quinta-feira, junho 30, 2011

Sessão Solene de Entrega de Diplomas da ESEnfAH-UAC

A Escola Superior de Enfermagem e Angra do Heroísmo – Universidade dos Açores, vai realizar a Sessão Solene de Entrega de Diplomas do 9º Curso de Licenciatura em Enfermagem, no dia 1 de Julho de 2011, pelas 14:00, no Auditório.

quarta-feira, junho 29, 2011

A Universidade agita-se

J.L. (Opinião)

Em véspera de tomada de posse do seu novo Reitor (4 de Julho), a Universidade dos Açores agita-se entre a indignação e a perplexidade.Depois de uma vitória tangencial por um voto, o ainda candidato a reitor prepara-se para enfrentar um mais que possível pedido de impugnação das eleições. De facto, de entre as suas escolhas para a nova equipa na reitoria, parece que constam vários membros do Conselho Geral, órgão da Universidade a quem compete eleger o reitor, o que não deixa de ser estranho e sui generis.O caso mais exemplar parece ser o da escolha do novo administrador.Há quem defenda que perante tal situação, que parece enquadrar-se no âmbito do art. 335º do Código Penal, se exige uma intervenção do Presidente do Conselho Geral no sentido de se repetirem as eleições.O mais provável, a concretizarem-se as escolhas de membros do Conselho Geral para a equipa do novo reitor, será o próprio Ministério Público poder vir a abrir um inquérito no sentido de se apurar se houve ou não envolvimento e promessas eleitorais pelo candidato eleito aos membros do Conselho Geral.Esta matéria coloca em causa o actual sistema de eleição do reitor, com um corpo de representação interno e outro externo à instituição, que face à escassez do seu número, simplesmente 15 eleitores, fragiliza e compromete a escolha, especialmente por não ter sido previsto que nenhum dos membros do Conselho Geral poderia, durante o seu mandato, fazer parte das equipas escolhidas pelo reitor eleito.É evidente que esta matéria não deve ser encarada simplesmente como uma questão legal. Ela tem uma dimensão ética que, na Casa da Liberdade que a Universidade deve ser, não pode ser ignorada.Honra seja feita ao candidato derrotado que, sendo membro do próprio Conselho Geral, e podendo legalmente ter optado por ter feito apenas uma suspensão de voto, (o que olhando aos números da eleição 8 a 7 lhe daria, provavelmente, a vitória), optou pela suspensão do próprio mandato, fazendo avançar um substituto que, ao que se dizia, lhe seria adverso.Será perante estas evidências que a Universidade se agita, mantendo-se entre a expectativa e a perplexidade.Correrá o reitor eleito o risco de nomear membros do Conselho Geral para a sua equipa?A ocorrer uma tal situação, quem perderá será a própria Universidade.

(In Diário Insular)

NOVO MODELO Armadilhas para "caça" às térmitas

Já está na rua o novo modelo de armadilha para captura de térmitas desenvolvido no âmbito do projecto TERMODISP financiado pela Direcção Regional de Ciência e Tecnologia (2010-11).
Estas armadilhas de grande dimensão e constituição diferente das armadilhas colocadas em varandas de várias moradias no passado mês de Maio, apresentam-se como um protótipo para testar a captura massiva de térmitas durante a fase de enxameamento.
As armadilhas têm por base um sistema de atracção luminoso, tendo-se recorrido ao uso de lâmpadas actinicas BL de 18 watts, que são directamente ligadas à rede de iluminação pública. A captura propriamente dita é feita através de material autocolante e cromotrópico.
A cidade de Angra do Heroísmo conta já com duas destas armadilhas, colocadas em postes de cimento que apresentam robustez e altura apropriados, nas ruas Capitão João d’Ávila e Tomé Belo de Castro. O sucesso deste sistema de captura ditará se num futuro próximo será pertinente adaptar este modelo de armadilha ao sistema de iluminação pública dentro da cidade.
A montagem das armadilhas esteve a cabo da EDA (Electricidade dos Açores), cuja colaboração tem sido crucial neste projecto.
Em breve, este sistema será testado nas restantes sedes de concelho da região, com a colocação das armadilhas agendada para o início do próximo mês.


(In A União)

segunda-feira, junho 27, 2011

DIZ CARLOS CÉSAR Universidade dos Açores é " prioridade" para o governo

Carlos César sublinhou 6ª feira que o Governo Regional entende a Universidade dos Açores como “uma prioridade”.
Para o presidente do Governo trata-se de “um dos investimentos mais reprodutivos e que se centram mais no objectivo de sustentabilidade do nosso desenvolvimento”, razão pela qual o seu executivo procura contribuir, de forma directa, indirecta ou, até, exclusiva, para garantir os meios de que a Universidade carece.
O governante chamou, no entanto, a atenção para as dificuldades que se avizinham, decorrentes da redução substancial de investimentos na área da Educação prevista no memorando de entendimento com a “troika” constituída pelo Fundo Monetário Internacional, pelo Banco Central Europeu e pela Comissão Europeia.
“Portanto, a Universidade confrontar-se-á, certamente, com um decréscimo dos meios financeiros que terá ao seu dispor, mas isso constitui, como para os governos, um desafio”, afirmou.
Na sua opinião, a Universidade dos Açores terá de procurar receitas próprias, através da diversificação da sua capacidade de prestação de serviços e, naturalmente, da introdução de poupanças, como todas as entidades públicas e privadas estão a fazer.
O presidente do Governo – que falava no final de uma audiência para cumprimentos de despedida que concedeu ao reitor cessante da academia açoriana – realçou o sucesso do reitorado de Avelino Meneses, durante o qual aumentou o número de alunos, de doutorados e das capacidades da Universidade na investigação científica, na prestação de serviços e nas suas próprias instalações.
“O peso que a Universidade tem na nossa região é muito significativo. Dissemina-se por todas as instituições, por todos os saberes, por todos os movimentos de inovação, e o que nós esperamos é que possa continuar esse caminho de motorização do desenvolvimento regional, que é muito importante e que é a chave da sustentabilidade do nosso futuro”, disse.
Admitindo que é sempre possível qualquer instituição fazer mais e melhor, ou diferente, Carlos César sublinhou que “no balanço destes últimos anos de gestão da Universidade, na sua relação particular com o Governo – e naquilo que nos é observável com maior evidência –, nós ficámos muitos satisfeitos por este período e pelo relacionamento produtivo que foi possível manter com a reitoria da Universidade.”

(In A União)

