sexta-feira, março 06, 2009

Universidade estuda alteração do uso do solo

O Grupo de Biodiversidade da Universidade dos Açores vai estudar as consequências da alteração do uso do solo, nas últimas décadas, para a flora e fauna da região. O projecto é coordenado por Paulo Borges e Pedro Cardoso e financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia. Segundo Paulo Borges, o objectivo deste projecto é “tentar perceber em que medida é que as alterações feitas no solo, nas últimas décadas, estão a criar impacto na distribuição das espécies endémicas nos Açores”. De acordo com o professor da Universidade dos Açores, a investigação vai tentar apurar “se as espécies endémicas conseguem sobreviver fora da floresta natural”. A investigação vai centrar-se em artrópodes (centopeias, aranhas, insectos) e em plantas vasculares (fetos, gimnospérmicas, angiospérmicas), uma vez que a universidade já dispõe de documentação sobre estas espécies. Os trabalhos de investigação decorrem nas ilhas Santa Maria, Faial e Flores. A recolha de amostras será feita nos meses de Maio, Junho e Julho. Os investigadores vão recolher espécies em diferentes habitats, para que possa ser feita uma comparação.Após a amostragem, a equipa deverá analisar as espécies e caso encontrem artrópodes ou plantas vasculares em risco, estas serão alvo de relatórios mais detalhados, de forma a que se possam tomar medidas no sentido de controlar a situação, através de um controle de espécies invasoras, por exemplo. A escolha das ilhas teve por base a existência de “informação detalhada” sobre a flora das três ilhas, fruto do trabalho de doutoramento de Hanno Schaefer, professor alemão.
RESULTADOS ANTERIORES

Este tipo de projecto não é inédito nos Açores. Entre 1999 e 2005, Paulo Borges coordenou um plano semelhante, o BALA, ou Biodiversidade dos Artrópodes da Laurisilva dos Açores. O projecto englobou várias ilhas, no entanto a ilha Terceira teve um tratamento mais exaustivo. O BALA centrou-se apenas nas florestas naturais da região, mas traduziu “bons resultados”, na opinião do investigador. Do projecto resultaram vários relatórios com propostas de criação de áreas protegidas. As sugestões foram seguidas pelo Governo Regional nas Fontinhas e na Matela, na ilha Terceira; no Pico Alto, em Santa Maria e na Atalhada, em São Miguel.

(In Diário Insular)

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