terça-feira, setembro 30, 2008

Ideias políticas para as próximas eleições

A um mês das Eleições para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores encontramo-nos perante o maior dos desafios, o de fazer crer aos açorianos e açorianas que vale a pena participar num dos raros momentos de decisão política individual e de intervenção directa. Como é do conhecimento geral apenas 57% dos eleitores inscritos votaram nas últimas eleições para a Assembleia Legislativa Regional. As pessoas estão preocupadas com a saúde, com a segurança no emprego, com a educação dos seus filhos e com as questões ambientais; por outro lado, as decisões políticas, a maior parte das vezes, não vão ao encontro dos problemas das pessoas. Entretanto, com os fundos da União Europeia assistimos a uma transformação nunca antes vista na Região Autónoma dos Açores, com a construção de escolas, a edificação de marinas, a promessa de novos portos para receber transatlânticos, etc. Os governantes com visão no futuro, e com uma visão verdadeiramente socialista da sociedade, aproveitariam as verbas da União Europeia para desenvolverem os projectos que apostassem fortemente na formação com metas ambiciosas, aumentando a qualificação dos Açorianos que é a mais baixa da Europa, só com 9% de licenciados, contribuindo para melhorar a qualidade de vida e promovendo uma discussão alargada aos cidadãos das opções tomadas para os grandes projectos elaborados com estes fundos comunitários. Por exemplo, projectos como o aumento do número de médicos de família, o apoio judicial nas freguesias para as pessoas de menores posses, a melhoria da qualidade do apoio médico, sobretudo ao nível de prevenção e na área da pediatria junto das populações, a melhoria da eficiência da rede de abastecimento e na qualidade da água, a promoção da mobilidade através da criação de passeios nas Freguesias e nas cidades, o investimento para o uso generalizado dos transportes públicos, etc. Tudo isto surgiria naturalmente, se as pessoas fossem ouvidas e sentissem que influenciam as decisões políticas. As pessoas ambicionam uma mudança, apesar de a recearem. Há que ter coragem para as escutar, só assim se tornarão activas e participativas. Com as pessoas a Região Autónoma dos Açores pode ser uma região de excelência tecnológica, o que não significa, necessariamente, uma limitação ao sector terciário, mas antes um incremento da investigação que possibilite a formação e qualificação dos nossos Recursos Humanos em todos os sectores de actividade. A ilha Terceira poderá dar o seu contributo, pois possui um Pólo da Universidade dos Açores, faltando somente mais investimento. Mas, até para tal, será necessário que a Universidade se aproxime das empresas e trabalhadores e isso só será conseguido, se apostarmos, realmente, na formação integral das pessoas. As pessoas sentem que o investimento não é pensado num “futuro” para as regiões. Sentem que há de facto a centralização dos serviços e dos investimentos numa única ilha, e isto só serve para promover a divisão entre os açorianos, a desertificação nas outras ilhas e contradiz claramente o conceito de Região Autónoma. Entendo que devemos evitar esta centralização, mas não podemos cair no outro extremo, de gastarmos demasiada energia a olhar somente para a nossa ilha, pois dificilmente venceremos o nosso atraso e isolamento e perderemos força como região, se não tivermos uma visão de arquipélago, de Região Autónoma. O mar é um exemplo claro disso. O mar é “dos Açores”, não é de uma ilha em particular. O que falta é um projecto pensado para o futuro, e que cada região se sinta integrada num todo que é o arquipélago dos Açores.

(In Diário Insular)

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