domingo, junho 26, 2011

Liderar a investigação



O Centro de Biotecnologia dos Açores é agora um dos laboratórios associados do Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia. O que é que significa adesão?O Centro de Biotecnologia sofreu, no último ano, uma certa remodelação, uma vez que ampliou a sua equipa. Apesar de fazer parte do departamento de Ciências Agrárias, o Centro de Biotecnologia dos Açores integra elementos que exercem a sua função no campus de São Miguel. É já uma equipa abrangente e, embora pequena, tem uma dinâmica muito grande. Temos que zelar pelo nosso futuro e pela continuidade. A continuidade na investigação vive à base de projetos, de bolsas, o que é uma situação muito volátil. Neste sentido, uma das preocupações deste Centro foi a de associar-se a outros laboratórios criando, ao nível nacional, uma massa crítica que nos permita sobreviver com mais facilidade. A questão que aqui se coloca é realmente uma questão de dimensão e de massa crítica. Não é uma questão de qualidade, porque a qualidade foi afirmada a partir do momento que fomos aceites e admitidos como parceiros. Este grupo permite-nos uma outra dinâmica e uma outra interação importante entre grupos.
É, portanto, uma questão de segurança. Esta associação ao Instituto conferirá também mais alguma visibilidade ao laboratório?Para além disso tudo, a atividade do Centro de Biotecnologia dos Açores não está agora restrita apenas aos seus membros. Hoje temos uma quantidade enorme de parceiros e colaboradores. A Região ganha, de um momento para o outro, uma estrutura de investigação científica muito maior do que aquilo que tem. As questões que nos preocupam e que nos dizem respeito começam a ser debatidas e investigadas, não só apenas ao nosso nível ou ao nível de uma colaboração esporádica, mas também neste todo. E é preciso ter em conta que estamos associados aos melhores laboratórios nacionais.
No que diz respeito à utilização de equipamento e infraestruturas, esta colaboração também trará benefícios?Obviamente. Através da figura do parceiro é muito mais simples encetar esse diálogo do que ter de fazer as ligações todas do zero. Para além disso, o próprio integrar desses laboratórios pressupõe não só uma compreensão, mas uma coerência nas linhas temáticas, o que quer dizer que aquilo que os Açores fazem é uma investigação que interessa aos parceiros do continente. O nosso reportório tecnológico também lhes interessa. Há aqui um intercâmbio muito mais saudável e que nos permite obviamente ter uma outra eficiência na nossa investigação.
O Centro de Biotecnologia dos Açores tem em mãos uma série de projetos de investigação. Fale-nos um pouco do vosso trabalho. Há um projeto que nos norteia, que está acima de tudo: o aproveitamento dos recursos genéticos da Região. No entanto, quando falamos disto, há milhares de coisas que fazem parte desses recursos e, obviamente, não podemos trabalhar em todos eles. Há, portanto, uma atividade na área vegetal, na área animal e, finalmente, na área microbiana. Dentro de cada uma delas há projetos específicos que têm que ver com questões muito particulares, muito próprios. Temos em curso também projetos na área da tecnologia alimentar - estamos, por exemplo, a procurar moléculas derivadas das nossas plantas endémicas que possam servir de preservativos, de conservantes contra determinados micro-organismos. As plantas endémicas também são vistas por três perspetivas: por um lado, temos a preservação de ecossistemas, o restauro de ecossistemas que foram deteriorados e que é necessários lutar para que sejam revitalizados; por outro lado, procuramos dentro desses recursos genéticos biomoléculas que possam ter um interesse medicinal ou outro interesse comercial, como é o caso da hipericina. No que diz respeito à área animal, para além de lado mais conservacionista - que é caso do pónei da Terceira, do barbado, do toiro da terra - aprofundamos o conhecimento das espécies ao nível da molécula, nomeadamente no que diz respeito à qualidade do leite, à genética que dá determinada qualidade de leite. São temas que nos vão ocupando e mediante os quais vamos aproveitando determinadas parcerias.
O saber serve de pouco se não for utilizado. No seu entender, a quem competirá, depois, o aproveitamento do conhecimento produzido neste Centro de Biotecnologia?Há uma dificuldade muito grande da nossa parte em divulgar todo o potencial que temos. Mas também não nos podem culpar diretamente por isso. O nosso dia também tem 24 horas, não somos especialistas em matéria de comunicação e procuramos guiar-nos pelos meios tradicionais, como o são as publicações científicas. Por parte da sociedade também não há curiosidade em vir saber o que se faz. Dou-lhe um exemplo: no aniversário da Adega do Pico apresentámos quatro trabalhos, todos eles cientificamente interessantes e importantes. No entanto, um deles - merecedor de um prémio atribuído por uma organização do Norte de Portugal - tinha a ver com a caracterização das castas portuguesas. Neste trabalho conseguimos identificar a origem do nosso verdelho, do Arinto e Tarrantez, isto é, das castas tradicionais açorianas. Este trabalho foi publicado já há uns anos e quando foi agora apresentado no Pico as pessoas ficaram entusiasmadíssimas. Percebemos, pelo feedback que tivemos, que as pessoas gostaram imenso do trabalho. Com franqueza: julguei que fosse um trabalho que não iria despertar atenções, exatamente porque já tinha sido publicado há pelo menos três ou quatro anos. Há sem dúvida da nossa parte uma certa dificuldade em transmitir, como também haverá talvez uma falta de curiosidade em saber o que por cá se faz.
A que se deve essa incapacidade da comunidade da Universidade dos Açores mostrar o seu trabalho? Há falta de compreensão do discurso científico?Não, não acho que as pessoas não compreendam, mas é preciso ter acesso a este tipo de comunicação. A verdade é que seria extremamente importante reter estas ideias, porque quer queiramos ou não, numa Região pequena como a nossa o único caminho que podemos seguir é o das produções com grande valor acrescentado. É preciso apostar nestas tecnologias assentes em novos conhecimentos, em novas opções. É óbvio que muitos desses conhecimentos que produzimos ficarão à espera de ser utilizados 10, 15 anos mais tarde e alguns deles nunca o serão, mas de certeza que há alguns que vão ter aplicação rápida se houver ouvidos, se houver disponibilidade. Temos agora em mãos um trabalho que foi iniciado em parceria com a Fruter, que é a recolha do património genético de algumas plantas agronomicamente importantes, como é o caso da banana, da batata-doce e do inhame. Estamos a recolhê-los, a caracterizá-los. Já temos uma quantidade enorme de plantas preparadas para no futuro, depois de haver uma análise das suas qualidades agronómicas, podermos distribuir aos agricultores material melhorado. Isso implica, sem dúvida, uma cadeia de produção. Tem que haver alguém que vá vender esse material.
Ou seja, o potencial económico baseado no aproveitamento destes recursos genéticos existe.Sem dúvida, e neste momento o Centro de Biotecnologia está muito vocacionado exatamente para, em primeiro lugar, conhecer esses recursos genéticos para depois saber aproveitá-los. É o caso, por exemplo, do cão barbado da Terceira. No que diz respeito à equinicultura, já fazemos parte de um programa ao nível mundial que tem que ver com a descodificação do genoma do cavalo. Temos sido pioneiros na investigação de algumas patologias do foro genético. Neste momento, os Açores têm toda a tecnologia necessária para ter uma reprodução assistida - inseminações artificiais, transferências de embriões, congelamento de gâmetas, e tudo isso fazemos já com prática. Neste momento, estamos a servir a comunidade nesse aspeto - temos cerca de 25 a 30 éguas que já são inseminadas. Haverá uma melhoria substancial do efetivo quando começarem a aparecer esses potros - animais já de grande categoria.
Este Centro está também a desenvolver um bioinseticida. Que projeto é este?É um trabalho que está a ser desenvolvido pelo colega Nelson Simões, em São Miguel, e é sem dúvida uma das áreas fortes do grupo. Neste sentido, fez-se, mais uma vez, a caracterização dos recursos genéticos, identificou-se as estirpes existentes na Região de determinados bacilos. Verificou-se que alguns deles têm uma atividade muito importante de bioinseticida e começou-se a isolar os genes, as proteínas. Um trabalho moroso que há uns anos atrás quem ouvisse falar sobre essa área diria que era um trabalho de investigação básico. De repente teremos em mãos, possivelmente em muito pouco tempo, um bioinseticida eficiente. Há que mover também essas mentalidades, há que aceitar a investigação como sendo uma fonte de proveito económico, ainda que saibamos que nem todas as coisas que nós descobrimos, nem todas as coisas com que se trabalha, se traduzirão em rentabilidade.
Diria que há alguma desconfiança sobre o trabalho de investigação que se faz nos Açores?Não compreendo porquê. Penso que é, sim, uma questão cultural. No imaginário de grande parte das pessoas a figura do cientista, do investigador, já desapareceu há muito tempo. É preciso saber que os investigadores são pessoas com muito gosto por aquilo que fazem, com muita curiosidade, com muita vontade de conhecer. E é preciso mostrar que há uma nova profissão nos Açores, uma profissão que há relativamente pouco tempo não havia.
Como é que tem funcionado este grupo? O Centro de Biotecnologia dos Açores dá prioridade ao potencial aos alunos da academia açoriana ou integra qualquer investigador interessado, seja de que universidade for?Não concebo um bom ensino desligado de uma boa investigação. A nossa profissão é exatamente produzir conhecimento e é esse o conhecimento que vamos ensinar. Na verdade, quanto melhor for a investigação, melhor será o ensino. Tudo isto tem uma dinâmica: para descobrir o que quer que seja tenho que saber o que os meus colegas por esse mundo fora estão a fazer. A Universidade dos Açores, sendo uma universidade de uma Região arquipelágica, tem de ser uma instituição universal. Temos que concorrer com qualquer universidade do mundo, caso contrário nunca seríamos uma instituição com nome reconhecido. Daí que a nossa equipa integre alunos dos Açores, de várias ilhas, mas também de outras partes de Portugal e do mundo. Os açorianos, tendo qualidade, têm sempre lugar.
E a Universidade dos Açores está em condições de concorrer com essas universidades internacionais? Em muitos casos não só concorremos como somos parceiros muito bem vindos e de igual valor. Há muitos grupos muitíssimo bons que têm conseguido afirmar-se.
Transgénicos nos Açores
Foi pioneiro nos testes com transgénicos que se fizeram na Europa na década de 80 e é especialista nessa área. Como é que tem visto a polémica que se levantou em torno da temática dos transgénicos nos Açores?Acho que é engraçadíssima. É uma situação que se discute nos Açores com alguns anos de atraso. O processo dos transgénicos é extremamente complexo, por vários aspetos: pela novidade que um transgénico representa em si mesmo e pelo poder da tecnologia. Muito poucas pessoas sabem o que é um transgénico e, se não forem da especialidade, dificilmente compreenderão o que representam. Passo a explicá-lo rapidamente: antes do desenvolvimento desta tecnologia, para obter um indivíduo novo era preciso misturar dois genomas; com os transgénicos, para criar um ser novo não preciso de misturar dois indivíduos, basta pegar num gene e adicionar ao que já conheço, o que pode ter benefícios extraordinários. Por exemplo: queremos criar uma resistência numa macieira - hoje em dia temos que por toneladas de pesticidas. Nos Açores, em certas zonas onde a produção é intensa, são utilizados pesticidas da época da floração até à maturação pelo menos cerca de 30 vezes. As pessoas não têm ideia do que isso é. E utilizar tantos pesticidas porquê? Porque se pomos no supermercado uma maçã que é um pouco mais torta, por exemplo, já ninguém compra. É essa hipocrisia que tem de ser debatida e tem de ser vista.
Que benefícios é que estas tecnologias e os transgénicos trazem afinal?O que agora acontece, no caso das macieiras por exemplo, é que podemos ter árvores com genes de resistência contra fungos. Nos métodos tradicionais cruzar-se-ia a macieira boa (suscetível) com a macieira selvagem (resistente) e daí resultaria uma grande quantidade de frutos imperfeitos, porque o cruzamento teria sido feito com uma árvore sem interesse comercial, embora com o gene que nos interessava. Os anos que gastamos a fazer retrocruzamentos até ter uma maçã boa que tem um gene de resistência ou fungicida que me vá permitir usar menos pesticidas, podem ultrapassar a vida de um investigador. Com um transgénico posso chegar, pegar no gene e pô-lo lá e isso pode trazer avanços enormes, até no que diz respeito à saúde humana. Hoje em dia é impensável fazer medicina sem engenharia genética - todos os testes de diagnóstico têm sempre um passo em que a engenharia genética foi aplicada. Nas plantas o que se pretende é dar-lhes capacidade para elas próprias se defenderem.
Diria, portanto, que as críticas que têm sido feitas aos testes com milho transgénico nos Açores são injustas?O que se fez aqui foi transpor uma quantidade de problemas que existiam numa agricultura tradicional ou em metodologias tradicionais para uma nova tecnologia, o que é absolutamente absurdo. Há problemas com bactérias que as pessoas às vezes nem dão conta. O facto de utilizarmos antibióticos desde que nascemos até à idade em que morremos faz com que cada pessoa ponha no meio ambiente milhões de genes de resistência aos antibióticos. Esses estudos estão feitos. Todos nós ouvimos falar também de bactérias que se apanham nos hospitais. Tudo isso não tem nada a ver com transgénicos. Uma ETAR, por exemplo, é uma bomba relógio, porque é para lá que é canalizado o lixo de que não conseguimos dar conta. E lá vivem bactérias, com a única diferença de que o tempo de uma geração de um desses micro-organismos pode ir de meia hora a uma hora. Nós exigimos coisas para o nosso suposto bem e depois não temos noção das consequências. Agora, não se pode responsabilizar uma tecnologia que serve para melhorar as condições de produção e as condições de vida de milhões de pessoas.
O alarmismo que se levantou foi desconhecimento?Este alarmismo já se viveu há alguns anos na Europa e fez com que toda a tecnologia europeia migrasse para os EUA. Nós agora é que estamos a ter essa discussão. É preciso explicar às pessoas que os malefícios desta técnica são iguais a qualquer outra. É que os malefícios que existem não são os que utilizam como argumento.

(In DI XL)

sexta-feira, junho 24, 2011

Investidura do Novo Reitor

A Cerimónia de Investidura do Reitor, Prof. Doutor Jorge Manuel Rosa de Medeiros, realizar-se-á no dia 4 de Julho de 2011, pelas 15H00, na Aula Magna da Universidade dos Açores, no campus de Ponta Delgada.

quarta-feira, junho 22, 2011

ESTE VERÃO Alunos universitários norte-americanos oferecem curso de inglês gratuito



