domingo, setembro 30, 2007

Universidade dos Açores terá em conta o mercado

A Universidade dos Açores deve diminuir a distância que existe entre o ensino superior e o que são as necessidades do Estado e das empresas. Quem o defendeu foi o Reitor da UA, Avelino Meneses, que falava na sessão de acolhimento e convívio com os novos alunos que frequentarão, este ano lectivo, o primeiro ano dos vários cursos ministrados no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores.

O Professor Avelino Meneses referia-se à "revolução pedagógica" que entrará definitivamente em vigor na Universidade dos Açores com a implementação geral, este ano, do processo de Bolonha. "Bolonha visa a criação de um espaço de ensino na União Europeia a partir de 2010. Esta revolução coloca o estudanteno centro do ensino", adiantou.
O Reitor avisou que este processo será "necessáriamente lento", ocorrendo num altura em que o ensino superior enfrenta "muitos desafios, sendo uma das soluções um maior entrosamento entre o mundo do ensino e o mundo do trabalho". Bolonha, defendeu Avelino Meneses, traz consigo a novidade de não apostar apenas no "saber", mas também no "saber fazer".
"O estudante de hoje deve sair daqui munido das ferramentas indispensáveis para a formação de uma carreira profissional", acrescentando que as características essenciais que o ensino superior deve transmitir assentam em bases científicas, tecnológicas, culturais, mas também de espírito crítico, iniciativa e inovação.
Na sessão da acolhimentos ao novos alunos (caloiros), Avelino Meneses adiantou, ainda, que a "cultura de exigência" para com a instituição de ensino superior deve partir dos próprios estudantes. "Os alunos devem exigir um ensino de qualidade, que passa pelo desempenho dos docentes, mas também pela existência de condições, quer em termos de infra-estruturas, como de material".
(In Diário Insular)

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sábado, setembro 29, 2007

Ecologia das Turfeiras de Sphagnum dos Açores

Sendo pouco menos do que desconhecidas para o Mundo, e mesmo dentro do nosso País, as turfeiras dos Açores são formações de uma elevada importância ecológica e ambiental, afectando significativamente os recursos hídricos das ilhas onde ocorrem.
Num trabalho da Engª Cândida Mendes e do Professor Eduardo Dias do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, publicado no Naturlink, explica-se o que são esses ecossistemas.
Turfeiras são genericamente ecossistemas em que o nível da água se encontra à superfície ou perto desta e em que o encharcamento é suficientemente prolongado para promover processos típicos de solos mal drenados como o desenvolvimento de vegetação hidrófitica (adaptada a condições de encharcamento) e a promoção da formação de turfa, que é um tipo de substrato pedológico que se desenvolve em condições de encharcamento e anóxia (ausência de oxigénio).
O desenvolvimento de estudos e a sua publicação são factores primordiais para conhecer a riqueza biológica dos Açores, nomeadamente em termos de zonas húmidas e espécies associadas pelo que uma série de estudos de pormenor estão a decorrer sob a responsabilidade do GEVA, na Universidade dos Açores. De facto os Açores são uma área primordial no país, não só em termos de extensão de zonas húmidas mas também em diversidade tipológica e grau de conservação das mesmas. Pode-se mesmo dizer que as zonas altas da maioria das ilhas do arquipélago são ocupadas por vegetação húmida, predominantemente turfeiras devido à entrada de grandes volumes de água (precipitação e intercepção dos nevoeiros) e à presença de plácico (cujas características promovem a impermeabilização do substrato).

As plantas típicas de zonas turfosas, tais como as espécies do género Sphagnum tiveram a sua origem nas regiões Atlânticas do Norte da Europa, chegando aos Açores no período pós glaciações por intermédio de aves (epizoocoria). De acordo com uma série de condições ambientais, tais como níveis de precipitação, topografia do terreno, grau de naturalidade, desenvolvem-se tipologias distintas de turfeiras.

(In Naturlink)

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sexta-feira, setembro 28, 2007

Aspectos hidrogeológicos da ilha Terceira discutidos em Congresso Internacional

No XXXV Encontro da Associação Internacional de Hidrogeólogos que decorreu em Lisboa, até ao dia 24 de Setembro, os Açores estiveram amplamente representados através de apresentação de trabalhos que abordaram a hidrologia insular açoriana. O Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores apresentou duas comunicações científicas.
A temática deste Encontro centrou-se nas relações entre "Águas subterrâneas e Ecossistemas".
Uma dessas comunicações, da autoria do Eng. Luís Teixeira e dos Professores Francisco Cota Rodrigues, da Universidade dos Açores e Daniel Urish e Reinhard Frohlich, da Universidade de Rhode Island (Estados Unidos da América) examinou a aplicação de processos geoeléctricos à exploração de água subterrânea na Caldeira dos Cinco Picos na Ilha Terceira.

A exploração de técnicas capazes de identificar água subterrânea em todas as ilhas do Arquipélago, reveste-se de especial importância uma vez que a maior parte da água usada nas ilhas tem origem subterrânea, dependendo da água da chuva. O aumento dos períodos de seca, terá impacto no abastecimento de água às populações insulares, daí a necessidade de se inventariarem todos os aquíferos passíveis de exploração.
A aplicação desta técnica à detecção de lençóis de água na zona em estudo, revelou a presença de camadas saturadas, com abundância de água subterrânea que poderá constituir uma boa reserva hídrica para a ilha Terceira nos próximos anos.
A segunda comunicação, da autoria da Engª Celeste Miguel e do Professor Francisco Cota Rodrigues, analisou de forma exaustiva a hidrogeologia do ecossistema do Paúl da Praia da Vitória, profundamente alterado nos últimos 60 anos e de reconhecida importância do ponto de vista ecológico.
Uma vez que o Paúl da Praia da Vitória se localiza num sector costeiro do aquífero basal da ilha Terceira, apresenta condições únicas e específicas, do ponto de vista hidrogeológico, em todo o Arquipélago. O futuro deste ecossistema depende do complexo programa de recuperação que está a ser levado a cabo nesse local, pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, e da capacidade técnica de preservar as correntes difusas de água doce que aí se encontram, responsáveis pela existência de uma vegetação halófita e uma fauna peculiar.

(In Azores Digital)

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quinta-feira, setembro 27, 2007

Ruralidade insular (cidade versus campo)

Foi discutido no I Congresso Internacional de Educação Ambiental dos Países Lusófonos e Galiza, que decorreu em Santiago de Compostela de 24 a 27 de Setembro, um trabalho sobre a ruralidade insular açoriana, de Eva Vidal, Ana Cristina Palos, Félix Rodrigues e Sandra Vidal, docentes e investigadores do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores. O principal objectivo desse Congresso foi discutir a contribuição da educação na construção dos valores, bases culturais e bases políticas que sirvam para a promoção de sociedades sustentáveis.
O trabalho intitulado: "A Ruralidade num Contexto de Desenvolvimento Sustentável: potencialidades educativas, turísticas e patrimoniais" resulta de uma investigação levada a cabo pelos autores na freguesia do Raminho na Ilha Terceira, por se considerar ser este o espaço "mais rural" da ilha.

Esse trabalho aborda assim as problemáticas do espaço rural, onde este parece estar a modificar-se ou a reconfigurar-se para poder responder aos desafios da actual sociedade de informação e do conhecimento. Surge da necessidade de analisar o espaço rural na sua variedade e complexidade e de repensar o lugar que ocupa no sistema social regional e global. A partir de uma abordagem transdisciplinar teve como principal finalidade identificar as potencialidades e as dinâmicas locais e perceber a complexa rede de interacções de um conjunto de fenómenos: demográficos, económicos, sociais, culturais e ambientais.
Com este estudo também se pretendeu enquadrar teoricamente algumas questões acerca da problemática do rural: compreendê-lo como local, um tempo e um contexto de interacções, procurando desocultar as características específicas e funções desse espaço.
No âmbito desta investigação, exploraram-se e interpretaram-se as potencialidades do património natural e social do Raminho. Se, por um lado, se apresenta a produção de um conhecimento sistematizado sobre o local, por outro, cria-se a oportunidade para que essa informação perdure e seja aproveitada na educação ou na vertente do turismo. Empreendeu-se o levantamento a nível de: recursos naturais; dinâmicas demográficas e de ocupação do território; condições e modos de vida da população local; dinâmicas culturais existentes. Também se procurou interpretar os sentidos que os seus residentes atribuem ao território, como gerem ou partilham as potencialidades desse espaço, a fim de se compreender como acontece a preservação e transformação do espaço rural insular na actualidade.

As conclusões do estudo remetem para a necessidade de se assumir uma visão territorial e multidimensional na definição de políticas, onde sejam coordenadas medidas e estratégias locais, regionais e nacionais que permeiem os aspectos de ordem social, cultural, económica e ambiental de forma equilibrada.

(In RDP-Açores)

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quarta-feira, setembro 26, 2007

Visita aos Açores de membros da Associação Internacional de Hidrogeólogos

Na sequência do 35º Congresso da Associação Internacional de Hidrogeólogos, que decorreu no final da semana passada em Lisboa, encontram-se nos Açores um grupo de especialistas em água subterrânea de diversas nacionalidades que incluem Polacos, Alemães, Canadianos, Franceses, Sérvios, Australianos e Portugueses. Na ilha Terceira estes investigadores visitaram os principais pontos turísticos, captações de água subterrânea, estações de tratamento e ainda as obras de recuperação do Paúl da Praia da Vitória. Esta visita foi organizada pelos professores Rui Coutinho e Virgílio Cruz do Departamento de Geociências e Francisco Cota Rodrigues do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
Após a passagem pela Terceira, os investigadores deslocaram-se às ilhas do Faial e Pico, onde se encontram neste momento, seguindo, posteriormente, para a ilha de São Miguel.

