segunda-feira, novembro 26, 2007

Interessar os jovens de hoje é mais dificil do que outrora

O Dr. Aurélio Fonseca, antigo Secretário Regional da Educação e professor na Escola Básica e Secundária Padre Jerónimo Emiliano de Andrade afirma, no âmbito das actividades levadas a cabo pelo Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores na Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, que é mais difícil agora do que outrora, interessar os jovens de hoje pelas questões da ciência e tecnologia.
Diário Insular (DI)- A Universidade dos Açores promoveu até ao domingo passado, a Semana da Ciência e Tecnologia que previa a realização de dezenas de conferências que tiveram que ser canceladas por falta de interesse das escolas e do público em geral. Como se explica que em plena sociedade do conhecimento seja cada vez maior o desinteresse por este tipo de iniciativas?

Aurélio Fonseca (AF)-Não creio, pela diversidade de iniciativas que, ao longo do ano lectivo, são levadas a cabo numa escola secundária como a Jerónimo Emiliano, que estabelece, com êxito, parcerias com as mais diversas entidades e especialistas, que haja desinteresse por esse tipo de iniciativas, especialmente no âmbito da Ciência e da Tecnologia. São, pelo contrário, bem-vindas e acolhidas com empenho e agrado generalizado pela comunidade educativa.

DI-Considera que da parte da comunidade educativa a que está ligado deveria haver maior motivação para participar nesse tipo de iniciativas, que estão alicerçadas na experiência educativa e científica da Universidade dos Açores?

AF-Temos mantido com o Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores um óptimo e profícuo relacionamento, procurando tirar o maior partido da enorme mais-valia que representa a sua existência e conceituada actuação entre nós. Pela parte que nos diz respeito, termos dado oportunidade de, no espaço de tempo em questão, se realizarem as conferências que cá tiveram lugar, demonstra que a Escola está atenta à oferta e, pelos vistos ao arrepio de outras escolas e do público em geral, até tem correspondido minimamente às solicitações que lhe são presentes.

DI-Nas conferências que se realizaram no âmbito da Semana da Ciência e Tecnologia foi notório o desinteresse de grande parte dos alunos em relação aos conteúdos apresentados pelos docentes da Universidade dos Açores. A que se deve esse desinteresse dos mais novos pelos temas relacionados com a ciência?

AF-De entre os 2600 alunos que a Jerónimo Emiliano alberga, cerca de 1400 são alunos do ensino básico, distribuídos por 47 turmas. O maior ou menor interesse, atenção e comportamento dessa enorme heterogeneidade de discentes leva a que, por vezes, existam grupos de 4 ou 5 turmas, que são chamadas a participar nessas iniciativas, que sejam mais ou menos aplicadas e interventivas. Não se deve é generalizar que os mais novos não se motivam por estas temáticas, pois temos muitos casos que atestam o contrário, nomeadamente o ganhar o galardão e a bandeira do Eco-Escolas ou o participar activamente nos programas Eurolifenet ou Escola, Ambiente e Vida.

DI-Qual a estratégia que as escolas devem adoptar para motivar os alunos para esse tipo de temáticas?

AF-A motivação passa nomeadamente pela actualidade dos temas, pela linguagem utilizada, adequada ao nível etário, de competências e de conhecimentos dos alunos, pelo recurso às tecnologias da informação e da comunicação e, sobretudo, pela necessidade dos docentes terem sempre presente que os jovens de hoje têm um acesso imediato, global e multifacetado a todo o tipo de saber e de saber-fazer, razão pela qual, às vezes, não estão tão atentos como se verificava com as gerações anteriores, para quem os professores e os livros constituíam a principal fonte de informação e de transmissão de conhecimentos.

(In Diário Insular)

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