Ao todo, são 24 os alunos universitários norte-americanos que fazem, este Verão, escola na ilha Terceira. O projecto Atlantis, da Universidade da Carolina do Norte, está a decorrer no Hospital de Angra, na Escola Tomás de Borba e na Câmara Municipal de Angra. Este ano, pela primeira, o programa universitário disponibiliza aulas de inglês gratuitamente no Pavilhão Multiusos de Angra de 30 de Junho a 29 de Julho. Inscrições até 25 de Junho.
Para já, são 11 os alunos universitários norte-americanos que estão na ilha Terceira para mais um programa de formação de Verão. Saúde, educação e política são as áreas preferenciais académicas destes alunos que, na ilha, traduzem-se em estágios a decorrer no Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo (HSEAH), na Escola Tomás de Borba e na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (CMAH).
Trata-se de uma formação não curricular enquadrada no Projecto Atlantis, desenvolvido pela Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, nos E.U.A. em parceria igualmente com a Universidade dos Açores (UAç).
Em declarações ao nosso jornal, as responsáveis no terreno pelo projecto, Laura Rozo, 18 anos, Aisha Venujopal, 18 anos e Laura Hamrick, 19 anos, referem que esta é uma oportunidade de conhecerem alguns dos aspectos de possíveis carreiras profissionais a escolher no futuro, uma vez que o ensino superior norte-americano é, nos anos iniciais, de carácter mais genérico. Outra das vantagens vai para a aprendizagem da língua portuguesa e para a realidade organizacional das instituições locais que existem. De igual forma, referiram ao nosso jornal, esta acaba por ser uma experiência “enriquecedora” de gestão de dinâmicas de grupo.
Depois deste grupo de 11 alunos, que está na ilha desde 17 de Maio e que regressa esta sexta aos E.U.A., um segundo grupo chega à Terceira para prosseguir o projecto até finais de Julho: “este ano, o projecto foi expandido para englobar duas sessões, a primeira com onze companheiros, e a segunda com treze”.
Aulas de inglês de graça
“Num esforço para tornar este programa mais difundido, os bolsistas da Universidade de Chicago, Brown, da Universidade de Cambridge e Oxford University foram aceites para o Verão de 2011 também”, referem.
Assim, este ano, pela primeira vez, será ministrado um “English Summer Camp”, ou seja, um Curso de Verão de Inglês de forma gratuita para estudantes entre os 14 anos e o ensino superior, preferencialmente, mas igualmente aberto às populações em geral.
Para já, já existem 11 inscrições, podendo ser admitidos um máximo de 45 participantes.
A formação, a decorrer no Pavilhão Multiusos de Angra, de 30 de Junho a 29 de Julho, com nível médio e avançado, decorrerá de segunda-feira a sexta-feira, entre as 10H00 e as 13H00 (obrigatório) e das 13H30 às 15H00 (opcional) e será leccionada por alunos universitários “de entre as melhores universidades do mundo, tendo todos o Inglês como primeira língua”.
Informações e inscrições podem ser obtidas junto do email: base5azores@gmail.com. O prazo para entrega das inscrições é dia 25 de Junho
Segundo os promotores, este Curso de Verão de Inglês do Projecto Atlantis “é uma grande oportunidade para os estudantes melhorarem o seu Inglês através da interacção com falantes nativos. O curso é gratuito para assegurar que todos os alunos interessados possam participar, independentemente dos recursos financeiros. Acreditamos que as oportunidades educacionais, como esta, devem estar disponível para todos os estudantes que têm o desejo de aprender. A formação deve ser muito importante na preparação de alunos para o Inglês que vão precisar na universidade e também abrir novas oportunidades em várias carreiras que exigem Inglês, aumentando a familiaridade dos alunos e confiança na língua”.
Projecto Atlantis desde 2008
O Projeto Atlantis da University of North Carolina (UNC) em Chapel Hill é uma organização estudantil reconhecida que desenvolve um programa de Verão não-curricular para alunos de graduação UNC nos Açores.
O programa começou em 2008 com seis bolsistas e tem crescido desde então. Entre os seus fundadores, está um açoriano, João Toste, ex-aluno da UNC.
“O principal objectivo do Projecto Atlantis é expor os estudantes de todo o mundo para a dinâmica única da ilha de Terceira. Cada estudante participa num nicho da sociedade da ilha através de um estágio com uma organização local pública”.
Adquirir experiência profissional, mas também, cultural e social “a fim de aprender sobre a política, história, literatura, meio ambiente, bem como a pessoas que vivem aqui” acaba por ser parte da aprendizagem destes jovens.
Humberta Augusto
(In haugusto@auniao.com)

terça-feira, junho 21, 2011

Diagnose de Infecções pelo Protozoário Theileria equi em Cavalos nos Açores por cELISA e nested-PCR.

Realizam-se no dia 27 de Junho, pelas 10 horas, no Auditório do Complexo Pedagógico do Campus do Pico da Urze, as provas de Mestrado em Engenharia Zootécnica, requeridas pelo licenciado Cláudio Monteiro Baptista.
As provas serão avaliadas por um Júri presidido (por designação do Reitor) pelo doutor José Estevam da Silveira Matos, professor catedrático da Universidade dos Açores, sendo vogais os doutores Artur da Câmara Machado, professor auxiliar com agregação da Universidade dos Açores, João Vasco de Ávila Sousa Barcelos e Maria de Lurdes Nunes Enes Dapkevicius, ambos professores auxiliares da Universidade dos Açores.

As provas constarão da discussão pública, com crítica e defesa, de uma dissertação intitulada Diagnose de Infecções pelo Protozoário Theileria equi em Cavalos nos Açores por cELISA e nested-PCR.

Etnobotânica de Rio de Onor: Uma Aldeia Transmontana.

Realizam-se no dia 29 de Junho, pelas 15h30m, na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança, as provas de Mestrado em Gestão e Conservação da Natureza, requeridas pelo licenciado Paulo Jorge Fabião Ferreira.
As provas serão avaliadas por um Júri presidido (por designação do Reitor) pelo doutor Tomaz Lopes Cavalheiro Ponce Dentinho, professor auxiliar da Universidade dos Açores, sendo vogais os doutores Eduardo Manuel Ferreira Dias, professor auxiliar da Universidade dos Açores, Ana Maria Pinto Carvalho e João Carlos Martins Azevedo, ambos professores adjuntos da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança.

As provas constarão da discussão pública, com crítica e defesa, de uma dissertação intitulada Etnobotânica de Rio de Onor: Uma Aldeia Transmontana.

Jornadas de Preservação de Recursos Fitogenéticos


Sofia Duarte destaca empenho da UAç na Saúde

A directora regional da Saúde, Sofia Duarte, sublinhou o empenho da Universidade dos Açores (UAç), através da Escola Superior de Enfermagem, na qualificação dos colaboradores no Serviço Regional de Saúde. As declarações da responsável ao Gabinete de Apoio à Comunicação Social (GACS) foram feitas durante a sessão de encerramento do Seminário Integrado na Pós Graduação em Gestão de Unidades de Saúde, promovido pela Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo. Para Sofia Duarte, a pós-graduação que terminou "constituiu uma enorme mais-valia na maximização de recursos e na eficácia dos cuidados de saúde". "É de registar que a Universidade dos Açores se empenhe em criar condições estimuladoras do mérito e da capacidade dos nossos profissionais, potenciando novos meios de acção e novas estratégias na gestão das unidades de saúde", sublinhou Sofia Duarte.


(In Açoriano Oriental)

segunda-feira, junho 20, 2011

Especial Espírito Santo 2- TUSA

Esquadrões T

As térmitas e os esquadrões T

Félix Rodrigues (Opinião)


Foi gratificante verificar a adesão de jovens e seniores do nosso Município à iniciativa dirigida e coordenada pela Professora Ana Arroz no âmbito da comunicação de risco sobre a infestação de térmitas na cidade de Angra do Heroísmo.
Verifica-se que há uma certa propensão dos Terceirenses para “as marchas”, para o “vestir a camisola” e para o associativismo, e isso é algo que deve ser promovido por todos, especialmente no que concerne à resolução dos nossos problemas comuns.
O mais difícil parece ser sempre o começar. Depois de algo estar em marcha verificamos que normalmente anda por si só, porque alguém percebeu e se identificou com a causa, e só desiste, quando lhe faltam as forças.
Um amigo que perdi recentemente dizia “Já ninguém quer trabalhar de graça em prol dos outros”. Pois é, há coisas que não podem ser compradas nem vendidas, como as causas ou as razões pelas quais as pessoas se movimentam. Parece existir na sociedade actual falta de causas para que todos, de um modo ou outro, nos possamos movimentar.
As causas levam a iniciativas ou missões. Esperam-se que essas iniciativas e missões não tenham fins lucrativos, visando sempre, o bem comum.
Todas as iniciativas, onde se pensa nas pessoas como peça fundamental para a resolução de um problema, respeitando as suas opiniões, ideias e colaboração, podem ser sempre muito bem aproveitadas.
Por vezes as palestras e formações tem menos resultados práticos do que um genuíno apoio a uma causa pública que ainda nem percebida ou interiorizada foi, principalmente quando se pretende ter uma acção pública ampla e generalizada.
Na defesa das causas os caminhos são muitas vezes solitários, mas não nos devemos esquecer que tanto é solitário o caminho do primeiro como o do derradeiro.
A equipa do SOS Térmitas, está ciente de que o “controlo das térmitas no nosso Arquipélago deve resultar de uma acção concertada entre os cidadãos, as empresas de desinfestação, vários sectores do governo, autarquias locais e investigadores”. Só com “a ajuda dos cidadãos é possível enfrentar um risco com manifestos impactos negativos ao nível da conservação do património e dos bens pessoais”. “Só com a ajuda de todos será possível ir corrigindo as crenças erróneas sobre as térmitas e o seu controle”.
Pelo pouco que me foi possível perceber, parece que toda a gente já ouviu falar do problema das térmitas e dos seus impactos, mas são poucos os que na prática conseguem identificar uma térmita ou perceber como se controla a praga. O site do SOS Térmitas (http://sostermitas.angra.uac.pt/) é uma ajuda preciosa para quem se quiser informar sobre esse problema.
Esse problema não é virtual e o pânico para muitos é bem real, leia-se por exemplo o depoimento de uma pessoa com a casa infestada por térmitas:
“Estou a ser expulsa da minha casa lentamente. Agora, com o estado em que está o sótão, já tirámos tudo das falsas. Está a ver isso aí tudo amontoado na sala? Era de lá. Não tenho outro sítio. E também já não deixo as minhas filhas dormirem no seu quarto. Tenho medo que lhes caia em cima alguma coisa. Não sei o que hei-de fazer, não tenho possibilidades de mandar refazer isto tudo, não tenho... mas já não tenho descanso!”.
Os Esquadrões T, tal como foram constituídos no âmbito do projecto de investigação aqui referido, tem tudo para se afirmar como um movimento associativo dado que integra pessoas da comunidade onde se insere e nasce para dar respostas às dificuldades encontradas no combate a um problema que não é mais do que “um terramoto silencioso”, alicerçando-se em valores como a solidariedade, a fraternidade, a cidadania e o trabalho voluntário.
É da vontade de reduzir o desespero de uns que aparecem as causas dos outros.

(In A União)

domingo, junho 19, 2011

A abstenção e o voto obrigatório

Félix Rodrigues (Opinião)

Nas últimas eleições legislativas para a Assembleia de República venceu, mais uma vez, a abstenção. Sendo assim pode-se afirmar que Portugal é um país de abstencionistas.Sendo a abstenção eleitoral uma atitude política defendida pelos anarquistas e condenada por grande parte dos democratas e pessoas que apoiam o voto obrigatório, fica-se na dúvida se deve ser esta ou não a leitura que devemos fazer da abstenção registada em Portugal: um país que aspira à anarquia, ou pelo contrário, um país que protesta contra coisas para as quais não apresenta alternativas.De modo geral, os anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceite e preconizam vários tipos de organizações libertárias. Será lícito concluir que não havendo organizações libertárias ou Partidos Anarquistas em Portugal, também não exista anarquia. Nesse contexto, a abstenção não parece corresponder a uma aspiração anárquica, porque na anarquia discute-se e fazem-se declarações de posição. Não conheço as declarações públicas dos abstencionistas, salvo daqueles que deitam enxames de abelhas nas assembleias de voto, como forma de protesto contra uma estrada que não se fez, um médico que não chegou à aldeia, entre outras coisas.Sempre ouvi falar de uma lenda, não sei se é exactamente história, de um general romano que, tendo sido colocado na Lusitânia, ao fim de algum tempo enviou para Roma um relatório que afirmava algo do género: "Para além dos Montes Hermínios encontrei um povo que não se governa nem se deixa governar". Será que a abstenção em Portugal é algo genético e que de vez em quando tenhamos que mandar vir estrangeiros para nos governar?Quem não votou e não explica a razão, arrisca-se a que um dia, um daqueles que foram eleitos sem o seu voto, decrete que, os abstencionistas pagarão uma multa por não votar, porque, por representação e legitimidade democrática, tornaram o voto para todos, obrigatório.O voto obrigatório tem muitos inconvenientes para o abstencionista convicto, mas também para todos os cidadãos em geral, veja-se por exemplo o que se passa com o voto obrigatório no Brasil: O eleitor que não votar nem justificar a sua ausência nos prazos determinados pela lei incorrerá em multa imposta por um Juiz Eleitoral. Sem a prova de que se votou, se pagou a multa que está associada a essa falha ou de que se justificou devidamente o não voto, o abstencionista não poderá inscrever-se em concursos públicos, obter passaporte ou bilhete de identidade, renovar a sua matrícula nos estabelecimentos de ensino oficial, obter empréstimos em estabelecimentos de crédito governamentais, entre outras penas.Em regime de contenção de gastos públicos e de arrecadação de receitas, os abstencionistas dão ideias que podem ser muito interessantes para alguns governantes, que nessa situação podem assim obter mais umas verbazitas extra para fazer face à crise. Será que nessa altura os abstencionistas perceberão que cumpriram com uma função económica que provavelmente nunca pensaram?Se o abstencionista é daqueles que afirma que a política não lhe interessa, é sinal de que não sabe o que é política. Se o abstencionista afirma que os "partidos são todos iguais", está na altura de criar um partido diferente. Se o abstencionista entende que as decisões políticas, sejam elas quais forem, são sempre boas, penso que não se importará que lhe subam os descontos de IRS ou IRC, permitindo deste modo que quem se preocupa com o rumo de toda a comunidade diminua o seu esforço económico, uma vez que lutam, democraticamente, pelo bem comum.Também é altura, de uma vez por todas percebermos quanta da abstenção em Portugal é real ou virtual, actualizando objectivamente os cadernos eleitorais.A abstenção em Portugal, na ausência de vozes que a defendam, exige no mínimo um estudo, porque a democracia tem que ser vivida. Não se pode vegetar em democracia, porque esta é feita de escolhas, mesmo que tomadas erradamente.

