domingo, novembro 30, 2008

Apresentações e debates sobre a falta de água no Concelho de Angra do Heroísmo

Realizou-se, na passada Sexta-feira, integrada nas Comemorações do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores da Semana da Ciência e Tecnologia 2008, uma sessão de apresentação de dados e possíveis interpretações para a falta de água verificada neste Verão passado, no Concelho de Angra do Heroísmo, a que se seguiu um debate.
Esta actividade contou com o apoio do Centro de Investigação em Tecnologias Agrárias dos Açores, Centro do Clima, Meteorologia e Alterações Climáticas e Núcleo Regional da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos.
A sessão, coordenada pelo Professor João Madruga, contou com a presença do Professor Álamo de Meneses, naquela que é a primeira participação pública do novel Secretário Regional do Ambiente e do Mar.
Estiveram presentes ainda a Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Drª Andreia Cardoso, a responsável pelos Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Drª Sofia Couto, autarcas, deputados, alunos e público em geral.
O Professor Eduardo Brito de Azevedo, primeiro interveniente, após uma apresentação dos dados da precipitação dos últimos 120 anos, classificou os diferentes anos em secos, normais e húmidos. De acordo com este especialista, 2008, cai na categoria dos anos normais, com valores de precipitação acumuladas muito próximas da média. A temperatura mais elevada, poderia ter contribuído para uma aumento da evapotranspiração, todavia, o cálculo da evapotranspiração real, demonstra que essa perda é pouco significativa. Assim sendo, justificar a falta de água no Concelho de Angra do Heroísmo por este dois factores, revela-se pouco adequado.
O Professor Félix Rodrigues, apresentou de forma pictórica as anomalias da precipitação e da temperatura, relativamente às normais climatológicas, para 2008. Este investigador concorda com a análise anteriormente apresentada, referindo que até Junho de 2008, a sua interpretação coincide, no entanto, há desvios mais acentuados em Junho, Julho e Agosto que levam a colocar a hipótese de influência climática nos caudais das nascentes. No que se refere à temperatura, os valores médios mensais estiveram todo o ano acima das normais climatológicos, e apesar desse aumento das temperaturas mínima, média e máxima, não contribuir grandemente para a evapotranspiração real, contribuíu certamente para uma diminuição da precipitação oculta.
"Os nevoeiros na ilha, tem uma importância não desprezável na recarga dos aquíferos". Estes formam-se normalmente quando a diferença de temperatura do ar e do ponto de orvalho é inferior a 2,8ºC. As temperaturas elevadas nos meses de Abril, Maio, Junho e Julho, no interior da ilha, reduziram a quantidade de precipitação interceptada pela vegetação. Entendeu também que a escassez de água em Angra do Heroísmo, tem uma explicação multifactorial, relacionada com aspectos climáticos que precisam ser investigados, como por exemplo a forma como choveu, se intensamente ou chuva fraca e sua distribuição ao longo do dia, com os consumos, que apesar do consumo doméstico em 2008 ter sido ligeiramente inferior relativamente aos anos anteriores, não se sabe os gastos de água associados às grandes obras da via rápida da ilha, nem se sabe as perdas relacionadas com os sucessivos acidentes de ruptura das grandes condutas de água, que ocorreram também nas obras da via rápida. Uma análise dos sismos de 2008, tanto da sua intensidade como dos seus epicentros, não indiciam possibilidade de fractura do impermen dos aquíferos.
O Professor Francisco Cota Rodrigues, apresentou em resenha o estado actual do conhecimento hidrogeológico da ilha Terceira, nomeadamente os comportamentos da água nos estratos geológicos da ilha, os vários tipos de aquíferos existentes, suspensos e basal, os diferentes tipos de captação realizados ao longo dos séculos, como poços, poços de maré, captação de nascentes e furos de captação tanto de aquíferos suspensos como do aquífero basal.
Este investigador apresentou as áreas mais prováveis para a recarga de nascente na ilha, dando ênfase às nascentes do cabrito e do nasce-água.
Para Cota Rodrigues, a maioria das nascentes da ilha Terceira tem caudais muito baixos, tornando-se difícil a sua captação, sendo muito poucas aquelas que tem caudais elevados e que faz com que seja efectivamente eficaz, em termos económicos a sua captação.
Referiu ainda que a precipitação oculta tem grande importância na recarga de aquíferos, especialmente no Cabrito e Nasce-Água.
Os furos de captação de aquíferos suspensos deverão ser bem estudados, entendendo ser necessário que alguns captem o aquífero basal.
A Doutora Emília Novo, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, levantou um vasto conjunto de questões que teriam que ser estudadas para dar uma resposta cabal a esse problema. Acentuou que os aquíferos pequenos, como o caso do Cabrito, são muito vulneráveis à estiagem, possuindo comportamentos imprevisíveis. Considerou que aí a precipitação oculta poderá desempenhar um papel importante na recarga e a forma como choveu tem efectivamente importância na recarga desse mesmo aquífero.
Os dados da precipitação dos últimos anos não apresentam uma tendência clara de modo a se poderem relacionar com alterações climáticas, mas, apesar disso, devem ser devidamente acompanhados porque podem indiciar tendências futuras.
A evapotranspiração real, de facto não foi incrementada até porque as plantas optimizam a "gestão das águas" abrindo e fechando os estomas para regular a perda de água. Referiu que o estudo desse fenómeno é importante no contexto das alterações climáticas.
De acordo com esta investigadora, se o Cabrito é vulneravel à estiagem, o aquífero basal é vulneravel à salinização. Tanto um tipo de exploração como outro necessita de ser monitorizado.
No que se refere à recarga artificial de aquíferos, defendeu que não se deverá avançar para essa solução porque, tal como referido por Cota Rodrigues, o tempo de permanência da água nesses aquíferos é reduzido, o que corresponde a não armazenamento eficaz. Haverá que conhecer muito bem a estrutura dos aquíferos e o seu volume para que tal solução seja eficaz.
O Engº Dinis Pereira, do Gabinete de Ecologia Vegetal do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, apresentou os principais resultados do estudo da distribuição das turfeiras de Sphagnum na ilha Terceira referindo a importância dessas turfeiras na retenção de água na ilha e na regulação de caudais de nascentes. Referiu ainda os impactos que estão associados a arroteias de zonas húmidas na disponibilidade de água na ilha.
Apresentou as principais áreas da ilha sensíveis em termos de arroteias e apresentou estimativas para a avaliação da precipitação oculta nessas zonas.
A Engª Cândida Mendes, explicou a formas como o Sphagnum, acumula água, classificou os vários tipos de turfeiras existentes na ilha e quantificou a quantidade de água que foi perdida numa arroteia realizada nas proximidades das Furnas do Enxofre. Afirmou ser possível a recuperação de zonas húmidas na Terceira e deste modo regular a disponibilidade hídrica. A água armazenada na turfeira arroteada, que exemplificou, era superior à capacidade da Lagoa artificial do Cabrito.

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Precipitação em Angra do Heroísmo com Níveis Normais

O ano climático de 2007/2008 foi um ano normal em termos da pluviosidade registada em Angra do Heroísmo, revelam dados do Instituto de Meteorologia (IM) apresentados ontem por Eduardo Brito de Azevedo, do Centro de Clima, Meteorologia e Mudanças Globais da Universidade dos Açores, num colóquio sobre o problema da falta de água no concelho angrense promovido pelo estabelecimento de ensino superior açoriano. Recorde-se que a falta de chuva foi uma das causas apontadas pelo hidrogeólogo Lopo Mendonça para a falta de água no concelho de Angra, num estudo encomendado pela autarquia angrense e realizado no mês de Setembro.Tendo por base estatísticas do IM sobre a precipitação verificada nos últimos 113 anos em Angra do Heroísmo, Eduardo Brito de Azevedo adiantou que “o ano climático de 2007/2008 (Janeiro de 2007 a Agosto de 2008) insere-se nos anos normais em termos de precipitação, com 1.024 mililitros por metro quadrado, ou seja, 91 por cento da precipitação normal em termos médios”.Segundo disse, “apesar de, no mesmo período, se terem registado menos dias de precipitação (172 contra 185 de média), as chuvas intensas foram superiores ao normal, com mais 10 mililitros por metro quadrado”. Eduardo Brito de Azevedo sublinhou ainda que “o ano de 2007/2008 está próximo dos valores normais em termos de precipitação, sobretudo quando comparado com 1992, 1992 e 1998, que foram anos considerados secos”.Em relação à evapotranspiração - cujo eventual aumento era outra das hipóteses apontadas para a descida do nível dos caudais das nascentes -, Eduardo Brito de Azevedo sublinhou que “apesar de, na primeira metade de 2008, a temperatura ter estado ligeiramente acima da média, a evapotranspiração real caiu logo a seguir ao início do défice hídrico”.
No que diz respeito à zona do Cabrito em particular - onde se situa o principal aquífero da ilha Terceira -, dados referentes aos últimos oito anos permitem concluir que “2008 (Janeiro a Agosto) apesar de não estar numa posição muito favorável está dentro da normalidade expectável”, referiu.J á no que concerne à precipitação registada nos últimos dez anos, Eduardo Brito de Azevedo adiantou que foi “superior ao normal”. Também na última década, “o ano de 2007/2008 não é um ano que fuja à normalidade”, acrescentou. Por último, relativamente à nascente da Nasce Água, salientou que “o ano de 2008 não foi aquele que apresentou caudais mais baixos”.
Por seu lado, Félix Rodrigues, docente da Universidade dos Açores, defendeu a necessidade de estudos aprofundados sobre o eventual impacto do aumento da temperatura na forma como chove e na precipitação oculta e, por conseguinte, na recarga das nascentes. Considerou igualmente importante apurar a quantidade de água gasta na construção de infra-estruturas como a Via-rápida Vitorino Nemésio, assim como eventuais fracturas no aquífero do Cabrito, provocadas não por sismos, mas por “outras movimentações” eventualmente registadas naquela zona.
(In Diário Insular)

