os açorianos, como explica Eduardo Brito de Azevedo. No caso específico dos Açores, os furacões percorrem o Atlântico e, quando atingem águas mais frias como as açorianas, dissipam-se. “São furacões que sobem o Atlântico em nossa direcção. Há anos em que isso acontece com maior frequência e outros em que não”, explica o investigador da universidade açoriana, lembrando que 2005 foi um ano em que muitos furacões subiram o Atlântico e alguns vieram dissipar-se próximo das latitudes açorianas, confrontados com águas mais frias. Uma vez que não provocaram danos, não foram alvo de cobertura informativa massiva pelos média, daí o desconhecimento manifestado pela opinião pública.
Os furacões obedecem a circuitos, como se de caminhos se tratassem. Alimentam-se do vapor de água e da temperatura das águas do mar. São tempestades marítimas e perseguem as melhores condições relacionadas com a temperatura superficial das águas do mar. São realimentados pelos processos de compensação do vapor de água em altitude. Na altura do ano em que as temperaturas estão mais altas - como é justamente o caso - nascem tradicionalmente junto à costa africana, atravessam o Atlântico para Oeste e dirigem-se, percorrendo o caminho da água quente, para o continente americano, onde encontram condições mais favoráveis no Golfo do México para “explodir”. Quando passam para terra, perdem intensidade porque lhes falta o “combustível” (vapor de água). A época dos furacões geralmente vai de Junho até Novembro.
Os meteorologistas americanos prevêem que a temporada de furacões na bacia atlântica, que entre Agosto e Outubro atinge sua fase mais crítica, terá uma actividade de ciclones superior ao normal. Cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos anunciaram que prevêem a formação de entre 13 e 16 tempestades tropicais para a temporada de furacões de 2007, que começou no dia 1 de Junho e termina em 30 de Novembro. Em Maio de 2006, a NOAA previu a formação de entre 13 e 17 tempestades tropicais, das quais entre sete e dez teriam potencial para se transformar em furacões e destes, entre três e cinco se transformariam em furacões de grande intensidade. O meteorologista americano William Gray previu no dia 3 de Agosto a formação de 15 tempestades e oito ciclones, dos quais quatro seriam intensos, na temporada de furacões do Atlântico.

(In Açoriano Oriental)

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