(In DI XL)

sábado, junho 18, 2011

É indispensável reativar cooperativas em S. Jorge



Os resultados provisórios dos censos 2011 indiciam em S. Jorge fuga de população de freguesias que ficaram sem as suas cooperativas e também sem escolas. Fica espantado ou o fenómeno era previsível?O fenómeno era previsível e para isso alertámos a seu tempo tanto quanto nos foi possível! Não ficamos espantados, apenas tristes, porque os lugares de São Jorge vão perdendo os jovens, a sua alma, cultura, atividade económica, identidade, envelhecendo, enfim, aos poucos, morrendo!
O que perde S. Jorge ao perder as suas cooperativas, quer ao nível social, quer no que diz respeito à produção?As cooperativas de São Jorge "eram" uma herança cultural, centenária, produto de uma vontade de sobreviver, fazendo os jorgenses o melhor, o possível, com os conhecimentos somados, geração após geração, heranças diversas, na luta contra o isolamento, transformando-se uma matéria-prima, muito perecível, o leite, através da arte - a arte daqueles queijeiros, únicos - em algo concentrado, durável, que envelhece melhorando, diferente, excelente! O Queijo de São Jorge era um produto de cada freguesia, delas identitário. A Cooperativa, da freguesia, suscitava o interesse não só do produtores de leite, dos operários, dos donos da terra, comungando todos o interesse no sucesso da sua cooperativa. Sem a Cooperativa, a Escola e, já agora, a Sociedade Filarmónica, a freguesia, em São Jorge, não existe, não há cimento, social, deixam de existir as âncoras, as amarras que retêm as gentes, os mais jovens! O leite "chegava" logo à fábrica, fresco, ainda quente da ordenha, o melhor para aquele queijo. O "almeice", subproduto do fabrico, era logo levado de volta, para alimentação dos animais. Nada se rejeitava, num ciclo quase perfeito, minimizando-se até a "pegada ecológica" - embora essa não fosse, então, uma preocupação. Os pagamentos, os adiantamentos, as ajudas aos sócios, os pagamentos das rendas, eram assuntos tratados entre iguais, partilhando-se os esforços, na melhor compreensão das dificuldades de cada um. Conseguir fabricar o melhor queijo da Ilha, pagar melhor por cada "canada" de leite, eram então os objetivos mais nobres de cada Cooperativa!
O que poderá justificar a opção por construir três grandes unidades industriais numa ilha de hand made? Maldade, Ignorância...?Não quero crer que houvesse maldade, muito menos ignorância, mas certamente que houve alguma surdez! A capacidade para ouvir opiniões diferentes, reconhecer que nem sempre temos 100% da razão, é uma qualidade que devemos enaltecer e procurar cultivar, especialmente em democracia!
Se tivesse responsabilidades a esse nível optaria por reverter a destruição do tecido cooperativo de S. Jorge? Como agiria?Embora na condição cómoda de opinar sem termos que decidir e assumir as responsabilidades inerentes, somos da opinião de que se deveria procurar reativar, pelo menos, duas cooperativas, históricas, a do Norte Pequeno e a das Manadas. Procuraríamos ainda libertar as cooperativas da obrigatoriedade de canalizar o seu produto por uma única via, promovendo a sã concorrência entre elas. O associativismo e os negócios só funcionam bem quando libertos de condicionalismos burocráticos, de tentações dirigistas, e num quadro de verdadeira liberdade participativa!

(In Diário Insular)

I TORNEIO DE FUTEBOL DA JP/TERCEIRA



A equipa do polo de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores venceu, no passado fim de semana, o I Torneio de Futebol de sete da Comissão Política da Juventude Popular (JP) da ilha Terceira, evento que se realizou no campo sintético do complexo desportivo do Estádio João Paulo II, em Angra do Heroísmo.Nesta organização, que juntou veteranos com juventude, participaram cinco equipas: a formação organizadora da JP; uma equipa de dirigentes e militantes do CDS-PP, incluindo o líder regional do partido Artur Lima; uma equipa da AJITER (Associação Juvenil da Ilha Terceira); a formação da Universidade dos Açores; e, por fim, os veteranos do Sport Clube Angrense.Os jogos, que envolveram animadas disputas entre todas as equipas, para além do convívio inerente a estas iniciativas, proporcionaram os seguintes desfechos:Veteranos do Angrense 10 - CDS-PP 1, Universidade dos Açores 3 - JP 0, JP 0 - Veteranos do Angrense 3, Universidade dos Açores 2 - AJITER 0, CDS-PP 0 - AJITER 3, Veteranos do Angrense 0 - Universidade dos Açores 1, Universidade dos Açores 10 - CDS-PP 1, AJITER 1 - JP 1, Veteranos do Angrense 4 - AJITER 2 e JP/CDS 5 - PP 0.Deste modo, a classificação final da iniciativa ficou estabelecida do seguinte modo: 1.º Universidade dos Açores, 12 pontos; 2.º Veteranos do Angrense, 9 pontos; 3.º JP/Terceira, 4 pontos; 4.º AJITER - 4 pontos; 5.º CDS-PP, 0 pontos.Nesta sobremaneira agradável jornada de confraternização e promoção da prática desportiva como fator determinante para o bem-estar e saúde, Rogério Nogueira (antigo árbitro de futebol) e Pedro Ferreira foram os chamados homens do apito. O projeto, segundo Alonso Miguel, presidente da Comissão Política da JP/Terceira, é para repetir brevemente, visto que nem a chuva miudinha e a neblina incomodaram uma manhã de boa disposição, prática desportiva, convívio e desportivismo. Esta foi, refira-se, a primeira organização da recém-eleita Comissão de Ilha da "jota" do CDS-PP, depois de alguns anos de desativação da estrutura.
SANTA CLARAA outro nível, os jogadores do Clube Desportivo Santa Clara, Alex e Ricardo Dias, fazem parte das escolhas dos selecionador nacional, Ilídio Vale, para o Campeonato do Mundo, escalão de sub19. Alex foi uma contratação do Santa Clara ao FC Porto, campeão nacional em título. É um extremo de 19 anos e passou por todas as seleções jovens. Representou Portugal no último europeu de sub19. Já o segundo convocado, Ricardo Dias, foi um empréstimo também do FC Porto ao emblema açoriano. Como referimos, a seleção nacional vai participar no campeonato mundial da categoria, que acontece de 29 de julho a 20 de agosto, na Colômbia. O primeiro jogo é frente ao Uruguai, a 30 de julho.O Santa Clara é o único representante açoriano no Campeonato da Liga de Honra. Na temporada que se aproxima a equipa continuará a ser orientada pelo técnico Bruno Moura.

(In Diário Insular)

sexta-feira, junho 17, 2011

JORNADAS DISCUTEM CONCLUSÃO DO AGRICOMAC E FUTURO DOS QUADROS COMUNITÁRIOS DE APOIO


Está a terminar o MAC 2007/2013, o programa do quadro comunitário de apoio que permitiu a realização do projeto transnacional AGRICOMAC. Trata-se de um trabalho desenvolvido nos arquipélagos da Macaronésia que possibilitou, na Região, a preservação de produtos como a banana da terra, a batata-doce, o inhame e a maçã. A Universidade dos Açores e a FRUTER estão preocupadas com o futuro e manutenção desta iniciativa. David Horta Lopes, do CITA-A, e Sieuve Menezes, presidente da FRUTER, defendem, por isso, o alargamento do MAC - programa de cooperação transnacional entre a Madeira, os Açores e as Canárias - ao próximo quadro comunitário de apoio, considerando que só assim se podem realizar iniciativas que utilizem a investigação em benefício dos agricultores da Região. Para além disso, UAç e FRUTER lembram que a fatia do MAC 2007/2013 que coube aos Açores foi menor. "As verbas decresceram consideravelmente e estamos à espera para saber o que o futuro nos reserva. No entanto, penso que esta linha de trabalho não deve morrer, até porque é importante para a preservação e conservação de recursos", disse aos jornalistas David Horta Lopes na apresentação das Jornadas de Preservação dos Recursos Fitogenéticos, que decorrerá em Angra do Heroísmo de 27 a 29 de junho. Sieuve Menezes, por seu turno, lembrou que, se ao arquipélago das Canárias coube um apoio de 40 milhões de euros, no âmbito do MAC 2007/2013, aos Açores e à Madeira coube cinco milhões de euros a cada. "Precisamos que, no futuro, no novo quadro comunitário, esta situação não seja tão acentuada, uma vez que não nos permite o acompanhamento do ritmo e do nível de trabalho que é desenvolvido pelas Canárias. O arquipélago das Canárias tem sido um excelente parceiro e tem assumido até algumas despesas nossas", frisou o responsável pela FRUTER.



JORNADAS



O futuro do AGRICOMAC e o fim de apoios como o MAC 2007/2013 será uma das questões a abordar nas Jornadas de Preservação dos Recursos Fitogénicos, organizadas pelo CITA-A. O evento vai reunir investigadores, técnicos e produtores dos três arquipélagos. As jornadas marcam o fim, no que diz respeito à investigação, do projeto AGRICOMAC que, no arquipélago, consistiu na caracterização e multiplicação dos produtos dos agricultores açorianos. Neste processo, David Horta Lopes destaca a importância da FRUTER, que faz o contacto direto com os produtores. De acordo com o investigador da UAç, este projeto significou, acima de tudo, a valorização e conservação dos recursos açorianos. "Há material que recolhemos no local já não existe e outro poderá estar em vias de desaparecimento. Estes trabalhos de preservação dos recursos são muito importantes para manter essas variedades", afirmou. David Horta Lopes destaca deste evento as participações de Maria Manuela Veloso, do Instituto Nacional de Recursos Biológicos, de Maria Teresa Bacallado, da Cultivos y Tecnología Agraria de Tenerife, e de Alberto dos Santos, coordenador do programa de preservação dos recursos fitogenéticos ao nível nacional. As jornadas decorrem no auditório da UAç e contam ainda com a presença de Victor Galán (ICIA), Immaculada Rodriguez (ICIA), Domingo Rios (Cabildo de Tenerife), Abilio Monterrey (Cabildo de La Palma), Miguel Carvalho (UMa), João Ferreira (Associação Agrícola da Madeira), Mónica Melo (FRUTER), Artur Machado (CBA/UAç) e Graça Silveira (CBA/UAç). Nestas jornadas de reflexão serão apresentados os trabalhos desenvolvidos em cada uma das regiões no âmbito do projeto transnacional AGRICOMAC.