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sábado, novembro 29, 2008

Azorean arthropods do it fast in dark caves

Azorean arthropods have diversified according to the age, area and relative isolation of each island within the archipelago. However, each group experiences these factors differently; hence their patterns of diversification differ according to their particular life histories. This is the main finding of a study conducted by Joaquín Hortal from the NERC Centre of Population Biology of the Imperial College, and Paulo Borges from the Azorean Biodiversity Group (CITA-A) of the University of the Azores, recently published in the Journal of Biogeography. The authors show that although the shape of the relationship between diversification and time is in general the same, different groups show different rhythms of evolution. They reach these conclusions within the first independent evaluation of the General Dynamic Model of Oceanic Island Biogeography, recently proposed by Robert J. Whittaker and colleagues, which merges the geological evolution of islands with the biological evolution happening on them. Borges and Hortal used the framework provided by this new model to study the relationship between the number of species that are single island endemics (i.e., exclusive of each island) and the age, area and isolation of each island. Within the Azores, cave species appear to have evolved quite quickly, producing a number of species during the initial stages of development of the islands, when cave systems formed by lava tubes and volcanic pits were abundant and pristine due to the high volcanic activity. When the islands settle, cave systems start to collapse, diminishing the area available for cavernicolous species, which eventually end up either facing extinction or surviving in the small crevices of the soil under the forest. This rapid pace of diversification and early decline is exclusive to cave arthropods and does not appear to be evident for the other arthropod groups studied. In most islands some lineages are still evolving into new species, so older islands show more exclusive species than younger ones, except for the older island, Santa Maria, where some groups show some decrease in the pace of diversification. Such differences between groups are caused by the opposing roles of the two components of diversification. When speciation is predominant, diversification is positive and the number of endemic species on an island increases. This pace slows down as extinction takes the lead, and diversification gets slower and eventually negative when the islands age and erode and they start to lose species numbers. While for most arthropods the Azores is a land full of opportunities, those inhabiting caves already feel the pressure of living in aging islands.Other factors, such as dispersal capacity, also affect the pace of diversification within the Azores, suggesting that the diversity of evolutionary responses in different kinds of organisms is so wide that no general model, like the one proposed by Whittaker and colleagues is able to predict the pattern and process of diversification of all living groups. What this model does, however, is to allow integration of deviations from the general pattern into a common theoretical framework. By relating these deviations with the particular characteristics of each group, we might be able to ascertain how and why evolutionary processes happen on the isolated archipelagos that constitute some of the few long-term experiments provided by nature.

(In The International Biogeography Society)

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Lista Completa dos novos directores regionais

Estão nomeados todos os directores regionais do X Governo dos Açores, ficando assim preenchido o quadro orgânico governativo para a presente legislatura.
Dos vinte e nove titulares de direcções regionais e de serviços equiparados, dezoito transitam do anterior Governo e onze são estreantes nessas funções, destacando-se, entre estes últimos, o facto de seis serem do sexo feminino, o que eleva para onze o total de mulheres no conjunto das secretarias e direcções do X Governo Regional


Na dependência directa do presidente do Governo, a Direcção Regional da Cultura será titulada por Gabriela Canavilhas, de 47 anos de idade, licenciada em Ciências Musicais.
Na Vice-Presidência manter-se-ão todos os anteriores directores regionais: José António Gomes, na Direcção Regional do Orçamento e Tesouro; Victor Santos, na Direcção Regional de Organização e Administração Pública e Rui Amann, na Direcção Regional do Planeamento e Fundos Estruturais.Também se mantêm Augusto Elavai e Antero Rolo como chefes, respectivamente, do Serviço Regional de Estatística e da Inspecção Regional Administrativa.
Na dependência do secretário regional da Presidência ficarão Bruno Pacheco, na Direcção Regional da Juventude, e Alzira Silva, na Direcção Regional das Comunidades, ambos mantendo os cargos que já detinham.
Na Secretaria Regional da Educação e Formação, Fabíola Jael de Sousa Cardoso, de 43 anos, mestre em Supervisão Pedagógica, será a nova directora regional da Educação, mantendo-se Rui Santos na Direcção Regional do Desporto
Miguel António Moniz da Costa, de 32 anos, jurista, será o novo director regional dos Equipamentos e Transportes Terrestres, enquanto Paulo Meneses transita para a Direcção Regional da Ciência, Tecnologia e Comunicações. As duas direcções estão integradas na Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, em cuja tutela se manterão o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores, chefiado por António Cunha, e o Laboratório Regional de Engenharia Civil, chefiado por António Pereira Alves Calado, de 55 anos, licenciado em Engenharia Electrotécnica.
Das três direcções regionais da Secretaria Regional da Economia, duas terão novos titulares: na Direcção Regional do Turismo estará Miguel de Oliveira Rodrigues Cymbron, de 38 anos, licenciado em Direcção e Gestão de Operadores Turísticos, e na Direcção Regional dos Transportes Aéreos e Marítimos ficará Lucília Maria Teves Tavares Soares, de 48 anos, licenciada em Sociologia. Arnaldo Machado mantém-se como titular da agora denominada Direcção Regional de Apoio ao Investimento e à Competitividade.
Para a nova Secretaria Regional do Trabalho e Solidariedade Social, que integra quatro direcções regionais, entrarão três estreantes neste tipo de funções: Carlos Manuel Redondo Faias, de 35 anos, mestre em Gestão Estratégica do Turismo, será o titular da Direcção Regional da Habitação; Isabel Maria Dinis Berbereia, de 37 anos, licenciada em Política Social, titulará a Direcção Regional da Solidariedade e Segurança Social e Natércia da Conceição Reis Gaspar, de 36 anos, licenciada em Serviço Social, chefiará a Direcção Regional da Igualdade de Oportunidades. Rui Bettencourt mantém-se na agora intitulada Direcção Regional do Trabalho, Qualificação Profissional e Defesa do Consumidor.
Na igualmente nova Secretaria Regional da Saúde, Sofia Adriana Carvalho Duarte, de 33 anos, jurista, será a titular da Direcção Regional da Saúde, enquanto Paula Costa, ex-directora da Solidariedade e Segurança Social, chefiará a também novel Direcção Regional da Prevenção e Combate às Dependências.
Todos os directores regionais integrados na Secretaria Regional da Agricultura e Florestas manterão os seus cargos: José Mendes, na Direcção Regional dos Recursos Florestais; Joaquim Pires, na Direcção Regional do Desenvolvimento Agrário; e Fátima Amorim, na Direcção Regional dos Assuntos Comunitários da Agricultura.
Na Secretaria Regional do Ambiente e do Mar haverá um novo director regional. Trata-se de José António Cabral Vieira, de 45 anos, doutor em Economia, que será o titular da Direcção Regional da Energia. Frederico Cardigos mantém-se em funções, à frente da Direcção Regional do Ambiente, e João Luís Gaspar continua, também, a desempenhar o cargo, mas agora na Direcção Regional do Ordenamento do Território e dos Recursos Hídricos.
Todos os titulares das novas direcções regionais iniciarão funções no dia imediatamente a seguir ao da entrada em vigor do Decreto Regulamentar Regional que contém a orgânica do X Governo, o qual foi já entregue ao Representante da República.
(In RTP-RDP Açores)

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sexta-feira, novembro 28, 2008

A Festa das Cigarras

Tomaz Dentinho
Já demos por isso. Os eleitores açorianos são um bocadinho “maria vai com as outras”. Quando o PSD está no poder votam PSD até que o chefe se vá embora, não vá o diabo tecê-las. Quando o PS Governa o melhor é não levantar muitas ondas e manter as coisas como estão, também até o chefe se ir embora; “sabemos onde estamos, não sabemos para onde vamos”, é isso que expressam alguns com um ar meio esguio e matreiro de quem há muito tempo optou por ser discreto e umbilical em vez de ser inteligente e ousado como os que partiram para o outro lado do mar.
No entanto nos Açores a terra e o mar também votam quando as gentes parecem ter esquecido de onde são, e preferem voar aos sons dos ventos de fora que trazem mais fortuna momentânea. Se a América dizia que era assim então para quê dizer o contrário. Se, agora, a Europa diz que é assado que remédio nos resta se não acatar o que dizem de Bruxelas e ainda pagam? O problema, ou a sorte, é que o mar e a terra não se calam sobretudo neste ponto particularmente sensível do Planeta.
Em Angra do Heroísmo lembraram-se de que eram os maiores e os melhores a organizar e celebrar festas e festividades. E como havia um dinheirinho europeu de semente, vá de organizar mais festas e festivais com nome de cultura, fazer barulho à fartazana, acabar com o porto que justificou a cidade para fazer bares e restaurantes de anti-civilização, e descurar aquilo que é a base de qualquer cidade insular: o abastecimento de água e o porto que, desde há cinco séculos, iam estruturando o desenho urbano desta cidade que escolhemos para viver.
Esqueceram-se, os seguidores da Cigarra, que a cidade começa nos cumes das Serras do Morião, do Pico Alto e de Santa Bárbara e termina nos termos das rotas que demandam Angra, do outro lado do mar. E, de repente, a água deixou de correr nos tubos e passou a faltar nos reservatórios. De, repente, a cidade ficou vazia porque quinhentos empregos foram mudando para o novo porto construído na Praia, ficando Angra como armazém para barcos de recreio. De repente – “virá que eu vi” – o governo subsidiado do exterior deixará de ter dinheiro para pagar os funcionários regionais da cidade que, in extremis, se transformará no Topo da Ilha Terceira, cheio de história e de ruína, sem água e sem porto, sem vocação e sem sentido. Aconteceu a outras cidades que foram importantes, nessas ilhas aí para fora – como dizia um sabedor micaelense. Sobretudo quando se esqueceram do saber da água que lhes dava raízes e do porto que lhes dava sentido. Tudo no meio de muita festa e de muita obra de fachada dos últimos dias.
Mas as ilhas relativamente pequenas têm felizmente estes alertas ambientais, mesmo quando as gentes se esquecem das raízes que têm e do sentido para que foram criados. E é assim que quem se vai encarregar de derrotar o poder estabelecido não é uma oposição que pouco tem de diferente mas sim a falta de água, a degradação da paisagem, a degradação da cultura e a anulação do porto.
Quando percebermos que não temos água porque deixámos fazer rebentamentos em pedreiras, porque não pagámos a alguns lavradores para produzirem água em vez de produzirem leite e carne, porque não cuidámos com o peso dos camiões das obras a pisar condutas, porque não tivemos coragem de controlar a procura através do preço, porque vivemos à conta das obras de outros tempos, porque chamámos um supostos peritos de fora para palrar na comunicação social, porque anunciámos restituições de verbas sem resolver o problemas. Quando percebermos isso tudo, dizia, nem teremos força para culpar alguém. A culpa é nossa – formigas discretas e umbilicais - que nos deixámos enredar na Festa das Cigarras.

