domingo, setembro 28, 2008

Torre histórica destruída em Angra (II)

O desenrolar da investigação jornalística à volta da destruição da torre de lançamento de balões anexa ao edifício principal do Observatório José Agostinho, em Angra do Heroísmo, está a levantar lebres que dão que pensar. Por exemplo, só ontem é que a entidade regional responsável pela tutela da Cultura deu pelo sucedido, vindo dizer as únicas coisas que pode dizer depois de ser ultrapassada por todos os lados: que não foi ouvida e que a demolição é ilegal e que os juristas estão a ser consultados.O problema é que a demolição já está consumada - jazendo no chão, feita em entulho, uma das referências fundamentais da evolução da ciência meteorológica nos Açores, que é antiga, consistente e muito bem referenciada.Se a Comunicação Social não dá pelo crime cultural, aparentemente ninguém dava por ele. Só agora, espicaçadas pelo nosso jornal, é que entidade atrás de entidade (públicas e outras, como os institutos), todas quantas deveriam ter defendido a torre com unhas e dentes começam a movimentar-se. E sem saberem o que hão-de fazer, diga-se em abono da verdade. Exceptua-se aqui a Universidade dos Açores, que foi quem deu o alerta. Mas um dado ainda mais preocupante do que todos os outros é que o crime cultural que nos ocupa ocorreu em plena cidade património da humanidade, que em tempos teve um gabinete dedicado a esses assuntos (fê-lo, quiçá, com algum fundamentalismo e alguma falta de jeito... mas fê-lo) e que hoje, sem gabinete de facto, parece literalmente à procura não se sabe de quê no que toca à defesa e valorização do património. Ao decidir demolir por ser caro reparar, se calhar o Instituto de Meteorologia, a partir de um gabinete em Lisboa, interpretou bem o espírito que se vive em Angra. Isso seria lamentável!

(IN Diário Insular)

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