(in Diário Insular)

Açores sem paliativos



Os Açores estão atrasados na implementação da rede de cuidados paliativos apresar de terem sido nomeadas equipas com esse fim o ano passado para os três hospitais e 17 centros de Saúde da Região e existirem cerca de 60 profissionais de saúde habilitados.
Maria Teresa Flor de Lima, do núcleo dos Açores da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, disse ontem, em Angra do Heroísmo, que ainda não há unidades de internamento na Região destinadas a essa especialidade e que nenhuma das equipas está certificada.Numa conferência realizada na abertura das jornadas técnicas "Organização de Serviços em Cuidados Paliativos", a médica anestesista defendeu que essas unidades devem ser implementadas o quanto antes, de modo a que possa ser prestado melhor apoio aos doentes que necessitam de acompanhamento especializado numa fase terminal das suas vidas para que possam aliviar o sofrimento a nível físico e psicológico.De acordo com Maria Teresa Flor de Lima, os cuidados paliativos não devem ser encarados com algo que não é importante ao nível dos cuidados de saúde.Defendeu que a Região deve avançar para a criação de equipas de cuidados paliativos constituídas por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e assistentes espirituais.Por outro lado, considera que a rede regional de cuidados paliativos não deve apenas abranger as unidades de saúde, mas também intervir nos casos em que os doentes estão no seu domicílio ou lares.De acordo com dados avançados pelo núcleo dos Açores da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos ocorrem por ano nos Açores mais de dois mil óbitos onde 60 por cento dos doentes necessitam apoio pelas equipas especializadas de cuidados paliativos.
Tema em discussão

As jornadas técnicas surgem no âmbito de do curso de Pós-Graduação dessa especialidade promovido pela Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores.No âmbito das jornadas que decorrem até hoje, foram organizados painéis para a discussão de temas subordinados aos temas "Modelos organizacionais em cuidados paliativos: alguns exemplos a nível nacional e regional", "Trabalho em equipa interdisciplinar em cuidados paliativos: O papel dos diferentes profissionais da equipa de cuidados paliativos" e "Vivências em cuidados paliativos: experiências no âmbito da formação".

(In Diário Insular)

quinta-feira, junho 16, 2011

“Não é sensato fazer experiências de produção de milho transgénico na ilha de São Miguel...”

O investigador e ambientalista açoriano, Félix Rodrigues, afirmou que “não é sensato” o governo dos Açores ter permitido que se semeasse 18 alqueires de milho transgénico na ilha de São Miguel. “Não é sensato na medida em que é antagónico. Não podemos ter o melhor de dois mundos. Um que é a produção de organismos geneticamente modificados que, hipoteticamente, aumenta as produções; e outro, uma região livre de transgénicos”, afirma o director do curso de Ambiente da Universidade dos Açores. “Quando temos uma Região que aposta no ambiente e no ecoturismo como imagem de marca, a produção de organismos geneticamente modificados nos Açores é algo que põe em causa esta imagem que queremos passar”, realça

Correio dos Açores - Não concorda com os investigadores da Universidade dos Açores que dizem que não há problema com OGMs nos Açores?
Félix Rodrigues (Director do Curso de Ambiente da Universidade dos Açores) - Não posso concordar nem discordar porque não há dados suficientes para apurarmos os efeitos a longo prazo. No entanto, o princípio que se coloca aqui tem a ver um pouco com a precaução e outro é a construção de uma imagem de marca.
A opção por produzir organismos geneticamente modificados tem impactos que podem ser extremamente negativos do ponto de vista turístico. Nós sabemos que, na Europa, as pessoas têm dificuldade em aceitar a introdução de organismos geneticamente modificados no mercado. Por outro lado, exige-se cada vez mais que haja uma informação a nível dos rótulos de tudo o que são organismos geneticamente modificados. Isto quer dizer que a introdução nos Açores tem impactos, pelo menos, ao nível da rotulagem dos produtos.
Como é que o mercado se vai portar a nível mundial relativamente à aceitação dos produtos? O que sabemos é que o mercado europeu está renitente e o americano nem tanto. Em termos de comércio, pode haver aí impactos negativos.
E, sem sombra de dúvida, a imagem de natureza intacta que passamos para o turista fica manchada perante o cultivo de organismos geneticamente modificados.

Está a fazer passar a mensagem de que uma Região que tem ‘Dolphin Save’ no mar (preservação dos golfinhos na pesca do atum) não faz sentido ter OGMs em terra…
Não faz sentido nenhum. Uma Região que diz que tem uma rica biodiversidade não faz sentido introduzir organismos geneticamente modificados. Até porque não há uma grande produção que compense economicamente tal perspectiva. Quer queiramos, quer não, esta designação está muito conotada negativamente a nível Europa.

Vamos ver este problema na óptica do produtor. Por exemplo, milho geneticamente modificado pode adaptar-se melhor às características do clima dos Açores e dar altas produções…
São os impactos a longo prazo e o desconhecimento que temos destes impactos. Para ter uma ideia, sabemos que se podem fazer enxertos de famílias diferentes. Podemos enxertar num marmeleiro, uma macieira e ela dar maçãs. O que estamos aqui a fazer com os organismos geneticamente modificados é um pouco alterar a alma da planta, que é introduzir um gene que pode ser de um insecto no interior do milho. E, portanto, é milho com o gene de um insecto. Isso não é normal e, por isso, não sabemos quais as consequências que isto tem, efectivamente, em termos de saúde pública, as alergias que isso pode desencadear. Há um desconhecimento muito grande em torno desta matéria.
Por outro lado, aquilo que se coloca nem é bem em termos ambientais. Não é bem o termo ambiental que se pode colocar aqui. O que aqui se coloca é, do ponto de vista de uma Região que pretende ser sustentável e que, inclusivamente, vende a imagem de uma natureza pura e intacta. Ora, a produção de organismos geneticamente modificados nesta Região é um contra-senso, uma falta de lógica. As duas coisas são incompatíveis.

Mesmo que se justifique economicamente ter milho adaptado às características do clima?
Este milho é tão adaptado às características do clima como o outro. A única coisa que faz é que combate mais facilmente os insectos.

Há milho que resiste à seca…
Há milho geneticamente modificado que pode resistir mais à seca. Mas as alterações, mesmo no caso do milho, ocorrem mais para o ataque às pragas e que tem vantagens, de facto, do ponto de vista da utilização de químico. Mas, por outro lado, também altera o ecossistema natural. Sendo assim, há aqui um desconhecimento enorme acerca desta questão.

Concorda, portanto, que o governo dos Açores desenvolva esforços para considerar os Açores região limpa de OGMs…
Na medida em que definimos como estratégia de desenvolvimento, como um dos grandes vectores o turismo, faz todo o sentido que assim seja. Se, pelo contrário, invertermos a lógica do desenvolvimento centrada apenas na monocultura da vaca, pois aí até é fácil desde que seja isso que queiramos. Um organismo geneticamente modificado vegetal ser ingerido por um animal que, por sua vez, está na origem de carnes e leites, mais dia menos dia tudo isso é considerado geneticamente modificado com impactos imprevisíveis do ponto de vista económico.
O que estou a dizer é que é um risco avançarmos para uma coisa sem definirmos, em concreto, qual o mundo que nós queremos. Não podemos ter o melhor dos dois mundos. Isso tem a ver com as nossas apostas como sociedade.
Se a aposta é turismo vejo com muitos bons olhos considerarmos os Açores como região livre de organismos geneticamente modificados.

“Não podemos ficar reféns
De dois a três produtores”

Como sabe, há colegas seus na Universidade dos Açores que consideram que não viria mal ao mundo que se produza organismos geneticamente modificados nos Açores…
Eles estão a ver esta questão do ponto de vista da produção. E deste ponto de vista, quando definimos que não vem mal ao mundo, está-se a admitir que o conhecimento que temos é perfeito e isso não é verdade.
Por um lado, podemos ter alguns problemas, mas também diminuímos a quantidade de insecticida que usamos. Por isso, é difícil equacionar esta questão com argumentos exclusivamente científicos. Até porque estes argumentos são ambíguos. Tanto pode dar para um lado como pode dar para o outro.
Daí que, do meu ponto de vista, a tónica não deve ser colocada nos argumentos científicos. Deve ser colocada em termos das estratégias que se pretende. Esta é uma decisão que todos nós devemos tomar. Daí que a decisão tem carácter um pouco político e não propriamente tão científico quanto isso. A questão que se coloca é que perdemos do ponto de vista turístico se produzirmos OGMs? O que é que ganhamos em termos de produtividade, do ponto de vista agro-alimentar? E, neste balanço, temos de saber posicionar-nos. Há muita dúvida…

Tendencialmente, está inclinado para o lado do turismo…
Do ponto de vista turístico, os Açores têm potencialidades enormes. E isso torna-nos muito menos vulneráveis a uma só cultura e a uma grande actividade económica. Isto quer dizer que, quando há crise num determinado sector – e se for no sector agro-pecuário – temos muita dificuldade, depois, em nos suportar economicamente. Daí que me parece mais seguro apostar em mais valências.
Havendo nos Açores potencialidades turísticas, não podemos desperdiçar este outro trunfo que temos, equilibrando devidamente as coisas.
Relativamente à actualidade, os OGMs não vão trazer grande acréscimo económico. No entanto, pode beneficiar um ou outro produtor, sem sombra de dúvida. Não posso dizer que não. Mas não podemos, como sociedade, ficar reféns da decisão individual de dois ou três produtores. Por isso entender que deve ser tomada uma decisão colectiva.

Pode generalizar-se a produção de OGMs nos Açores?
Não há uma tomada de posição colectiva relativamente a isso e, quando assim é, passa a haver tomadas de posição individuais em que cada qual, não tendo qualquer restrição e não havendo uma regulamentação que impeça a sua produção, toma as suas posições consoante a compreensão que tem do fenómeno.

A Região poderá ter legislação própria que a torne livre de OGMs…
A Europa tem legislação apropriada e até uma legislação complexa e exigente para a produção de OGMs. Implica haver estudos, acompanhamentos, um conjunto de regras que são difíceis de acompanhar e de monitorizar. O que acontece é que estas regras estão a ser cumpridas. Mas, no entanto, esta decisão de atribuir licença para a produção, tem de passar necessariamente pelas questões de decisão política e governamental.