(In A União)

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Centro de História de Além-Mar

O Centro de História de Além-Mar (CHAM) tem novos corpos directivos. João Paulo Oliveira Costa, da Universidade Nova de Lisboa, é o novo director, enquanto Avelino Meneses, da Universidade dos Açores, é o presidente da mesa da Assembleia Geral.
(In Diário Insular)

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História da Arte e Património Construído II

quinta-feira, novembro 27, 2008

Actividades desenvolvidas pelo Serviço Educativo do Museu de Angra

A abertura das instalações do Serviço Educativo do Museu de Angra do Heroísmo ocorrerá em Dezembro. Encontra-se na sua fase final o processo de adaptação de edifício da antiga fábrica de tabaco Âncora às funções que irá desempenhar futuramente. Entretanto, funcionou já no referido espaço um atelier de expressão plástica, dinamizado pelos alunos do CRER I e II da Secundária de Angra, que depois de terem visitado a exposição Bower Hat, aproveitaram figuras de insectos e flores dos quadros de Vera Bettencourt para decorar o mobiliário destinado ao espaço infantil do Serviço Educativo.Paralelamente, têm sido dinamizadas as exposições temporárias patentes neste Museu: Máquinas Fotográficas e Arte Contemporânea: Ultimas Aquisições. Na primeira, foi recriado um estúdio fotográfico antigo em que os visitantes têm possibilidade de encenarem poses com a ajuda de adereços que remetem para a atmosfera do início do século passado. As fotografias são depois usadas como ponto de partida para um exercício de escrita criativa. A exposição de arte contemporânea foi visitada por turmas de vários estabelecimentos de ensino secundário profissional e também pelos alunos do Curso de Guias da Natureza da Universidade dos Açores. Além das informações recolhidas durante a visita, os visitantes têm oportunidade de aprofundarem o estudo das obras expostas, mediante a consulta de um Cd-Rom, onde estão compiladas informações sobre os autores presentes na mostra. Este e outros materiais de apoio às diferentes exposições estão disponíveis on line, numa nova entrada criada para o efeito, na rubrica Museu Educativo, do sítio do Museu de Angra.
(In Azores Digital)

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Crise Hídrica nos Açores

"A crise hídrica nos Açores", pelo professor Cota Rodrigues, é o título da palestra que vai decorrer sexta-feira, dia 28 de Novembro, na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, em Angra do Heroísmo.
A palestra insere-se na Semana da Ciência e da Tecnologia 2008 do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores.

Na quinta-feira, dia 27 de Novembro, organizado pelo Departamento de Ciências Exactas, da Escola Francisco Ornelas da Câmara na Praia da Vitória, e coordenada pela Mestre Ana Vilela, decorrerá a conferência intitulada "A crise da Biodiversidade", proferida pelo professor Paulo Borges. Entretanto, realizou-se no dia 24 de Novembro, Dia Nacional da Cultura Científica, na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, uma pequena palestra sobre "Crise ambiental e alterações climáticas globais" proferida pelo professor Félix Rodrigues.Nessa palestra, organizada pela professora Clarina Rodrigues, foi dada ênfase às emissões de gases com efeito de estufa, que desestabilizam o clima. Nos Açores, em média, cada casa açoriana emite cerca de 1,34 toneladas de dióxido de carbono por ano. Se associarmos as emissões de metano e óxido nitroso produzidos pela agro-pecuária e pelo menos uma viagem familiar de férias por ano fora da região, cada família açoriana emitirá em média 15 toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano. Nesse contexto, o papel de cada um de nós no aquecimento global é próximo do verificado nos países industrializados.

No dia 25, realizou-se na mesma Escola, uma palestra proferida pelo Professor Miguel Ferreira e orgnizada pela Professora Helena Correia, sobre o Prémio Nobel da Física de 2008.

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Gui Meneses do Departamento de Oceanografia e Pescas ganha prémio nacional

Gui Menezes, da Universidade dos Açores, ganhou um prémio no concurso nacional de inovação do Banco Espírito Santo com um projecto sobre medição de espécies piscícolas através de fotografia digital.

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quarta-feira, novembro 26, 2008

Prémio Nobel da Física de 2008 explicado na Semana da Ciência e Tecnologia

Decorreu, na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, uma palestra do Professor Miguel Ferreira, sobre o Prémio Nobel da Física de 2008, integrada nas comemorações do Campus de Angra do Heroísmo da Semana Nacional da Ciência e Tecnologia de 2008.
O Prémio Nobel da Física de 2008 foi concedido a M. Kobayashi dos Estados Unidos da América e a T. Maskawa eY. Nambu do Japão pelas suas contribuições para a compreensão da constituição da matéria.

Apesar de muitos considerarem que o corpo de conhecimentos da Física é substancial, conhece-se por exemplo, apenas 4% do Universo e sobre os restantes domínios do conhecimento sabemos ainda muito pouco. Para percebermos o Universo necessitamos de conhecer o "muito pequeno" para podermos extrapolar comportamentos para o "muito grande". Em termos de conhecimento científico esperam-nos ainda grandes descobertas e surpresas.
No modelo "standard" desenvolvido nos anos 70 considerou-se existirem 3 famílias de leptões e 3 famílias de quarks. A necessidade da existência de 3 famílias foi prevista teoricamente pelos laureados. O top quark só foi descoberto apenas em 1995.
Existe na natureza um número relativamente elevado de partículas fundamentais como o protão, neutrão ou electrão. Bariões e mesões não são partículas fundamentais mas constituídos por quarks. A cada quark corresponde um antiquark. Os mesões são formados por um quark e um antiquark. Os bariões são formados por três quarks. Existem quarks de vários tipos (sabores) up, down, etc... e muitas outras combinações provavelmente existirão. No mundo da física ainda há partículas por descobrir. Pode-se brincar um pouco com isso afirmando-se que "se um físico soubesse o nome de todas as partículas não seria físico mas botânico".
Na física a simetria existe, pois toda a partícula tem uma antipartícula.
Em Física as partículas e as suas propriedades são descobertas por detectores em grandes aceleradores de partículas, como o do CERN onde os protões serão acelerados até 99.99999999 % da velocidade da luz.
Na Quinta-feira, dia 27 de Novembro, organizado pelo Departamento de Ciências Exactas, da Escola Francisco Ornelas da Câmara na Praia da Vitória, e coordenada pela Mestre Ana Vilela, decorrerá a conferência intitulada "A crise da Biodiversidade", proferida pelo Professor Paulo Borges.
No dia 28 de Novembro, decorrerá, na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, uma palestra proferida pelo Professor Cota Rodrigues, com o tema "A crise hídrica nos Açores".
Nessa tarde também se realizará, no auditório do Pico da Urze da Universidade dos Açores, um fórum debate sobre a escassez de água na ilha Terceira.
No dia 30, pelas 21:00H, organizada pelos "Os Montanheiros" decorrerá, na sede desta associação, uma palestra proferida pela Profª Maria de Lurdes Enes, intitulada "Tesouros Subterrâneos: Potencialidades da Biodiversidade microbiana dos tubos de lava dos Açores". Esta palestra integra-se nas comemorações dos 45 anos da Associação anteriormente referida.

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A Escola Inclusiva nos Açores

Na primeira parte do telejornal da RTP-Açores, faz-se uma análise da Escola inclusiva nos Açores, com depoimento de pais, docentes e da Investigadora do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, Professora Letícia Leitão.


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Património Vegetal e Etnobotânico no Planalto Mirandês. O Caso da Freguesia de Ifanes

Realizam-se no dia 27 de Novembro, pelas 10 horas, no Instituto Politécnico de Bragança, as provas de Mestrado em Gestão e Conservação da Natureza, requeridas pela licenciada Margarida de Lurdes Telo Ramos.
As provas serão avaliadas por um Júri presidido (por designação do Reitor) pelo Doutor Eduardo Manuel Ferreira Dias, professor auxiliar da Universidade dos Açores, sendo vogais os Doutores Ana Maria Pinto Carvalho e Carlos Francisco Gonçalves Aguiar, ambos professores adjuntos da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança.
As provas constarão da discussão pública, com crítica e defesa, de uma dissertação intitulada Património Vegetal e Etnobotânico no Planalto Mirandês. O Caso da Freguesia de Ifanes

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terça-feira, novembro 25, 2008

Tesouros naturais subterrâneos dos Açores

Realiza-se no dia 30 de Novembro, pelas 21:00H, uma palestra proferida pela Profª Maria de Lurdes Enes, na Associação os Montanheiros, à Rua da Rocha, em Angra do Heroísmo, intitulada "Tesouros Subterrâneos: Potencialidades da Biodiversidade microbiana dos tubos de lava dos Açores".
Esta palestra integra-se na comemoraçõa dos 45 anos da Associação "Os Montanheiros" e é ministrada no último dia da Semana da Ciência e Tecnologia.
A Organização da palestra esteve a cargo da Associação anteriormente referida.
(In Os Montanheiros)

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ANGRA Equipamentos culturais e lugares

Francisco Maduro-Dias

O assunto não é novo, mas merece ser tratado outra vez, na sequência do desmoronamento de parte da muralha da fortaleza de S. Sebastião, do estado a que chegou – como se ainda fosse possível chegar muito mais adiante... – o antigo Hospital Militar da Boa Nova, do que aconteceu à torre de balões meteorológicos do Observatório José Agostinho, do que se passa com salas como a Recreio e o Teatro Angrense, do que nos prometem com a nova Biblioteca, do que aconteceu com o afastamento do ex-conservatório, da lenta aproximação do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores do centro histórico da cidade, das ruínas – ainda – dos antigos conventos das concepcionistas e dos capuchos, e por aí fora.
E perguntam porque é que a cidade – esta e as outras, porque não é só esta – se desertificam, perdem habitantes, ficam estranhas à noite!
É especial a responsabilidade que temos relativamente a Angra do Heroísmo, enquanto lugar do Mundo onde o Património Cultural deve se especialmente protegido como recurso não renovável e património a usar em benefício do desenvolvimento sustentável da comunidade humana que aqui habita ou nos visita.E essa responsabilidade deve fazer pensar no que se tem feito e não se tem feito em prol de um desenvolvimento harmónico dos equipamentos culturais.
Em tempos escrevi que era interessante notar a forma como, nos tempos idos de há uns dois ou três séculos, quem orientava e vivia nesta cidade colocou os edifícios “âncora” devidamente espalhados, para abraçarem a cidade, serem acedidos confortavelmente, não complicarem a vida uns aos outros e serem complementares quando necessário.
Se a gente vir os Impérios do Espírito Santo estão assim, espalhados mas com a lógica das comunidades que servem, se a gente olhar para as igrejas, capelas e ermidas é o mesmo; se a gente pensar nos diversos assentos do poder de então temos um na Praça Velha (a Câmara), outro no Corpo Santo (o Provedor das Armadas), outro ao cimo da Rua Direita (o Capitão do Donatário) outro no Monte Brasil (os militares), outro a meio da Rua da Sé (a Catedral).
A nobreza fazia o mesmo. Basta ver os solares e casas grandes de família, desde o Corpo Santo até S. Pedro e arredores e vê-los, convenientemente distribuídos por essas ruas para, não fazendo sombra uns aos outros, aproveitarem o espaço total.
Nós, nestes tempos de agora, parece que nos divertimos a preencher os espaços ditos disponíveis ao calhas, conforme a oportunidade e a possibilidade, afastando até equipamentos e funções absolutamente necessárias numa cidade que depende estruturalmente disso.
Não é o mesmo ter uma biblioteca descentrada ou alinhada com o Centro Cultural e o Bailão, aproveitando sinergias e criando centralidades novas;Não é o mesmo esperar por ter a Boa Nova na perspectiva de mais um museu – espaço de custos – ou uma fundação que tenha custos mas dinamize benefícios;Não é o mesmo ter o Observatório Meteorológico ali em cima e o Observatório de Ambiente cá em baixo, cada um puxando por si (e Deus por todos);Não é o mesmo ter o Centro Cultural sozinho a produzir e a disponibilizar, ou ter Recreio, Fanfarra, Alpendre, apenas para falar em alguns dos mais antigos, a colaborarem na dinamização da sua e nossa cidade.Não é o mesmo aceitar a lentidão da Universidade em aproximar-se ou tomar em mãos a necessidade, urgente, de a entrosar com a cidade, com mais residências (belo exemplo o da Rua do Morrão) ou gabinetes de trabalho e outros “metidos” no tecido urbano.E, depois, há a questão da divulgação e do atravancamento de actividades umas por cima das outras, velha de trinta anos, gerando e considerando públicos de costas voltadas, quando poderiam apoiar-se mutuamente (visitantes e habitantes).
Angra precisa de se completar no construído; evitar mais derrocadas como a do Castelinho e garantir que o tecido urbano edificado corresponde a uma vida urbana com pés e cabeça.
(In DI-Revista)