(In Açoriano Oriental e Diário Insular)

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terça-feira, setembro 25, 2007

Início do Outono nos Açores

"A imagem típica do Outono (árvores despidas, folhas caídas, paisagem triste) não se aplica aos Açores. O arquipélago, fruto do clima sub-tropical, vive uma excepção da natureza: duas Primaveras num ano, florindo a vegetação de Setembro a Novembro. “A falta de conhecimento tem gerado uma percepção errada da ecologia açoriana. Assumimos que no Outono açoriano caem as folhas e tudo fica amarelo e castanho. Mas o que, de facto, acontece é uma segunda Primavera. Devido ao clima sub-tropical, o interior das nossas ilhas apresenta-se florido, já que a Natureza responde ao sol e ao calor”, explica, o botânico Eduardo Dias do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores. O especialista em Botânica garante que este erro tem provocado algumas situações que não deviam acontecer. “Ao assumir-se que o nosso Outono é idêntico ao Outono de Portugal continental ou da Europa do Norte, os nossos responsáveis entendem que nas zonas a embelezar devem ali ser colocadas árvores e plantas que, no Outono, ficam sem folhas. Quando o que deviam era ali plantar organismos vegetais endémicos, que ficam floridos nesses três meses”, explica o responsável pelo Centro de Ecologia Vegetal Aplicada (CEVA) da Universidade dos Açores. De facto, basta viajar pelo interior das ilhas açorianas para encontrar uma Natureza pulsante, de regresso à vida após a secura dos três meses de Verão".
(In Diário Insular)

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segunda-feira, setembro 24, 2007

Preço do leite ao produtor no mercado internacional

O preço do leite ao produtor não pára de subir, no mercado português, até ao início de Agosto, a produção já tinha registado aumentos de 10 por cento.
A lavoura terceirense diz estar satisfeita com os aumentos verificados no último semestre, nomeadamente, com a subida no início de Setembro, três cêntimos por litro de leite. Contudo, os dirigentes associativos do sector asseguram que a indústria na ilha Terceira está a acompanhar a evolução dos mercados. “Houve um compromisso. A direcção da União das Cooperativas da Ilha Terceira está atenta e poderá voltar a aumentar o preço, caso os mercados continuem a evoluir”, afirmou fonte da Associação Agrícola da Ilha Terceira.
Em S. Miguel, recentemente, a empresa de lacticínios Bel anunciou um aumento do preço base do leite pago aos produtores de um cêntimo por litro. Com este aumento esta fábrica de lacticínios dos Açores "procedeu à quarta actualização" do preço do leite à produção de São Miguel desde o início de 2007, como forma de "manter a competitividade e acompanhar a evolução do mercado".

Segundo a Bel, os novos preços têm efeitos retroactivos desde 1 de Agosto, sendo determinados pela evolução do mercado e pela necessidade de reforçar a liderança da companhia na região. Também a união de cooperativas, Unileite anunciou reajustamentos no preço base do leite fornecido pelos seus produtores "no valor de um euro por cem litros" (também referente ao passado mês e Agostos, refere o sítio da Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL/, na Internet). Esta subida do preço do leite à produção está relacionada com a falta de matéria-prima a nível mundial e em Portugal continental, que na campanha 2005/2006 produziu um total de 1,33 milhões de toneladas, menos 5 por cento face à campanha anterior. Segundo a ANIL a escassez em Portugal era contrabalançada com compras externas, no entanto existe um cenário de escassez mundial. Em Espanha, a subida dos preços do leite parece, apesar de tudo, estar ainda longe de tocar no seu ponto mais alto. Às subidas relativamente moderadas ocorridas em Junho e Julho, seguiu-se o forte incremento verificado em Agosto, onde foram batidos máximos históricos, com um crescimento de 20 por cento em apenas um mês os preços a ultrapassarem os 42 cêntimos. O preço ao produtor do leite na Holanda aumentou quarenta por cento desde o início do ano. Em finais do ano passado, o preço por quilo rondava os trinta cêntimos, para um leite como 4,4 por cento de gordura e 3,5 por cento de proteína. Nos primeiros dias deste mês de Setembro, as duas mais importantes empresas lácteas holandesas - Campina e Friesland - colocaram os respectivos preços sobre a fasquia dos quarenta e dois cêntimos. A Alemanha acompanha a tendência.
Segundo o economista Tomáz Dentinho, docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, o aumento do preço dos produtos lácteos “nos mercados internacionais é impressionante”. Desde o ano passado a manteiga subiu de 2500 Euros por tonelada para 3800 Euros, um aumento de mais de 50 por cento. No mesmo período o Leite em Pó aumentou 100%, de 2000 Euros por tonelada, em 2006, para 4000 Euros em 2007. O soro lácteo, no mesmo período subiu de 700 Euros por tonelada para 1100 indicando um crescimento de cerca de 60%. As razões deste aumento generalizado no preço do leite já foram explicadas pela ANIL: “um aumento impressionante da procura por parte da Índia e da China e a incapacidade de aumentar a oferta com o mesmo ritmo, também porque o aumento do preço dos cereais condicionou as produções mais artificiais. Estas tendências também vão provocar, a curto prazo, novas subidas de preço ao consumidor.
(In A União)

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domingo, setembro 23, 2007

Cão Barbado da ilha Terceira

A Secretaria Regional da Agricultura e Florestas promoveu, na passada sexta-feira, em colaboração com o Clube Português de Canicultura e a Associação dos Criadores do Cão Barbado da Terceira, o 3º Concurso do Cão Barbado da Terceira.
Além de servir para mostrar os melhores exemplares desta raça, o concurso pretende constituir um ponto de encontro para troca de experiências entre criadores e um estímulo à continuação da criação destes animais. O sucesso das anteriores edições revela um recrudescimento desta raça que tem grande distribuição principalmente na Ilha Terceira.
O Barbado da Terceira caracteriza-se como um cão rústico, com corpo forte e bem musculado, coberto de pêlo comprido, abundante e ondulado em todo o corpo. O pelo farto na zona mandibular origina as barbas de onde lhe advém o nome. É um cão companheiro e fiel ao dono, inteligente, de ensino fácil, alegre, meigo e voluntarioso.
O trabalho de pesquisa de apumaento da raça começou há cerca de dez anos atrás quando foi feito um levantamento da população de cães barbados existentes na ilha Terceira, bem como um inventário das suas características biométricas. Desde então, e depois de actualizados os registos, foram aprofundados estudos específicos sobre a raça, inclusivamente ao nível genético, em colaboração com o Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, que provam que geneticamente existe a raça do cão barbado da ilha Terceira.
Após trabalho inicial realizado pela Associação Açoreana de Criadores do Cão Barbado da Terceira, no sentido de desenvolver a raça, o Clube Português de Canicultura celebrou um protocolo no início do ano de 2004 conjuntamente com o Governo e com a Universidade dos Açores para concluir o projecto do reconhecimento do cão Barbado da Terceira como raça nacional.
A 13 de Novembro de 2004, em Assembleia-Geral do Clube Português de Canicultura (CPC), foi aprovado o estalão provisório do Cão Barbado da Terceira, tendo assim sido reconhecida como a décima raça portuguesa de cães.
Existem actualmente 350 animais identificados, e destes, 230 com o Registo Inicial de Cão da raça emitido pelo CPC.
(In Canal de Notícias dos Açores)

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sábado, setembro 22, 2007

Eutrofização da Lagoa das Sete Cidades - São Miguel

"Actualmente o agricultor deve ser o guardião da natureza, aplicando práticas ambientalmente sustentáveis. Nas Sete Cidades, isso só é possível se forem utilizados menos adubos e, consequentemente, se reduzir a produção. Para compensar os agricultores, seriam aplicadas ajudas compensatórias. Só desta forma se pode limitar ou mesmo eliminar o problema de eutrofização das lagoas". Esta afirmação é do Professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Jorge Pinheiro, que apresentou, nas Canárias, um trabalho da autoria de Jorge Pinheiro, Lourdes Matos e João Madruga, docentes e investigadores do mesmo Departamento e que reúne vários anos de estudos sobre as Sete Cidades. Jorge Pinheiro voltou a lembrar que "o problema da eutrofização nas lagoas das Sete Cidades está relacionado, pode-se dizer exclusivamente, com a utilização excessiva de adubos nos terrenos circundantes. "É preciso passar de um regime intensivo para um extensivo, para solucionar o problema".
A eutrofização das lagoas das Sete Cidades coloca, ainda, um problema em termos de impacto económico, visto que este se trata de um dos pontos turísticos mais fortes da ilha de São Miguel. No local tem-se verificado o crescimento acelerado de plantas aquáticas devido ao aumento de nutrientes, potenciado pelos adubos utilizados nas explorações agrícolas.
O trabalho "Eutrofización en lagos de Azores - Caracterización de la Cuenca de Siete Ciudades: Isla de S. Miguel", foi apresentado no III Simpósio espanhol sobre o controlo da degradação dos solos e da desertificação, que decorreu em Fuerteventura, arquipélago das Canárias.
(In Diário Insular)

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sexta-feira, setembro 21, 2007

Plantas arbustivas combatem a erosão dos solos

Plantas como a "faia da Terra" (Myrica faya) ou a roca de velha (Hedychium gardnerianum) podem combater a erosão dos solos. Também são uteis em ápoca de escassez de alimentos.
A luta contra a desertificação e erosão dos solos pode incluir a introdução de plantas arbustivas, que também servem como complemento na alimentação de animais. A dupla função deste tipo de plantas é explorada por Alfredo Borba, Carlos Vouzela, Oldemiro Rego e João Madruga, professores do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores que apresentaram o estudo "O papel das plantas arbustivas e outras forragens não convencinais na conservação do solo", na ilha canarina de Fuerteventura, no III Simpósio Nacional Espanhol sobre o Controlo da Degradação dos Solos e a Desertificação, que se realizou de 16 a 20 de Setembro de 2007.

De acordo com Alfredo Borba, entre as plantas e arbustos em questão estão o incenso (Pittosporum undulatum), a roca de velha, a faia da terra e o azevinho (Ilex perado), entre outras. "Não são plantas que possuam já grande expressão nos Açores, mas foram muito utilizadas no passado. Actualmente estas plantas devem ser usadas em casos específicos", disse, ressalvando que, na Região embora existam alguns solos degradados, a maioria se encontra em boas condições.