Milho transgénico em S. Miguel
“não é uma questão pacífica”

Antes de se semear 18 alqueires de milho geneticamente modificado em São Miguel, dever-se-ia ter feito estudos e ter gerado um debate na opinião pública?
A produção de OGMs é incompatível como a produção biológica. Por outro lado, é preciso no raio de 2,5 quilómetros não pode haver produção biológica. Como é que eu, sendo dono de um serrado, posso tomar a decisão de produzir OGMs se posso impedir a produção biológica de um vizinho. Por isso a gestão do problema não é assim tão pacífica. Ao tomarmos a decisão de produzir OGMs, implica que vamos condicionar em muito aquilo que se chama a produção biológica. Devemos ou não fazê-lo? Mas uma vez entendo que está é uma questão de decisão política porque se deixarmos à decisão de cada um, quem decidir produzir OGM tem mais poder em termos de alteração desta situação de quem decide não produzir porque quem decide não produzir deixa de ter alternativa e fica designado como sendo produtor não biológico. Há aqui um conjunto de factores que não são fáceis de perceber quais são os impactos imediatos que tem e até que ponto a liberdade de uns não choca com a liberdade de outros.

Não foi sensato...

Não foi uma decisão sensata semear 18 alqueires de milho geneticamente modificado em São Miguel?
Não acho que seja sensato quando se diz que se quer consagrar os Açores uma região livre de OGMs. Não é nada sensato. Não é sensato na medida em que é antagónico. Como dizia há pouco, não podemos ter o melhor de dois mundos.
Um que é a produção de OGM que, hipoteticamente, aumenta a produção e outro uma região livre de transgénicos. Ou temos uma coisa ou temos outra. As duas é que são incompatíveis. E esta decisão tem impactos a vários níveis. É preciso saber qual o impacto que estamos interessados em suportar.

(In João Paz -Correio dos Açores)

Especialistas debatem cuidados paliativos



"Organização de Serviços em Cuidados Paliativos" é o tema das jornadas técnicas que decorrem, hoje em amanhã, na Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo.As jornadas serão realizadas em parceria com a Associação Católica de Enfermeiros Portugueses - direção de Angra do Heroísmo, contam com a participação de profissionais e especialistas a nível nacional e internacional, com formação diferenciada e experiência nesta área de cuidados e têm o patrocínio científico da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos - Núcleo Regional dos Açores.De acordo com a organização da iniciativa, existe a necessidade de desenvolvimento dos cuidados paliativos na Região e no âmbito do Curso de Pós-Graduação.Após a sessão de abertura, terá lugar uma conferência de Maria Teresa Flor de Lima que irá abordar o tema "Organização de equipas de cuidados paliativos: a realidade internacional, nacional e regional".No âmbito das jornadas serão realizados painéis subordinados aos temas "Modelos organizacionais em cuidados paliativos: alguns exemplos a nível nacional e regional", "Trabalho em equipa interdisciplinar em cuidados paliativos: O papel dos diferentes profissionais da equipa de cuidados paliativos" e "Vivências em cuidados paliativos: experiências no âmbito da formação".

(In Diário Insular)

Biotecnologia dos Açores tem novos parceiros

ARTUR MACHADO sublinha a importância da cooperação com os membros do CBA em funções em Ponta Delgada.
O Centro de Biotecnologia dos Açores (CBA) da Universidade dos Açores associou-se ao Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia (IBB), uma unidade de investigação e desenvolvimento que se assume como estratégica para o desenvolvimento das políticas nacionais de investigação e inovação no domínio da Biotecnologia. O CBA junta-se assim ao Instituto de Biotecnologia e Química Fina do Instituto Superior Técnico, ao Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, ao Centro de Genómica e Biotecnologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e ao Centro de Biomedicina Molecular ao Estrutural da Universidade do Algarve. De acordo com Artur Machado, diretor do CBA, trata-se dos melhores laboratórios nacionais e esta parceria constitui uma oportunidade de cooperação "muito importante". "Temos que zelar pelo nosso futuro e pela continuidade. A continuidade na investigação vive à base de projetos, de bolsas, o que é uma situação muito volátil. Neste sentido, uma das preocupações do CBA foi associar-se a outros laboratórios, criando ao nível nacional uma massa crítica que nos permite sobreviver com mais facilidade", adianta. O responsável lembra que com a recente ampliação da equipa, nomeadamente em Ponta Delgada, cujo trabalho - liderado pelo investigador Nelson Simões - diz ser indispensável, o zelo pelo futuro e pela continuidade terá de ser ainda maior. Para além da maior segurança e visibilidade, Artur Machado recorda que, com esta parceria, a atividade do CBA já não está restrita apenas aos seus membros. "A Região ganha, de um momento para o outro, uma estrutura de investigação científica muito maior do que aquilo que tem. As questões que nos preocupam e que nos dizem respeito começam a ser debatidas e investigadas, não só apenas ao nosso nível ou ao nível de uma colaboração esporádica, mas também neste todo nacional", disse em declarações a DI. De acordo com o diretor do CBA, trata-se, acima de tudo, de um intercâmbio "saudável" que permite melhor eficiência nas investigações. Os projetos do CBA têm recaído sobretudo na necessidade de um melhor aproveitamento dos recursos genéticos da Região ao nível vegetal, animal e microbiano.Neste sentido, afirma o responsável, a atividade do Centro está vocacionada para o conhecimento e aproveitamento, sobretudo económico, desses recursos.

(In Diário Insular)

quarta-feira, junho 15, 2011

Associação de Estudantes tem edifício no Pico da Urze



Foram ontem inaugurados no polo da Universidade dos Açores (UA) no Pico da Urze, Angra do Heroísmo, o edifício destinado à Associação de Estudantes do campus e uma "sala de reflexão" que poderá servir para vários fins religiosos ou culturais.Segundo informação recolhida por DI, em causa está um investimento que ronda um milhão de euros (inclui vários arranjos exteriores), financiados a 85 por cento por fundos comunitários (PROCONVERGÊNCIA) e a 15 por cento pelo Governo Regional.O edifício destinado à Associação de Estudantes na ilha Terceira inclui salas para estudo, reuniões e convívio, entre outras valências.
"Essência" da UANa cerimónia de inauguração discursou o reitor da Universidade dos Açores, Avelino Meneses, em fim de funções. Este deixou várias palavras de apreço dirigidas à comunidade estudantil. "Os estudantes são a essência de uma qualquer universidade e, obviamente, também da Universidade dos Açores. No longo e no custoso processo de edificação deste novo campus do Pico da Urze, os estudantes, muitos deles hoje já engenheiros e doutores, desempenharam um papel fundamental: Estiveram quase sempre na primeira linha de reivindicação de condições condignas para a Universidade dos Açores na Terceira e quase sempre na primeira linha de defesa de uma universidade que fosse verdadeiramente dos Açores todos", recordou.Avelino Meneses considerou que as novas instalações possibilitam agora aos estudantes desenvolver ações de maior intervenção no quotidiano da academia, "exercendo a sua função primordial, de serem a consciência crítica" da Universidade."Aos estudantes quero prestar, aqui e agora, uma homenagem. Com maior ou menor crise financeira, os últimos oito anos foram muito difíceis em matéria orçamental, até porque não é fácil explicar e se calhar muito menos entender os sobrecustos de uma pequena universidade fortemente penalizada pela geografia.Estes perceberam sempre o essencial. Por isso recordaram sempre ao reitor que o seu dever era garantir a melhor formação das novas gerações", prosseguiu.Também discursou na ocasião o presidente da Associação de Estudantes do polo interdepartamental de Angra do Heroísmo, João Silva, que agradeceu a concretização da construção de um edifício que era "uma necessidade básica" e que considerou significar "uma grande evolução para todo o polo".No que pode ter sido o último grande discurso do seu percurso enquanto reitor, Avelino Meneses deixou palavras de apreço a estudantes e corpo docente, bem como aos pró-reitores Alfredo Borba e Ricardo Serrão Santos, mas também lançou alguns avisos quanto ao futuro. "Se nos Açores, independentemente das justificações, se cometer o erro da criação de um núcleo único que acolha a política, a planificação económica, a iniciativa social e a produção cultural, se nos Açores, independentemente das justificações, se cometer o erro de reduzir a generalidade das ilhas à condição de periferia, se isso acontecer, traímos a nossa História e comprometemos o nosso futuro", lançou, numa referência também à tripolaridade da instituição."Hoje a Universidade dos Açores faz mais jus ao seu próprio nome. Em primeiro lugar no cumprimento da tripolaridade", concluiu, frisando que surge agora um novo papel para a universidade, que pode, através das novas tecnologias, marcar presença em mais ilhas do arquipélago.

(In Diário Insular)

Transgénicos: Sim ou não?

Félix Rodrigues (Opinião)


Está na ordem do dia açoriana o cultivo ou não de milho transgénico. Alguns cientistas defendem que sim e outros que não. No meu modesto entender, já que não percebo muito de genética, mas tal não me impede de pesquisar e tentar entender os possíveis impactos que tal cultura teria no Arquipélago, essa decisão, é essencialmente política.
Não se encontram dados objectivos sobre eventuais doenças ou reacções alérgicas das populações nos locais onde há uma produção intensiva de milho transgénico, com excepção de algumas reacções alérgicas documentadas, mas que também acorrem com outros produtos alimentares, no entanto, a inexistência de dados não quer dizer que não possam existir problemas. Isso é um pouco semelhante ao que se passa com os telemóveis, onde alguns estudos apontam para o aparecimento de problemas de saúde, enquanto que outros afirmam que essas relações não são inequívocas.
O que é sabido é que a produção de organismos geneticamente modificados (OMG’s) em grande escala, onde exista um reduzido número de variedades agrícolas, tende a enfraquecer a biodiversidade, aumentando a probabilidade de efeitos indesejáveis nas produções, resultado de alterações bióticas e abióticas dos ecossistemas.
Também é sabido que o cultivo de transgénicos, por imposição legal (direitos associados ao registo de patentes sobre sementes) torna os agricultores economicamente dependentes de algumas empresas, que não têm qualquer problema em os processar resultando tal facto em penas e sanções com contornos pouco claros. Assim sendo, a produção intensiva de transgénicos na Região Açores fica totalmente dependente de decisões e orientações, tanto tecnológicas como de mercados estrangeiros. Neste contexto, não parece haver um caminho que busque a sustentabilidade do arquipélago, nem um aproveitamento das singularidades dos nossos produtos.
Relativamente à produção de transgénicos na Europa, a legislação prevê “a regulamentação de zonas livres de cultivo de variedades geneticamente modificadas e a criação de um fundo de compensação para suportar eventuais danos causados, de natureza económica, derivados da contaminação acidental do cultivo de variedades geneticamente modificadas”. Como se depreende das preocupações da lei, assume-se a possibilidade de contaminação genética e impactos negativos na biodiversidade.
O que me parece ser um contra-senso é que, por exemplo, a Assembleia Municipal de Angra do Heroísmo tenha aprovado uma proposta que declarava o Concelho como livre de transgénicos, e que neste momento se encontre, nesse mesmo Concelho, plantações experimentais de transgénicos.
Os transgénicos não têm uma boa imagem na Europa, todos o sabemos, daí que o seu cultivo pode ter impactos negativos em termos da valorização de todos os produtos açorianos e da imagem turística do Arquipélago.
Faz sentido aplicar o princípio da precaução na Região na produção e experimentação de transgénicos, o mesmo que é preconizado no decreto Lei nº160/2005 de 21 de Setembro que afirma “Contudo, a libertação no ambiente de organismos geneticamente modificados e a comercialização de produtos que os contenham ou sejam por eles constituídos devem ser acompanhadas de instrumentos específicos e criteriosos que, tendo por base o princípio da precaução, proporcionem uma avaliação rigorosa dos riscos para a saúde humana e para o ambiente”. Quer isso dizer que a liberdade de uns quererem correr riscos, não pode chocar com a liberdade de outros de os não aceitarem, especialmente os produtores biológicos. Temos que fazer uma avaliação custo-benefício, numa perspectiva verdadeiramente transdisciplinar (agricultura, turismo, economia, ambiente), antes de nos decidirmos, mesmo e tão só, pela experimentação.