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Crise ambiental e alterações climáticas globais

Realizou-se ontem, 24 de Novembro, Dia Nacional da Cultura Científica, na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, uma pequena palestra sobre "Crise ambiental e Alterações Climáticas Globais" proferida pelo Professor Félix Rodrigues na turma do 9ºH.
Nessa palestra, organizada pela Professora Clarina Rodrigues, foi dada ênfase às emissões de gases com efeito de estufa, que destabilizam o clima.
Nos Açores, em média, cada casa açoriana emite cerca de 1,34 toneladas de dióxido de carbono por ano. Se associarmos as emissões de metano e óxido nitroso produzidos pela agro-pecuária e pelo menos uma viagem familiar de férias por ano fora da região, cada família açoriana emitirá em média 15 toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano. Nesse contexto, o papel de cada um de nós no aquecimento global é próximo do verificado nos países industrializados.

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segunda-feira, novembro 24, 2008

Açores vão exportar hidrogénio dentro de 5 anos

Os Açores poderão, em quatro ou cinco anos, produzir 100 toneladas diárias de hidrogênio para consumo regional e exportação, afirmou nesta segunda-feira o pesquisador Mário Alves, responsável pelo Laboratório de Ambiente Marinho e Tecnologia (LAMTec) do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, localizado na Praia da Vitória. Segundo o pesquisador, essa quantidade "pode rentabilizar o projeto"."A primeira produção se destinará à substituição das centrais termoelétricas [a diesel] que passarão a funcionar a hidrogênio, alargando-se posteriormente aos transportes e à indústria", prevê o especialista. Mário Alves afirmou que "os Açores possuem recursos renováveis abundantes, como o vento, o que permite perspectivar um aumento da produção [de energia], incluindo [para] a exportação, de acordo com a procura do mercado"."A exportação de hidrogênio será feita por via marítima, com recurso a navios também eles movidos a hidrogênio", explicou. O pesquisador da Universidade dos Açores calcula que, em menos de duas décadas, os Açores poderão ser auto-suficientes na produção de energia.
"Na nossa estimativa, o arquipélago, dentro de 10 ou 15 anos, será auto-suficiente", consumindo "30% de energia geotérmica, de 15% a 20% de eólica, 5% de hídrica e 50% de hidrogênio", adiantou. De acordo com Mário Alves, a produção de hidrogênio tem potencial para ser tornar a indústria de maior dimensão da região e, segundo seus cálculos, caso haja "visão e vontade política de longo prazo", pode vir a ser a maior do país. O responsável do LAMTec explicou que, enquanto na energia eólica o arquipélago já possui capacidade de resposta, em relação ao hidrogênio, ainda não se consegue trabalhar ao ritmo das subidas e descidas dos preços do petróleo. A primeira produção experimental nos Açores deve ser apresentada em um ou dos anos e, apesar de se estar "investindo bem em pesquisa", ainda "vai levar algum tempo para mudar a indústria e adaptar as infra-estruturas", destacou. O especialista adverte que os investimentos, cujos valores não quis estimar, serão condicionados à capacidade do arquipélago de produzir hidrogênio mais barato do que o petróleo. "A carga fiscal que os governos impõem" é condicionante e, neste caso, para o projeto ser rentável, "é de bom senso que seja mais reduzida na produção do hidrogênio", defende. Os estudos nos Açores destinados à produção de hidrogênio foram iniciados pelo LAMTec em 2001. O laboratório foi criado em 24 de outubro do mesmo ano por meio de um protocolo assinado entre a Universidade dos Açores e a Prefeitura de Praia da Vitória.
(In uol - Brasil)

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A Falta de Formação não estimula o crescimento

Associada à baixa produtividade da economia açoriana está a falta de qualificação da mão-de-obra disponível, afirma Tomaz Dentinho, docente do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores.
A política de contratação do Governo Regional e das autarquias tem tido como objectivo a garantia de emprego, em detrimento da melhoria do serviço público, afirma Tomaz Dentinho, economista e docente no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, em Angra do Heroísmo. O economista acrescenta que "é por isso mesmo que as remunerações médias são mais reduzidas do que noutras regiões, onde a prioridade para a melhoria do serviço público requer que se aposte em funcionários com maior formação. Se assumirmos este resultado então a baixa produtividade relativa dos Açores tem a ver com a baixa formação dos assalariados e a política de contratação dos funcionários públicos".


O professor universitário diz que a teoria económica confirma que as remunerações andam a par com a produtividade da última unidade de trabalho contratada. "Na função pública a produtividade média é igual à remuneração média e, por isso, há muitos funcionários que vivem à custa do trabalho, no qual recebem cada vez menos. Logo, a produtividade tende para zero", afirma Tomaz Dentinho. Para trabalhadores pouco qualificados, adianta, "e em meios relativamente pequenos, as empresas conseguem fixar salários monopsonísticos mais baixos do que a produtividade da última unidade de trabalho contratada. Por isso é que a política do salário mínimo pode ser defensável, desde que calibrada para a remuneração, até que seja igual à produtividade da última unidade de trabalho contratada pois, caso ultrapasse esse valor, provoca desemprego e redução da massa salarial". Para que se consiga imprimir mais produtividade na economia da Região, o economista preconiza, em primeiro lugar, maior e mais adequada formação. "Segundo, controle da fase de transformação e distribuição das cadeias de valor exportadoras do leite, da carne, da floricultura, do turismo, da pesca e da logística que exigem mão-de-obra mais qualificada e com maiores remunerações."
Tomaz Dentinho participou, em tempos, num estudo que está publicado na Revista Portuguesa de Estudos Regionais, em parceria com David Bedo e José Cabral Vieira: "Nesse estudo, apenas para o sector privado, associámos a baixa produtividade e a baixa remuneração à reduzida formação dos assalariados, como é comprovado em muitos outros estudos".
A concorrência é boa para o aumento de produtividade
De acordo com José Cabral Vieira, a concorrência é sempre boa para os consumidores, para o aumento da produtividade e para o crescimento económico. O economista afirma, ainda, que a falta de concorrência facilita a sobrevivência e não estimula o investimento, a inovação e a gestão: "Nesse sentido, a falta de concorrência não espicaça a introdução de elementos fundamentais para a produtividade e a competitividade". A dispersão, associada à pequenez, são também elementos que reduzem a produtividade: "Apenas a título de exemplo, a pequenez do mercado não viabiliza, muitas vezes, a constituição de stocks. Tal conduz, muitas vezes, devido à inexistência de stocks constituídos localmente, a perda de tempo associado à chegada da encomenda.
(In Tibério Cabral em Expresso das Nove)

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domingo, novembro 23, 2008

Em média, a praga das térmitas avança cinquenta metros por cada Verão que passa

Em média, a praga das térmitas avança cinquenta metros por cada Verão que passa.
"Se todas as casas fossem iguais e se não houvesse nenhuma reacção da população, a praga poderia ir do centro de Angra até à zona de S. Mateus" - diz o investigador Orlando Guerreiro, da Universidade dos Açores.Em trinta anos, a praga podia avançar mais de sete quilómetros na Terceira, caso não existisse combate humano.Reportagem vídeo:
(in Marta Silva, Telejornal Rtp Açores)

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Água politizada parte II

O Núcleo da Terceira do Bloco de Esquerda reclama um esclarecimento mais aprofundado das razões da falta de água no Concelho de Angra do Heroísmo. Entende que a explicação da actual situação de escassez de água no Concelho ainda não é suficientemente esclarecedora, propondo que sejam mobilizados diferentes especialistas na área, incluindo naturalmente os especialistas da Universidade dos Açores, instituição que ao longo dos anos tem contribuído para um melhor conhecimento técnico (das várias componentes do ciclo da água), promovendo-se desta forma, a discussão em torno desta questão com a profundidade que se impõe.
A abertura de novos furos poderá implicar a perda de qualidade da água pelo que o Bloco reclama a necessidade de estudar se essa solução é a mais adequada junto desses especialistas, a que cuidados ela deve obedecer, e que essa informação seja comunicada devidamente aos munícipes.
Alerta ainda para a necessidade de esclarecer junto dos munícipes qual a entidade responsável pelo arroteamento de áreas na Caldeira Guilherme Moniz e a razão pela qual foi feita e exige que se avalie o impacto que, no futuro, o funcionamento da pedreira instalada à saída da Caldeira, terá na adutora que transporta a água da nascente do Cabrito.
Para além disso o Bloco propõe que a Câmara:- Estabeleça um plano para aumentar a eficiência das redes de abastecimento, propondo ao Governo Regional o apoio para contribuir nos custos associados à concretização desse plano;
- Proponha um plano que vise a redução do consumo de água através de uma política adequada e devidamente estudada, acompanhada por uma campanha de sensibilização aos consumidores e promovendo, em simultâneo, um apoio efectivo aos munícipes na instalação de dispositivos para o uso eficiente de água e de armazenamento domiciliário de água pluvial.

