quinta-feira, abril 14, 2011

Educação para a Sustentabilidade no Ensino Superior

Duncan Reavey da University of Chichester, no Reino Unido, defendeu esta quarta-feira num workshop sobre Educação para a Sustentabilidade no Ensino Superior, realizado no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, que é necessário implementar novas estratégias de ensino, desde o ensino básico ao ensino superior, que possam motivar e promover a sustentabilidade. Apesar desse conceito ser ambíguo ou dicotómico, é fundamental que cada indivíduo tenha uma agenda pessoal, como educador, como investigador, como político ou como cidadão, a par de uma agenda colectiva promotora de sociedades sustentáveis.
No Reino Unido, há uma aposta forte do Governo na promoção da Educação Superior para a Sustentabilidade através de programas como o “People & Planet” (Pessoas e Planeta) ou da seriação dos desempenhos universitários nessa área, como na “Green League 2011”.
O investigador britânico afirmou ser fundamental que tanto a sociedade como os estudantes sejam capazes de aprender a colocar questões sobre o rumo das soluções que procuram a sustentabilidade da sua terra, e que essa busca incessante de soluções, deverá ter uma abordagem curricular transversal no ensino superior.
A mensagem forte de Duncan Reavey é que para aprendermos devidamente o que é sustentabilidade, temos que sentir, amar e viver, o local onde moramos.
Relativamente à Universidade dos Açores e à educação para a sustentabilidade levada a cabo pela instituição, Rosalina Gabriel do Campus de Angra do Heroísmo, aquando da sua comunicação nesse workshop afirmou haver apenas uma carta de intenções da academia no que se refere à Educação para o Desenvolvimento Sustentável, mas tem sido dados grandes passos ao nível regional, tanto com o apoio da Universidade dos Açores como pelo entusiasmo dos membros do RCE (Centro Regional de Peritos em Desenvolvimento Sustentável nos Açores), que tem como missão apoiar uma rede de organizações e indivíduos comprometidos com a educação para o desenvolvimento regional sustentável, dentro e entre as várias ilhas do arquipélago dos Açores e que visa criar mecanismos que permitem a participação efectiva da sociedade civil neste esforço. O RCE Açores é um dos três centros existentes em Portugal reconhecidos pela UNESCO.
Emiliana Silva, organizadora do workshop, comparou as percepções ambientais de diferentes populações dando ênfase ao estudo que desenvolveu no âmbito do programa europeu TEMPUS, nos Balcãs. Enquanto que nos Açores não há diferenças de género entre o posicionamento antropocêntrico ou ecocêntrico dos açorianos, nos Balcãs os homens assumem posições mais ecocêntricas do que as mulheres. Trata-se de uma realidade cultural, que de acordo com a investigadora resulta do facto da mulher, nessas sociedades, ter menos capacidade de intervenção ou de professar opinião do que os homens. Tais dificuldades poderão condicionar a velocidade com que se caminha para a sustentabilidade nos diferentes países dessa região.
Em resumo, pode afirmar-se que existem imperativos da ordem ética e moral que impõe às sociedades actuais a lógica do desenvolvimento sustentável. Parece haver sim, uma desadequação entre a teoria e a prática no que respeita à implementação de uma lógica de sustentabilidade que procura atingir um mundo saudável, ordenado e participativo.