sexta-feira, setembro 21, 2007

Plantas arbustivas combatem a erosão dos solos

Plantas como a "faia da Terra" (Myrica faya) ou a roca de velha (Hedychium gardnerianum) podem combater a erosão dos solos. Também são uteis em ápoca de escassez de alimentos.
A luta contra a desertificação e erosão dos solos pode incluir a introdução de plantas arbustivas, que também servem como complemento na alimentação de animais. A dupla função deste tipo de plantas é explorada por Alfredo Borba, Carlos Vouzela, Oldemiro Rego e João Madruga, professores do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores que apresentaram o estudo "O papel das plantas arbustivas e outras forragens não convencinais na conservação do solo", na ilha canarina de Fuerteventura, no III Simpósio Nacional Espanhol sobre o Controlo da Degradação dos Solos e a Desertificação, que se realizou de 16 a 20 de Setembro de 2007.

De acordo com Alfredo Borba, entre as plantas e arbustos em questão estão o incenso (Pittosporum undulatum), a roca de velha, a faia da terra e o azevinho (Ilex perado), entre outras. "Não são plantas que possuam já grande expressão nos Açores, mas foram muito utilizadas no passado. Actualmente estas plantas devem ser usadas em casos específicos", disse, ressalvando que, na Região embora existam alguns solos degradados, a maioria se encontra em boas condições.

O professor da Universidade dos Açores concluiu que as plantas devem, ainda, ser apenas utilizadas como alimentação em época de falta de alimentos, podendo ser associadas a silagem ou a milho, mas não como alimento base dos animais. "Não se vai dizer que se deve utilizar essas plantas arbustivas para que os animais produzam mais, porque não é verdade. Devem sê-lo apenas em época de escassez", avança. Alfredo Borba garante, ainda, que serão realizados mais estudos sobre a utilização de arbustivas na conservação de solos.
Trata-se da primeira vez que o simpósio espanhol sobre o controlo da degradação dos solos e desertificação se realiza fora de madrid, passando este ano, para Fuerteventura, a ilha do arquipélago das Canárias que se debate com maiores problemas de erosão e desertificação. O evento conta com 150 investigadores.
A dimensão de problemas ambientais como a desertificação, alterações climáticas e perda de biodiversidade, levaram as Nações Unidas a declararem 2006 como o "Ano Internacional dos Desertos e Desertificação".
O fenómeno natural, que se relaciona com o despovoamento das zonas rurais, afecta cerca de dois biliões de pessoas no mundo, sendo que mais de um terço de Portugal está em risco de desertificação.
(In Diário Insular, Açoriano Oriental)

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