domingo, outubro 26, 2008

Cortes de água sem fins à vista

A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo vai manter, por tempo indeterminado, o plano de cortes no abastecimento de água às populações do concelho.“Não houve qualquer alteração na situação, pelo que se mantêm os cortes”, afirmou ontem a presidente dos Serviços Municipalizados, Sofia Couto, em declarações ao DI, adiantando contudo que, “com a chegada do Inverno, espera-se mais chuva”.Segundo Sofia Couto, “não tem chovido o suficiente para rebentar as nascentes e os caudais mantêm-se como estavam”.De acordo com a responsável, “todos os furos de água estão neste momento em exploração máxima possível”.Quanto ao estudo encomendado recentemente pela autarquia a um especialista na área, Sofia Couto referiu esperar a chegada do respectivo relatório ainda esta semana.Entretanto, Francisco Cota Rodrigues, especialista em recursos hídricos, considera que as hipóteses levantadas recentemente para explicar a falta de água no concelho de Angra, que apontavam para os furos geotérmicos e para o rebentamento de pedreiras como possíveis causas do problema, são “meras especulações”. Para Cota Rodrigues, a explicação para a falta de água nas nascentes que abastecem o concelho está nos baixos níveis de pluviosidade registados nos últimos meses.“Trata-se de meras especulações, na medida em que ninguém tem provas de nada”, afirma, defendendo, no entanto, a “necessidade de detectar as causas do problema”.Em relação às pedreiras, o especialista diz não acreditar que “as vibrações resultantes dos rebentamentos afectem o aquífero do Cabrito”.Quanto aos furos geotérmicos, admite que “podem afectar” as reservas de água, mas sublinha que, aquando dos planos de perfuração, “foram salvaguardadas as medidas necessárias para evitar eventuais fugas de água”.No entender do professor universitário, “o grande problema são as baixas precipitações, agravadas pelas temperaturas anomalamente altas que se verificaram este Verão”.“Em Março, que é um mês determinante para a recarga do aquífero do Cabrito, choveu muito pouco”, disse.“Em Setembro, a precipitação foi também extremamente baixa e, em Outubro, verifica-se a mesma situação”, acrescentou, salientando que “os caudais naturalmente ressentem-se disso, fazendo com que a recarga da água no aquífero demore”.

(In Diário Insular)

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