O professor da Universidade dos Açores concluiu que as plantas devem, ainda, ser apenas utilizadas como alimentação em época de falta de alimentos, podendo ser associadas a silagem ou a milho, mas não como alimento base dos animais. "Não se vai dizer que se deve utilizar essas plantas arbustivas para que os animais produzam mais, porque não é verdade. Devem sê-lo apenas em época de escassez", avança. Alfredo Borba garante, ainda, que serão realizados mais estudos sobre a utilização de arbustivas na conservação de solos.
Trata-se da primeira vez que o simpósio espanhol sobre o controlo da degradação dos solos e desertificação se realiza fora de madrid, passando este ano, para Fuerteventura, a ilha do arquipélago das Canárias que se debate com maiores problemas de erosão e desertificação. O evento conta com 150 investigadores.
A dimensão de problemas ambientais como a desertificação, alterações climáticas e perda de biodiversidade, levaram as Nações Unidas a declararem 2006 como o "Ano Internacional dos Desertos e Desertificação".
O fenómeno natural, que se relaciona com o despovoamento das zonas rurais, afecta cerca de dois biliões de pessoas no mundo, sendo que mais de um terço de Portugal está em risco de desertificação.
(In Diário Insular, Açoriano Oriental)

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quinta-feira, setembro 20, 2007

Alterações climáticas globais - Uma agenda sempre actual

Decorreu no Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, e presenciada por alunos do ensino secundário, uma palestra sobre alterações climáticas que pretendeu alertar para as preocupações prementes da climatologia. Para o docente Eduardo Brito de Azevedo do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, trata-se cada vez mais de uma questão incontornável e universal. Esta é uma discussão está na ordem do dia, enfatizou, e que não está subjacente, defendeu, a qualquer agenda política. Caso disso, está na catástrofe vivida pelos Estados Unidos da América, com a devastação levada a cabo pelo furacão Katrina, que foi referenciada pelo académico como um alertar de consciências naquele país: o furacão Katrina despoletou a política americana a inverter a sua posição nessa matéria. Porém, o poder de destruição levado a cabo por fenómenos climáticos já era previsto pelos especialistas há já algum tempo: alguns dias antes do furacão, um artigo na «Nature» já indicava que esse era um fenómeno previsível dadas as alterações da circulação termoalina, ou seja, o movimento das correntes oceânicas que redistribuem as temperaturas por todo o planeta. As evidências já estavam aí, reforçou. O aumento dos fenómenos climáticos de grande visibilidade, como os furacões, está interligado a outras variáveis que ao longo dos anos têm assumido uma cada vez maior visibilidade, como o aumento de períodos de seca, o degelo dos glaciares, etc.
Eduardo Brito de Azevedo refere que os Açores são um sítio privilegiado para o estudo da climatologia a nível global e que a partilha de estudos, e de dados relativos a este campo do saber já têm sido e estão a ser desenvolvidos, exemplificando com o projecto de medição da concentração de dióxido de carbono e de outros gases, a decorrer no cimo da ilha do Pico e na Serreta na Terceira, cujos dados são usados pelo National Oceanic & Atmospheric Administration (NOAA) ou pelos resultados do SIAM (Climate Change in Portugal) que efectua previsões do clima para o país e ilhas.
Tratando-se esta conferência de uma iniciativa inserida numa campanha dissuasora do uso de combustíveis fósseis, o especialista chama a atenção para a ligação directa entre o gases emitidos pela circulação automóvel e o aumento do efeito do estufa: se cada pessoa se libertasse, ainda que por apenas algum tempo, do uso do seu automóvel, poderia estar a contribuir individualmente para a diminuição do efeito de estufa.
À semelhança do resto do mundo, as alterações climática também vão ser sentidas nos Açores. Mais calor, chuvas mais intensas, aumento do nível do mar este é o quadro generalizado para o país e para as ilhas. As três principais variáveis: temperatura, precipitação e nível do mar sofrerão modificações no decorrer das próximas décadas. Apesar de ser a região do país que apresenta as menores alterações climáticas, os Açores vão ver aumentadas as suas temperaturas em 1 a 2 graus até final deste século. A título comparativo, existem outros pontos do no interior do país que, por exemplo, apontam para um acréscimo da temperatura que oscila entre os 5 e 6 graus. Quanto à precipitação, o cenário moderado é igual, não se prevendo grande variação anual, porém, a sua redistribuição ao longo do ano alterar-se-á, facto que fará com que as chuvas se concentrem nos meses de Inverno, projectando-se Verões mais secos. Em relação ao nível do mar, os estudos feitos apontam para um aumento de 50 cm para todo o país.
As alterações relativas do clima nos Açores tem a seu favor, referem os especialista, o papel modelador e moderador do oceano nas temperaturas insulares. Porém, ficam em alerta os perigos associados à erosão provocada pelas chuvadas fortes sobre os solos insulares, com particular destaque para o surgimento de deslizamento de terras. As secas do Verão, por seu turno, poderão trazer consequências para a ocupação em termos económicos desse solo. Com apresentação de resultados prevista para o fim deste mês, estão as previsões climáticas da Madeira que apontam para um agravamento das condições de tempo. As projecções apontam para uma grande diminuição da precipitação anual que terá impacto nos recursos hídricos. Estes são dados apurados no âmbito do SIAM (Climate Change in Portugal - Scenarios, Impacts and Adaptation Measures) que iniciado em 1999, fez uma previsão até 2100 dos cenários climáticos não só para o território nacional, como das regiões insulares.
Avaliar os impactos sobre um conjunto de sectores sócio-económicos e sistemas biofísicos tão variados como os recursos hídricos, as zonas costeiras, a agricultura, saúde humana, energia, florestas e biodiversidade e pescas foi o principal objectivo desenvolvido por diversos investigadores e instituições.

(In A União)

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quarta-feira, setembro 19, 2007

As quotas leiteiras na Europa podem ser abolidas em 2012

O Professor Tomaz Dentinho, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, explica porque razão em 2012, as quotas leiteiras na Europa podem ser abolidas.
“As quotas leiteiras podem ser abolidas em 2012”. É esta a frase da página 13 do Folha nº 7/2007 da Associação Nacional de Industriais de Lacticínios (ANIL). A informação terá sido impressa no Jornal de Notícias e faz todo o sentido. Na verdade se há um aumento generalizado da procura de leite a nível mundial, a que se associa um aumento acentuado do preço do leite, então não faz qualquer sentido limitar a produção para assegurar o nível de preços ao produtor.
Na página 3 da mesma Folha refere-se que o aumento do preço dos produtos lácteos nos mercados internacionais é impressionante. Desde o ano passado a manteiga subiu de 2500 Euros por tonelada para 3800 Euros por tonelada num aumento de mais de 50%. No mesmo período o Leite em Pó aumentou 100%, passando de 2000 Euros por tonelada em 2006 para 4000 Euros por tonelada em 2007. O soro lácteo, no mesmo período subiu de 700 Euros por tonelada para 1100 euros indicando um crescimento de cerca de 60%. As razões desde aumento generalizado no preço do leite já foram explicadas: um aumento impressionante da procura por parte da Índia e da China e a incapacidade de aumentar a oferta com o mesmo ritmo, também porque o aumento do preço dos cereais condicionou as produções mais artificializadas.
A ANIL também dá a sua explicação para os aumentos do preço do leite ao produtor, que se espera venham a aumentar ainda mais. Primeiro registou-se um recuo da produção no Continente Europeu motivado pelo aumento do preço dos factores produtivos não compensado imediatamente por um aumento do preço do leite. Segundo verifica-se uma falta de matéria-prima ao nível global havendo anúncios de mais aumentos do preço na Alemanha e na Espanha. Em terceiro lugar não tem sido possível transferir animais das zonas menos competitivas para as zonas mais competitivas devido a restrições de ordem sanitária e, finalmente, a indefinição da política comunitária está a condicionar os investimentos na produção nas zonas com mais aptidão produtiva.

Estas notícias são muito boas para os Açores. Por um lado porque é uma das regiões com mais aptidão para a produção de leite no mundo e ainda existe muita capacidade para aumentar a produção em qualidade e em quantidade. Por outro lado porque havendo falta de matéria prima na Índia e na China, e sendo o meio de transporte para esses destinos o marítimo, então os Açores passam a ser mais acessíveis do que muitas zonas do interior europeu ou americano, isto se houver sabedoria para modificar a política marítima. Finalmente porque o peso da produção de leite dos Açores face ao país passa de 25% há uns anos para 40% ou 50% dentro de pouco tempo, o que pode fazer transferir para a Região grande parte do poder da Cadeia de Valor do Leite. Isto se houver capacidade empresarial e política para o fazer.
No entanto há-de também haver aqueles que perdem poder e que se apressarão a restringir os benefícios que se podem vislumbrar para todos. Com a abolição da quota o Governo Regional perde a possibilidade da redistribuir com proveitos políticos para além de ficar com a culpa de não ter implementado o mercado da quota que facilitaria agora a transição para o fim da quota. Porque não existe mercado institucional da quota há lavradores que compraram a quota a um preço elevado e outros que a obtiveram das mãos do Governo. O que vão pensar os primeiros quando, depois de a comprarem por um preço elevado, verificarem que a sua quota não vale nada? Se tivesse havido um mercado organizado o Governo saberia quanto é que teria de compensar quando viesse o anúncio oficial da abolição da quota e esse seria uma compensação justa. Também me dá uma certa satisfação o fim da quota leiteira com o aumento do preço. Por um lado porque sempre disse que a quota era uma aberração embora estivesse muitas vezes sozinho. Mas sobretudo porque vai ser muito melhor para o desenvolvimento dos Açores.

(In A União)

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terça-feira, setembro 18, 2007

Uma história infantil sobre o cagarro - A andorinha dos Açores

Foi lançada ao público, no Museu dos Baleeiros das Lajes do Pico, pelo que se conhece, a primeira “História Infantil Açoriana” dedicada ao Cagarro, uma espécie emblemática do Arquipélago.
De acordo com Félix Rodrigues, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, autor do prefácio do livro e palestrante na sessão de lançamento, no continente a Primavera é anunciada com a chegada das andorinhas, vindas dos Sul, nos Açores é o cagarro que desempenha esse papel.

Numa sala completamente cheia de adultos, foi apresentada a História do Zeca Garro, da autoria de Filipe Lopes e Carla Goulart Silva, com ilustrações de Bernardo Carvalho, que pretende sensibilizar os mais novos para a preservação de uma espécie onde a maioria da população mundial nidifica no Arquipélago dos Açores.
Num mundo humano, onde a ética escassa, há necessidade de defender valores ambientais. O livro fá-lo com muita criatividade.
Félix Rodrigues pretendeu dar, na apresentação do livro, uma projecção ética, etnográfica, identitária e artística à subespécie Calonetris diomedea borialis (O Cagarro), estabelecendo paralelismos entre o comportamento da ave e o comportamento humano.
A História do Zeca Garro é o primeiro volume da colecção "Histórias em Erupção", uma parceria d'Os Montanheiros e da Editora “O Contador de Histórias”.
A História do Zeca Garro é também, de acordo com Félix Rodrigues, um conto para adultos que saibam ler nas entrelinhas. De facto, no lançamento os adultos presentes estavam tão entusiasmados com a história como qualquer criança em fase de fabulação.
A dimensão nacional das obras do “Contador de Histórias”, ajudará também certamente a promover o arquipélago uma vez que pode despertar a curiosidade tanto em crianças como em adultos em conhecer a ave e o Arquipélago. A confirmá-lo está o facto dessa história ser apresentada nas Comemorações do 10º aniversário do grupo “O Contador de Histórias”, na Sexta-feira, 21 de Setembro de 2007, pelas 21h00 na Casa dos Cubos em Tomar.
De acordo com Félix Rodrigues, o livro tem tudo para ser um sucesso: por ser agradável transvestirmo-nos de ave fora do Carnaval e regredirmos à infância mesmo estando noutros estádios de desenvolvimento cognitivo.


(In Diário Insular e Azores Digital)

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sábado, setembro 15, 2007

Dados meteorológicos digitalizados e disponíveis on-line

Os dados meteorológicos existentes nos Açores desde que começaram a ser realizadas leituras sistemáticas nos observatórios de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta vão ser digitalizados e disponíveis em rede, no âmbito do projecto CLIMAAT do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.

