segunda-feira, maio 26, 2008

Investigação científica precisa-se

A investigação que se faz na nossa terra merece ser acarinhada e incentivada, porquanto são poucos os investigadores e reduzidos são os meios que dispõem os organismos que se dedicam à investigação. O futuro dos Açores deve passar também por mais investigação e mais conhecimento e a ideia reducionista de que somos pequenos e não podemos competir com os grandes centros é uma falácia, que importa banir das nossas atitudes e das nossas posturas do dia a dia. A investigação que fazemos nos Açores ainda é muito pouca, mas pode ser de excelência, se tivermos em conta os resultados e o prestígio que temos vindo a granjear no exterior. Alguns domínios relacionados com o mar, com o leite, com as energias alternativas, ou com as novas tecnologias, como a telemedicina, ou ainda com a preservação do ambiente ou com a educação, podem ser uma referência positiva. O Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular do Hospital de Angra do Heroísmo, por exemplo, associado ao Grupo do IBMC - Instituto de Biologia Molecular e Celular, da responsabilidade do médico Jácome Armas, é um exemplo do quo se faz, designadamente no diagnóstico laboratorial de doenças, com aplicação de técnicas de genética molecular e da investigação epidemiológica no âmbito da imunologia e biologia molecular. Apesar dos poucos recursos, o SEEBMO tem desempenhado um papel que prestigia os Açores. Realça-se o trabalho que o Prof. Oldemiro Rego do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores tem desenvolvido no âmbito da investigação do leite açoriano, tendo já chegado a conclusões cientificas de que o produto açoriano é muito melhor do que o do continente, pelo simples facto das manadas da Região serem criadas nas pastagens. Por outro lado, o responsável pelo Parque Tecnológico do Laboratório de Ambiente Marinho e Tecnologia da Praia da Vitória, Eng.º Emanuel Barcelos, veio demonstrar pelos estudos que tem vindo a empreender, que no ano de 2015 haverá potencial para auto-suficiência energética nos Açores. Para já não falar no Departamento de Oceanografia e Pescas, na Horta, cujos trabalhos de investigação têm repercussões positivas a nível internacional. Muitas das suas actividades partem à descoberta do fundo do mar, no âmbito de projectos científicos que envolvem instituições nacionais e internacionais, onde se abordam temas relacionados com arqueologia, biologia, geologia marinhas e aplicações tecnológicas para o estudo do oceano. A Universidade dos Açores deve assumir um papel charneira nesta área e adoptar medidas que apoiem toda a investigação que aqui e ali se faz na Região. É evidente que os meios que possui não servem de modelo.

Autor: António Pedro Costa
(In Correio dos Açores)

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