terça-feira, janeiro 29, 2008

Biodiversidade em grutas

O número de visitantes nas grutas dos Açores tem aumentado significativamente nos últimos anos o que pode levar a uma alteração do equilíbrio dinâmico do ambiente natural dessas grutas ao modificar a qualidade do ar e ao introduzir microrganismos estranhos ao sistema. O alerta é de Diana Northup, professora da Universidade do Novo México nos Estados Unidos da América, que apresenta no próximo dia 30, no Auditório do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, pelas 14h30, uma conferência proferida intitulada "Sight Unseen: Diversity and Conservation of Life in Caves", integrada nas actividades do projecto do Departamento de Ciências Agrárias da academia açoriana.Segundo Diana Northup, que foi editora convidada da prestigiada revista internacional Geomicrobiology Journal, "as grutas são ainda um ambiente inexplorado no que toca à pesquisa de compostos bioactivos, como por exemplo antibióticos", que podem ser utilizados na indústria farmacêutica. A investigadora acrescenta que os biofilmes, complexos ecossistemas microbianos, das grutas açorianas "assemelham-se aos dos Estados Unidos, pelo que poderão também conter novos organismos". A maior parte da actividade bacteriana na natureza ocorre com as bactérias organizadas em comunidades sob a forma de um biofilme.A associação dos organismos em biofilmes constitui uma forma de protecção ao seu desenvolvimento, fomentando relações simbióticas e permitindo a sobrevivência em ambientes hostis.Northup estuda a biodiversidade em grutas desde 1984, tendo-se formado em Biologia na Universidade do Novo México.Desde então investiga a diversidade microbiológica em tubos de lava com vista a compreender a forma como alguns microrganismos ajudam a produzir depósitos ferromagnéticos nesses ambientes extremos ou como é que esses microrganismos participam na formação de precipitados de carbonato de cálcio, entre muitos outros aspectos incluindo estudos do impacto na biodiversidade microbiológica de grutas pela visitação humana. O projecto "Understanding Underground Biodiversity: Studies of Azorean Lava Tubes", coordenado pela Professora Maria de Lurdes Dapkevicius e onde participam os Professores do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores; Célia Silva, Félix Rodrigues, Airidas Dapkevicius, Paulo Borges e Rosalina Gabriel, foi aprovado e financiado pela Fundação Ciência e Tecnologia.

(In Diário dos Açores)

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