(In BE)

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Só o leite com erva garante sustentabilidade nos Açores

Está confirmado que as quotas leiteiras acabam na União Europeia em 2015. É um desastre ou uma oportunidade para os Açores? Sempre fui contrário ao aumento das quotas, mesmo quando muitos - e foram quase todos - achavam que a solução dos problemas da nossa pecuária passavam por aí! Sempre achei que um quadro de liberalização da produção nos poderia ser prejudicial, porque os países com grande capacidade de expansão da sua produção, como por exemplo a Espanha, poderiam passar rapidamente de uma situação de produtores deficitários - por lhes haver sido fixado uma quota inferior às necessidades do seu próprio mercado - para a de produtores excedentários, com a possibilidade de invadirem o mercado do Continente, dada a sua maior proximidade, mercado esse que tem sido fundamental para os lacticínios dos Açores. O segredo da sobrevivência da produção leiteira açoriana, neste novo quadro, necessariamente mais competitivo, passará pela maior valorização desse nosso grande recurso natural, a erva, produzindo-se leite de uma forma mais sustentável, fazendo-se menor recurso a imputes externos - a única forma de garantir a produção de leite e de lacticínios mais baratos e de uma qualidade diferenciada.
O fim das quotas leiteiras poderá, também, implicar o fim do modelo de produção e transformação de leite vigente nos Açores?
Não necessariamente, mas estou certo que implicará ajustes no actual modelo de produção, tornando-o mais auto-sustentável, o que passa por maximizar e optimizar o binómio pastagem/ vaca leiteira. Em alternativa a produzir mais, numa lógica produtivista, mais e mais, teremos de produzir melhor, com uma preocupação crescente de aumentar a rentabilidade do processo produtivo. No que respeita à transformação deveríamos apostar numa maior diversificação, em particular em produtos de maior valor acrescentado, nomeadamente em novas variedades de queijo.
Com a produção aberta, regiões como os Açores ver-se-ão obrigadas a procurar outros modelos económicas, designadamente virando-se para as produções agrícolas e eventualmente de auto-subsistência?
As condicionantes orográficas (a altitude) e climatéricas (o vento) dos Açores são mais favoráveis à pastagem e à sua transformação em leite, mas, existem de facto algumas oportunidades de diversificação que não devemos desperdiçar, nomeadamente hortaliças, alguns frutos e especialmente algumas flores exóticas. Há que garantir no entanto transportes a preços competitivos para o necessário escoamento deste tipo de produções, para que elas sejam competitivas.
Quem vai dominar o mundo do leite, à escala global, após 2015?
Os países que melhor se posicionam, neste momento, para dominarem o Mercado global dos lacticínios são a Nova Zelândia e os Estados Unidos, por uma razão muito simples - preços de produção de leite mais baixos. Segundo os últimos dados da LTO, Holanda, o preço médio de pagamento de leite à produção, nos últimos 12 meses, foi de 36.37 na Europa, 30.04 na Nova Zelândia, e 30.01 (preços em Euro/100Kg, para leite com, 4.2% de gordura, 3.4% proteína e 249,999 células somáticas). Por outro lado, o aumento de consumo de lacticínios, em particular na China e na Índia está muito ligado às cadeias de “Fast Food” que, como sabemos, são na sua maioria pertença de multinacionais americanas.

(In Diário Insular)

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sábado, novembro 22, 2008

O impacto “baixo custo” nos aeroportos regionais


A 28 de Novembro de 2008 realiza-se um “workshop” no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, que conta com uma apresentação do Professor Tomaz Dentinho, do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores. Intitula-se “O impacto dos aeroportos no desenvolvimento regional” e um dos seus objectivos será analisar o impacto das companhias “baixo custo” no desenvolvimento de aeroportos e das economias regionais.

(In LowCost Portugal)

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Universidade dos Açores promove palestras nas escolas

Na semana da Ciência e Tecnologia, que se realiza de 24 a 30 de Novembro, o Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores vai discutir as múltiplas faces da “crise”, incluindo a falta de água no concelho de Angra do Heroísmo.
A Universidade vai oferecer às Escolas Secundárias da Terceira e à população em geral uma dezena de palestras sobre as várias faces da crise, em domínios científicos distintos.
Em simultâneo, segundo nota do Departamento de Ciências Agrárias, será organizado um debate, aberto ao público, com a participação de especialistas locais e nacionais, políticos e profissionais da área dos recursos hídricos sobre a crise da falta de água no concelho de Angra do Heroísmo. Este debate é, no entender da Universidade, um “contributo para a resolução de um problema local”.
A crise, segundo os investigadores universitários, pode ser definida como “uma fase de perda, ou uma fase de substituições rápidas. Esta pode ser teorizada tanto na economia, como na agricultura, física, ambiente ou outras tantas áreas do saber”.
A crise da agricultura está relacionada com uma “agricultura ineficiente”, da falta de competitividade ou de impactos ambientais negativos.
Por seu turno, a crise ambiental pode ser associada às alterações climáticas globais sendo importante estabelecer medidas quer de mitigação quer de adaptação às consequências dessa crise numa lógica de "ciência da sobrevivência". Contudo, uma crise de recursos naturais “será pior do que uma crise económica”, pois “os impactos que lhe estão associados são muito mais nefastos ao homem e à sua sobrevivência”.

Crise da água nas palestras

A realização das palestras, está dependente do número de interessados, que deverão solicitá-las previamente pelo email solegelo@gmail.com, ou pelo telefone da Universidade. Segundo a informação do Departamento, as palestras tanto poderão ser realizadas nas escolas (a seu pedido) ou no Anfiteatro universitário do Pico da Urze.
A palestra “crise ambiental – Alterações Climáticas Globais” será proferida pelo professor Félix Rodrigues e realizar-se-á no dia 24 de Novembro, pelas 10h15 na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade.
Cota Rodrigues abordará a crise hídrica nos Açores e a crise da biodiversidade será abordada pelo investigador Paulo Borges.
A “Sobrepesca: um misto de crise e de políticas erradas” ficará a cargo de João Pedro Barreiros, a crise económica e financeira será o tema da palestra de Tomáz Dentinho e a “crise da mecânica clássica: Prémio Nobel da Física 2008 – o Mecanismo da quebra espontânea de simetria na Física subatómica”, pelo professor Miguel Ferreira.
Serão ainda proferidas palestras sobre a crise na restauração (Maria da Graça Silveira); a “Ética e Biotecnologia” (Moreira da Silva); a gripe das aves e a crise na avicultura (José Estevam de Matos) e a crise de produção de ovinos nos Açores (Henrique Rosa).
Paralelamente será realizado, no dia 28 de Novembro, entre as 14 e 17 horas, um fórum-debate sobre a problemática da falta de água na ilha Terceira, sob a Coordenação de João Madruga e com a participação dos professores Eduardo Brito de Azevedo, Félix Rodrigues, Cota Rodrigues e Eduardo Dias. Esta iniciativa conta ainda com a presença do secretário Regional do Ambiente e do Mar, Álamo de Meneses. Neste debate participarão ainda vários membros do Governo açoriano, um membro da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, um investigador de outra Universidade Portuguesa e autarcas de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória.
Este fórum debate conta com o apoio do Centro de Investigação em Tecnologias Agrárias dos Açores, do Centro do Clima, Meteorologia e Mudanças Globais, Secção Regional da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos e Fórum Açoriano.
O fórum-debate está aberto ao público em geral, será realizado no Anfiteatro do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores (não necessita de inscrição prévia).
(In A União)

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9º Encontro de Química dos Alimentos

O 9º Encontro de Química dos Alimentos terá lugar em Angra do Heroísmo, de 29 de Abril a 2 de Maio de 2009 e será organizado pela Divisão de Química Alimentar da Sociedade Portuguesa de Química, em colaboração com a Universidade dos Açores através do Departamento de Ciências Agrárias e do Centro de Investigação em Tecnologias Agrárias dos Açores (CITAA). O tema do Encontro será: Qualidade e sustentabilidade – uma abordagem integrada.
Convidam-se todos os colegas a participar e enviar os seus trabalhos que se enquadrem dentro dos temas do encontro. O prazo de apresentação de resumos termina a 7 de Dezembro de 2008. Para mais informações poderão consultar a página Web no endereço: http://www.angra.uac.pt/9eqa2009.

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sexta-feira, novembro 21, 2008

Proposta de plano geral de abastecimento de água para Angra

Os vereadores do PSD em Angra do Heroísmo vão propor a realização de um plano geral de abastecimento de água para o concelho, uma iniciativa que será apresentada na reunião camarária agendada para esta noite e que surge na sequencia "dos graves constrangimentos derivados de problemas no abastecimento de água em Angra e também em algumas zonas do concelho da Praia da Vitória", bem como "da falta de uma intervenção pronta e eficaz da autarquia mediante uma situação que é bastante grave", explicou a social-democrata Carla Bretão.
O plano deverá constituir "uma base estratégica para melhorar a qualidade da distribuição de água e, como o próprio nome indica, deverá ser considerado como um instrumento de trabalho indispensável para orientar a câmara, através dos seus serviços municipalizados (SMAS), no planeamento de tudo o que diz respeito ao abastecimento de água ao concelho, para que não se repita, a curto ou a longo prazo, a actual crise", esclarece a autarca.
Referindo-se a uma situação "que ainda se vive, e após sucessivas explicações, insuficientes, avançadas pela autarquia", os representantes do PSD consideram ser fundamental "investir, com perspectiva de futuro, mas conhecendo o presente", um objectivo que só será alcançado "se existir um plano orientador", sendo que Carla Bretão e Paulo Marcelino dizem que o estudo recentemente apresentado pela câmara sustenta "uma série de supostas explicações, mas apenas indicando soluções de actuação que são pontuais", explicam.
Assim, e face a um problema "vivido e sentido pela população e pelas empresas do concelho", os social-democratas consideram ser necessário "muito mais do que um simples elencar de investimentos desprovidos de qualquer enquadramento estratégico", de modo a que esses mesmos investimentos "que vão sendo realizados, não sejam de puro remendo, como agora acontece", diz Carla Bretão.
A iniciativa dos vereadores laranja compreende "caracterizar, diagnosticar e fazer uma análise prospectiva dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, do concelho", de onde deverá constar "a apreciação do estado actual desses recursos e da evolução prevista das necessidades de água", de acordo "com a expansão demográfica, urbanística, comercial e industrial", sustentam.
A proposta a apresentar esta noite fará "o levantamento, a caracterização e o diagnóstico do estado actual do sistema de distribuição de água", identificando "as necessidades imediatas de investimento, acompanhadas de uma análise prospectiva dos investimentos a médio e longo prazo, com a respectiva programação". Querem ainda os vereadores laranja ver definidas "orientações estratégicas que estabeleçam as linhas de rumo para o planeamento e a gestão dos recursos hídricos no concelho".
O PSD recorda que "para além do envelhecimento da rede de distribuição de água", que tem determinado, nos últimos anos, "sucessivos rebentamentos em diversas zonas do concelho", se vêm verificando, desde o ano passado, "inúmeras interrupções, não programadas, no fornecimento de água", que culminaram "num calendário rigoroso – 24 horas por dia / 48 horas por semana - de interrupções nesse mesmo fornecimento de água à população", embora, "também se tenha verificado a existência de cortes não programados no referido calendário derivados, segundo explicação dos SMAS, de avarias pontuais".
Com a presente proposta direccionada para o abastecimento de água ao concelho, "neste momento, mais urgente e fundamental", a vereação social-democrata entende que a autarquia deverá "complementar a feitura deste plano com uma iniciativa idêntica no âmbito do saneamento de águas residuais e pluviais", acrescentando a sugestão de que a câmara "contacte a Universidade dos Açores, no sentido de perceber se a instituição pode realizar os planos propostos", já que, em caso contrário, "existem, no nosso país, várias empresas habilitadas para a feitura do que agora propomos", concluem.


