sexta-feira, setembro 07, 2007

Combate químico ao escaravelho japonês será pontual

David Horta Lopes, Professor do Departamento de Ciências Agrárias afirma que o combate químico ao escaravelho japonês, nos Açores, será pontual.
Diário Insular (DI)- Está em curso uma nova bordagem ao escaravelho japonês, que passa pela conjugação da luta biológica e química. Já se sabe que os químicos a utilizar levantam algumas dúvidas de segurança. Qual a sua opinião sobre o modelo?

David Horta Lopes (HL)- O modelo que passa pela aplicação de pesticidas é essencial para tentar erradicar focos de insfestação detectados. A combinação com meios de luta biológica é desejável, mas os seus resultados são mais a médio e longo prazo. As dúvidas de segurança não as percebo, porque não se trata de uma aplicação generalizada, mas sim muito pontual e localizada, quer no espaço quer no tempo. E os produtos a utilizar são, na minha opinião, os mais adequados face à disponibilidade deste tipo de produtos no mercado comercial. Para mais, qualquer aplicação destas, no caso do escaravelho japonês, teve de passar a apreciação e autorização de organismos a nível nacional com essa competência e que são rigorosos nessas autorizações de utilização.

DI- Nos anos oitenta e noventa foram utilizados no combate ao escaravelho japonês produtos conhecidos como potenciadores de cancro e com meia vida longa no ambiente. Que consequências dessa acção podem suportar a actual e próximas gerações?

HL- Penso que se refere ao carbaril. Foram analisados os resíduos dos seus metabolitos na água dos bebedouros, água de consumo, erva, leite e fígado dos animais em pastoreio em zonas onde se realizaram as campanhas de pulverização aérea e nada foi, tanto quanto eu tenho conhecimento, detectado a níveis que possam indiciar esse perigo.

DI- Como foi possível deixar o escaravelho expandir-se tanto, quando no momento da detecção o núcleo existente, na ilha Terceira, estava bem delemitado?

HL- É uma questão que terá que colocar aos responsáveis pela política agrícola e fitossanitária da região. A Universidade dos Açores deu o seu contributo para um melhor conhecimento desta praga, cumprindo assim o seu papel. Contribuiu com os seus estudos para cessar as pulverizações aéreas, face à sua pouca eficácia, por exemplo. De certeza que não foi por falta de medidas apontadas pelos diversos investigadores da UA para contrariar essa expansão.....

DI- Como aconteceu a introdução do escaravelho japonês nos Açores?

HL- Pensa-se que através de voos comerciais de mercadorias vindas da América, tendo surgido os primeiros adultos em 1970, no entanto devem ter sido acidentalmente introduzidos pelo menos 5 anos antes, que é o tempo necessário para constituírem populações detectáveis por qualquer observador atento.

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