sexta-feira, janeiro 18, 2008

Agricultura biológica está a ganhar espaço

A agricultura biológica está lentamente a conquistar interessados na Terceira.Trata-se de uma agricultura que não faz uso de produtos químicos sintéticos, nem de pesticidas artificiais, para a produção de todo o tipo de frutas, vegetais, incluindo ervas aromáticas e ovos. Com uma nova loja a comercializar produtos biológicos no mercado de Angra do Heroísmo, a suscitar a curiosidade da população, nomeadamente dos jovens e dos idosos, Francisco Diniz, investigador do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores e responsável por este projecto, refere que com a abertura do novo espaço pretende-se «por em contacto os consumidores e ao mesmo tempo incentivar os produtores deste género de agricultura», uma vez que a realidade do mercado dos produtos biológicos é «praticamente inexistente» na ilha Terceira. O empresário acrescenta que havia uma faixa etária interessada, mas que não encontrava os produtos com regularidade. Neste sentido Francisco Diniz considera que há «poucos produtores e pouco produzem», não existindo mesmo mais do que meia dúzia. Embora destes apenas três ou quatro estão a produzir com uma certa dimensão, e refere a «Bio Fontinhas e a "Bio Biscoitos". Questionado sobre os incentivos governamentais existentes sobre esta matéria, o empresário defende «o trabalho independente», sendo que em termos de economia «as coisas devem existir porque há consumidores». Contudo, acrescenta, «no arranque do negócio faz sentido os apoios financeiros, mas não criando qualquer tipo de dependência». Aliás, diz ainda Francisco Diniz, as pessoas envolvidas na agricultura biológica tentam sempre ser o mais auto-suficientes possíveis em relação ao exterior «reduzindo os “in-puts”, menos adubos, menos pesticidas» e tentando arranjar soluções «dentro do nosso espaço e da nossa parcela». Desde há dois anos para cá Francisco Diniz diz que a curiosidade das pessoas aumentou em relação aos produtos biológicos, mas quanto a perspectivas futuras nada poderá adiantar. No que concerne a preços, adianta o empresário, a tendência «é para que os produtos biológicos sejam mais caros», sendo que no Continente atingem «valores exorbitantes». Em contrapartida, aqui na ilha, «tentamos que os preços sejam acessíveis» dado que as pessoas não possuem muito poder de compra, acrescenta.
A cooperativa de produtos biológicos foi criada em 2001 e envolveu na altura 17 pessoas. Mas na prática «adormeceu» e nenhum projecto acabou por ser desenvolvido. Actualmente com este novo projecto, explicou Francisco Diniz, havia duas hipóteses, em que uma consistia em «criar uma cooperativa nova e a outra em activar a já existente». O empresário adiantou que no final do mês de Janeiro está previsto uma reunião com a assembleia-geral, no sentido de dar continuidade ao projecto inicial. Esta cooperativa é ao mesmo tempo de consumidores e de produtores, o que nas palavras de Francisco Diniz, trata-se de um modo «perfeito» para o funcionamento do projecto.
Intuitivamente percebemos que um produto que não leva adubos nem pesticidas, para ter uma velocidade de crescimento mais rápido, só poderá ser mais saudável, refere Francisco Diniz. Geralmente dentro da família, explica o empresário, o padrão observado são os bebés, «porque os pais querem o melhor para os filhos». A partir dali seguem os hábitos e o consumo de alimentos mais benéficos. Pelas mesmas razões o impacto da utilização da agricultura biológica será menor para o ambiente do que a convencional.


(In A União)

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