domingo, outubro 14, 2007

Economia Agrária: que interesse prático?

Em entrevista ao Diário Insular, a Professora do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Emiliana Silva, fala sobre o 6º Congresso da Associação Portuguesa de Economia Agrária a realizar no Arquipélago Açoriano, em Ponta Delgada-São Miguel.
Diário Insular (DI)-Em vez de S. Miguel, não seria preferível realizar o 6º Congresso de Economia Agrária numa ilha da ruralidade e da insularidade profundas?
Emiliana Silva (ES)- Um critério a adoptar para a opção por uma ilha seria a existência da Universidade dos Açores, por questões de facilidade logística, dado que os organizadores pertencem a esta instituição. Em resultado, a opção ficaria condicionada à existência das três cidades onde está presente a Universidade dos Açores: Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta. Na realidade, muitos eventos relacionados com o tema da economia têm sido realizados na ilha Terceira pelo Doutor Tomaz Dentinho. Pensamos que poderíamos e deveríamos alargar o conhecimento da realidade da economia açoriana a outras ilhas, além de que temos um apoio do colega na área da economia agrária, o Doutor Fernando Lopes, em S. Miguel. É de notar que embora exista uma diversidade da realidade das ilhas, em todas elas identificamos uma ruralidade e insularidade, inclusive em S. Miguel, onde são mais notórias as disparidades do rural e urbano. Acaba por ser significativo a nível educativo e económico, em qualquer ilha, porque contamos com a participação de todos, quer técnicos quer agricultores ou público em geral.
DI - O que pode este congresso trazer de novo aos Açores?
ES- Os congressos trazem sempre novidades. Contamos com os investigadores de economia agrária da Universidade dos Açores e suas equipas de trabalho, com os técnicos das secretarias da Agricultura (DRDA; DRACA), do Ambiente, da Economia, dos Serviços de Desenvolvimento Agrário, para que haja contribuições, aumentar o conhecimento da economia dos Açores. Mas também esperamos pelas contribuições de outros investigadores de outras realidades, com outras experiências, de modo a beneficiar a economia agrária na generalidade, em particular a economia dos Açores.
DI-A economia agrária é, entre nós, um tema para académicos e outros estudiosos do fenómeno ou tem sido possível vulgarizar esse saber?
ES-A economia agrária é para todos, é produzida principalmente na universidade, mas os seus resultados são apresentados a todos. Estou convencida que tem sido útil quer aos políticos, quer aos agricultores. Na verdade, muito do conhecimento que temos vindo a produzir na Universidade dos Açores está voltado para o quotidiano das explorações agrícolas e para melhorar a sua competitividade.
DI-É verdade que o sector primário caminha por becos de saída muito duvidosos?
ES-Eu sou uma optimista, acredito nos Açores, no seu desenvolvimento, e também acredito no sector primário. O sector leiteiro açoriano parece-me um caminho, temos é que identificar o que torna este sector diferente e tentar “vendê-lo” por esta razão. Quer a produção do leite quer a produção de queijo têm sido reconhecidas a nível nacional ou internacional, só temos que colocá-los no sítio certo. Posso garantir-lhe que em sítio nenhum do mundo existe uma manteiga tão boa como a nossa. Temos produtos de grande qualidade, temos que acreditar mais no que fazemos e acreditar que os nossos produtos são tão bons ou melhores que os seus concorrentes.
(In Diário Insular)

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