(In Canal de Notícias dos Açores)

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Semana da Ciência e Tecnologia


A crise pode ser definida como uma fase de perda, ou uma fase de substituições rápidas. Esta pode ser teorizada tanto na economia, como na agricultura, física, ambiente ou outras tantas áreas do saber.
A crise da agricultura está relacionada com una agricultura ineficiente, da falta de competitividade ou de impactos ambientais negativos.
A crise ambiental pode ser associada às alterações climáticas globais sendo importante estabelecer medidas quer de mitigação quer de adaptação às consequências dessa crise numa lógica de “ciência da sobrevivência”.
Uma crise de recursos naturais será pior do que uma crise económica, pois os impactos que lhe estão associados são muito mais nefastos ao homem e à sua sobrevivência.
Nesta semana da Ciência e Tecnologia, o Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores pretende discutir as múltiplas faces da crise oferecendo às Escolas Secundárias da ilha Terceira e à população em geral, um conjunto de 11 palestras sobre as várias faces da crise, em domínios científicos distintos. Paralelamente será organizado um debate aberto ao público, com a participação de especialistas locais e nacionais, políticos e profissionais da área dos recursos hídricos sobre a crise da falta de água no Concelho de Angra do Heroísmo, como contributo para a resolução de um problema local.
A Realização dessas palestras, está dependente do número de interessados, que deverão solicitá-las previamente pelo email: solegelo@gmail.com, ou então pelo telefone 295204540. As palestras tanto poderão ser realizadas nas Escolas, a seu pedido, como no Anfiteatro do Pico da Urze da Universidade dos Açores.
As palestras disponibilizadas são:

A crise ambiental – Alterações Climáticas Globais pelo Prof. Félix Rodrigues. Esta palestra realizar-se-á no dia 24 de Novembro pelas 10:15 na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade.
A crise Hídrica nos Açores, pelo Prof. Francisco Cota Rodrigues.
A crise da biodiversidade, pelo Prof. Paulo Borges.
Sobrepesca: um misto de crise e de políticas erradas, pelo Prof. João Pedro Barreiros.
A crise económica e financeira, pelo Prof. Tomaz Dentinho.
A crise da mecânica Clássica: Prémio Nobel da Física 2008 – o Mecanismo da quebra espontânea de simetria na Física subatómica, pelo Prof. Miguel Ferreira.
HPCC e a crise na restauração, pela Profª.Maria da Graça Silveira.
Ética e Biotecnologia, pelo Prof. Fernando Moreira da Silva
A gripe das aves e a Crise na avicultura, pelo Prof. José Estevam de Matos.
A crise de produção de ovinos nos Açores, pelo Prof. Henrique Rosa.
Da crise energética à crise alimentar, pelo Prof. Alfredo Borba.

Paralelamente será realizado, no dia 28 de Novembro, entre as 14 e 17 horas, um fórum-debate sobre a problemática da falta de água na ilha Terceira, sob a Coordenação do Prof. João da Silva Madruga, com a participação dos Professores Eduardo Brito de Azevedo, Félix Rodrigues, Cota Rodrigues e Eduardo Dias da Universidade dos Açores, contando ainda com a presença do Senhor Secretário Regional do Ambiente e do Mar, Prof. José Gabriel Álamo de Meneses, outros membros do Governo Açoriano, um membro da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, um Professor Investigador de outra Universidade Portuguesa e autarcas de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória. Esse fórum debate conta com o apoio do Centro de Investigação em Tecnologias Agrárias dos Açores, do Centro do Clima, Meteorologia e Mudanças Globais, Secção Regional da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos e Fórum Açoriano.
O fórum-debate está aberto ao público em geral, será realizado no Anfiteatro do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores e não necessita de inscrição prévia.

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Crise da água em Angra do Heroísmo

Os dirigentes do PSD e do CDS-PP na Assembleia Municipal de Angra do Heroísmo assumem que as soluções apresentadas no estudo sobre a falta de água no concelho pecam por defeito, ao não espelharem acções a longo prazo e, no caso dos novos furos, insistirem nas opções actuais.Carla Bretão, pelos social-democratas, defende que a implementação de um plano estratégico de abastecimento de água é a solução mais sensata.“Mais do que soluções pontuais, Angra precisa de ter identificados os seus recursos hídricos e os investimentos necessários a médio e longo prazo para que se evitem novos problemas”, argumenta.A responsável social-democrata diz que a falta de água no concelho não resulta apenas da diminuição do recurso na origem, mas também da falta de investimentos e planeamento na rede de distribuição.“A Câmara limitou-se a distribuir a água que apareceu em abundância. Mas esqueceu-se de precaver o futuro”, sublinha Carla Bretão, que, amanhã, apresenta em reunião de câmara uma proposta para a elaboração do plano estratégico de abastecimento.
Aquífero basal
Da parte do CDS-PP, Félix Rodrigues docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores reconhece a validade do estudo, mas sublinha que as conclusões apresentadas “não fogem ao que já havia sido dito pela Universidade dos Açores”.“Sem ter lido o documento, e partindo do que foi divulgado pela Comunicação Social, a minha atenção vai para a solução que defende novos furos de captação. Concretizá-los para a exploração de aquíferos suspensos é, em minha opinião, um erro. Porque se os furos em actividade incidem sobre aquíferos suspensos e esses falharam, insistir na mesma solução é um erro”, alega.“Fará mais sentido que esses furos avancem até ao aquífero basal. Reconheço que a água daí extraída tem menor qualidade, mas será útil para os períodos estivais. Portanto, parece-me que é fundamental pensar-se com muita cautela a localização de novos furos”, explica. Relativamente à possibilidade de recarga artificial dos aquíferos, Félix Rodrigues diz tratar-se de uma “solução tecnicamente muito difícil e que exige um estudo muito aprofundado” do sistema de aquíferos no concelho. Esta segunda-feira, a Câmara de Angra divulgou as conclusões do hidrogeólogo Lopo Mendonça, que estudou as origens da falta de água em Angra nos últimos meses.
(In Diário Insular)

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quinta-feira, novembro 20, 2008

Açores:unidade desafiada pelas noves ilhas

Promover a unidade numa Igreja que se divide em nove e ultrapassar alguma rivalidade existente entre ilhas é o objectivo da semana da diocese, que D. António Sousa Braga, Bispo da Diocese de Angra, assume como essencial para “ajudar a despertar o sentido de Igreja como unidade”.
Uma semana celebrativa pautada por espaço diferentes. Momentos de celebração, ocasião para visitas pastorais, momentos recreativos e culturais, tudo com o objectivo de promover a partilha entre as ilhas.
O Bispo diocesano deu início à semana da diocese com uma eucaristia, na ilha do Pico, local onde nasceu o primeiro Bispo da diocese de Dili, D. Jaime Garcia Goulart, por ocasião do centenário do seu nascimento, assinalando também a perspectiva missionária dos Açores. A evangelização ultramarina estendeu-se a um colóquio no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores. A diocese promoveu ainda o lançamento de um livro sobre a Sé de Angra e uma exposição sobre São Paulo.
A Semana da diocese de Angra coincidiu com a semana que a Igreja dedica ao seminários. D. António de Sousa Braga manifesta que “um dos factores de unidade na diocese ao longo de cinco séculos, é precisamente a instituição do Seminário”, de uma forma mais acentuada a partir do séc. XIX, data em que a formação dos sacerdotes, vindos das diversas ilhas, passou a ser na diocese.
Religiosidade e formação
A unidade pastoral de base acontece na ilha, mas não se pode deixar as pessoas fechadas na sua ilha. É com esse propósito que D. António de Sousa Braga se desloca nas visitas pastorais, promove reuniões diocesanas laicais e eclesiais, num esforço contínuo de “universalidade da Igreja”.
A religiosidade popular está muito presente nas nove ilhas. O bispo diocesano reconhece unidade à volta destas manifestações, mas “há o risco de se cingirem às suas festas, viradas apenas para si”. Os leigos assumem cada vez mais a responsabilidade na Igreja, sobretudo através dos movimentos laicais “cujo trabalho se estende para além da paróquia e muitas vezes, para além da diocese”, valoriza D. António de Sousa Braga, acrescentando que os movimentos laicais ajudam a “criar o sentido de comunhão na Igreja”.
A participação é uma tónica dominante nas nove ilhas. “As pessoas são muito disponíveis tanto nas freguesias como nas paróquias, nas várias iniciativas locais”. Uma participação que, insiste o Bispo, precisa ser formada, “dando um conteúdo à intensa religiosidade popular que se vive”.
D. António valoriza os itinerários formativos que os movimentos apresentam. Por esta razão, e porque a pastoral juvenil é uma aposta do bispo diocesano, no final do mês de Novembro, o Movimento Encontro de Jovens Shalom vai realizar um encontro na ilha Terceira dirigido aos jovens.
Numa ilha com muitos jovens “sentimos dificuldade no compromisso. Os jovens aparecem, até em grande número, mas percebemos dificuldades no estabelecimento de projectos”. Por este motivo “aproveitamos a disponibilidade do Movimento Shalom, com o objectivo de lançar as bases da pastoral juvenil feita com método e de forma consistente”.
Casa sacerdotal
O encerramento da semana da diocese foi assinalado com a inauguração da Casa Sacerdotal em Angra do Heroísmo. Recorda D. António de Sousa Braga que este era um projecto “que já vinha de longe”, com a pretensão de apoiar os sacerdotes “que ou não têm residência ou apenas precisam de alojamento na sua passagem pela ilha Terceira”.
A diocese dispõe já de uma casa sacerdotal na ilha de São Miguel. “Faltava na Terceira”, ilha onde “passam mais sacerdotes e onde os serviços centrais da diocese estão localizados”.
A casa sacerdotal é da responsabilidade da Irmandade de São Pedro Ad Vincula e está localizada junto ao Paço Episcopal.
(In Agência Ecclesia)