(In Jornal Terra Nostra)

domingo, junho 12, 2011

Térmitas não vão sair do quotidiano das ilhas



Ana Arroz coordena o Plano de Comunicação de Risco sobre térmitas nos Açores. Repara-se para perceber como lidam os açorianos com a praga, que já afeta seis ilhas e causa estragos de monta sobretudo nas principais cidades. Nesta longa entrevista, a professora universitária explica que as térmitas vieram para ficar.
Está em curso uma campanha de sensibilização para o problema das térmitas nos Açores. Quais os contornos essenciais dessa campanha,?
A campanha "SOS Térmitas: Unidos na Prevenção" decorre dos resultados de pesquisas anteriores desenvolvidas no âmbito das ciências sociais, para compreender como é que as pessoas pensam e lidam com este problema, o que acham da forma como está a ser gerido, em quem depositam mais confiança e que necessidades apontam nesta matéria.
Esses resultados evidenciaram como objetivos prioritários para a Comunicação de Risco, consolidar a consciência social do problema, reforçar a confiança nas instâncias públicas que o gerem e envolver os cidadãos em práticas concretas de gestão de risco. Dirigindo-se à população das freguesias delimitadas como áreas de risco pelo atual enquadramento legal - público-alvo privilegiado - esta Campanha integra dois momentos: o primeiro, centra-se na adoção de uma prática muito simples de prevenção e controlo, a montagem de uma armadilha oferecida pelos municípios; o segundo, incide na divulgação dos resultados obtidos no esforço conjunto que a sociedade civil empreender, contabilizando o número de armadilhas montadas e entregues nas Juntas de Freguesia e estimando o número de térmitas capturadas.
Em face dos objetivos desta Campanha, a sua calendarização obedece essencialmente às térmitas, isto é, ela acontece durante os meses em que as térmitas ganham asas e se dedicam ao estabelecimento de novas colónias, fazendo alastrar a infestação. Daí desenrolar-se de maio a outubro.

Durante a campanha vão ser distribuídas armadilhas por correio. Caso sejam mesmo utilizadas, que impacto poderão ter na redução e no controlo efetivos da praga?
Controlar a praga implica provocar alterações na forma como cada um de nós lida com esta infestação no quotidiano. Quando compra uma casa como é que se assegura de que não leva por acréscimo um monte de problemas? Quando herda um móvel como é que se assegura de que não leva térmitas para casa? Quando a térmita ganha asa como é que protege a sua casa? À medida que passarmos a incorporar práticas de prevenção estaremos aprender a enfrentá-la. Se cada um de nós adquirir o hábito de todos os anos, por esta altura, montar armadilhas para capturar o máximo de "casais" de térmitas, que voam para estabelecer novas famílias, estaremos claramente a contribuir para controlar o problema.
Uma vez que cada armadilha pode evitar a criação de cerca de 400 novas colónias, chegando cada colónia a comportar, em média, 200 térmitas, é fácil fazer as contas ao impacto que um gesto tão simples de cada um de nós poderá ter ... ou não ter... neste processo!
Ao montar uma armadilha e ir entregá-la na Junta de Freguesia aprende-se uma prática de prevenção que permite a cada cidadão ser mais autónomo, vigilante e participativo no controlo de um problema de todos nós.
Esta captura coletiva possibilita ainda traçar um retrato da extensão da infestação em cada freguesia que é fundamental para a tomada de decisão sobre as estratégias a acionar Por isso é que é mesmo muito importante que se devolvam as armadilhas, mesmo sem que nada tenham capturado.

Este fim de semana inicia-se também uma ação de voluntariado para prestar auxílio aos moradores das zonas infestadas. Em que consiste essa iniciativa?
De facto, ontem, um conjunto de voluntários de todas as idades - os Esquadrões-T - começaram a visitar porta-a-porta domicílios das freguesias delimitadas como zonas potencialmente infestadas por térmitas, para ajudar a montar as armadilhas que os moradores receberam pelos CTT e dar conselhos práticos de prevenção e de controlo. Esta iniciativa, coordenada pela equipa de Comunicação de Risco da Universidade dos Açores, contou com a preciosa colaboração de parceiros como a Academia da Terceira Idade, o Serviço de Voluntariado da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, a Cáritas e de muitos cidadãos, de todas as idades, que vão disponibilizar os seus tempos livres para servir a comunidade.
Este ano a rede de voluntários Esquadrões-T apenas estará disponível em Angra do Heroísmo, uma vez que não dispúnhamos de infraestruturas para poder generalizá-la. Mas, depois de ensaiada, esperamos que nos próximos anos seja possível alargar esta rede a todas as freguesias infestadas nas diferentes Ilhas.
Uma vez que os Esquadrões-T representam simbolicamente o empenho da sociedade civil no controlo da infestação, esperamos que a adesão dos cidadãos não tenha sido expressiva apenas ontem, na Sé e em São Pedro, mas que se volte a verificar nas tardes dos dias 18 e 19, uma vez que no próximo fim de semana serão visitadas outras freguesias: Santa Luzia, Conceição e São Bento. Novos dias de intervenção poderão vir a ser marcados em função da adesão verificada e das necessidades sociais detetadas
Quem estiver interessado em participar ainda vai a tempo, podendo inscrever-se através do e-mail esquadrões.t@gmail.com ou simplesmente aparecer na Praça Velha pelas 14.00h no próximo fim de semana, onde antes de partirmos para as nossas jornadas, são prestados todos os esclarecimentos necessários.
Para além disto, este ano o Dia dos Açores é também um "Dia T" em que a Universidade se abre à comunidade entre as 9.30h e as 21.30h, disponibilizando atendimento personalizado aos cidadãos no esclarecimento das suas dúvidas, demonstrando práticas de prevenção e controlo, exibindo indícios e exemplares de térmitas para dar resposta às principais necessidades de informação que os Esquadrões-T identificaram junto das populações.
Os funcionários das juntas da freguesia vão ser sensibilizados para apoiarem as populações no que toca ao problema das térmitas. Que obrigação efetiva terão eles para apoiarem quem se dirigir à junta por desconfiar de uma "formiga" que tenha em casa?
Ora aí está uma excelente questão. Não se devem criar falsas expectativas relativamente ao papel que os funcionários das Juntas de Freguesia desempenham nesta Campanha. Embora desempenhando um papel crucial na articulação entre o Cidadão, o Município e a Universidade compete-lhes tão-somente apoiar o processo de receção e entrega de armadilhas procedendo ao seu registo e encaminhamento para a Universidade a fim de serem devidamente contabilizadas as térmitas capturadas.
É claro que, tendo um contacto privilegiado com a população, é para nós muito importante que se encontrem habilitados a esclarecer eventuais dúvidas quanto ao andamento a dar a caso específico relativamente a facetas do problema tão distintas quanto a identificação ou a dizimação das térmitas, a prevenção, a reconstrução, etc. Mas isso não significa que lhes compita, por exemplo, proceder à identificação da espécie. A qualidade do atendimento e o seu caráter proativo serão portanto a pedra-de-toque a investir na formação, uma vez que, todos estamos atualmente a ensaiar práticas de lidar com o problema que transcendem neste domínio as nossas obrigações efetivas
Desde que começou a deteção de térmitas nos Açores e até hoje, quantas espécies foram detetadas, onde, qual a sua real perigosidade e quais são as proveniências prováveis?
A equipa liderada pelo meu colega, Prof. Paulo Borges, descobriu até à data quatro espécies de térmitas, ocorrendo nas ilhas Terceira, Faial, Pico, São Jorge, São Miguel e Santa Maria. No entanto, das térmitas encontradas, a térmita de madeira seca e as duas térmitas subterrâneas provocam muito mais prejuízos do que a térmita de madeira viva. Esta Campanha foi concebida para lidar, especificamente, com a térmita de madeira seca, por ser aquela que maior risco comporta para a saúde e segurança pública, ao fragilizar gravosamente as estruturas das habitações numa região fustigada por atividade sísmica. Mas é claro que a consciencialização social para o problema e as práticas de prevenção e controlo que começarem a ser adotadas pelos cidadãos irão seguramente ajudar a incorporar uma cultura de prevenção necessária para lidar com as restantes infestações. No entanto, terão de ser realizadas outras campanhas direcionadas para as térmitas de madeira subterrânea, uma vez que os períodos de enxameamento, as práticas de prevenção e até os apoios aos cidadãos são distintos.
Como compreende, informações mais específicas acerca da ecologia das térmitas e das suas formas de extermínio terão de ser dirigidas especificamente ao meu colega e à sua equipa.

Até onde já vai a destruição causada por térmitas nos Açores e quais são os casos mais graves identificados até hoje?
Com base nos relatórios disponíveis apresentados no final do ano transato pela equipa do Prof. Paulo Borges, temos casos muito sérios de infestação por térmitas de madeira seca em Angra do Heroísmo e em Ponta Delgada. Quanto às térmitas subterrâneas, a situação é grave no Bairro de Santa Rita na Praia da Vitória e desconhece-se o que se passa na Horta.
No entanto, as pesquisas realizadas pela equipa liderada pelo Paulo Borges estão longe de traçar uma panorâmica geral dos Açores nesta matéria, uma vez que ainda não foram monitorizadas todas as ilhas do Arquipélago e que se desconhece a situação em muitos locais das ilhas já visitadas. Há a este nível muito a fazer e trata-se de um trabalho de monitorização que terá de ser obviamente realizado com continuidade, de modo a acompanharmos o evoluir da situação.
Garantir continuidade terá de ser o princípio subjacente a toda e qualquer lógica de atuação de modo a reduzir os potenciais danos da infestação. A sua gravidade decorre, por outro lado, tanto do modo como a praga atua como da nossa vulnerabilidade social ao risco, pelo que se justifica investir na informação pública e na comunicação de risco, uma vez que não se consolidam novas práticas de enfrentar a infestação nem novas culturas "precaucionistas" de perspetivar um problema como este em meia dúzia de meses de intervenção.
Controlar uma infestação com as características desta implica ir semeando a transformação para uma sociedade mais participativa, responsável e solidária. Neste sentido, esta Campanha representa apenas um primeiro esforço de ação concertada, um teste para avaliarmos a vontade e capacidade de reação das populações, cujos resultados depois de refletidos, deverão orientar as próximas campanhas e intervenções.

Qual o ponto da situação sobre o tratamento de casas infestadas com térmitas nos Açores? Já existem tratamentos recomendáveis e eficazes e empresas capazes de aplicarem esses tratamentos? O mercado já está a funcionar?
Atualmente, os únicos tratamentos disponíveis ainda são os tratamentos químicos com inseticidas Como sabe, foram recentemente testadas com sucesso duas técnicas que usam temperaturas elevadas para matar térmitas, mas não existem ainda empresas na Região credenciadas para aplicar esta tecnologia. Espera-se que esta situação seja ultrapassada rapidamente, e que ainda este ano pelo menos uma empresa seja credenciada para utilizar técnicas de temperatura.