Os elementos ficam salvaguardados em suporte digital, para além de ficarem disponíveis on-line para quem quiser trabalhá-los, ou apenas, realizar consultas por curiosidade.

Para já, estão a ser digitalizadas as sáries de observação meteorológica existentes desde 1992 no Observatório José Agostinho, de Angra do Heroísmo.
A seguir serão introduzidos os dados de Ponta Delgada e Horta.
Brito de Azevedo, responsável pelo projecto CLIMAAT, afirma que quando todos os dados estiverem disponíveis on-line será possível, através do cruzamento de elementos, perceber melhor a vida colectiva desde o início do século XX, não apenas no que diz respeito ao clima em si, mas em todas as situações em que o clima teve influência.
A história da meteorologia na Região Açores é muito rica. A melhor série estatística em Portugal é a do Observatório D. Luís, em Lisboa, mas a segunda melhor, refere Brito de Azevedo, é a que existe nos observatórios açorianos.
O grande impulsionador da meteorologia nos Açores foi o Rei D. Carlos, cujo interesse pela ciência é bem conhecido.

(In Diário Insular)

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Biodiversidade insular: raridades e pseudo-raridades

O Professor Paulo A. V. Borges do Departamento de Ciências Agrárias (CITA-A; Universidade dos Açores) proferiu uma palestra no conceituado Center of Population Biology do Imperial College of London (Universidade de Londres), cujo tema foi a raridade dos insectos e aranhas dos Açores: "Insect and spider rarity in the Azores: true rare and pseudo-rare species".
A biodiversidade insular tem grande relevância na conservação da natureza e é uma componente importante da biodiversidade mundial.

Essa comunicação assumiu particular relevância porque ocorreu na altura em que a IUCN - "The World Conservation Union" apresentava a Lista vermelha de espécies ameaçadas, em 2007.
Actualmente são 41 415 as espécies constantes na Lista Vermelha da IUCN, e destas, 16 306 estão ameaçadas de extinção, mais 188 espécies do que no ano transacto.
De acordo com a classificação da IUCN, o gorila ocidental, por exemplo, passa da categoria de ameaçado para a categoria de criticamente ameaçado. A população dessa espécie reduziu-se de 60% nos últimos 20 a 25 anos. O orangotango de Sumatra continua criticamente ameaçado e entra na categoria de ameaçado o orangotango de Bornéu.
Entram pela primeira vez na Lista Vermelha espécies de corais, nas categorias de criticamente ameaçados e vulneráveis.
Na lista vermelha de 2007 entram novas espécies, de praticamente todos os maiores grupos taxonómicos.

(In Azores Digital)

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Recursos, Desenvolvimento e Ordenamento

O tema do congresso deste ano da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional é "Recursos, Desenvolvimento e Ordenamento". Não é grande novidade para a actual gíria política mas isso constitui uma das características da Ciência Regional, que vai andando atrás dos temas que os políticos e os jornalistas acham por bem tratar. E como o local do Congresso vai mudando de ano para ano, também se regista uma adaptação dos temas às agendas mais locais. É assim que o ano passado se tratou mais do turismo quando o Congresso foi no Algarve. É desta forma que actualmente há uma preocupação com o ordenamento de um espaço do noroeste do país que parece cada vez mais desordenado. É nesta senda que se está à espera de dialogar com as autoridades regionais e locais das ilhas dos Açores para que os temas do próximo congresso sirvam a ciência regional em geral mas o desenvolvimento regional das ilhas, por Estarmos no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
João Paulo Barbosa de Melo no discurso de abertura da reunião da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional deu conta das realizações e anseios da APDR: Organiza um Congresso anual, tem uma revista científica, várias edições de livros e compêndios, umas centenas de sócios e o anseio, cada vez mais realizado, de ser um parceiro de consulta em termos de intervenção pública.

Paul Cheshire, presidente da Associação Europeia para a Ciência Regional (ERSA), reportou também as realizações e anseios da ERSA. A grande novidade é que foi decidido avançar para uma organização profissional dos Congressos Anuais. A sede ficou em Louvain-la-Neuve. Está perto de Bruxelas e é através da União Europeia que é possível difundir o saber que se vai criando. A ideia é ter uma memória institucional que dê mais tempo aos investigadores e concentre recursos, naturalmente no centro. Essa memória institucional também pode ser transferida para os Cursos de Verão que leccionarão temas avançados para alunos de doutoramento durante dez anos. Na primeira sessão plenária houve três oradores. Vale a pena pegar no que disse Álvaro Domingues que apresentou o seu livro de fotografias "Cidade e Democracia" sobre ordenamento e desordenamento do território português. Disse que os territórios da urbanização não são apenas uma ampliação dos modelos urbanos antigos mas sim o resultado de uma nova ordem urbana onde a perda do centro, a perda da forma e a perda do limite tem provocado uma desconexão entre o conceito e a realidade. A cidade que conhecíamos é texto, linear, sequencial e ordenada para a nossa estrutura mental. O urbano, que as fotografias da "Cidade e Democracia" nos mostram, é hipertexto, e obriga-nos a um re-arranjo mental, não linear e fragmentado em que os escritores são também os leitores, correspondendo portanto a inúmeras cidades no mesmo espaço. Uma das imagens desta nova realidade é que o centro de acesso, de poder e de aglomeração deixaram de estar no mesmo local o que corresponde à aparente desarticulação da cidade.

Há questões que se colocam nesse debate: Será que estamos a criar coisas e cidades às quais não sabemos dar nome? Será que "A cidade e democracia" revela uma falha da democracia em que aquilo que as pessoas querem colectivamente não corresponde ao que fazem? Será que, com excesso de dinheiro público, nos apoiámos demais na política e na engenharia e nos esquecemos da reacção das pessoas e dos sítios?

(Prof. Tomaz Dentinho em A União)

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sexta-feira, setembro 14, 2007

Dia sem carros - Semana da Mobilidade

A Semana Europeia da Mobilidade e o Dia Sem Carros são assinalados de 16 a 22 de Setembro em Angra do Heroísmo, com actividades lúdicas e uma conferência, anunciou ontem a Câmara Municipal.
Em conferência de imprensa, o presidente da autarquia angrense, José Pedro Cardoso, adiantou que as iniciativas visam sensibilizar a população e demonstrar que "uma localidade ultraperiférica pode contribuir para a preservação do ambiente". As comemorações "não devem ser sinónimo de uma cidade deserta, mas uma ocasião para as pessoas perceberem as vantagens de andar a pé no centro histórico", além de pretenderem sensibilizar a população "para o alargamento da cidade sem automóveis a outros períodos do ano", sublinhou o autarca.

José Pedro Cardoso admitiu, porém, que encerrar definitivamente algumas artérias da cidade ao trânsito rodoviário "é praticamente impossível", pelo facto de "a cidade não ser plana", o que dificulta a circulação pedonal, particularmente aos idosos. Nesse sentido, o autarca defendeu "um aumento gradual" da circulação dos mini-autocarros gratuitos, a funcionar desde 1999, "ano em que eram transportados, em média, 20 mil passageiros mensalmente". Actualmente, acrescentou José Pedro Cardoso, "a média mensal de passageiros é já superior a 100 mil pessoas".
As comemorações prevêem a realização de corridas de carros de ladeira, provas de atletismo, passeios pelos jardins com explicações históricas e científicas, desfiles com as bicicletas "mais originais" e de moda. Estão igualmente previstas diversas actividades musicais e lúdicas, incluindo a actuação de palhaços para as crianças das escolas, que foram convidadas a animar o centro histórico.
Na próxima segunda-feira decorre uma conferência sobre "Alterações Climáticas", proferida pelo professor universitário Eduardo Brito Azevedo, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.

Ponta Delgada também adere à Semana Europeia da Mobilidade e assinala no domingo o "Dia Sem Carros", encerrando durante a tarde a avenida marginal à circulação automóvel.
Segundo divulgou ontem a autarquia, na Avenida Infante D. Henrique, uma das principais vias de circulação da cidade, vão ser também realizadas várias actividades, nomeadamente passeios gratuitos de carruagem e de carros de pedais.
Estão ainda previstas várias actividades lúdicas para as crianças, a par da actuação do grupo de música tradicional da Casa do Povo de Alperinha, do concelho do Fundão, adiantou a Câmara.
(In A União)

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Curso Internacional de Vulcanologia das Ilhas Atlânticas em Lanzarote

Vários investigadores Açorianos participaram como formadores no CURSO INTERNACIONAL DE VULCANOLOGIA DAS ILHAS ATLÂNTICAS, que se realizou na ilha de Lanzarote (Canárias). Tratou-se de organização da Casa dos Vulcões de Lanzarote, e reuniu cerca de 40 formandos, entre guias turísticos, alunos universitários, guardas da natureza e outros interessados. Há pelo menos duas décadas que o Município de Lanzarote organiza, no Verão, formações desta natureza.
Os investigadores Açorianos envolvidos foram o Prof. Paulo A. V. Borges do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, que proferiu uma Lição sobre “Padrões e gestão da Biodiversidade dos Açores” salientando a importância dos habitats vulcânicos na biodiversidade da Macaronésia, a Profª. Zilda França do Departamento de Geociências da Universidade dos Açores, que proferiu palestras sobre o Vulcanismo dos Açores e comentou um filme sobre o “Vulcão dos Capelinhos” que agora comemora os seus 50 anos, e finalmente o Dr. J. Paulos Bruno Director do Museu de Angra do Heroísmo que proferiu uma palestra sobre a Arquitectura Açoriana e o Vulcanismo.
No evento foram lançados vários livros, nomeadamente: “Los volcanes de Canarias y Azores”, de Vicente Araña e Zilda Franca; “Lanzarote, Casa de los Volcanes”, de Vicente Araña e Luis Pascual González, e a colecção “Litotipos de Canárias”, uma obra composta que apresenta as rochas das Canárias para as quais existe um ficha informativa destinada ao público em geral.
Essas publicações foram financiadas pelo projecto INTERREG B da União Europeia e com o apoio do Consejo Superior de Investigaciones Científicas Espanhol.
(In Açoriano Oriental)

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quarta-feira, setembro 12, 2007