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Crise no ensino superior: "Autonomia e sustentabilidade das Universidades"

NOTA: O TEXTO REPRODUZIDO EM BAIXO É DA EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES. O BLOGUE DO CAMPUS DE ANGRA DO HEROÍSMO APENAS PUBLICA INTEGRALMENTE UM TEXTO MUITO REFERIDO NA IMPRENSA, MAS CUJO CONTEÚDO AINDA NÃO É TOTALMENTE DO CONHECIMENTO PÚBLICO. A CARTA FOI ENVIADA INICIALMENTE PARA O CONSELHO DE REITORES DAS UNIVERSIDADES PORTUGUESAS (CRUP), QUE O REENVIOU POSTERIORMENTE PARA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, CAVACO SILVA, E PARA O PRIMEIRO-MINISTRO, JOSÉ SÓCRATES.A autonomia universitária é, indubitavelmente, um factor nuclear ao próprio conceito de Universidade. As Universidades públicas, no decurso da década de 90, viram a sua autonomia consideravelmente reforçada, num quadro de responsabilização e de abertura aos legítimos anseios da sociedade, que vê no ensino superior um elemento fundamental de coesão social e de contributo para o desenvolvimento sócio económico das regiões e do País e de competitividade internacional. O exercício de uma autonomia efectiva, responsabilizante e inserida num quadro de confiança mútua com a sociedade assenta em dois pilares fundamentais – a avaliação, instrumento essencial de prestação de contas e de promoção da qualidade, e o financiamento, baseado em critérios objectivos e transparentes que permitam previsibilidade orçamental. No plano da avaliação, foram as próprias Universidades que tomaram a iniciativa, em 1993, de lançarem um sistema de avaliação que se pautava, então, entre os mais desenvolvidos da Europa. Contribuiu-se, por essa forma, para incentivar uma cultura de qualidade no interior das instituições, numa assunção do princípio de que a qualidade do ensino superior é uma responsabilidade, em primeiro lugar, das próprias instituições. O segundo pilar é o financiamento. O nível de financiamento dos estabelecimentos de ensino superior público nos últimos anos tem-se mantido sensivelmente constante em valores nominais, mas esta informação oculta uma realidade bem mais preocupante, consequência do aumento forçado da despesa por inclusão obrigatória do pagamento de uma contribuição de 11% para a Segurança Social. A solução agora encontrada contrasta com a que foi adoptada no passado para o pagamento do IRS pelos funcionários públicos, caso em que ao orçamento das instituições foi antecipadamente adicionada a verba necessária ao pagamento daquele imposto, o que neutralizou os seus efeitos negativos sobre a vida das instituições. Contrasta, igualmente, com a solução encontrada para as autarquias, que viram as suas dotações aumentadas para satisfazerem os encargos com a Segurança Social. Além disso, nos diversos casos em que as instituições têm entrado em rotura financeira, criou-se a prática da concessão de reforços orçamentais para assegurar o pagamento dos salários, enquanto outras instituições foram forçadas a utilizar os saldos resultantes da captação de receitas próprias para compensar o acréscimo da despesa. Gerou-se, desta forma, uma situação injusta e desincentivadora da boa gestão, com repercussões negativas e imediatas para a autonomia das instituições e a sua capacidade de planear e assumir estratégias de médio/longo prazo. Trata-se, igualmente, de uma situação insustentável a médio prazo, levando a que as instituições entrem sucessivamente em rotura financeira à medida que se esgotam os saldos. A este propósito, não deixa de ser curioso que o relatório da avaliação do sistema de ensino superior da República da Irlanda pela OCDE recomende que se exija às instituições que façam planos para gerar saldos e que sejam encorajadas a constituir reservas para pagamento de despesas futuras. Estamos, assim, perante uma situação preocupante em que o orçamento disponível foi fortemente reduzido por aumento da despesa obrigatória (segundo uma recente nota de imprensa do CRUP, as Universidades, “entre 2005 e 2008, viram as suas dotações para funcionamento diminuir, em percentagem do PIB, cerca de 16%”, valor este “quatro vezes superior ao esforço nacional concertado para redução do défice público no mesmo período”) e se abandonou a prática, estabelecida em 1993, de não penalizar a capacidade de as instituições criarem reservas, o que configura um longo retrocesso na dignificação da instituição universitária e no incentivo à boa gestão. Aliás, ainda no mesmo relatório da OCDE se pode ler que a boa gestão institucional pressupõe a constituição de saldos e a acumulação de reservas, permitindo a substituição de grandes equipamentos, o investimento em novas actividades e a compensação de flutuações nas receitas e no número de alunos, e conclui-se que a existência de reservas é fundamental em instituições que queiram competir num mercado académico global em que é crítica a capacidade de satisfazer necessidades inesperadas e aproveitar oportunidades. Por estas razões, os cidadãos signatários, que num passado não muito longínquo, no exercício das funções de Reitor, trabalharam afincadamente, em cooperação com vários Governos, para a consolidação e dignificação das Universidades Portuguesas e da sua autonomia, apelam a uma revisão da actual política de financiamento por forma a assegurar a autonomia e o funcionamento regular das instituições de ensino superior, que desempenham um papel essencial num País em que, apesar de todos os esforços feitos, continua a haver um grande défice de recursos humanos qualificados, imprescindíveis para o progresso económico e o bem estar.

SUBSCRITORES

Adriano Lopes Gomes Pimpão ex-Reitor da Universidade do Algarve e ex-Presidente do CRUP António Simões Lopes ex-Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Joaquim Renato Araújo ex-Reitor da Universidade de Aveiro e ex-Presidente do CRUP José Adriano Barata Moura ex-Reitor da Universidade de Lisboa José Ângelo Novais Barbosa ex-Reitor da Universidade do Porto José Lopes da Silva ex-Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Júlio Pedrosa de Jesus ex-Reitor da Universidade de Aveiro e ex-Presidente do CRUP Licínio Chainho Pereira ex-Reitor da Universidade do Minho Luís Fernando Gomes de Sousa Lobo ex-Reitor da Universidade Nova de Lisboa Manuel Ferreira Patrício ex-Reitor da Universidade de Évora Ruben Antunes Capela ex-Reitor da Universidade da Madeira Rui Nogueira Lobo de Alarcão e Silva ex-Reitor da Universidade de Coimbra Sérgio Machado dos Santos ex-Reitor da Universidade do Minho e ex-Presidente do CRUP Vasco Manuel Verdasco da Silva Garcia ex-Reitor da Universidade dos Açores Virgílio Meira Soares ex-Reitor da Universidade de Lisboa
(IN Jornal de Negócios, 18/11/08)

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Geomonumentos nos Açores

No âmbito do ciclo de conferências da disciplina de Ecoturismo da Licenciatura de Guias da Natureza, O Professor João Carlos Nunes do Departamento de Geociências da Universidade dos Açores proferiu uma palestra sobre o tema “Geomonumentos”, no Anfiteatro do Pico da Urze do Campus de Angra do Heroísmo, na Terceira. A comunicação procurou fazer passar a mensagem de que o Património Natural da Região Autónoma dos Açores é entendido, cada vez mais, não apenas como sendo constituído pela sua flora e fauna (com particular realce para as suas espécies endémicas e indígenas) mas também pelo suporte geológico que as suporta e condiciona. Até porque dada a natureza arquipelágica dos Açores e as limitações impostas pela dimensão e distribuição das diferentes ilhas, tanto componentes da biodiversidade como da geodiversidade assumem relevância acrescida. Como se realça em nota do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, a geodiversidade das ilhas dos Açores, juntamente com outros factores determinantes, como o isolamento insular e o clima, são responsáveis por condições ecológicas distintas e distintivas, que traduzem, de forma singular, a estreita relação entre a geodiversidade e a biodiversidade do arquipélago. Em resumo, foi preocupação do orador transmitir a ideia de que nas questões relacionadas com a Conservação da Natureza as componentes da biodiversidade e da geodiversidade adquirem uma importância acrescida, na medida em que constituem acções promotoras de um desenvolvimento sustentável, que a par da biodiversidade das ilhas dos Açores importa catalogar, conhecer e proteger a geodiversidade da Região.
(In Paula Gouveia - Açoriano Oriental)

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quarta-feira, novembro 19, 2008

A crise do ambiente, o que não fará à gente?

Foi proferida, no dia 14 de Novembro, pelas 14:30 h, na Escola Secundária Domingos Rebelo, em Ponta Delgada, um palestra, pelo Professor Félix Rodrigues do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores sobre a problemática das Alterações Climáticas Globais.
A palestra foi organizada por um grupo de alunos da turma H do 12º Ano de Escolaridade da mencionada escola, cujo tema de investigação, na disciplina de projecto, versa os efeitos das alterações climáticas globais a nível local.

Os vários impactos das alterações climáticas são exaustivamente enumerados nos relatórios do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change): Aumento do nível médio da água do mar, agravamento da fome e de doenças transmitidas por insectos, diminuição da água potável, aumento do número de incêndios, aumento das frequências de secas e inundações, aumento da intensidade dos ciclones, entre muitos outros aspectos nefastos à organização das sociedades actuais.
Questionava-se se a crise económica e financeira que hoje vivemos não diminuirá o esforço dos países do mundo no combate às alterações globais e na implementação de medidas de mitigação capazes de reduzir os danos dos impactos previstos.
A crise económica e financeira global a que assistimos neste momento, era previsível, e foi efectivamente prevista. Já poderia ter acontecido antes do colapso das hipotecas subprime nos Estados Unidos da América, mas é importante sublinhar que já era aguardada por muitos economistas há algum tempo. Pode afirmar-se que se tratava de um acidente à espera de acontecer, como o referiu Alan Greenspan, antigo presidente do Federal Reserve Norte Americano. Não é ainda previsível quando terminará esta crise económica e financeira.
O mesmo se pode afirmar relativamente às Alterações Climáticas Globais. Os seus impactos são previsíveis e há muitos sinais dos seus efeitos espalhados pelo mundo.