Há algumas expectativas de declarar os Açores, um dia no futuro, livres de térmitas, ou temos este problema para sempre? Porquê?
Com base no conhecimento atual será impossível erradicar as térmitas dos Açores. Aliás, existe mesmo o risco de serem descobertas novas espécies de térmitas não só trazidas com o transporte de mercadorias, mas até porque podem já cá estar e não terem sido ainda detetadas
Mas o facto da erradicação do problema ser praticamente impossível não significa que não valha a pena fazer nada para lidar com ele. A finalidade de todos nós deverá ser mantê-lo sob controlo. E para isso, será necessário acionar uma estratégia de combate integrado, em que todos nós temos um papel a desempenhar. Para que daqui a 20 anos a situação possa estar controlada terá de ser toda implementada a legislação, realizada muita monitorização, viabilizada mais tecnologia de desinfestação e preparadas muito mais campanhas de sensibilização e prevenção pública, mas o mais importante é que se consiga acionar um sistema de gestão sensível às diferentes necessidades em jogo, focado:
• no encaminhamento dos cidadãos para a resolução do problema, para além dos apoios financeiros;
• na oferta de informação acerca dos serviços e recursos relativos à identificação; reconstrução, transporte de bens, materiais alternativos de construção, etc.;
• na disponibilização de formação aos setores da construção civil e do comércio e indústria transformadora de madeiras, para apenas dar uns exemplos;
• na articulação de funções e informações entre serviços públicos existentes, etc.
Poderia continuar a enumerar necessidades sociais relevantes... Mas refletir sobre o papel de cada um de nós nesse sistema de gestão e percebermos o que competirá à sociedade civil neste processo representa o desafio mais interessante que importa à equipa de Comunicação de Risco mediar entre todos os interesses em presença.
(In DI XL)

sexta-feira, junho 10, 2011

História com olhar no futuro marca discurso de Pedro Catarino

Na sessão solene comemorativa do 10 de junho, dia de Portugal - que decorre hoje pelas 18h00 no Solar da Madre de Deus -, o discurso do novo representante da República nos Açores, Pedro Catarino, vai incidir sobretudo na importância dos Açores na consolidação histórica do país.
DI sabe que, no seu discurso, Pedro Catarino lembrará marcos importantes na história de Portugal e falará das dificuldades com que o país e a Região se debatem.
Pedro Catarino não deixará, por isso, de deixar uma palavra de esperança, lembrando o esforço que terá de ser feito po todos de forma a equilibrar as finanças públicas.
Na sessão de hoje serão condecoradas, pelo Presidente da República, figuras de mérito dos Açores.

AGRACIADOS
Assim, serão agraciados Avelino Meneses, Aristides Âmbar Raposo, Cinelândia Cogumbreiro e Sousa, Norberto Ávila - com o grau de Comendador da Ordem do Mérito; o Clube União Micaelense como Membro-Honorário da Ordem do Mérito.
Para assinalar o Ano Internacional das Florestas, será ainda plantada uma árvore no jardim do Solar da Madre de Deus.
A Presidência da República divulgou a lista das condecorações a serem atribuídas na cerimónia oficial das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades e da lista contam-se 35 personalidades e instituições.

(In Diário Insular)

Campanha "SOS Térmitas - Unidos na Prevenção"

Voluntários vão percorrer Angra do Heroísmo para prestar auxílio à população residente nas freguesias delimitadas como áreas de risco de infestação por térmitas. A iniciativa de voluntariado, intitulada "Esquadrões-T", arranca amanhã, sábado, no âmbito da campanha de informação pública para o combate à praga "SOS Térmitas - Unidos na Prevenção".
Esta iniciativa, com o mote "A térmita ganhou asa, proteja a sua casa!", realiza-se também a 18 e 19 deste mês.
A rede de voluntários Esquadrões-T irá visitar porta-a-porta domicílios de São Pedro, Santa Luzia, Sé, São Bento e Conceição, que receberam, via postal, as armadilhas que a Câmara de Angra ofereceu aos munícipes para mostrar como é que, através de uma ação tão simples como a de montar uma armadilha, se pode contribuir de forma eficaz para o controlo do problema.
Os voluntários irão ajudar os moradores na montagem de armadilhas, dar conselhos práticos de prevenção e de controlo e sinalizar situações sociais problemáticas.
Além disso, na segunda-feira, a Universidade dos Açores celebra o seu primeiro Dia-T (de térmitas), estando aberta das 09h30 às 21h30 a quem pretender esclarecer dúvidas. Quem se deslocar à sala de desenho do Departamento de Ciências da Educação terá a oportunidade de assistir à demonstração de práticas de prevenção e de controlo, de ver térmitas vivas alojadas em pedaços de madeira infestados, entre outros indícios que permitem estar alerta.

(In Diário Insular)

Térmitas só podem ser controladas



O tratamento de infestações com térmitas nos Açores através de métodos de temperatura elevada testados com sucesso nas ilhas continua fora do mercado, estando apenas disponíveis tratamentos químicos com inseticidas - segundo Ana Arroz, que coordena o Plano de Comunicação de Risco associado ao combate às térmitas na Região.
"Não existem ainda empresas na Região credenciadas para aplicar esta tecnologia. Espera-se que esta situação seja ultrapassada rapidamente e que ainda este ano pelo menos uma empresa seja credenciada para utilizar técnicas de temperatura", refere Ana Arroz numa entrevista a publicar em DIXL do próximo fim de semana

CASA POSTA
A professora deixa claro na sua entrevista que com base no conhecimento atual será impossível erradicar as térmitas dos Açores. Avisa mesmo que "existe o risco de serem descobertas novas espécies de térmitas, não só trazidas com o transporte de mercadorias, mas até porque podem já cá estar e não terem sido ainda detetadas".
Daí a importância de manter as térmitas sob controlo. E para isso, refere, "será necessário acionar uma estratégia de combate integrado".
"Para que daqui a 20 anos a situação possa estar controlada, terá de ser implementada a legislação, realizada muita monitorização, viabilizada mais tecnologia de desinfestação e preparadas muito mais campanhas de sensibilização e prevenção pública", diz Ana Arroz.

CASOS GRAVES
A infestação com térmitas já tem situações consideradas muito sérias, no caso da madeira seca, em Angra do Heroísmo e em Ponta Delgada. Quanto às térmitas subterrâneas, a situação, segundo Ana Arroz, é grave no Bairro de Santa Rita, na Praia da Vitória, desconhecendo-se a situação na Horta.
Mas ainda não foram monitorizadas todas as ilhas da Região, além de ilhas visitadas pelos técnicos não terem a situação totalmente identificada.
Estão identificadas nos Açores quatro espécies de térmitas, ocorrendo nas ilhas Terceira, Faial, Pico, São Jorge, São Miguel e Santa Maria.
"A térmita de madeira seca e as duas térmitas subterrâneas provocam muito mais prejuízos do que a térmita de madeira viva", segundo Ana Arroz.
A identificação de térmitas ocorre nos locais mais inesperados. Ainda recentemente foram identificadas térmitas em aparas de madeira à venda para uso nas lareiras.

(In Diário Insular)

UNIVERSIDADE ABERTA A 13 DE JUNHO Dia da Região transformado em "Dia-T" de Térmitas



Cerca de cinquenta pessoas inscreveram-se nos “Esquadrões-T”, uma iniciativa promovida pela Equipa de Comunicação de Risco Térmitas, da Universidade dos Açores, que este sábado e no fim-de-semana seguinte está de apoio à montagem das armadilhas para térmitas distribuídas pelas populações.
O Dia do Açores, a 13 de Junho, será transformado no “Dia-T” em que o pólo universitário do Pico da Urze estará aberto de manhã à noite para as populações que queiram saber mais sobre estes insectos roedores.
Estão inscritas cinquenta pessoas para integrar os “Esquadrões-T”, um grupo de cidadãos voluntários mobilizados pela recém-criada Equipa de Comunicação de Risco para o Combate às Térmitas nos Municípios Açorianos da Universidade dos Açores. (UAç) para, na prática, ajudar a retirar dúvidas e a montar as armadilhas distribuídas pelos moradores do centro angrense.
A acção, integrada na campanha “SOS Térmitas Unidos na Prevenção”, vai decorrer no próximo sábado, dia 11 de Junho, com concentração dos “Esquadrões-T”, à 9H00, na Praça Velha, que percorrerão as freguesias de São Pedro e Sé.
Depois de “Cabem mil numa algibeira, mas destroem a casa inteira”, o mote agora é “A Térmita ganhou asa, proteja a sua casa!”. Um lema que será palavra de ordem nesta iniciativa de voluntariado.
“O objectivo primordial é prestar auxílio à população residente nas freguesias de Angra do Heroísmo delimitadas como áreas de risco de infestação por Térmitas”, explicou Ana Moura Arroz, coordenadora da Equipa de Comunicação de Risco que alerta: “o alcance e sucesso desta iniciativa dependerá da capacidade de mobilização da sociedade civil”.

“Esquadrões-T” nas Sanjoaninas

Igual acção de rua decorrerá no fim-de-semana de 18 e 19 de Junho, no curso das festas Sanjoaninas, desta feita, nas freguesias de Santa Luzia, Conceição e São Bento: “a rede de voluntários «Esquadrões-T» irá visitar porta-a-porta domicílios das freguesias de São Pedro, Santa Luzia, Sé, São Bento e Conceição, que receberam, via postal, as armadilhas que a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo ofereceu aos seus munícipes para lhes mostrar como é que, através de uma acção tão simples como a de montar uma armadilha, se pode participar de forma muito eficaz para controlar o problema”.
“Os voluntários irão ajudar os moradores na montagem de armadilhas nas suas casas, dar conselhos práticos de prevenção e de controlo e sinalizar situações sociais problemáticas (financeira, demográfica, sociocultural, etc.). Uma vez que, sem a colaboração de todos nunca poderemos fazer face a este flagelo, e que o princípio subjacente a toda a campanha é: «Sendo um problema de todos nós, todos temos de fazer a nossa parte!» os Esquadrões-T representam simbolicamente o empenho da sociedade civil no controlo da infestação”.
A presente acção de voluntariado contou com a colaboração da Associação Rota do Futuro, da Academia da Terceira Idade e do Serviço de Voluntariado da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, bem como da Unidade de Formação da Cáritas da Ilha Terceira que desempenharam, estabelecimentos escolares, UAç, e vários cidadãos que assumiram, conta “um papel crucial na angariação de participantes”.
O projecto conta ainda com o apoio financeiro de várias empresas na criação de T-shirts identificativas dos “Esquadrõe-T”: “demonstrando, desde logo, interesse em se associar ao projecto, por acreditarem ser imprescindível todos estarmos estar alerta para esta questão e dando um exemplo de responsabilidade social no sector privado empresarial”.



“Dia-T” a 13 de Junho

Outra acção desta Equipa vai para a criação, na próxima segunda-feira, dia 13 de Junho, dia dos Açores, de um “Dia –T”: “a Universidade celebrará o seu primeiro Dia –T (de térmitas), estando aberta das 9H30h às 21H30h a todos os terceirenses que desejem ver as suas dúvidas esclarecidas. Quem se deslocar à sala de desenho do Departamento de Ciências da Educação terá a oportunidade de assistir à demonstração de práticas de prevenção e de controlo, de ver térmitas vivas alojadas em pedaços de madeira infestados, entre outros indícios que permitem estar alerta”.

(In Humberta Augusto haugusto@auniao.com )