Mitigação das Alterações Climáticas Globais nos Açores

O ordenamento do território será a chave para que os Açores possam enfrentar os efeitos das alterações climáticas previstas para os próximos anos. A certeza parte do professor universitário Eduardo Brito de Azevedo, responsável pelo projecto CLIMAAT, afecto ao Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores. As declarações surgem a propósito do relatório sobre as regiões ultraperiféricas que a Comissão Europeia divulgou ontem (e que dá ênfase às alterações do clima como preocupação para o futuro das regiões insulares europeias, caso dos Açores), o académico e investigador explica que é “fundamental a região não comprometer o interior das ilhas”. “Um dos efeitos mais preocupantes ao nível das alterações climáticas nos açores prende-se com os seus recursos hídricos. Prevê-se uma maior frequência de tempestades, uma maior irregularidade da precipitação e a concentração da pluviosidade em períodos específicos. Ora, sabendo-se que, as ilhas têm pouca retenção hídrica, e que as recargas surgem no seu interior, é fundamental que encontremos modelos de desenvolvimento que concentrem as populações no litoral, libertando o interior para que a água siga o seu ciclo natural”, explica Brito de Azevedo, questionado quanto à forma como os Açores poderão enfrentar os efeitos previstos das alterações no clima mundial. “A isto” - adianta o investigador - “deve juntar-se uma gestão equilibrada dos nossos recursos”. “É importante, acima de tudo, que estudemos a nossa realidade, e que os nossos modelos de desenvolvimento se adeqúem a ela. Não devemos importar modelos testados noutros locais, que foram criados em função das condições desses mesmos locais”, sublinha o investigador. Eduardo Brito de Azevedo reconhece que as ilhas são os locais “mais vulneráveis às alterações do clima”, daí não se espantar com as preocupações de Bruxelas para com o efeito das alterações climáticas nas regiões ultraperiféricas. “Do mesmo modo, a aposta numa política marítima europeia é reflexo de que a União Europeia já percebeu uma das principais potencialidades dessas zonas, ou seja, o mar. Além disso, Bruxelas sabe também que as regiões ultraperiféricas lhe garantem a dimensão marítima, “importante para a salvaguarda da sua soberania” e do seu papel enquanto actor atlântico. A Comissão Europeia revelou, ontem, um relatório sobre as principais preocupações no futuro nas regiões ultraperiféricas que de seguida se resume.
O Impacto das alterações climatéricas e política marítima europeia são duas orientações que ressaltam do documento.
As novas orientações da Comissão Europeia para os Açores e Madeira, enquanto regiões ultraperiféricas (RUP), incluem a luta contra alterações climáticas e a política marítima europeia, segundo o documento divulgado, em Bruxelas.
O relatório, a que a Agência Lusa teve acesso, faz um balanço positivo de três anos de ajudas comunitárias às RUP, para compensar os custos excessivos ligados à sua situação geográfica e difícil acesso, e adopta novas áreas a apoia.

Por outro lado, adopta novas orientações para o período 2007-2013, ao mesmo tempo que lança um debate com as Instituições Europeias, os Estados-membros, as autoridades regionais, o sector da investigação e os círculos académicos.
Em relação à política marítima europeia, que está em debate e deverá ser adoptada ainda durante a presidência portuguesa da União Europeia, Bruxelas considera que a posição geográfica das RUP - oceanos Atlântico e Índico e mar das Caraíbas - dá à União Europeia (UE) uma dimensão marítima global.
Por outro lado, a Comissão Europeia considera que as RUP desempenham um papel importante no sector marítimo da UE, dado que são muito dependentes da sua relação com o mar.
Em relação às alterações climáticas, esta é uma questão prioritária nas ilhas, dada a sua vulnerabilidade aos efeitos do aquecimento global, como a subida do nível das águas do mar.
A ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos, como furacões, ciclones, seca ou inundações, é também alvo de preocupação, nomeadamente nos campos da monitorização e resposta a situações de catástrofe.
A estas medidas acrescem ainda a gestão das migrações - sendo as ilhas Canárias muito afectadas pela imigração ilegal - e as alterações demográficas.
Ao todo são sete regiões comunitárias - Madeira, Açores, Canárias (Espanha) e Guadalupe, Guiana, Martinica e Reunião (França) - que beneficiam de um programa específico de compensação, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder), no quadro das perspectivas financeiras de 2007-2013 e com base na competitividade, acessibilidade e inserção regional.
Os Açores irão receber, até 2013, 966,3 milhões de euros do Programa Operacional do Feder, a que acrescem 190 milhões do Fundo Social Europeu.
A Madeira receberá, respectivamente, 320,5 milhões e 125 milhões de euros.
(In Diário Insular)

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Encontro com a Resistência Iraniana em Paris

O Prof. Tomaz Dentinho, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores esteve recentemente em Paris, onde se encontrou com a resistência Iraniana.
Neste post é relatada essa experiência:
"Quando visitei Ashraf no Iraque, os iranianos aí residentes não se cansaram de me pedir para dar cumprimentos a Madame Rajavi, líder da resistência iraniana, que reside a cerca de uma hora do centro de Paris. Por intermédio do Deputado Europeu Paulo Casaca consegui marcar um encontro e, conforme combinado, às 9H45m de sábado, dois elementos da resistência iraniana levaram-me num bom carro desde a Gare de Lyon até as terras do Oise.
A conversa à ida foi muito afável intercortada com algumas chamadas de telemóvel. No entanto, no retorno, a conversa acabou por ser mais pessoal denotando a confiança acrescida de gente que, sendo diferente, se conhece melhor porque fala directo e com verdade. Foi, de facto, um encontro muito interessante, não só porque conheci melhor a resistência iraniana mas também porque me foi dada a possibilidade para transmitir aquilo que penso do pouco contacto que tive com o movimento em Ashraf e por alguns livros e artigos que li sobre o médio oriente. A segurança do local é feita naturalmente pela polícia francesa. Há chegada recebem-me numa tenda tão bem arranjada que, de dentro, parece uma sala de um hotel de luxo. Dou um aperto de mão aos homens e retribuo uma ligeira vénia às senhoras, como é costume nos países muçulmanos. Conversamos primeiro sentados numas cadeira do tipo “senhorinhas”, acompanhados de um sumo de laranja magnífico e, depois de uma meia hora de conversa, num almoço tradicional iraniano esplêndido. Foram duas horas de diálogo muito civilizado onde me apercebi da diferença entre os quatro mil anos de civilização iraniana e os dois mil anos de civilização lusitana. Pena é que, quem tem duzentos anos de civilização não se aperceba das civilizações que quer destruir porque não as entende ou não as respeita.

Disse que era monáquico e católico. Disse-me que, depois da ditadura monárquica do Xá e da ditadura teocrática dos Mullahs, a resistência iraniana era democrática e moderna, que aceitaria num futuro parlamento iraniano todos as tendências políticas com excepção dos monárquicos e dos teocráticos. Perguntei como seria possível estabelecer uma democracia moderna num país muçulmano e chiita sem ou contra a estrutura clerical dos mullahs. Respondeu, com sabedoria, que tudo isso ficaria clarificado com simplicidade uma vez que se aceitasse a separação entre as religiões e o Estado. Questionei se não haveria o risco de que, depois da queda do regime dos mullahs, se seguisse um outro qualquer regime também ditatorial, da mesma forma como à queda da ditadura monárquica do Xá se seguiu a ditadura teocrática dos mullahs. Respondeu que a resistência iraniana não pretende condenar ninguém depois da queda do regime dos mullahs e que pedirá aos tribunais internacionais para julgar os crimes que têm sido feitos contra a humanidade e que têm sido reportados pela comunicação social. Expressei o meu profundo desconforto e indignação face às imolações de resistentes iranianos de que temos notícia. Com cuidado Madame Maryam Rajavi explicou que o suicídio é considerado pecado mortal pelo religião islâmica e que as imolações que ocorreram se deveram ao pavor das torturas, ao medo da pressão exercida sobre os familiares ou ao receio de deportação de França para o Irão, via um qualquer país terceiro, aquando do ataque autorizado por Jacques Chirac às residências dos resistentes iranianos em França, por pressão económica do regime iraniano. Falei-lhe das bombas colocadas contra o Governo Iraniano, reportadas por Robert Fisk no livro “A conquista do Médio Oriente”. Disseram-me que esses atentados e outros feitos contra cidadãos americanos não foram feitos pela resistência mas que marxistas se apropriaram do nome dos Mujahedim em meados dos anos setenta quando Massoud Rajavi esteve preso e o movimento estava praticamente dizimado. Terminámos dizendo que iriamos rezar pelo povo iraniano.".

(In A União)

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terça-feira, setembro 11, 2007

Açorianos colocam valores ambientais em primeiro lugar

Dois em cada três dos açorianos colocam os valores ambientais acima do que as professoras Emiliana Silva e Rosalina Gabriel, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, classificam como "visão antropocêntrica", valorizando a protecção do ambiente face a elementos como o consumismo ou a criação de empreendimentos que possam agredir a natureza.
A percentagem de açorianos que colocam o ambiente em primeiro lugar é de 61 por cento, com uma maior incidência na camada mais jovem, avançam as autoras do inquérito. Deste modo, concluem que "as atitudes dos açorianos estão em concordância com o Novo Paradigma Ambiental".
O estudo "Growing Up: An Environmental Challenge after 45 years old" (Crescer: Um desafio ambiental após os 45 anos de idade) baseou-se num inquérito realizado a 600 habitantes do arquipélago, divididos entre Terceira e São Miguel. O estudo englobou indivíduos dos 18 anos de idade até aos mais de 45 anos e foi realizado em Fevereiro e Março de 2005.
Os resultados foram apresentados pelas autoras na conferência Internacional, intitulada "Sustainavility in Pratice", realizada em Londres.
(In Diário Insular)

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segunda-feira, setembro 10, 2007

Uma possível biofábrica nos Açores para combate pela técnica de machos estéreis

Construir uma biofábrica nos Açores não seria económicamente viável. A opinião é do professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, David Horta Lopes, após o também professor do mesmo departamento, Félix Rodrigues, ter avançado que a Região "passou ao lado" da oportunidade de ter uma biofábrica na década de noventa.
Recorde-se que as declarações de Félix Rodrigues surgiram depois de ter sido noticiado que fora feito um teste de dispersão, nos Biscoitos, com moscas criadas na biofábrica madeirense, no âmbito do programa INTERFRUTA, coordenado por Horta Lopes.