A crise da economia,
afecta-nos no dia a dia,
E crise do ambiente,
O que não fará à gente?
Esta crise financeira não está ligada a questões ambientais, está sim relacionada com problemas estruturais e profundos da economia global. Do mesmo modo que a "crise do ambiente", ou seja, as alterações climáticas globais, estão relacionadas com alterações profundas dos ciclos da natureza.
Urge repensar a economia, como pilar do desenvolvimento sustentável, pois dela dependem acordos internacionais e a capacidade de implementação de medidas de mitigação.
Os pragmáticos da economia defendem que as autoridades reguladoras devem proibir a comercialização dos chamados produtos financeiros tóxicos de modo a travar a actual crise. No acordo que deu origem ao Protocolo de Quioto defendia-se a redução de "gases tóxicos no planeta" (CO2) de modo a que se pudesse controlar a temperatura terrestre. Existem paralelismos nítidos entre a crise económica e financeira actual e a crise ambiental global que se tende a instalar: com o degelo dos polos e o aumento da temperatura média da terra. Mas, tal paralelismo, tem mais a ver com a forma como as crises se manifestam do que com a sua interdependência.
É possível tentar resolver parte da crise financieira e parte da crise ambiental através de políticas de consumo sustentável e responsável. Entenda-se por sustentabilidade, a forma de dar continuidade aos aspectos económicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana, sem perder o sentido que lhe confere o Relatório de Brundtland: "suprir as necessidades das gerações presentes sem afectar a possibilidade das gerações futuras suprirem as suas".
Poderão já ser sinais locais da "crise ambiental global":
-A proliferação de moscas domésticas no Outono dos Açores, observada especialmente na ilha Terceira e na ilha de São Miguel.
-Os avistamentos de tubarões-baleia entre Santa Maria e São Miguel, possivelmente relacionados com um aumento médio de cerca de três graus, da temperatura da água do mar.
-A seca que este ano assolou particularmente as ilhas Terceira, São Jorge e Pico.
-Ou o início da época das vindimas, já notado na ilha do Pico que começam mais cedo.
Apesar da crise económica e financeira, a Europa continua a apostar nas energias alternativas, pois quer instalar cerca de 120.000 MW de energia gerada através de unidades eólicas Off-Shore, nas próximas duas décadas.
Apesar da crise, os Estados Unidos da América, continuam a apostar em medidas de mitigação das alterações climáticas globais nas cidades americanas, finaciando o projecto "Cidades para a protecção do clima", sugerido pelo Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (ICLEI). Os ambientalistas e políticos esperam que com a eleição de Obama para a Casa Branca se faça uma alteração profunda da política ambiental americana, aderindo aos instrumentos internacionais de redução de emissões de gases com efeitos de estufa e concluindo, até o final de 2009, um novo acordo global sobre alterações climáticas.
Apesar da crise, governos como o das Maldivas, deixam o mundo boquiaberto, ao apostar na compra de terras na Índia ou Sri Lanka para a eventualidade do mar engolir o seu país.
Nos Açores, também se tem apostado na redução de emissões, através das energias alternativas como a geotérmica ou a eólica, todavia, não se tem investido em medidas de mitigação às alterações climáticas globais, como tal, não sentiremos a diferença nesta época de crise. Contudo, a nomeação do Professor Álamo de Meneses, com grande formação técnica e científica na área do ambiente, para Secretário Regional do Ambiente e do Mar também poderá levar a uma alteração da visão do Governo Regional sobre essas questões.
(In Ribeiras Pico)

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Falta de chuva, avarias e arroteias deixaram Angra sem água

A falta de chuva, as arroteias na Caldeira Guilherme Moniz, uma grave avaria nas principais condutas que ligam a nascente do Cabrito à rede de abastecimento de água do concelho e, eventualmente, as explosões na pedreira existente nessa zona são apontadas pelo hidro-geólogo Lopo Mendonça como as causas para a falta de água em Angra do Heroísmo desde o Verão deste ano. O especialista apresentou, ontem à tarde, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, as conclusões do estudo que, em Setembro, realizou sobre os caudais das nascentes e furos de captação que abastecem o concelho.Na sessão pública de apresentação, Lopo Mendonça garantiu que, em termos hidrológicos, o ano de 2008 foi o “mais seco” dos últimos cinco anos.“Inclusivamente, o ano de 2008 é pior que o ano de 2000, que se conseguiu identificar como ano com dificuldades no abastecimento dos Serviços Municipalizados de Angra”, explicou o hidro-geólogo.Em declarações aos jornalistas, após a apresentação das suas conclusões, Lopo Mendonça especificou que houve uma redução, “na ordem dos 250 litros por metro quadrado”, na pluviosidade registada na ilha.“Esta é a principal causa para a falta de água. Ou, pelo menos, aquela que maior contributo deu para o problema”, sublinhou o especialista. Lopo Mendonça assumiu ainda que o arroteamento na Caldeira Guilherme Moniz foi outro factor a contribuir para a descida dos caudais que abastecem o concelho de Angra de água,“O arroteamento de áreas da Caldeira Guilherme Moniz – Pico Alto é uma prática totalmente indesejável e prejudica o regime das águas superficiais e subterrâneas. Agora é impossível recuperar essas zonas. Tal recuperação implica voltar a colocar naquele local todas as espécies vegetais que contribuíam para a retenção da água. E isso, parece-me muito improvável”, afirmou. Além disto, segundo Lopo Mendonça, até à Primavera deste ano, ocorreram perdas na rede de abastecimento do concelho.“Cruzando estes dados [água extraída dos furos, que trabalharam entre o Outono de 2007 e a Primavera de 2008] com os da água turbinada [que segundo o especialista são um bom indicador da água disponível para consumo naquela área] na estação hidroeléctrica da Nasce Água, verifica-se que, de Novembro de 2007 e Junho de 2008, houve excedentes de água que foram turbinados e que poderiam ter sido utilizados no abastecimento. Como conclusão, a dificuldade do abastecimento no Inverno e Primavera de 2008 não terá a ver com questões climatéricas e alteração do regime hidrológico das nascentes; pode ser atribuído a avaria grave no sistema de adução que recebia a água das nascentes e não a aduzia para o sistema distribuidor”, explicou Lopo Mendonça. O hidro-geólogo assumiu ainda que as explosões ocorridas na pedreira na área dos Cinco Picos “pode ter afectado os aquíferos do Cabrito”.“Como não existem registos da intensidade das explosões ali ocorridas (que provocam ondas de choque semelhantes às de um sismo), não é possível determinar até que ponto elas contribuíram para alargar as fissuras existentes nos aquíferos. Mas não se excluí a hipótese de que isso possa ter ocorrido e, assim, provocado perda de água dos aquíferos ali existentes”, argumenta.
Soluções
Para Lopo Mendonça, face às conclusões a que chegou, a resolução do problema (que pode repetir-se no futuro) passa pela abertura de novos furos de captação de água, pela implementação de um sistema informatizado de tele-gestão dos caudais e pela protecção (por lei) das áreas onde existem nascentes e furos de captação. “No continente existe essa legislação, que delimita áreas em redor dessas zonas de água, que impedem intervenções humanas que podem pôr em risco esse recurso”, explica o especialista.“A longo prazo, deve ser estudada a viabilidade de recarga artifical dos aquíferos, aproveitando os excedentes da água das nascentes do Cabrito”, sugeriu ainda.
Investimentos
Após as explicações de Lopo Mendonça, a presidente da Câmara Municipal de Angra apresentou à centena de angrenses que assistiram à apresentação do relatório um conjunto de investimentos que, segundo ela, vão contribuir para minimizar este problema.Andreia Cardoso confirmou que, já em Dezembro, vai iniciar-se a abertura de quatro furos para captação de água subterrânea (um em São Sebastião, dois no Porto Judeu e um na Terra-Chã). “Espero ter esses furos a funcionar em Março de 2009”, explicitou a autarca aos jornalistas. Além disso, Andreia Cardoso garantiu que, quando houver caudais suficientes nas nascentes, os Serviços Municipalizados vão substituir as bombas de dois furos, para garantir mais capacidade de extracção.“Vamos implementar um sistema de telegestão e proceder ao tratamento terciário das águas da ETAR, que podem ser aproveitadas pela indústria e pela lavoura”, adiantou. Andreia Cardoso disse ainda que, em paralelo, a autarquia – com o apoio da Universidade dos Açores – vai estudar a possibilidade da recarga artificial dos aquíferos e “encetar diligências juntos de várias entidades, públicas e privadas, para garantir medidas que permitam proteger as captações de água”. Quanto a responsabilidades, a autarca adiantou aos presentes que “a Câmara de Angra pretender apurá-las, mas que o fará em paralelo com os investimentos necessários”. “Esses investimentos são superiores a cinco milhões de euros”, enfatizou a presidente da autarquia.“Nos últimos dois dias, conseguimos não proceder a cortes de água. A captação de água no Cabrito está a melhorar. Mas ainda é-me impossível dizer quando será possível suspendermos o plano de cortes. O sistema ainda está muito frágil”, concluiu Andreia Cardoso.

(In Diário Insular)

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À espera de ler o estudo sobre falta de água em Angra

Félix Rodrigues, Professor do Departamento de Ciências Agrárias e Membro da Assembleia Municipal de Angra do Heroísmo pelo CDS/PP considera que as reflexões do professor Lopo Mendonça, sobre as causas que provocaram a diminuição dos caudais nas nascentes da ilha Terceira neste Verão, são meras “hipóteses explicativas”.
Algumas das causas avançadas pelo professor já foram referidas “quer por mim, quer pelo professor Brito de Azevedo ou pelo professor Cota Rodrigues”, docentes do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, afirma.
Segundo o popular é importante começar a perceber as causas explicativas. “Este problema da falta de água em Angra surgiu em parte pela falta de chuva e em parte pela falta de planeamento”.
O representante do partido popular desconfia que os consumos não estão devidamente estudados em Angra (segundo a autarquia os níveis de consumo de água mantiveram-se praticamente idênticos nos últimos 10 anos) e suspeita ainda que a perda de água na rede deva ser superior a 30 por cento (nível óptimo nas redes urbanas de distribuição de água).
Em relação à análise do professor, Félix Rodrigues espera ter oportunidade de ler atentamente o documento, mas para já, numa primeira análise, considera que são apenas “hipóteses explicativas”.
Carla Bretão, vereadora do PSD, diz não conhecer as conclusões do estudo porque a autarquia não forneceu atempadamente o documento aos partidos da oposição. Recusando falar sobre as recomendações do professor Lopo Mendonça, a autarca garante que o PSD de Angra vai avançar, brevemente, com propostas no sentido de se ter “mais cuidado” com a gestão da água no concelho.
Carla Bretão sugere que Angra do Heroísmo crie rapidamente um Plano Geral da Água para identificar todos os recursos hídricos, proteger as nascentes, enumerar os problemas da rede, os investimentos a médio e a longo prazo e que perspective os consumos para os próximos anos. “É preciso perceber bem o que temos de fazer para manter o abastecimento público de água”, lembra.
Em relação ao relatório do professor Lopo Mendonça, o PSD rejeitou, para já, pronunciar-se sobre o assunto, contudo admite que todas as medidas de protecção das nascentes são boas e revelam que o Plano Regional da Água não está a funcionar na Terceira.

(In A União)

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