quarta-feira, março 12, 2008

Resgate Leiteiro

Sessenta e sete lavradores da Terceira vão abandonar a produção de leite no decorrer deste ano.Num total de 105 candidaturas ao resgate da quota lançado pelo governo no final de 2007, apenas 67 candidatos foram aprovados.Para a Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT) este é um sinal claro de que a produção de leite deixou de ser atractiva para a lavoura. Paulo Simões Ferreira, presidente da AAIT, assegura que, em princípio, toda a quota será entregue e absorvida pelos produtores terceirenses no activo, porém, não deixa de ser impressionante, alerta, a quantidade de produtores que mostraram disponibilidade em abandonar a profissão. “ Apesar dos aumentos verificados no preço de leite, a fileira está em dificuldades” – refere. Segundo este dirigente agrícola, a subida do preço de leite à produção em 2007, compensou os aumentos dos preços das rações e do gasóleo, no entanto o aumento verificado no preço do adubo é vertiginoso e difícil de suportar. “Um saco de adubo que custava 14 euros no início de 2007, custa agora 23”, exemplifica, alegando que muitas explorações ainda têm dificuldades em suportar os custos de produção.Na região, 310 produtores de leite candidataram-se à venda de direitos de produção num volume global de 27 mil toneladas. Segundo o governo, cerca de 65 por cento dos candidatos à entrega de quota são de idade superior a 40 anos, tendo 113 produtores de S. Miguel concorrido à operação com uma oferta de direitos de produção de 13 mil toneladas.No Faial 30 produtores pretendem vender direitos de produção num total de 1,8 mil toneladas e na Terceira estava em causa uma quota global de 8,7 mil toneladas.Em S. Jorge o volume de quota candidata a resgate atinge 1,8 mil toneladas, na Graciosa as 932 toneladas e no Pico e Flores 704 e 38 toneladas, respectivamente.Em contrapartida, cerca de 1.320 produtores da Região solicitaram ao Governo direitos de produção num total de 144 mil toneladas.Os números mais recentes na posse do Executivo indicam que o número de titulares de direitos de produção leiteira baixou nos Açores de 3.840 para 3.617, entre 2006 e 2008.Tal redução deverá ter que ver com a permanente reestruturação em curso no sector e com o reajustamento da referência às explorações principais dos produtores.O governo justifica este resgate leiteiro como uma reorganização do sector agrícola, possibilitando que alguns empresários se retirem “de forma digna” da fileira do leite.Para a tutela da agricultura esta reestruturação será processada de forma planeada e “sem perder de vista as questões sociais e económicas dos produtores que são resgatados”.Por outro lado, face às ilhas envolvidas neste resgate, os responsáveis governativos asseguram que vai haver perigo de desertificação, “porque os valores resgatados são muito inferiores aos valores de pedidos de quota que existem nessas ilhas”. “O montante de leite resgatado em cada ilha será distribuído pela mesma ilha, significando que não haverá quebras na sustentabilidade da produção e das indústrias associadas”, alega a secretaria da Agricultura.SeminárioA fileira do leite na região volta a estar em destaque esta semana. Vários investigadores da Universidade dos Açores vão participar num seminário organizado pelo Comité Nacional do Leite sobre o estado actual do sector e eventuais desafios futuros.A iniciativa, na oitava edição, conta com a participação de José Matos, investigador Universidade dos Açores (UA); de Maria Cabral, do IAMA; de Oldemiro Rego (UA) e Félix Rodrigues, também da universidade açoriana. Este encontro, que se realiza em Lisboa, nos dias 14 e 15 de Março, vai proporcionar uma discussão técnica sobre temáticas como: “a economia e políticas”; “higiene e segurança alimentar” e “produção de leite, ambiente e licenciamento”.
(In A União)

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