Segundo David Horta Lopes, os insectos utilizados no teste foram adquiridos gratuitamente, tendo sido apenas paga a deslocação de um técnico até à Terceira.
Recorde-se que o INTERFRUTA tem um orçamento global de 513 237,94 euros.
Além disso, adianta Horta Lopes, mesmo que as moscas tivessem sido pagas, o valor não ultrapassaria os 20 euros. "Tratando-se de 50 mil moscas, estamos a falar de um preço muito baixo. Por isso considero que uma biofábrica na Região não seria rentável. Construir as instalações e, depois, encontrar o mercado para mantê-la e o pessoal qualificado que seria necessário, não seria provável", sustenta.
"Provavelmente, chegar-se-ia à conclusão que esse projecto não faz sentido nos Açores. Já aquando da construção da biofábrica da Madeira existiram sérias dúvidas sobre a viabilidade do projecto. Pode, isso sim, ser estabelecido um protocolo com vista a que a Região possa continuar a ter acesso a esses insectos", reforça.
Entretanto, Félix Rodrigues já adiantou que a alegada não viabilidade económica de uma biofábrica desta natureza no arquipélago esteve, de facto, na base do projecto ter sido chumbado em 1992. Ainda assim, o professor volta a sublinhar que o argumento não é sólido, porque se é rentavel na Madeira também o seria aqui.".
"É preciso ver o espaço de tempo que se dá a um projecto para que ele prove ser viável. Se o prazo é de cinco anos, é demasiado curto, mas se for de vinte, o cenário já seria bem diferente".
Horta Lopes contesta ainda o facto de, como adiantado por Félix Rodrigues, a técnica de esterilização de insectos ser "especialmente eficaz" com espécies monogâmicas. "Pode-se fazê-lo com poligâmicas, apenas é necessário aumentar o número de insectos largados", afirma.

(In Diário Insular)

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Biofábrica para combater pragas pela técnica do macho estéril

Na década de 90, os Açores "passaram ao lado" da criação de uma biofrábrica. Hoje realizam-se testes recorrendo a insectos da Madeira.
O projecto pensado pelo professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Félix Rodrigues, foi chumbado pelo Governo Regional em 1992.
Uma biofábrica trabalha na produção de insectos que são esterilizados por radiação gama e posteriormente lançados no terreno com vista a combater pragas como a mosca da fruta ou o escaravelho japonês.
"Na década de 90 pensamos nesse projecto, da criação de uma biofábrica, que serviria não só a Região Açores como toda a Região da Macaronésia. Nesse sentido a Região passou ao lado da oportunidade de criar mais postos de trabalho e também de ganhar projecção internacional, bem como de implementar técnicas de esterilização que ajudassem no combate a pragas que chegassem ao Arquipélago ou que já cá existissem, como a mosca da fruta ", recorda o professor Félix Rodrigues.
Em relação à ideia que "chegou cedo de mais", Félix Rodrigues considera que , actualmente, não faz qualquer sentido criar uma biofábrica e tentar competir com a já criada no Arquipélago da Madeira.
"A ser criada, essa biofábrica faria sentido e seria rentável se servisse um território mais vasto. Para além dos Açores. É uma oportunidade definitivamente perdida.", adianta.
As declarações de Félix Rodrigues surgem após a realização de um teste da Universidade dos Açores, que lançou moscas do Mediterrâneo (Ceratitis capitata) num pomar dos Biscoitos na ilha Terceira, adquiridas na biofábrica da Madeira.
O teste realizado na zona da Cancela representou a terceira tentativa feita pelos especialistas da Universidade dos Açores, acompanhados por membros da biofábrica da Madeira.
O objectivo é estudar métodos de combate à praga da mosca da fruta, sendo que o teste realizado no ano anterior, na mesma zona, "não foi muito conclusivo" avançou o responsável pelo projecto INTERFRUTA, também docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, David Horta Lopes.
Quanto à eficácia da utilização das moscas estéreis no combate à mosca da fruta, Félix Rodrigues avança que os testes realizados nos Estados Unidos da América já provaram fornecer resultados positivos com outra espécie de mosca, que representava uma praga junto das explorações bovinas, visto depositar as suas larvas sob a pele dos animais. Além disso, refere que existem estudos recentes que apontam no sentido de existir uma elevada eficácia no combate à mosca da fruta (mosca do Mediterrâneo-Ceratitis capitata).
Já em relação ao escaravelho japonês (Popillia japonica), Félix Rodrigues avança que o combate através da esterilização da espécie se reveste de contornos mais complexos. "Como se trata de uma espécie poligâmica, em que a fêmea copula com vários machos, o facto de alguns machos serem inférteis não representa uma diminuição drástica da praga", explica o investigador universitário, salientando no entanto que "visto que se se faziam capturas de escaravelhos, esses podiam ser irradiados e largados outra vez no terreno. Não se iria traduzir na erradicação da praga, mas ajudaria a combatê-la".
Na MadeiraMed, a biofábrica criada na Camacha, produzem-se diáriamente perto de cinco milhões de moscas do mediterrâneo, a maior praga que afecta a fruticultura a nível mundial.
Com a produção semanal de 50 milhões de moscas, a biofábrica aposta na técnica do insecto estéril, que permite o controlo de pragas sem o recurso a pesticidas, numa prática que o professor Félix Rodrigues classifica como "ambientalmente amigável".
O Programa MadeiraMed utiliza normalmente a largada de moscas por via aérea. Através da técnica, o projecto madeirense pretende descer os níveis de infestação para dois por cento em dez espécies frutícolas.
Félix Rodrigues explica que as biofábricas trabalham na produção de insectos, neste caso em concreto moscas, que são sujeitas a radiação gama que os torna estéreis. Os insectos são posteriormente vendidos e lançados no terreno. "Especialmente em espécies monogâmicas, esta é uma técnica eficaz. Visto que os machos se tornam estéreis, mas não perdem o apetite sexual, indo competir pela fêmea, com os machos não estéreis. Isso faz com que a praga se reduza drásticamente.".

(In Diário Insular)

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domingo, setembro 09, 2007

Vacas em fase de gestação são abatidas

Um estudo do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores denuncia o abate de vacas em fase de gestação, com vista à obtenção de compensações económicas. A lavoura confirma.
Segundo uma tese de Mestrado em Produção animal, da autoria de Oihane Abaurrea, esta prática visa "obter compensações económicas nas carcaças, aumentando o peso e a quantidade de gordura das mesmas".
O trabalho sublinha, no entanto, que "o abate de animais gestantes gera polémica junto da opinião pública, visto que muitos se encontram no último terço de gestação, com fetos muito desenvolvidos sendo praticamente vitelos prontos a nascerem".
"Para além de mais, existe o agravante do stress do maneio ante-mortem desses animais que inclui o transporte ao matadouro e a estadia nas abegoarias durante o período de repouso", acrescenta.
A investigação aponta também para eventuais problemas para a saúde pública, devido à presença de uma elevada concentração de hormonas no organismo do animal nesta fase fisiológica.
Considera, assim, "imperativa a redacção de uma legislação que limite ou evite este tipo de abates", salientando já existir, no entanto, uma legislação em vigor relativa ao transporte dos bovinos gestantes nesta fase final de gestação - O Decreto-Lei nº 294/98, que prevê que "as fêmeas que devam parir no período correspondente ao transporte não deverão ser aptas para serem transportadas".
O Presidente da Associação Agrícola da Ilha Terceira assumiu que esta é uma "prática corrente" entre os produtores de carne, uma vez que, de contrário, "a vaca não toma corpo e a sua classificação é baixíssima". Paulo Ferreira sublina, no entanto, que a maioria dos produtores opta por abater animais apenas durante a "pequena gestação", ou seja, até meio da gestação.
O responsável sustenta, por outro lado, que esperar até ao nascimento do vitelo para realizar o abate trarias "custos elevados para o lavrador, que teria uma vaca três ou quatro meses só a comer sem produzir".
Em relação ao eventual perigo para a saúde pública, Paulo Ferreira referiu que, "segundo os talhantes, a carne, até é melhor".
O Director do Matadouro da Ilha Terceira, Pedro Correia, preferiu não prestar declarações, alegando desconhecer o estudo em causa.

(In Diário Insular)

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Combate à Ceratitis capitata (mosca da fruta) pela técnica do macho estéril

Esta é a terceira vez que os especialistas da Universidade dos Açores (UA), acompanhados por representantes da Biofábrica da Madeira (programa Madeira-Med), executam esse trabalho na ilha Terceira.
O professor David João Horta Lopes, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, referiu que este projecto foi prorrogado e vai estender-se até Junho de 2008, o que permitiu a realização do teste de dispersão, já que experiências anteriores haviam resultado na junção das moscas esterilizadas com as selvagens e com resultados muito positivos.
O que se pretende, para já, afirma Horta Lopes, “não é combater a praga de moscas, para já, mas sim testar como forma de combater a praga, através do estudo do comportamento de dispersão, após a largada das moscas esterilizadas”.

Disse ainda que, no ano passado, os resultados das experiências “não foram muito conclusivos” na zona dos Biscoitos.
Este ano a decisão foi a de efectuar um teste de dispersão nos Biscoitos, e outro em zona urbana, que decorre hoje quase no centro da cidade de Angra do Heroísmo, numa área onde se desenvolvem bananeiras, acima do Jardim Duque da Terceira.
Ainda de acordo com Horta Lopes, o facto de os resultados, no ano passado, não terem sido conclusivos deveu-se ao facto de as moscas utilizadas não estarem em muito boas condições, porque são produzidas na Madeira. “As moscas quando eclodiram não tiveram o comportamento que se esperava e desejava”, disse.
Por outro lado, adianta que, no ano passado, a meteorologia também não ajudou, pelo que as moscas se concentraram, não tendo havido praticamente a desejada dispersão, pelo que não se movimentaram no interior do pomar como seria necessário.
Este ano, o teste teve como novidade o tratamento nas zonas urbanas, porque nessas zonas qualquer pessoa tem o seu pomar no quintal e são atacados pela mosca da fruta e, por isso, a ideia de efectuar o teste em zona urbana visa não apenas as zonas de produção, mas também em áreas de habitação, como os quintais, com a finalidade de se tentar abolir os pesticidas.
Horta Lopes disse ainda que o teste efectuado no ano passado na zona das Bicas de Cabo verde, na periferia da cidade de Angra do Heroísmo, obteve resultados excelentes, permitindo aos cientistas concluírem que “há uma tendência de procura de refúgio das moscas, após a libertação, tendo percorrido o pomar, pelo que o teste “funcionou belissimamente bem”.
No que se refere às experiências realizadas em laboratório, neste caso, em jaulas no campo, a fim de tentar verificar a percentagem de acasalamentos entre os machos esterilizados e as fêmeas selvagens, os resultados foram muito positivos, permitindo concluir que as moscas esterilizadas produzidas na Madeira funcionam nas condições meteorológicas dos Açores.
Nos próximos dias serão conhecidos os resultados deste trabalho.

(In Diário Insular)

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sábado, setembro 08, 2007

Um enorme buraco no Universo

Há muitos anos que os astrónomos sabem que há regiões do Universo completamente desertas de matéria e energia, sendo um desses locais nosso vizinho, ou seja, a apenas dois milhões de anos-luz afastado de nós. O que é novidade, é a descoberta feita por um grupo de astrónomos da Universidade do Minnesota que encontram um buraco muito maior do que alguma vez se tinha pensado, mil vezes superior, em volume, aos vazios até agora observados. O buraco tem um diâmetro de biliões de anos-luz.
Perceber o Universo é de facto uma das grandes aspirações da humanidade, daí que, numa tentativa de valorizar esses trabalhos, a Comissão Nobel Sueca decidiu atribuir o Prémio Nobel da Física, em 2006, em partes iguais, a John Mather & George Smoot pela “descoberta da anisotropia da radiação cósmica de fundo, na zona do dos micro-ondas". Trata-se assim de mais um prémio Nobel atribuído a astrofísicos.
Na astrofísica, de acordo com o Prof. Miguel Ferreira, docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores e doutorado em astrofísica, “continuamos, ainda hoje a perguntar-nos: Qual a origem do Universo?
A cosmologia foi, até há pouco tempo, apenas uma área de análise filosófica, procurando responder a questões como:–O Universo é infinito ou finito?
–Existe desde sempre ou teve um início?
–Existirá para sempre ou terá um fim?
Ainda continuam a existir questões metafísicas, como:
Se o Universo teve um início, o que existia antes?
A cosmologia é, ainda hoje, uma ciência experimental e em rápida evolução, tendo ainda muitas questões para investigar, como:
-O Universo é em grande parte constituído por algo desconhecido;
-O modelo do Big-Bang não responde a diversas questões
- teorias de inflação, defeitos topológicos, variação das constantes da natureza e dimensões extra, e,
-A interacção entre cosmologia e física de partículas será fundamental para compreender a natureza da matéria e energia escura do Universo.
Os buracos no Universo, de acordo com os astrónomos responsáveis por essa descoberta, formaram-se, provavelmente quando existiam no Universo regiões extremamente densas e outras muito pouco densas em matéria, há cerca de 13 biliões de anos atrás.
Pode-se dizer que esta descoberta é incrivelmente importante por se ter encontrado um local no Universo que não tem absolutamente nada dentro.
(In Diário Insular)

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sexta-feira, setembro 07, 2007

Combate químico ao escaravelho japonês será pontual

David Horta Lopes, Professor do Departamento de Ciências Agrárias afirma que o combate químico ao escaravelho japonês, nos Açores, será pontual.
Diário Insular (DI)- Está em curso uma nova bordagem ao escaravelho japonês, que passa pela conjugação da luta biológica e química. Já se sabe que os químicos a utilizar levantam algumas dúvidas de segurança. Qual a sua opinião sobre o modelo?

David Horta Lopes (HL)- O modelo que passa pela aplicação de pesticidas é essencial para tentar erradicar focos de insfestação detectados. A combinação com meios de luta biológica é desejável, mas os seus resultados são mais a médio e longo prazo. As dúvidas de segurança não as percebo, porque não se trata de uma aplicação generalizada, mas sim muito pontual e localizada, quer no espaço quer no tempo. E os produtos a utilizar são, na minha opinião, os mais adequados face à disponibilidade deste tipo de produtos no mercado comercial. Para mais, qualquer aplicação destas, no caso do escaravelho japonês, teve de passar a apreciação e autorização de organismos a nível nacional com essa competência e que são rigorosos nessas autorizações de utilização.

DI- Nos anos oitenta e noventa foram utilizados no combate ao escaravelho japonês produtos conhecidos como potenciadores de cancro e com meia vida longa no ambiente. Que consequências dessa acção podem suportar a actual e próximas gerações?

HL- Penso que se refere ao carbaril. Foram analisados os resíduos dos seus metabolitos na água dos bebedouros, água de consumo, erva, leite e fígado dos animais em pastoreio em zonas onde se realizaram as campanhas de pulverização aérea e nada foi, tanto quanto eu tenho conhecimento, detectado a níveis que possam indiciar esse perigo.

DI- Como foi possível deixar o escaravelho expandir-se tanto, quando no momento da detecção o núcleo existente, na ilha Terceira, estava bem delemitado?

HL- É uma questão que terá que colocar aos responsáveis pela política agrícola e fitossanitária da região. A Universidade dos Açores deu o seu contributo para um melhor conhecimento desta praga, cumprindo assim o seu papel. Contribuiu com os seus estudos para cessar as pulverizações aéreas, face à sua pouca eficácia, por exemplo. De certeza que não foi por falta de medidas apontadas pelos diversos investigadores da UA para contrariar essa expansão.....

DI- Como aconteceu a introdução do escaravelho japonês nos Açores?

HL- Pensa-se que através de voos comerciais de mercadorias vindas da América, tendo surgido os primeiros adultos em 1970, no entanto devem ter sido acidentalmente introduzidos pelo menos 5 anos antes, que é o tempo necessário para constituírem populações detectáveis por qualquer observador atento.

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Ainda o preço do Leite

O Prof. Tomaz Dentinho do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores afirma que não é por acaso que todos os dias os meios de comunicação nacionais e internacionais informam sobre a subida ou descida das taxas de juro de referência dos bancos centrais da América ou da Europa. É porque umas décimas de alteração têm repercussões importantes no bem-estar de muitas pessoas a curto, médio e longo prazo. Da mesma forma que as notícias sobre a lavoura dos Açores tem uma influencia marcante no bem-estar dos açorianos. Um cêntimo a mais no preço do leite representa mais 500 mil euros para os lavradores terceirenses por ano e, devido aos efeitos multiplicadores de rendimento, mais 1,25 milhões de euros para os cidadãos da Terceira todos os anos. Dez por cento de aumento de quota na Ilha Terceira – que mesmo assim ficaria muito aquém da capacidade produtiva da Ilha para as actuais condições de mercado - significa, grosso modo, um aumento de rendimento dos lavradores 2 milhões de euros por ano e, também pelos efeitos multiplicadores, um aumento do rendimento dos cidadãos terceirenses em 5 milhões de euros por ano. Acontece que o preço do leite não subiu apenas um cêntimo mas três cêntimos, e deveria subir algo mais caso se verificassem as condições de concorrência que cabe aos governos regular. Por outro lado sabe-se que a capacidade de produção de leite da Ilha Terceira não é mais 10% da actual quota mas sim mais 40% ou 50%. Quer isto dizer que não devemos ficar por aqui, se é que se deseja o pleno uso das capacidades produtivas dos Açores e dos açorianos associado à sua remuneração em sistema de mercado concorrencial e eficiente.
É fundamental antecipar a evolução dos mercados. Neste momento verifica-se uma subida acentuada do preço do leite devido ao aumento incrível da procura na China e na Índia. No entanto, da mesma forma como a descoberta chinesa da obtenção de celulose a partir de uma planta local fez descer o preço da madeira de eucalipto para menos de metade do valor anterior, também é expectável que a instalação na China e na Índia de sistemas de produção de leite, agora estimulado pelo aumento do preço internacional, possa vir a criar, num futuro mais ou menos próximo, novos desafios à produção de leite nos Açores.
Que fazer? Primeiro perspectivar o que irá acontecer, segundo regular os mercados de forma a promover a concorrência entre unidades industriais, terceiro inovar nos produtos e nos processos e, finalmente, preparar investimentos na China e na Índia na produção e transformação de leite.
(In A União)

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Sustainability in Pratice - Conferência Internacional que decorre em Londres

Duas Professoras do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores desenvolveram um projecto de investigação com o propósito de identificar as atitudes ambientais dos açorianos e promover a cidadania pró-activa. Parte dos resultados desta investigação e de outras investigações levadas a cabo por docentes do Departamento de Ciências Agrárias e Ciências da Educação da Universidade dos Açores foram apresentados na Conferência Internacional, realizada em Londres ontem e hoje, dias 6 e 7 de Setembro, intitulada "Sustainability in Practice". No estudo das Professoras Emiliana Silva e Rosalina Gabriel verificou-se que os açorianos mais velhos revelam ter valores ambientais menos significativos do que os outros grupos etários estudados, nas três classes testadas (dos 18 aos 25 anos; dos 26 aos 45 anos e com mais de 45 de idade), o que quer dizer que o seu nível de interesses ambientais é mais baixo do que os mais novos. No entanto, todos os inquiridos revelavam níveis moderados e elevados de valores ambientais.
Outra comunicação apresentada na conferência de Londres, da autoria das Professoras Ana Arroz, Rosalina Gabriel, Cristina Palos e da Mestre Luzia Rodrigues, tinha como título "O nosso futuro desenhado pelas crianças: Imagens ambientais e preocupações". Nessa comunicação, os investigadores referem que a infância é geralmente retratada como um estádio feliz da vida, caracterizado pela existência de um sentido de segurança e de confiança, no entanto, as crianças são capazes de reflectir sobre o mundo e fenómenos abstractos. A comunicação resulta de uma investigação levada a cabo na Universidade dos Açores sobre as perspectivas ambientais das crianças e do futuro, tentando captar as suas expectativas. Notam-se três tendências distintas nas visões das crianças acerca do ambiente e do futuro: 1- Que o mundo mudará devido à tecnologia, sem qualquer concepção negativa do ambiente ou do futuro, 2- Que o ambiente entrará num processo de deterioração, devido ao envelhecimento da terra e aos fenómenos de poluição e 3- Que o mundo será um local cada vez mais arriscado para se viver.
A última comunicação apresentada, da autoria dos Professores Ana Arroz, Cristina Palos, Isabel Estrela Rego e Paulo Borges, centrava-se na análise do esforço necessário e conjunto da Ciência, da Sociedade, Políticos e Media, para gestão adequada do risco de infestação das habitações açorianas por térmitas.Segundo aqueles investigadores, a praga das térmitas nos Açores está longe de ser controlada e que a maioria dos Açorianos não têm uma percepção adequada dos riscos associados a esta praga urbana.

(In Diário dos Açores, Jornal Diário)

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quinta-feira, setembro 06, 2007

Influência da temperatura da água do mar na trajectória dos ciclones

Os Açores, a manter-se a tendência de aquecimento global, terão maior probabilidade de serem atingidos por tempestades tropicais. A possibilidade é avançada pelo professor universitário Eduardo Brito de Azevedo do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
Explica o académico que, a curto prazo, com o aumento previsível da força destrutiva dos furacões no Atlântico, as tempestades tropicais poderão durar mais tempo e manterem a sua intensidade até chegarem ao Arquipélago. Este é um fenómeno que tem vindo a ser debatido na comunidade científica e não só. Já era previsível que, com o aquecimento da superfície da água do mar (que alimenta os furacões), estes ganhassem maior força destrutiva. Ora, ao subirem a Norte pelas correntes do Golfo, estes fenómenos, já classificados como tempestades tropicais, podem chegar com maior intensidade aos Açores, que ficam no seu caminho. O arquipélago está “no limite do arco de acção dos furacões no Atlântico”, argumenta o investigador, responsável pelo projecto CLIMAAT, afecto ao Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
Adianta Brito de Azevedo que, nas últimas décadas, a água fria do Atlântico Norte faz com que os furacões percam força quando abandonam o Golfo do México e rumam, por exemplo, aos Açores. “Mas a água do mar tem vindo a subir de temperatura. Isso terá efeitos, aliás, é por isso que, hoje, vemos furacões com maior força destrutiva na zona do Golfo do México, caso do Félix, agora em actividade junto à Nicarágua, e do recente Dean, que também chegou à força 5.

Era previsível no meio científico não o aumento do número de furacões, mas a maior frequência de fenómenos desta natureza com capacidades destrutivas elevadas”, explica Brito de Azevedo.
“Curiosamente, poucos dias antes do furacão Katrina, que afectou Nova Orleães, nos Estados Unidos, um artigo na revista Science noticiava a previsibilidade de os furacões, por causa do aquecimento global, virem a aumentar a sua força destruidora”, alega o professor universitário reconhecendo também que, num prazo de 100 anos, confirmando-se a previsível subida de temperatura da água do mar nos Açores em um grau, a probabilidade do arquipélago “sofrer com estes fenómenos” climáticos aumenta. Os furacões nascem, maioritariamente, junto à costa africana como depressões tropicais, alimentando-se da água quente da Corrente do Golfo. Depois, viajam para Oeste, ganhando maior intensidade e formando tempestades tropicais que, nas quentes águas do Golfo do México, atingem a categoria de furacões, por esta altura do ano. Depois, alguns deles, sobem a Norte, aproveitando braços da Corrente do Golfo, rumando aos Açores. Mas, com a água fria, vão perdendo intensidade, regressando ao estado de tempestades tropicais e, na maioria dos casos, desvanecendo-se.

(In Diário Insular)

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Professor Tomaz Dentinho eleito membro da EOC-ERSA

O Prof. Tomaz Ponce Dentinho do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores foi eleito para fazer parte do grupo permanente do European Organizing Committe (EOC) da European Regional Science Association (ERSA). Esta associação científica integra as associações nacionais de economia regional da Europa, como a Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional, e está por sua vez integrada na Regional Science Association International.O EOC apoia o Presidente e o Conselho na gestão dos assuntos da ERSA. Nomeadamente é responsável pela organização do congresso anual da ERSA, pela publicação da European Newsletter e por outras actividades que julgue importante implementar. Os quatro membros eleitos do EOC são eleitos por cinco anos pelos representantes das associações nacionais. Os restantes dez membros são os organizadores nacionais do congresso anual, o organizador dos cursos de verão, os editores das newsletters e revistas, o Presidente e o Secretário da associação.
(In Diário dos Açores)

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quarta-feira, setembro 05, 2007

Produção Animal açoriana discutida em Dublin na Irlanda

O Encontro Anual da Associação Europeia de Produção Animal representa uma oportunidade para apresentar e discutir resultados científicos de trabalhos realizados durante o ano. Reveste-se de particular importância na medida em que abarca um vasto número de áreas da produção animal e congrega especialistas de todo o mundo. Vários docentes do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores apresentaram trabalhos no " 58th Annual Meeting of the European Association for Animal Production", que decorreu até 29 de Agosto em Dublin na Irlanda. Nesse Encontro foi apresentado um trabalho sobre a influência da dieta dos bovinos nos óleos que entram na composição dos ácidos gordos do leite açoriano, da autoria de Oldemiro Rego, L. Antunes, Henrique Rosa, Alfredo Borba, Célia Silva e R. Bessa. Particularmente, foi estudado o efeito da silagem na alimentação de bovinos e a sua consequente influência nos níveis de ácidos gordos do leite açoriano, que resultou num trabalho da autoria de Carlos Vouzela, Oldemiro Rego, Susana Regalo, Henrique Rosa, Alfredo Borba e R. Bessa. O efeito do tempo de gestação dos bovinos na qualidade e peso da carcaça foi estudado por O. Abaurrea, Alfredo Borba e Fernando Moreira da Silva, que apresentaram um trabalho que permite identificar alguns comportamentos atípicos na produção animal regional. Ainda relativamente à qualidade da carne, Célia Silva, E. Simões, Oldemiro Rego e Henrique Rosa levaram uma comunicação sobre o elevado grau de solubilização de cologénio nos músculos de touros da raça Holstein, alimentados com dietas muito energéticas. A qualidade da carcaça de bovinos Holstein também foi estudada do ponto de vista da composição intramuscular de ácidos gordos por Henrique Rosa, S. Mendes, Oldemiro Rego, Célia Silva e R. Bessa.


(In Azores Digital, Diário Insular, A União))

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terça-feira, setembro 04, 2007

Trítio na chuva dos Açores na década de 60 pode ajudar a explicar as taxas de cancro no arquipélago

Os açorianos que tem hoje 35 ou mais anos (desde que tenham nascido antes de 1963) apresentam uma maior vulnerabilidade à contracção de cancro devido à ingestão de água com elevados teores de trítio.
Em 1963 choveram isótopos radioactivos de trítio sobre os Açores. As medições feitas então pela Agência Internacional de Energia Atómica revelavem teores desse isótopo próximo das 1400 unidades de tritio em 1963, sendo que no ano seguintea situação nos Açores e mantêm anormal com um dos valores mais elevados registados nas estações de monitorização do Atlântico Norte.
A água da chuva segue nos Açores directamente para as nascentes, através das bacias hidrográficas. Uma vez que a rotação da água nesses aquíferos é de cerca de seis meses, isso significa que as populações beberam trítio radioactivo, uma vez que o período de meia vida do isótopo é de 12,3 anos.
As leituras de trítio na água da chuva nos Açores continuaram altas durante vários anos, sendo agora normais, segundo análises que tem sido realizadas periódicamente.
Os números da Agência Internacional de Energia Atómica, permitem prever a probabilidade de incidência de cancro no arquipélago. O trítio na água da chuva dos Açores resultou, de acordo com Félix Rodrigues, docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, do lançamento de bombas atómicas pelos norte-americanos sobre o Japão no fim da II Guerra Mundial, bem como de testes nucleares a céu aberto durante a Guerra Fria.
As contas de Félix Rodrigues apontam para uma potencial incidência de cancro, derivado da ingestão de trítio entre 1963 e 1973, em cerca de 1200 casos na ilha Terceira e cerca de 2600 casos em S. Miguel.


Os açorianos estiveram expostos nesse tempo a doses de radiação por ano elevadas, capazes de produzir sequelas ao nível da composição do sangue e mutações genéticas.
A inexistência de séries fiáveis sobre incidência de cancro nos Açores limita a confirmação destes dados a partir das estatísticas.

(In RDP-Açores, Diário Insular, Correio dos Açores)

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segunda-feira, setembro 03, 2007

Mais um ondógrafo nos Açores: Santa Maria

Com o lançamento de mais uma estação ondógrafo ao largo da Ilha de Sta. Maria (dia 30 de Agosto), o projecto CLIMARCOST (INTERREG-IIIB, Açores, Madeira e Canárias) liderado pelo Professor Eduardo Brito de Azevedo do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, na sequência dos projectos CLIMAAT, alarga a monitorização da agitação marítima de um extremo ao outro do arquipélago dos Açores.
Composta actualmente por seis estações ondógrafo, a rede de monitorização da agitação marítima dos Açores permite, para além da produção de informação de natureza operacional em tempo real (www.climaat.angra.uac.pt), fundamental para todos os sectores que se relacionam no seu dia a dia com o mar, caracterizar de uma forma mais realista o clima marítimo costeiro das deferentes ilhas.
Naturalmente sempre limitadas aos condicionalismos resultantes da sua posição geográfica face a cada uma das ilhas, a informação gerada por cada uma das unidades ondógrafo e, no seu conjunto, por todo o dispositivo, permite produzir informação e desenvolvimento científico sobre a dinâmica oceânica costeira, com importância relevante para todas a actividades que se relacionam com o ambiente marítimo.

De entre os diferentes sectores que beneficiam com este tipo de informação meteo-oceanográfica e climatológica destacam-se os relacionados com a segurança no mar, obras portuárias e infraestruturas costeiras (na fase de projecto e na fase de acompanhamento de obras e comportamento de estruturas), com o sector das pescas, navegação comercial e operação portuária, dinâmica sedimentar e erosão costeira, dinâmica e comportamento dos ecossistemas costeiros. Todos estes domínios revelam-se fundamentais para quem vive em ilhas, e depende de uma forma tão preponderante do ambiente marítimo que as interliga.
No seu conjunto, conjugadas as experiências, a informação gerada pelas diferentes unidades e o trabalho produzido por todos os parceiros envolvidos (Açores, Madeira e Canárias), dando, afinal, cumprimento ao espírito da iniciativa INTERREG-IIIB, o projecto contribui para um estreitamento institucional nos domínios da meteo-oceanografia operacional bem como para o aprofundamento do conhecimento científico de uma vasta zona do Atlântico Norte.
Tal como anteriormente já referido o projecto CLIMARCOST, iniciativa financiada e apoiada localmente pelo Fundo Regional de Coesão do Governo Regional dos Açores, conta com uma parceria activa que envolve, para além da Universidade e Observatório do Ambiente dos Açores, entidades das diferente regiões da Macaronésia,
A estação ondógrafo de Santa é composta por uma unidade de recepção e tratamento de dados em terra, localizada nas instalações da Administração dos Portos de Sta. Maria, e por uma bóia ondógrafo fundeada a cerca de uma milha e meia por sul (S) do porto de Vila do Porto, numa posição aproximada de 36º 55,20 N de latitude e 25º 10,00 W de longitude (com um giro de aproximadamente 500 metros).


Oportunamente reportada no rol dos avisos à navegação, a bóia encontra-se devidamente sinalizada produzindo durante a noite um sinal luminoso de cinco relâmpagos amarelos espaçados de dois segundos, seguidos de um período às escuras de 10 segundos.
A operação de mar, coordenada com a autoridade marítima, foi efectuada a bordo do navio “Baía dos Anjos” dos Transportes Marítimos Parece Machado (Lda.), e apoiada pelas embarcações locais da marinha, “Baía dos Reis” (particular) e da APSM.
Nunca será demais salientar que, em todo o projecto CLIMARCOST, iniciativa financiada e apoiada localmente através do Fundo Regional de Coesão do Governo Regional dos Açores, participam e colaboram um conjunto de entidades e de pessoas que, nas respectivas esferas de acção, têm permitido a sua realização. Assim, para além da Universidade e Observatório do Ambiente dos Açores e restantes parceiros da Região da Macaronésia (Universidade de Las Palmas, Instituto Canário de Ciências Marinhas, Administração dos Portos da Madeira), o projecto conta localmente com o apoio fundamental das Administrações dos Portos e Capitanias dos Portos dos Açores.
(In A União)

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